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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Reconhecimento

Não morro de amores por Luis Filipe Scolari.
Não por ser brasileiro, ou melhor, por não ser português (nada tenho de xenófobo ou de racista, antes pelo contrário!).
Era me indiferente se à frente da selecção nacional estivesse alguém com capacidade técnica e conhecimentos suficientes para fazer um trabalho digno.
É óbvio que reconheço em Scolari muitas destas condições: foi campeão do mundo e reconheço-lhe condições de liderança.
Mas pronto... não gosto dele como treinador.
No entanto, nós portugas também temos a mania das complicações, das contradições e das birras nacionalistas.
Há 2 anos, aquando do arranque da nossa prestação no Euro 2004, a selecção era um grupinho de "anjinhos" liderado por um "anjo papudo". No final eramos os maiores e faltou-nos apenas sorte (para além do erro do ricardo).
Ontem, com alguma falta de fé e descrédito, ansisamente esperámos pela Angola. Vencemos. Entrámos com o pé direito. Somos os maiores. Até o Figo já parece um rapazito de vinte e poucos anos.
Até ao dia em que... passaremos inevitavelmente de bestiais a bestas.
Mas há, ao longo deste tempo de trabalho de Scolari na selecção, um facto que tem passado despercebido à maioria dos portugueses.
Foi preciso vir alguém de fora (no caso do Brasil) para, ao fim de 32 anos de pós-revolução, os portugueses deixarem para trás das costas "mitos" absurdos e chauvinistas e olharem para um dos símbolos mais importantes desta república, com outro significado e afeição: A BANDEIRA DE PORTUGAL.

Feriados

Ainda há pouco tempo se abordava na blogoesfera aveirense a questão dos feriados e das suas comemorações.
Este ano, nem dei pelo famoso 10 de Junho.
Aliás, só dou por ele quando se junta ao fim-de-semana ou dá para uma pontezita (que, por acaso, até nem tenho por hábito fazer - acreditem).
Reza a denominação: 10 de Junho - Camões, Dia de Portugal e das Comunidades!
Ora Camões é passado, mesmo que histórico e já poucos se "deliciam" com tais armas e barões assinalados. E a ocidental praia continua desconhecida.
Portugal passado é, para muitos, história e o futuro, para quase todos, uma imagem muito cinzenta! Ou seja, comemorar o quê?!
As comunidades são ainda o estigma de um passado colonialista e uma realidade cultural e social muito pouco defendida e preservada. Basta ver o impacto (ou a falta dele) da entidade PALOP, da sempre controversa relação de irmandade com o Brasil, já para não falar do longínquo Macau, Goa e Timor.
Aliás, 10 de Junho foi ontem... no dia 11. Na Alemanha.
Aqui foi o verdadeiro dia de Portugal e das Comunidades.

Cada cabeça... cada democracia!

A afirmação da inutilidade da motivação para o hábito da leitura, vindo do prémio nobel da literatura, é de bradar aos céus.
Agora, nas comemorações do falecimento de Vasco Gonçalves, conseguimos ouvir outra expressão abismal, pela boca de Saramago: nada resta do 25 de Abril de 74. Nem a democracia é fruto da revolução.
Pois é...
A democracia do martelo e da foice de Saramago não existe.
Depois da liberdadede Abril de 74, veio a verdadeira democracia de Novembro de 75.
E é esse o feliz legado que hoje vivemos: a democracia que o povo escolheu.

Dia D

De Deutshland...
Finalmente chegou o dia, para muitos, esperado com alguma ansiedade.
Goste-se ou não, o futebol e concretamente o Mundial é um acontecimento que move sentimentos, paixões e nacionalismos.
Não consigo é perceber o cepticismo de muitos.
Qual é o problema de, durante uns breves momentos (cerca de um mês) deixarmos para trás das costas, todo o cizentismo, a frustração, o mau-humor, a descrença no desenvolvimento do país, nas suas estruturas governativas, na saúde, na educação, na justiça?!
Porque é que com tanta infelicidade vivida ao longo do resto do ano, não podemos sonhar, estarmos aleanados, eufóricos, unidos, nem que seja por breves momentos?!
Porque raio haveremos sempre de ser um "país do contra", de desanimados, sem objectivos e motivações?!
Há um Mundial de Futebol e Portugal está lá!
Mesmo sem se gostar de "bola", sejamos portugueses!
PELA SELECÇÃO NACIONAL.

Sim Senhora Ministra

O Debaixo dos Arcos, tem sido palco de um inquestionável apoio à Ministra da Educação, não por razões partidárias (Deus me livre), mas claramente por questões políticas.
E digo políticas, porque são as que, de todo o governo de sócrates, merecem um inquestionável aplauso.
É que de repente (longe vão saudosos tempos mnisteriais de Roberto Carneiro) houve um governo que, na política da educação, descobriu qual o principal objectivo das suas políticas de ensino: Os ALUNOS!
Estes são (e deveriam ter sido sempre) a principal prioridade do ensino.
Finalmente...
Obviamente, isto é algo a que os docentes nunca sonhariam vir a acontecer, fruto da habituação corporativa e à sua qualidade de "intocáveis".
Uma resenha, por tudo o que neste espaço foi referido sobre a educação e o ensino.
Não se pense que existe qualquer "cruzada" contra os professores. Até porque, conhecendo alguns (e pelos comentários ás notícias da imprensa) reconheça-se que estas situações apenas afectam alguns docentes. Aqueles que, como em todas as profissões do mundo, não dignificam a classe. É o veho ditado: "paga o justo pelo pecador".
Para além disso, alguns professores esquecem-se que exercem o ministério do ensino porque existem crianças para aprender. E estas são, em primeiro lugar, da responsabilidade das suas famílias e dos seus pais.
E como Pai, só me tenho de congratular com todas as medidas (seja qual for a côr governamental) que beneficiem a educação e a aprendizagem da minha filha.
Medidas que atribuam à escola a sua verdadeira realidade o seu concreto objectivo e que permitam criar na família espaços para o crescimento pedagógico e social das crianças.
Por isso, só me resta aplaudir as recentes medidas de alargamento da oferta de actividades curriculares e extra curriculares ás crinças do ensino primário (1º ciclo).
Este é o verdadeiro choque educacional que Portugal precisa para ter qualidade sustentabilidade de recursos humanos no futuro.
Sim senhora... Ministra.

Grande Prémio

Há sempre na atribuição de um prémio e em relação ao respectivo premiado, a incerteza do prémio ser correctamente atribuido e o premiado ser, de facto, o melhor ou dos melhores.
Mas há igualmente situações em que a clareza das circunstância é tal que não restarão quaisquer dúvidas, quer no que toca ao prémio, quer no que respeita ao galadoardo.
É, nem mais nem menos, o caso concreto: Francisco José Viegas.
Pessoalmente considero uma das referências culturais dos nossos dias.
Pela escrita, pela inteligência e pela capacidade.
Francisco José Viegas, foi premiado, pela Associação Portuguesa de Escritores, com a sua obra "Longe de Manaus".
O prémio corresponde ao facto de ter sido escolhido como vencedor do Grande Prémio Romance e Novela de 2005, entre 90 títulos a concurso.
Para além de escritor, Francisco José Viegas é igualmente o responsável actual pela Casa Fernando Pessoa, apresentador de programa na televisão e escreve regularmente no Jornal de Notícias.
Para além disso, é um ferveroso bloguista:
Debaixo dos Arcos, com admiração e satisfação, envia os sinceros PARABÉNS.

Contributo para o PNL

O meu actual contributo para o Plano Nacional de Leitura.
À mesinha de cabeceira... Depois da excelente revelação A Sombra do Vento.
Um Mundo sem Medo (sensivelmente a meio) do conhecido juiz Baltasar Garçon está longe de confirmar expectativas na abordagem ao mundo do terrrismo e das influências nas instituições.

O Nome de Toureio, do chileno Luis Sepúlveda (no início). Uma visão interessante sobre as ideologias autoritárias, curiosamente remanescentes na América do Sul e Latina, tendo como pano de fundo o amor e a cobiça.

Leitura obrigatória

Foi anunciado, no passado dia 1 de Junho, o Plano Nacional de Leitura.
Objectivo muito mais alargado do que uma mera questão política. Estimular a sociedade portuguesa, desde os mais novos aos mais velhos, ao hábito da leitura. Ler como combate à iletracia, ao analfabetismo.
Ler como saber, como desenvolvimento, como forma de participar activamente.
È bom que esse estímulo se reflicta igualmente no estímulo ao acesso aos livros e à literatura.
Estranha é a posição do prémio nobel da literatura – Saramago. Para quem este projecto é demagogia e (pasmemo-nos) para quem ler é um processo de minorias.
Ou seja escrever é só para o ego de alguns (poucos) que nada mais sabem fazer do que folhear uns livritos.
É o que merecemos na nossa esfera intelectual. São os ares de Lanzarote.
A leitura deveria ser obrigatória desde o primeiro ciclo do ensino básico.
A ortografia deveria ser uma preocupação primária do nosso ensino, fosse qual fosse a área de aprendizagem (letras ou ciências).
A escrita e a palavra deveria ser um bem precioso e a proteger. Mesmo que necessariamente estimulado.
Com naturalidade já nos basta o fado e o futebol.

O veto "pariu" um rato...

A lei da paridade foi vetada.
E nem sequer foi remetida ao Tribunal Constitucional.
Porque o veto recaiu apenas sobre um aspecto particular da lei: a penalização.
Isto é, não se trata, ao contrário do que o Presidente Cavaco Silva e todos os que se opuseram à lei tentam fazer crer, por uma questão política, objectiva. É apenas uma questão processual.
E mais… Não é relevante a quota. Não é importante se com esta lei, a presença das mulheres na política, fica realçada e valorizada. Não é importante se uma lista eleitoral tem um número (seja ele qual for) de mulheres por questões d mérito próprio ou se por uma mera questão percentual, relegando-as para lugares irrelevantes.
Isto não foi contemplado no veto.
O que foi contemplado foi o exagero da penalização que, poderia inviabilizar, as respectivas listas.
Ou seja, qualquer outro tipo de penalização servirá para desvalorizar a lei. Aliás, o que acontece, por exemplo, em França, onde a penalização é pecuniária e de tal forma irrelevante que nenhum partido cumpre.
No fundo, uma lei irracional.
Numa sociedade moderna e desenvolvida, a igualdade deverá ser um conceito e um princípio que não deve precisar de ser legislada. Mas sim, praticada.

Peso pouco pesado

A recente entrevista do Dr. Carlos Candal ao Diário de Aveiro, não me provocou qualquer surpresa, nem qualquer acréscimo de novidade ao que, por diversas vezes aqui já referi.
E foram, diga-se de passagem, muitas as referências ao peso de Aveiro no contexto nacional (ou à falta dele), na maioria dos casos numa das questões onde essa situação, alertada de novo por um dos nomes políticos mais relevantes de Aveiro, se torna mais gritante: o possível quadro de regionalização.
No entanto, o Dr. Carlos Candal, muito para além da sua posição partidária, sendo um peso pesado da nossa política aveirense, trouxe de novo a necessidade de se voltar a reflectir o papel da nossa região no contexto nacional. E esse papel não passa só pela falta de peso político que, exceptuando o tempo do Dr. Girão Pereira e o Dr. Alberto Souto (que estiveram muito perto das cúpulas partidárias e do peso decisório), de facto não consegue contornar este dilema do provincianismo e do paroquianismo.
Aveiro, hoje não tem expressão política, porque (concordando inteiramente com o Dr. Candal) não tem peso nas estruturas políticas nacionais, nos centros de decisão e de maior influência e porque os aveirenses perderam um histórico sentido de corporativismo, bairrismo, intelectualidade, intervenção e, acima de tudo, sentido de cidadania. E não é necessário recuar tanto tempo na história de Portugal, como o fez o Dr. Candal. Basta lembrar José Estêvão, Mário Sacramento e os Homem Cristo (Pai e Filho), para dar alguns exemplos, como os mais recentes Alberto Souto e Vale de Guimarães.
Por outro lado, basta-nos verificar os nomes dos cabeças-de-lista dos vários partidos às eleições legislativas.
E Aveiro sempre foi uma cidade aberta e pluralista (muitas das nossas figuras não nasceram cá), de uma capacidade democrática elevada.
Mas…
Aveiro perdeu movimentos como o IADC ou outros de outros quadrantes.
Aveiro perdeu “lutas” estudantis nas escolas. Perdeu movimentos interventivos na sociedade, fossem eles de carácter social, cultural ou religioso.
Aveiro perdeu estrutura económica, capacidade de investimento e de sustentabilidade (basta ver a nossa taxa de desemprego e a quantidade de empresas que, mês a mês, vão encerrando as suas portas).
E esta realidade “interna” da nossa fragilidade económica, social e política, reflecte-se no nosso valor e peso nacional. Reflecte-se na nossa liderança regional (por isso é que alguns concelhos optaram pelo Porto e Coimbra), concretamente na AMRIA, na GAMA e no eixo IP 5.
Perdemos peso ano após ano. São as direcções regionais que perdemos para Coimbra, a falta de investimento e de capacidade de manter e desenvolver o nosso tecido industrial, é a própria falte de relevância desportiva (e não é só a pista de remo).
Por isso, não basta alertar, vir dizer “umas coisas”.
Quem tem responsabilidade deve intervir e ser motor.
Todos nós aveirenses, necessitamos de nos unir e sermos mais bairristas e coorporativistas.

1 de Junho da Pequenada.

Dia Mundial da Criança.
Porque sou Pai, um dia de referência familiar, mas acima de tudo, um dia de reflexão pública.
Porque é urgente reflectir. Conscientemente, sem lemechices e chavões ou palavras vãs.
Dia Mundial da Criança, porque:
Há milhares de crianças vítimas da exploração da mão de obra infantil.
Há um crescente do número de crianças vítimas de abuso psicológico e físico das crianças (desde bébés até à adolescência):
- raptos;
- pressão psicológica;
- abusos sexuais;
- maus tratos físicos;
- abandono;
- desagregação familiar;
- falta de integração social.
Há milhares de crianças a morrer à fome.
Há milhares de crianças que nunca brincaram.
Há milhares de crianças usadas no flagelo da guerra e do terrorismo.
Há milhares de crianças vitimas da guerra e do terrorismo.
Há milhares de crianças que nunca foram à escola.
Há milhares de crianças para quem a Convenção dos seus Direitos, não passa de "entretem" político, social e pedagógico (ou melhor - demagógico) dos adultos.
Há milhares de crianças desalojadas.
Há milhares e milhares de crianças... Que sorte tem a minha!
Porque há muitas crianças que só têm direito a Um Dia por ano.

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