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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

De Regresso

De regresso a casa.
E enquanto me vou preparando para responder a estes 2 dias de ausência...
Ambiente, publicado na edição de hoje (31.08.2006) do Diário de Aveiro.

Post-its e Retratos
Ambientalismos

As questões ambientais são, para a maioria dos portugueses, questões de somenos importância.
São temas normalmente associados a contexto políticos ou a grupos mais ou menos partidarizados, com realidades específicas.
Mesmo que o cidadão tenha, conscientemente, a noção das exigências ambientais (como o ruído, a poluição atmosférica, o processo da reciclagem, etc.), estas raramente são concretizadas na prática. Reflexo disso mesmo é a pequena percentagem de reciclagem de lixo produzido pelos portugueses. Portugal é o pais dos 15 da EU que menos recicla (apenas 3% do total do lixo produzido – fonte: British Institute for Public Policy Research).
Todos temos genericamente a noção do levado consumo de combustível; das energias alternativas; do custo energético; do ozono; do degelo; dos lixos nas florestas; da importância da reciclagem e da separação de resíduos; do consumo de água; etc.
Mas a realidade cultural e social aliada à existência de um Portugal profundamente enraizado em vivências ancestrais, leva a que exista um longo caminho a percorrer entre a consciencialização e a prática de acções ambientais.
Mesmo em termos políticos e de gestão governamental, a questão ambiental é sempre encarada como um “filho de um deus menor”.
Mais do que uma prioridade ou um objectivo o ambiente é, normalmente, apenas uma consequência.
Só é tida como prioridade quando a sua dimensão e impacto carecem de medidas urgentes e posicionamentos extremos, como o caso de Souselas e dos recentes despejos a céu aberto de lamas e detritos em Canelas – Estarreja.
Só quando nos “toca à porta” e incomoda o nosso bem-estar ou altera a normalidade do dia-a-dia é que nos confrontamos directamente com essa realidade.
A responsabilização por essa realidade é, levianamente, transposta para o progresso e o desenvolvimento.
Como se esta evolução social, cultural e histórica das nossas vidas fosse totalmente oposta e incompatível com a necessidade que temos de uma qualidade de vida mais acentuada.
E este aspecto é o mais descurado das nossas vidas, das nossas exigências políticas.
Somos pouco preocupados com a nossa saúde (individual ou pública) e o nosso bem-estar. Somos muito pouco cuidados e preventivos.
Exemplo disso, à nossa porta, é o Parque da Cidade – Parque D. Pedro.
Ouve-se um zum-zum da eventualidade de se criar mais um jardim público em Aveiro.
Não discuto, pelos princípios já referidos, de que espaços verdes e lúdicos, que contribuam para o aumento da qualidade de vida da cidade, são muito importantes.
O que se pode colocar em causa é a sustentabilidade e o aproveitamento das potencialidades do “Parque”.
Quem, como eu, viveu durante metade da sua vida, paredes-meias com um espaço que lhe deu muitas brincadeiras, muitas horas, hoje olha para um espaço triste, pobre e quase que sem vida.
Sem macacos, sem pássaros, sem o percurso de manutenção em condições de utilização, como muitas horas de auto-treino proporcionou, sem o fotógrafo “a la minute”, sem os jogos no ringue, os barcos e as gaivotas no lago.
As bicas e as fontes, que tanta sede “mataram” e que agora permanecem secas ou impróprias para consumo.
Uma casa de chá ao abandono, com tantas potencialidades para permitir dar vida ao “Jardim”.
Um enquadramento mal conseguido com a continuidade para uma Baixa de Sto. António igualmente mal aproveitada.
Esta é uma qualidade de vida que, teimosamente, vai passando ao lado da cidade, mesmo que “vivendo” bem no seu centro.
Esta é uma consciência ambiental que os aveirenses teimosamente vão rejeitando.

Em jeito de despedida...

A tradição ainda é o que era.
Já lá vão 40 anos, mas a realidade veraneante ainda é a mesma.
Quem vai a banhos (solares ou molhados) à “velha” Praia da Barra ainda consegue ver e cheirar o tradicional almoço no areal, servido nas grandes tendas e guarda-sóis, com mesa e cadeiras de campismo: o frango de churrasco, acompanhado pelo arroz no forno e a salada.
Até aqui, é a tradição que reina. E nada já nos surpreende.

Mas o que ainda não consegui perceber, é porque “raio” teimam essas personalidades em lavar a salada no mar?!

Breves ao Sol.

Raio Solar I
Por muito que se justifique e se argumente sobre o valor social e económico do desporto e nomeadamente do futebol, nada contempla o estar acima da Lei. E concretamente a Lei do Estado.
Um mau exemplo para o país e para a projecção internacional que o nosso futebol conseguiu alcançar… segundo “Mateus”.

Raio Solar II
Sol – Mercúrio – Vénus – Terra – Marte – Júpiter – Saturno - Neptuno – Urânio e… e… e… olha o Plutão foi-se.
Tantos anos a enganarem os nossos estudantes. Venham as erratas.

Raio Solar III
O poder local demonstra uma das maiores virtudes da nossa democracia.
A maior proximidade dos eleitores com os seus eleitos.
Daí que, à parte algumas partidarices mais vincadas – tipo Lisboa, Porto, Coimbra, etc. – existam movimentos cívicos independentes, coligações neste exercício da política.
Em Setúbal o direito e do dever de eleger foi democraticamente exercido pelo povo.
Em Setúbal a ingerência anti-democrática de um velho PCP exerceu a mais deplorável pressão política.
O poder é do povo e não dos partidos.

Raio Solar IV
Entende-se que o “poder” judicial deve ser totalmente isento e independente do poder político. Entende-se e deveria ser fundamental.
Pelos cidadãos e pela democracia.
Não se percebe porque a escolha importantíssima do Procurador Geral da República tem de ser feita pelo governo, com a permescuidade do PSD.
A escolha deveria ser unicamente da responsabilidade institucional do Presidente da República.
Nem do governo, nem da oposição.
A bem da nação.

Solidariamente de Luto...

A blogoesfera tem a capacidade incalculável de criar e potenciar o exercício de cidadania e a capacidade de criar laços, mesmo que virtuais, entre quem, de forma democrática, pluralista e respeitadora, nos confronta, critica ou elogia.
Dizia eu, que por respeito ao Presidente da Junta de Freguesia de Nariz, recém falecido, este blog cumpria até Domingo um respeitoso luto.

Pelos mesmo motivos...
Por quem, mesmo não concordando com princípios e convicções, sempre respeitosa e democraticamente, soube participar, elogiar e criticar-me, este espaço quer publicamente mostrar o seu maior e respeitoso momento de silêncio pelo falecimento do Pai de Susana Barbosa, do blog Arestália. (a ler aqui, e aqui)
Daqui, Debaixo dos Arcos, os meus sinceros e respeitosos sentimentos.

Em Luto

Por uma questão de respeito, não só pelo homem, pelo seu trabalho, mas por todos os anos dados à causa autárquica, numa freguesia difícil e muitas vezes (se não quase na sua maioria) votada ao desprezo e abandono.
A morte é sempre a morte... e o fim da vida um acto de profundo pesar.
Pela memória de Manuel Arede de Jesus, presidente da junta de freguesia de nariz, este blog não postará até 2ª feira.
Estará apenas disponível para comentários.

Sol de Verão... A Vida!


Publicado hoje (24.08.06) no Diário de Aveiro, embora com a respectiva foto e nome trocados.

Post-its e Retratos
Sol Luso. Sem esquecimentos…


1. Férias.
Esta palavra, com um significado mágico, carrega em si uma intensa carga quase que mitológica de “sentidos, sabores e aromas”: descanso, abstinência, excessos, viagens, sol, verde, água. Da mesma forma, carrega em si outros valores: desprendimento financeiro, aborrecimentos, ilusão, cansaço. Quando se é jovem, o melhor mesmo são os amores de verão. Despreocupados, descomprometidos, livres, às vezes duradouros e eternos. Mas a melhor definição de férias, vem da capacidade de abstracção da normalidade do dia-a-dia, do mundo, às vezes, da própria vida.
Daí o chavão de que algo – política, desporto, economia, trabalho, “foi para banhos”. Como se isso significasse, na prática, que o dia-a-dia e o mundo param no tempo, para que o tempo possa ser nosso e por nós comandado.
2. A realidade veraneia.
Ou como refere a nossa cultura tradicional e populucha: tapar o sol com a peneira.
Sol, felizmente tem sido muito. A peneira da vida também não para.
E a realidade das férias, não consegue esquecer uma “silly season” que, por mais que nos queiramos abstrair dessas realidades, teimosamente paira sobre nós.
O Verão traz ciclicamente a tragédia dos fogos. Sem que os esforços feitos e o que se deixou por precaver e planear, consiga “apagar” este flagelo de destruição de esforços, bens e de vidas.
Os fogos trouxeram mais uma vez o polémico debate sobre as responsabilidades, a prevenção, os combates. Trouxe igualmente a fragilidade da liderança governativa, como o desentendimento, mais ou menos público, entre o Ministério da Administração Interna e o Ministério do Ambiente.
Politicamente o país foi apenas a banhos a espaços muito curtos.
O governo inovou a vida política e económica do país com a divulgação das listas de devedores ao fisco e à segurança social, esquecendo igualmente as suas responsabilidades e compromissos falhados com os encargos contratuais que celebra. Deste modo, é permitido aos cidadãos manter um determinado nível de conversa diária laboral próxima do jornalismo “cor-de-rosa” e da “cosquice”. Pelo menos enquanto não chega o boom do futebol.
O país assistiu ao colapso político do líder do CDS quando aceitou o convite para se juntar à mesa com o líder do PND e consequentemente hipotecou um necessário posicionamento que o partido teria obrigação de demarcar na fragilidade da oposição ao governo.
A tradicional festa do PSD no Pontal, transformou-se numa mera festa de verão algarvio. Sem o fulgor e a chama política de outros tempos de oposição ou maioria governativa, saldou-se por um mero desenrolar de chorrilhos oposicionistas à liderança de Marques Mendes. Pela primeira vez, o Pontal não recebia o líder partidário.
O poder autárquico, expoente máximo da proximidade da política com o povo, confrontou-se com a sua incapacidade de superar o mediatismo e o partidarismo: Lisboa, Porto e Setúbal.
O Primeiro-Ministro visitou o Brasil, sem qualquer impacto prático para o país. Muito mais relevo, tiveram as suas férias no Algarve.
Mas as férias teimosamente fazem-nos regressar à realidade dos números frios e trágicos das mortes na estrada. Por incúria, por falta de civismo, por desrespeito ao Código. E porque, é uma época em que mais alcatrão se percorre em duas ou quatro rodas.
E como o Sol quando nasce é para todos; é para todos os lugares e povos. É para o conflito continuado no Iraque; para a fragilidade do cessar-fogo Israel-Libanês; para o ressurgimento da instabilidade no Afeganistão. Mas este sol de verão traz também a continuidade da guerra no Sri-Lanka, os desafios energéticos do Irão, a limpeza étnica do Sudão, as polémicas eleições mexicanas e o recém abalo político em Cuba.
Mas o sol também brilha. Como brilhou intensamente o atletismo português, principalmente com a participação de Francis Obikwelu nos europeus da modalidade.
Mas como tudo o que é bom acaba, também acabam as férias. Mas não a vida.
Já muito próximo teremos o país profundamente futubolês com o início dos campeonatos. Que para não fugir à regra, estão já contemplados com a polémica eleição para os órgãos da Liga e com o caso Mateus.
A liberalização do mercado energético confrontará a EDP com uma dura prova de fogo.
E começará, de novo envolto em polémica, o novo ano lectivo.
3. A Praia.
O Concelho de Aveiro (ao contrário de muitos concelhos costeiros) tem uma única praia: S. Jacinto.
Este ano, a praia foi contemplada com a Bandeira Azul e Acessibilidade.
Apesar do esforço autárquico (Câmara e Junta de Freguesia) para a promoção e desenvolvimento de um espaço com potencialidades turísticas exemplares – o mar, a ria, a reserva, o “concelho” (mea culpa) continua maioritariamente a “mergulhar” na Barra e na Costa Nova.
Quererá isto dizer que o esforço para o desenvolvimento turístico de S. Jacinto, terá de passar por um maior esforço, mais planificado e estruturado, com a participação de um maior leque de entidades públicas e privadas: Câmara de Aveiro – Junta de Freguesia – Rota da Luz – AIDA – Associação Comercial de Aveiro – Capitania e APA, Delegação Regional de Saúde, Ministério do Ambiente, etc.
S. Jacinto tem uma capacidade turística ainda por explorar e com fortes potencialidades.
Este está a terminar. Haverá outro verão para o ano.

Uma no cravo

Outra na ferradura.
Assim reza o dito popular.
Assim revemos o Senhor Presidente do Governo Regional da Madeira.
De "bacurada" em "bacurada". De malcriadez em malcriadez. De parvoíce política em parvoíce retórica.
A Madeira precisa de um verdadeiro 25 de Novembro.
Às portas com os cortes de financiamentos resultado da próxima revisão da actual Lei das Finanças Regionais, as ameças e as modormias do "Senhor Madeira" não param. O melhor da história é que já não surpreendem.
O País tem necessidades muito mais evidentes e prioritárias para o seu desenvolvimento sustentável e etruturado, do que alimentar um paraíso como a Madeira, com muito pouco em troca, senão um preocupante parasitismo.
Direitos todos. Deveres muito poucos (para não dizer, nenhuns).
O interessante deste recente processo é a hipocrisia política e retórica do Dr. Alberto João Jardim. O Prof. Cavaco Silva enquanto Primeiro-Ministro era o Sr. Silva.
Agora como Presidente da República, já serve para servir de intermediário nas necessidades madeirenses e para colocar um travão à guerra socialista contra a Madeira. Quando precisa já sabe onde está e já reconhece o "contenente".
Esta permissa é que está errada.
É que a guerra não é dos socialistas. É de todos os portugueses inteligentes, coerentes e com um pingo de decência (só um basta).
E já agora sejamos responsáveis e educados. Respondam por favor ao Sr. Alberto João Jardim.
Eu, pessoalment, digo-lhe: A Madeira quero, se os Madeirenses assim o quiserem. Quanto ao Dr. João Jardim, digo que dispenso. E se for o caso, dispenso com ele a própria Madeira.
A bem de Portugal.

Enganado...

Segundo os dados estatísticos nacionais, somos pouco mais de 10 milhões de portugueses.
Segundo os dados estatísticos do clube da Luz (valem o que valem e são, obviamente, bairristas), os benfiquistas são cerca de 6 milhões.
Segundo a minha velha matemática sobram 4 milhões de ilustres portugueses.
O treinador do Àustria de Viena, afirmou ontem, de forma categorica, que a sua equipa vinha ao estádio da luz fazer uma surpresa.
Antigamente, a palavra de um homem era palavra de honra.
Há 4 milhões de portugueses que estão desiludidos com a falta de carácter que existe nos dias de hoje.
Palavra de honra.

In Memorium... 19.08.06

As guerras e os atentados são, por si só, merecedoras de qualquer crítica, de repúdio, seja qual fo o seu fundamento.
Nada justifica a morte.
No entanto elas existem, infelizmente, por esse mundo fora.
Médio Oriente, Afeganistão, Àfrica Austral, Àsia e particularmente o conflito Israel-Libano e Iraque.
As guerras trazem sempre vitimas.
Infelizmente um maior número de desprotegidos: homens, mulheres e crianças vítimas de uma situação qualquer que não criaram e da qual não têm qualquer responsabilidade.
Civis anónimos que as estatísticas ignoram como seres humanos, representando-as como meros casos colaterais.
E há também aqueles que são verdadeiros mártires.
Porque são cumpridores de tarefas humanitárias, em favor dos outros e das causas justas, em detrimento, na maioria dos casos, das vidas particulares e familiares.
Hoje é um exemplo, infelizmente, vivo apenas nas nossa memórias.
Depois do extraordinário processo desenvolvido na ajuda da constituição do mais recente e novo país do mundo: Timor, acabaria por perder a vida a tentar contrapor o efeito bélico da guerra no Iraque, com o esforço da diplomacia.
Há 3 anos atrás, o mundo e a ONU perdia um GRANDE HOMEM de GRANDES CAUSAS.
Dr. Sérgio Vieira de Mello.

Histórias de Rua.

As ruas deixaram deter crianças a brincar e a jogar nelas. As casas ficam vazias. As histórias desaparecem.Publicado hoje (17.08.06) no Diário de Aveiro.

Post-its e Retratos
Histórias de Rua?!

Existe uma secção num diário que tem como título “A minha rua tem um nome de um deputado”.
A minha rua, aquela onde brinquei, cresci e me tornei gente, também tem um nome. Como quase a totalidade das ruas.
E tem um nome importante, na história política e social de Aveiro.
Um nome ilustre, de alguém que prestou um inquestionável serviço à cidade e à sua região: Dr. Francisco Vale de Guimarães - preeminente político e governador civil aveirense.
Homem de coragem e convicções fortes, ao mesmo tempo de uma inegável capacidade congregadora dos vários quadrantes políticos e sociais. Foi durante a sua governação política do distrito que se realizaram os congressos da oposição democrática, quando muitos teriam naquele tempo (período marcelista), só de pensar em tal processo, perdido noites e noites de sono.
Mas a minha rua também é feita de histórias. Daquelas histórias que surgem das coisas simples, do bairrismo, das brincadeiras de crianças, da tradição.
Não é uma rua carregada de simbolismo cultural, social e histórica. De um bairrismo tradicional e significativo.
Mas é uma rua enquadrada por uma zona circundante privilegiada.
A Sé. O Museu. O Parque. As 5 Bicas. O Governo Civil. O Tribunal. A Escola Primária da Glória. O Largo de Sto. António. O Convento das Carmelitas.
Mas a zona tem a sua história e as suas “estórias”.
A expansão do Hospital. O Quartel (Infantaria 10, DRM e depois GNR) e o incêndio em 1972, num dos telhados junto ao paiol das munições e que obrigou à evacuação dos prédios limítrofes. Os Bombeiros Velhos e o constante tocar da sirene (íamos logo a correr saber o que foi e para onde iam). A inauguração de um dos pontos de encontro antigamente referenciado, principalmente pela faixa estudantil: o café Tako. Um dos primeiros Super-mercados da cidade: a Sanzala. O “rasgar” da Av. Santa Joana, com a demolição das casas na Rua do Rato, principalmente da mercearia com moagem de café do Sr. Albino, da tasca da Ti Luz junto à Sé e do Chapeleiro. Restou, até encerrar, o tabaco do Testa & Amadores. Desaparecia igualmente a marcenaria do Ti Zé Monteiro e a hospedaria, junto ao cruzamento do Parque. Perdíamos os polícias sinaleiros do Parque e das 5 Bicas.
O aparecimento da Polícia Judiciária e a transferência da PSP para o Griné. A construção do novo estádio e o encerramento do velhinho Mário Duarte. As obras na Praça Marquês de Pombal.
A farmácia “Moderna” mudava de visual e de local. A (minha) barbearia do Ti Jaime ainda lá está. Como ainda lá estão os Correios Centrais.
Frequentava-se a pré-escola no conservatório da Gulbenkian… começávamos a ser “gente”.
E por sermos gente… éramos gente com “estórias”.
Histórias feitas na rua. Jogava-se à bola. Andava-se de bicicleta (à perseguição, ao bota-fora ou simplesmente andava-se). Faziam-se, nos passeios, corridas de carros ou de “caricas” com anilhas de 1 escudo na drogaria do Ti João Guilherme. Ganhávamos dinheiro com papel molhado ou com pedras misturadas no farrapeiro da família Adrego, na Rua do Loureiro. Compensava a malandrice com o habitual “engano” que nos faziam com os pesos da balança.
Perdíamos as horas nos treinos do Beira Mar.
Tínhamos uma equipa de futebol que participava em todos os torneios de bairro organizados na cidade pelo antigo Indesp, treinada por dois ilustres ex-jogadores do Beira Mar (o Almeida e o falecido José Domingos). E até ganhávamos.
Perigosamente, enfrentávamos de bicicleta os desaparecidos barreiros (do barro) junto à linha, às “escadinhas de vilar” e ao actual centro de congressos, mesmo antes da variante e ainda no tempo do “Paula Dias”.
Faziam-se piqueniques na Parque, com uma boa caldeirada de enguias feita pela avó do Tó Almeida.
Íamos à fruta (sem pedir, claro) no quintal do fundo (maçãs e pêras)… saltávamos, só para chatear, o muro de madeira do “burro engraxador”.
Andávamos na rua até às 23:00. Todos nos conheciam… todos se conheciam.
Fora da escola, o tempo passava-se em casa de todos, com todos, ou na rua. E há 38-42 anos éramos alguns.
Dali surgiram ilustres e anónimos. Da zona “saiu” um ex-presidente da câmara. Dali “saiu” um vereador da câmara.
Dali saímos todos… e a rua ficou sem crianças e sem histórias.
Resta-lhe o nome!
Hoje as ruas já não têm “estórias”.
Os nomes, traduzindo o empenho cívico de ilustres personalidades, reflectindo a religiosidade das gentes ou apenas vivências culturais e mundanas, ainda permanecem. Lápides mais ou menos notáveis, vão perpetuando essas realidades mesmo que despercebidas.
Mas as histórias das ruas, com o correr do tempo e da mutação da vida, foram-se dissipando das calçadas, do asfalto, das memórias, da realidade…
A Câmara Municipal de Aveiro editou em 2000, baseado num programa de rádio de Carlos Campos, um livro intitulado “Ruas que são gente”. Aí se relembra o peso político, social e cultural desta cidade.
Mas ainda ninguém se lembrou da gente comum. Daqueles que fazem as histórias das ruas.
Tristemente…

Rescaldos!

Ainda a propósito do post "O Verão" referente à publicação do meu artigo no Diário de Aveiro - "Todos os anos é Verão!".
O Sôr Ministro da Administração Interna afirmava que "prevenção não produziu os efeitos desejados" e o "estado da floresta", já que na sua opinião "A floresta não está como devia estar." justifica o elevado número de incêndios que no final do mês de Julho e início de Agosto provocaram o caos, a aflição, a preocupação geral e o desvastar de floresta, de bens e de vidas.
Para o Sôr Ministro, uma das questões reside na falta de limpeza das zonas florestais da responsabilidade dos seus proprietários.
Que existem zonas "sujas" em muitas florestas, é um facto. Basta dar uma voltinha de carro por este país.
Que faltam recursos financeiros e humanos para que muitos proprietários tenham capacidade de resposta adequada para esta situação, é uma realidade que se tornou caótica. Longe vão os tempos que era rentável o processo de limpeza das matas.
Mas como justifica o Sôr Ministro que fogos lavrem em zonas florestais da responsabilidade governamental, como o caso do Parque Pêneda-Gerês, Serra da Estrela e outras matas nacionais?!
Como justifca o Sôr Ministro do MAI a falta de racionalidade de investimentos, auto-prevenção governativa, planeamento e estrturaão ambiental do território nacional?!
Com é possível ler-se esta notícia do Público e ouvir a desresponsabilização do governo nesta matéria incendiária?!
Sôr Ministro, o governo tem a obrigação de, em tudo o que exigir, dar o devido exemplo.

Ainda a tempo!

Recebido por mail.
Totalmente de acordo!
Mesmo fora de tempo... desportivamente português; reconhecidamente glorioso.

Sem bandeiras nas janelas, sem Nossas Senhoras ...
Sem prémios e outras compensações, traduzidas em conta bancária ...
Sem vedetismo, banhos de multidão ...
Sem toda a cobertura "jornalística" que quando já não têm nada para dizer sobre o assunto, tentam adivinhar a cor das cuecas, com quem dormiu, se dormiu, etc etc....
Não é sangue português, mas é um cidadão do mundo que escolheu a bandeira de PORTUGAL para levar mais alto ....
Cá está PORTUGAL no pódio, a receber medalhas de ouro ...

OBIKUEEEEEELO!!!!

O verão...

É fogo que arde e se vê!
Publicado na edição de hoje (9.08.06) do Diário de Aveiro.

Post-its e Retratos
Todos os anos é Verão!


É Verão. Estamos de férias!
Uma época do ano em que o lazer, o descanso, o ócio, a descoberta de novos lugares, outras gentes, outros costumes, são a principal referência para milhares de portugueses.
O descanso merecido após um ano laboral que a natureza faz coincidir especialmente com os meses de Junho a Setembro.
Mesmo que o peso da insuficiência financeira de muitos lares pese na hora de escolher a forma e o conteúdo, nada retira o gozo pleno de se estar de férias.
É cíclico… mas de tal forma desejado que assume contornos de único e irrepetível. Tanto, que muito “boa gente” há, que mal acabam as férias, pouco tempo depois, começam a planear as do próximo verão.
Mas há igualmente um cenário bem diferente deste. Também cíclico, mas dispensável, aterrador, devastador e desassossegado.
Coincidente com a ociosidade das férias e do descanso, contrapõe-se claramente com relevos macabros e dantescos.
Aveiro, tem vivido há poucos dias atrás estes dois cenários veraneantes.
A par do sol e do calor, sentem-se e respira-se o ar “abafado”, quente e queimado. Há cinza no ar. Vive-se o “calor” dos incêndios.
Pessoalmente é algo que me assusta. Como me assusta tudo o que é incontrolável.
Mas mais do que assustar, é algo que não consigo perceber. E isso assusta ainda mais.
O que é pontual e ocasional, depressa a memória apaga e a racionalidade mostra-se indiferente porque, normalmente, não adopta perfis explicáveis. O que é cíclico, repetitivo, constante, só acontece por manifesta incapacidade de planear, prever e combater.
O Concelho de Aveiro e zonas periféricas tem uma área florestal, embora dispersa, significativa e relevante. Veja-se a zona onde deflagraram os focos deste fim-de-semana passado: As freguesias de Eixo – Oliveirinha – N. Sra. de Fátima – Nariz. A par da realidade florestal, convivem paredes-meias com a flora, a norte a zona industrial de Taboeira e Cacia e a sul a zona industrial de Mamodeiro, juntamente com a vizinha Oiã.
É um sector que necessita de investimentos, de planeamento, de regras e de prevenção.
Após tantos anos cíclicos, com a repetição histórica dos factos, ano após ano, é curioso que Portugal ainda não parou para pensar, projectar e agir racional e estruturalmente nesta área.
Compram-se dois ou três aviões, contratam-se outros tantos, definem-se parcerias internacionais, legisla-se sobre limpezas obrigatórias.
Todos os anos se afirma que tudo está previsto, planeado e de prevenção. Mas todos os anos volta a arder.
Estruturalmente o que se fez?! Muito pouco.
Novos conceitos e regras de reflorestação ficam por definir.
Os Planos de Ordenamento do Território, ao nível ambiental, passam de legislatura para legislatura entre dossiers de estudo e de análise.
Mais depressa se investe económica e politicamente no Prace, no Simplex ou no choque tecnológico, ou em OTA’s e TGV’s, do que na riqueza natural, ambiental, económica, social e cultural do país que é a sua floresta.
Todos os anos se legisla sobre a responsabilidade da conservação das zonas florestais privadas, mas esquece-se a responsabilidade do estado nas suas zonas e na falta de investimento nas áreas da prevenção e da fiscalização.
Enquanto a responsabilidade dos actos não for criminalmente punida de forma exemplar e coerente com as consequências, para além dos fenómenos naturais, estes casos são meros dados estatísticos.
Como estatísticas são os danos ambientais e materiais, as famílias destroçadas e as mortes consumadas. Sem responsáveis e sem responsabilidades.
Todos os anos corporações de voluntários recebem uma nova viatura e mais alguns metros de mangueira. Muitas vezes esquecendo-se os mais recônditos lugares, os que mais perto desta realidade cíclica vivem e agem. Mas fica para a história a bravura de homens e mulheres, nem sempre compreendidos, que nenhuma obrigação têm senão a sua opção cívica pela ajuda aos outros. Por troca nenhuma. A não ser, muitas vezes a vida.
Teimosamente, Portugal ainda não investiu num profissionalismo desta actividade, por forma a dignificá-la, a estruturá-la e a torná-la mais eficaz. Racionalizando meios, recursos humanos, já para não falar dos custos financeiros que este digno e nobre voluntariado causa na sociedade e no tecido empresarial e laboral.
Portugal todos os anos perde uma área incalculável de floresta. Todos os anos, a natureza ou alguém descobre mais um pedaço para queimar. Todos os anos o Verão é escaldante, apesar das promessas políticas de que tudo mudou para ficar no mesmo.
Todos os anos vamos a banhos. Todos os anos se dão mergulhos no mar.
Todos os anos acende, queima, destrói e mata.
Todos os anos é Verão!

Vai uma aposta?!

No seguimento do Post anterior, atrevo-me a fazer aqui total, completa e desinibida futurologia.
Depois de tanta tomada de posição a favor, protecção e elogio, aquando da polémica do passado Euro Sub 21, nada me espantaria de ver no comando técnico azul e branco o Prof. Agostinho Oliveira.
Medo... muito medo!
Como costumo dizer: não acredito em bruxas, mas que ele as há, "àzias"!

Deja Vu.

Verão escaldante a Norte, mais propriamente na dita cidade invicta.
Como por algumas vezes aqui expressei publicamente, sou e sempre fui um adepto inquestionável do Treinador Co Adriaanse. Pela sua capacidade técnica, disciplina e pela sua filosofia de jogo e de treino.
Entusiasticamente, pensava que a estruturação e planeamento desta nova época, tinha sido cuidadosa e meticulosamente preparada. Principalmente do reforço da equipa técnica, com a inovação de um responsável específico para o apuramento das capacidades técnicas e fundamentos ods jogadores.
De repente... tudo por água abaixo.
E o mais preocupante é que já vi este mesmo filme, há dois anos. Só que em língua italiana.
Mesmo antes de começar, o Porto já perdeu este campeonato.
Infelizmente.

Zenith Quartet - Deslumbramentos!


Descoberta de sons ímpares.
Por todas as razões que possam imaginar. E por mais uma: Porque são bons. São muito bons.
Ainda “frescos”… mas já maduros.
Um dos excelentes quartetos de jazz, quase exclusivamente luso, que em Barcelona descobriram a capacidade de produzirem momentos únicos.
ZENITH QUARTET.
Um nome a não esquecer.
Um quarteto composto por saxofone, guitarra, contrabaixo e bateria.
O seu reportório é constituído por standards de jazz, música popular portuguesa e originais.
Referências musicais para Cole Porter, Charlie Parker, Thelonious Monk, John Coltrane, Wayne Shorter, Carlos Paredes, entre outros.
3 anos de muito jazz, entre casinos, centros culturais, hóteis, bares, clubes de jazz, quer em Portugal, quer em Barcelona.
Oportunidade única para nos deliciarmos com excelentes sons, num projecto que dá pelo nome de 5 Colors e outros excelentes temas, donde ressalta a espectacularidade da recriação de Verdes Anos de Carlos Paredes.

Amanhã – dia 9 de Agosto, Casino da Figueira da Foz.
Quinta feira – dia 10 de Agosto – 22:00 Hm em Aveiro, no Mercado Negro.
A não perder.
Serviço Público
contacto em Portugal: João Monteiro - 962 806 690

Estrategicamente deficiente. Politicamente errado.

Sempre fui adepto das chamadas terapias de choque.
Desde que coerentes e racionais, sempre entendi que a melhor forma de chamar a atenção, de promover uma opinião, de sensibilizar e educar civicamente, de apelar para uma causa, é criar uma sensação de "mal-estar", de desassossego, de dúvida, de alguma inquietude conscienciosa, através de mensagens e imagens chocantes.
No entanto, tal perspectiva só faz sentido se congruente com o objectivo final e com a temática em discussão.
A problemática da segurança rodoviária é um assunto que deveria ser constantemente discutido, perspectivado, planeado e fiscalizado.
A quantidade de mortes que se verificam anualmente nas nossas estradas assume contornos preocupantes e “estupidamente” absurdos.
Justifica-se portanto uma acção de todas as entidades directamente ligadas ao sector, por forma a serem criados mecanismos reguladores, fiscalizadores, sensibilizantes e educativos.
Mas todas as entidades… estatais e privadas.
Não apenas o Ministério da Administração Interna.
Não apenas um sector governativo que se assuma exclusivamente como “salvador da pátria” ou o centro de toda a sabedoria.
Não pode… nem nunca será capaz de o ser.
A prova está na campanha de sensibilização para a mortalidade infantil nas nossas estradas.
O que tem o avião a haver com o automóvel?! Sabendo-se que o transporte aéreo é o mais seguro!
Que impacto tem, a não ser no descrédito e na desvalorização do transporte aéreo, a relação entre o número de crianças que falecem nas nossas estradas com um avião cheio das mesmas?!
As crianças até estão todas satisfeitas por viajar no avião. O avião caiu?!
E o dinheiro que foi investido em tão errado sentido estratégico?!
Não daria para assegurar outras facetas da prevenção rodoviária, como acções de rua, nas praias, nas escolas, noutro tipo de sensibilização publicitária?!
Estrategicamente deficiente. Politicamente errado.

BIS.

Matematicamente o que foi hoje promulgado pelo Ex.mo Senhro Presidente da República, foi uma claro atentado à matemática e à democracia.
À matemática porque 1 passou a ser igual a 3.
À democracia porque o valor, a "vocação" e a capacidade política inerente a cada ser humano, independentemente do seu sexo, cor ou religião, terminará nas próximas eleições em 2009. Ou os partidos políticos elaboram as suas listas eleitorais em função da legislação agora aprovada e incluem o número necessário de mulheres (nem que seja a partir do último lugar) independentemente da sua disponibilidade e da sua capacidade, fazendo valer esse lugares, não por questões de valorização das candidatas, mas sim tranformando-as na recepção da subvenção estatal.
Ou infringem a lei e o papel da mulher da política fica reduzido à capacidade financeira dos partidos em conseguirem compensar ou não as multas a pagar ou o valor monetário a receber, que será inferior ao previsto.
Uma lei apresentada pelo Partido Socialista, que curiosamente, apesar dos seus fundamentos, não soube exemplarmente colocar em prática no Parlamento ou no Governo.
Uma lei obviamente para testar em 2009, se até lá nada for alterado.
Uma verdadeira lei de verão!

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