E foram, diga-se de passagem, muitas as referências ao peso de Aveiro no contexto nacional (ou à falta dele), na maioria dos casos numa das questões onde essa situação, alertada de novo por um dos nomes políticos mais relevantes de Aveiro, se torna mais gritante: o possível quadro de regionalização.
No entanto, o Dr. Carlos Candal, muito para além da sua posição partidária, sendo um peso pesado da nossa política aveirense, trouxe de novo a necessidade de se voltar a reflectir o papel da nossa região no contexto nacional. E esse papel não passa só pela falta de peso político que, exceptuando o tempo do Dr. Girão Pereira e o Dr. Alberto Souto (que estiveram muito perto das cúpulas partidárias e do peso decisório), de facto não consegue contornar este dilema do provincianismo e do paroquianismo.
Aveiro, hoje não tem expressão política, porque (concordando inteiramente com o Dr. Candal) não tem peso nas estruturas políticas nacionais, nos centros de decisão e de maior influência e porque os aveirenses perderam um histórico sentido de corporativismo, bairrismo, intelectualidade, intervenção e, acima de tudo, sentido de cidadania. E não é necessário recuar tanto tempo na história de Portugal, como o fez o Dr. Candal. Basta lembrar José Estêvão, Mário Sacramento e os Homem Cristo (Pai e Filho), para dar alguns exemplos, como os mais recentes Alberto Souto e Vale de Guimarães.
Por outro lado, basta-nos verificar os nomes dos cabeças-de-lista dos vários partidos às eleições legislativas.
E Aveiro sempre foi uma cidade aberta e pluralista (muitas das nossas figuras não nasceram cá), de uma capacidade democrática elevada.
Mas…
Aveiro perdeu movimentos como o IADC ou outros de outros quadrantes.
Aveiro perdeu “lutas” estudantis nas escolas. Perdeu movimentos interventivos na sociedade, fossem eles de carácter social, cultural ou religioso.
Aveiro perdeu estrutura económica, capacidade de investimento e de sustentabilidade (basta ver a nossa taxa de desemprego e a quantidade de empresas que, mês a mês, vão encerrando as suas portas).
E esta realidade “interna” da nossa fragilidade económica, social e política, reflecte-se no nosso valor e peso nacional. Reflecte-se na nossa liderança regional (por isso é que alguns concelhos optaram pelo Porto e Coimbra), concretamente na AMRIA, na GAMA e no eixo IP 5.
Perdemos peso ano após ano. São as direcções regionais que perdemos para Coimbra, a falta de investimento e de capacidade de manter e desenvolver o nosso tecido industrial, é a própria falte de relevância desportiva (e não é só a pista de remo).
Por isso, não basta alertar, vir dizer “umas coisas”.
Quem tem responsabilidade deve intervir e ser motor.
Todos nós aveirenses, necessitamos de nos unir e sermos mais bairristas e coorporativistas.