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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

diSCUTir...

publicado na edição de hoje (26.10.06) do Diário de Aveiro.

Post-its e Retratos
DiSCUTir incoerências!


Por princípio: comodidade, segurança, rapidez, são factores de acessibilidade que têm um valor e custo acrescidos, estruturados na óptica do binómio utilizador-pagador.
Assim sendo, o estado proporciona condições de comodidade e de segurança (melhores estradas) a quem tem, por necessidade ou por “capricho”, que se deslocar mais rapidamente. Estas condições têm custos acrescidos em relação a outras infraestruturas menores de acessibilidade. Custos anuais que, no caso concreto, ascendem a cerca de 200 milhões de euros pagos ás concessionárias e num valor que ronda já os 17 mil milhões de euros como os encargos directos com as SCUT.
Tornando estas vias (SCUT – sem custo para o utilizador) gratuitas, o que o estado (principalmente em situações de desequilíbrio financeiro) cria é uma generalização de utilização teórica (como se todos os portugueses e regiões utilizassem as SCUT implementadas) consolidada no recurso aos impostos cobrados, a gravando a carga fiscal.
Esta realidade provoca situações de injustiça, de uma falsa equidade e solidariedade nacional, criando desequilíbrios entre as regiões, favorecendo as que são directamente beneficiadas pelas SCUT.
Face a esta situação, é lógico pensar-se que as SCUT deveriam, à “nascença”, ser logo taxadas, nomeadamente com portagens.
Mas então porque não o foram?!
Porque existem realidades transversais que importa não descurar, sob pena de o princípio de acessibilidade para todos e de forma justa e opcional, não funcionar.
Primeiro porque importa assegurar alternativas viáveis a quem opta, por direito próprio, em não utilizar aquelas vias.
Segundo, porque é importante assegurar que a implementação de uma via “taxada” não sirva de entrave ao desenvolvimento da região que atravessa. Antes proporcione condições de investimento e sustentabilidade.
Desta forma o “protesto” das regiões (autarquias, empresas/investidores e cidadãos) perece ser correcto. Este é um facto.
São correctos os protestos porque não estão garantidas as duas condições atrás anunciadas: alternativas e garante de desenvolvimento.
Existem regiões, como o eixo Aveiro-Espinho e a Norte do Porto onde as alternativas de circulação, ultrapassam em muito o valor estipulado de cerca de 1,5 do tempo do percurso nas SCUT.
Por outro lado, em apenas um ou dois anos, não é lícito comprovar-se um desenvolvimento de uma região influenciado pela implementação de uma SCUT. Basta aliás reparar para as regiões mencionadas, como os valores do desemprego provocado pelo número de empresas que “fecharam as suas portas” no Vale do Ave e na região norte do distrito de Aveiro (S. João da Madeira e Santa Maria da Feira), como exemplos.
Acresce ainda o facto de, ao não ser generalizada a taxação/portagem de todas as SCUT do país, criar-se um sentimento de injustiça e uma desigualdade sem fundamento. Isto é, os utilizadores das SCUT com portagem, para além do valor que pagam pela sua utilização, ainda continuarão a pagar com os seus impostos as outras SCUT não taxadas.
Assim, o que o governo fez foi não assegurar à partida a capacidade de sustentabilidade do sistema com a taxação imediata, com a criação de alternativas viáveis e que contribuíssem para o desenvolvimento.
O que fez foi protelar um problema que não teria outra solução, mais cedo ou mais tarde (e há vias que vão ter portagens após 11 meses da sua inauguração), que não esta, criando uma sensação de ilusão política nos cidadãos.
Mais… defraudando completamente, para não dizer, enganando quem o elegeu e por consequência também quem não votou no seu programa, já que, fundamentando com existências que são demagógicas – a realidade mostra-nos que as regiões em causa não estão tão desenvolvidas como o governo quer fazer crer (e só acredita quem quer que o Algarve não é uma região tão desenvolvida como o Litoral-Norte do país) – acaba por colocar em prática uma concepção do programa eleitoral do PSD e contrariando o seu próprio programa eleitoral e uma das suas promessas de campanha (basta recordar os cartazes) das últimas legislativas.
Resta esperar que o governo, com esta medida incoerente, retirando da carga fiscal e do orçamento o valor que os utilizadores das novas vias com portagens irão de pagar, possa diminuir o IVA, aumentar os salários e as reformas, terminar com as taxas de internamento, diminuir o Imposto Petrolífero ou o Imposto Automóvel, bem como as taxas de juro. Resta esperar…
Uma certeza porém: o governo vai arrecadar cerca de 100 milhões de euros para o seu orçamento.
Num dia temos a promessa de não ser fomentado nenhum imposto… no dia seguinte acordamos com mais uma taxa para pagar.

Quase na maioridade.


17 anos de rádio - Parabéns Aveiro.FM

A Rádio Aveiro FM assinala hoje 17 anos de existência.
A 23 de Outubro de 1989, a Rádio Regional de Aveiro iniciou as suas emissões radiofónicas, pautando-se pela melhoria da realidade informativa da região, pela independência e pela defesa dos valores de Aveiro.

No dia 5 de Dezembro, terá lugar no Teatro Aveirense, a habitual Gala Anual da Aveiro FM, onde serão homenageadas as individualidade e entidades que se distinguiram ao longo de 2006.

É a Justiça, estúpido! Mais uma vez...

6 meses de esperança perdida.
Expectativas mais uma vez goradas.
A responsabilidade, num estado de direito e democrático, seja ela pública, política ou individual, tem que ser assumida e levada às últimas consequências.
Mas este não é o nosso país.
No estado de direito e democrático de Portugal, a responsabilidade e a culpa morrem solteiras.
A nossa justiça não funciona. É mediana. Apenas estruturada para delitos comuns e sem qualquer expressão.
A justiça, quando toca ao sector público e político é subserviente, tacanha e incoerente.
O Estado é verdadeiramente irresponsável.
Eram cerca das 21:00 horas do dia 4 de Março de 2001.

59 pessoas, distribuídas por um autocarro e 3 viaturas ligeiras, perdiam a vida, após o 4º pilar da ponte que atravessa o Douro, em Entre-os-Rios e Castelo de Paiva, ter cedido e provocado a queda da ponte Hintze Ribeiro.
Entre julgamentos anulados e recursos apresentados, a sentença foi ontem proferida em Castelo de Paiva. Os 5 arguidos (entre muitos que aí deveriam estar presentes) foram absolvidos.
Pior que a desresponsabilização do colapso da ponte, foi ter ouvido alguém reclamar para um dos arguidos de 83 anos de idade um merecido descanso em paz, no sossego do lar.
Lares desassossegados ficaram os das 59 vítimas. Esses sem o merecido descanso, que o Douro fez o “favor” de anular.
Ainda vou assistir a um julgamento onde se condenem estas pessoas por terem atravessado a Ponte Hintze Ribeiro, naquele dia e naquela hora.
A justiça é o espelho do país que temos.
Nem pelos nossos temos respeito.
Vergonhoso!

E o povo?! É estúpido, não!

16 de Outubro de 2006. Eram anunciados, para colapso e pânico da maioria dos lares deste país, aumentos tarifários da electricidade de 15,7%.
Obviamente o desespero apoderou-se de muito boa gente, para quem a máquina de calcular é verdadeiramente ineficaz para tanta engenharia financeira no final do mês.
No entanto, como temos um governo formado por ilustres personagens para quem o bem comum é questão de honra, passados meros 4 dias, o Ministro da Economia - o mesmo que em Aveiro anunciou o fim da crise, deixando-nos numa aurea hilariante - anunciava agora que, ponderados todos os prós e contras, a bem do povo, o aumento da electricidade seria apenas de 6%, em 2007.
Portanto, o Governo conseguiu, em 4 dias, encontrar uma verdadeira poção mágica que transformasse o aumento proposto pela Entidade Reguladora, em menos de metade daquele valor.
Ou seja, o Governo conseguiu aumentar a tarifa da electricidade sem grandes conflitos sociais, à custa de uma camuflada manobra de diversão, iludindo os mais distraídos:
"acalme-se o povo. Não vão ser 16%, só apenas 6%."
E o governo pensa que o povo ainda é estúpido e analfabeto. A electricidade vai aumentar 6% em 2007 e a liberalização do sector não vai trazer nenhum benefício ao consumidor.
A engenharia financeira doméstica vai ser mais exigente... em 6%. Para já.
À parte...
Das duas, três! Ou acabam com as Entidades Reguladoras ou o Ministro Manuel Pinho deixa o governo. As duas coisas já há muito provaram serem incompatíveis.

É da praxe... actualizado

Iniciado mais um ano lectivo, a polémica Praxe do costume.
Ou uma Praxe, sem costume.
Uma ressalva. Não sou contras as Praxes. Sou contras estas Praxes.
(publicado na edição de hoje - 19.10.06 do Diário de Aveiro).

Post-its e Retratos
Praxes… Integração humilhante!

Uma das preocupações actuais da Presidência da República reside na problemática da inclusão, em toda a sua abrangência.
Inclusão nos vários sectores da sociedade, incluindo o ensino: igualdade de oportunidades, de acesso e de vivência.
A formação académica tem várias facetas de adaptação/integração ao longo da vida: entrada no ensino básico; passagem do 1º ciclo para o 2º; adaptação ao secundário e entrada no ensino superior.
Qualquer destes percursos requer, para além da componente lectiva/pedagógica, um esforço de adaptação/integração a meios e realidades distintas.
A questão das praxes académicas está longe de ser pacífica, porque divide o sentimento universitário e o pensamento estudantil, criando uma verdadeira relação amor-ódio.
O que actualmente, após uma década de “clausura”, se designa por “praxe académica”, nada é mais do que um conjunto de acções “estupidamente” executadas por quem deveria ter a responsabilidade de acolher, integrar e ajudar a adaptar os novos colegas. Algumas dessas acções chegam ao ponto de serem equiparadas à lista de delitos, mesmo que comuns e legalmente puníveis, como são os casos conhecidos da escola Superior de Santarém e do Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros.
Há um conceito quase que universalmente assumido no meio universitário que define a essência da Praxe como um garante de integração social, escolar e cultural dos novos alunos nas universidades ou escolas superiores.
Nada mais que ilusório e longe da verdade.
Os actos e acções praticados durante o processo da Praxe, são humilhantes, carregados de imbecilidades e cobardias, a roçar (se não mesmo incluindo) a violência física e a um autoritarismo incompreensível num sector da sociedade que se quer e se assume como democrático, pluralista e cultural.
E tais situações não são tão raras quanto possamos imaginar. Muitas a coberta da vergonha, do medo e da insegurança, esvaecem com o tempo sem serem publicamente denunciadas.
É no mínimo incompreensível e mesmo contra-natura da essência da formação académica superior este exercício do poder do mais forte(!) – o “doutor” ou o “veterano” – sobre o mais fraco(!) – o caloiro.
É deplorável assistir ao nascer de um dia na semana de recepção aos caloiros a um espectáculo degradante do excesso de álcool, de contestação de violência e da destruição das “coisas” públicas.
Entrar na universidade ou aceder ao ensino superior deveria ser um acto de elevação, de sublinhar um esforço de muito anos e muito sacrifício para atingir uma etapa – quiçá a última, na formação cultural e profissional de muitos jovens. Obviamente, deveria ser uma festa.
Para muitos, tal facto constitui um verdadeiro pesadelo, muitas vezes com a responsabilidade de quem não sabe o que é respeito, solidariedade e verdadeiro espírito académico.
Já não basta a necessidade de acomodação e adaptação a um meio novo, a novas culturas, a novas terras e gentes.
Transformar isso numa selva pelos actos irresponsáveis de “meia dúzia” de selvagens é verdadeiramente inqualificável.
Para que servem então as Praxes?!
Na realidade actual, para nada de relevante, a não ser o exercício deplorável do poder ou da vingança irresponsável.
Até por uma questão cultural e social (e histórica) as praxes não devem desaparecer. São necessárias à integração, adaptação e acomodação da nova realidade para aqueles que chegam pela primeira vez.
O que têm é que ser assumidas de outra forma.
Responsáveis mesmo que irreverentes, criativas, culturais, que permitam o desenvolvimento do companheirismo e da solidariedade. Mesmo através das coisas mais simples como o apoio à actividade lectiva (emprestando apontamentos dos anos anteriores), “mostrando” as cidades ou locais, os espaços de lazer, onde se come mais barato, auxiliando no processo difícil de encontrar alojamento, etc.
O que parece igualmente relevante é que os movimentos estudantis não conseguem ser suficientemente criativos para encontrar alternativas capazes e válidas ao contexto actual.
Assim sendo, resta ao caloiro a dolorosa tarefa solitária de encontrar capacidades de dizer “Basta” quando a praxe se transforma numa clara imbecilidade.
A Praxe deveria servir a comunidade estudantil e não servir-se dela.
Deveria deixar saudades e não pesadelos.
Pelo espírito académico.
 
(actualização)
Sobre tudo o que quis transmitir no texto e relacionado com todos os comentários aqui deixados, ler aqui - no público on-line (21.10.06)

ATENTADO

O Debaixo dos Arcos, sofreu ontem ao final da tarde um atentado externo que o privou do contacto com todos os seus visitantes.
Refeito do facto, vamos tentar sarar as feridas o mais rapidamente possivel.
Até lá, peço paciência.
Aproveitem para rever o que entretanto foi postado e não visto.
Obrigado.

Queijaria política

Há alguns anos atrás, nos tempos idos de governação "guterrista", um dito orçamento de estado foi aprovado com o voto favorável do deputado centrista Manuel Campelo - o homem do queijo limiano.
Mudam-se os queijos... mudam-se os nomes dos intervenientes, mas o resultado é idêntico, com a ressalva que o PS (igualmente no governo) tem uma maioria parlamentar mais reconfortante.
Mas as trocas e a chantagem partidária, essa tem o mesmo sabor a queijo.
Enquanto o PSD - PCP - BE se situam-se contra o Orçamento de Estado para 2007, o CDS.PP, qual salvador da pátria, assume-se "nim". Ou ,melhor, vota sim... mas!
E o mas, tal como o Queijo Limiano de há uns anos atrás, é a aceitação do governo das propostas dos democratas-cristãos relacionadas com a segurança social.
Este meu CDS cada vez está mais iludido e afundado.
Orçamento do Estado, é orçamento do estado.
Segurança Social é Segurança Social.
Misturar e pressionar é, no mínimo, saber que à partida que nada se ganhará, tudo se perde.

A saúde do país

Decididamente, o ministério da saúde, por culpa do PRACE e do SIMPLEX, foi absrovido pelo ministério das finanças.
A saúde pública, o bem estar das populações, os próprios conceitos constitucionais da saúde foram transformados numa visão meramente economicista.
Um euro, vale mais que uma infecção, uma virose ou uma doença crónica.
Fecham-se maternidades, SAP's, Urgências...
Aumentam-se as taxas moderadores, criam-se novas taxas, afasta-se e priva-se os cidadãos de um mais elementar direito constitucional e de dever público: a saúde.
O Ministro Correia de Campos, não podia abrilhantar melhor a sua epopeia na saúde, do que criar este verdadeiro fenómeno de solidariedade e de responsabilidade do estado que é a taxa de internamento. Como se qualquer um de nós se internasse por gosto, por prazer, por gozo de férias (com direito a pensão completa).
Como se esse facto não resultasse de um acto e decisão clinicos, quantas vezes para além da vontade do doente.
Cinco euros por dia, até 14 dias de internamento, resulta numa despesa de 70 euros.
Para um político, um empresário, para a dita classe alta e média (se é que ésta última ainda existe), acredito que nada significará. Até porque normalmente resulta no recurso a clínicas privadas, com maior despesa.
Para uma família, com dois filhos em idade escolar, em que o internado, pelo facto de estar doente, já tem uma redução significativa no seu rendimento, 70 euros é, no mínimo, um roubo.
Há sempre a solução de pedir ao médico o seu internamento por 15 ou 16 dias. Já é de borla.
Mas não é só política esta (i)responsabilidade do ministro.
É de todos nós...
Enquanto assistimos passivamente ao encerramento do SAP e à redução dos serviços de urgência no Hospital D. Pedro, em Aveiro.
Enquanto assistimos, à parte de uma sessão da Assembleia Municipal dedicada ao tema, ao agravar do estado de saúde do peso político e estratégico de Aveiro.
Até ao dia em que o "azar" nos bater à porta.
Sôr Ministro Dr. Correia de Campos, pela saúde de Portugal, demita-se.

Fora de Tempo

Uma pequena pausa para reflexão pessoal, ausentou-me este fim-de-semana.
Disso falaremos mais tarde.
Até porque ainda não estou refeito da dor abdominal de tanta paródia política.
O Sôr Ministro Manuel Pinho (aveirense por eleição) farto de ver o país tão cinzento e sisudo, resolveu, totalmente desprotegido de rede, lançar-se no mundo da stand comedy.
E a sua estreia não podia ser mais auspiciosa.
Duas sessões gratuítas e totalmente hilariantes.
Primeiro na sexta-feira, precisamente cá no burgo e aproveitando a aptidão aveirense para a boa disposição e para o humor (sim porque nestes canais e entre este sal, nada melhor que uma bela gargalhada) anunciou aos quatro ventos: a crise terminou.
Deixou-nos repousar do delírio durante o fim-de-semana e eis que, não satisfeito com a primeira exibição, qual político-artista ambicioso, nos atira com melhor perfomance lúdica: não era bem isso que eu queria dizer.
Rir é, de facto, o melhor remédio... Para um ministro já sem cura.

New Look. Very Well!

O Diário de Aveiro On-Line tem uma nova imagem e novas funcionalidades.
Mais atractivo. Menos pesado. Mais fresco e com mais conteúdo disponíveis(!).
Parabéns pela mudança e pela coragem em o fazer.
De certeza que aproximará o jornal dos seus já habituais e de novos potenciais leitores.
Faltará, com certeza, afinar algumas "coisitas". É que não consegui obter nada dos links lá indicados.
Por outro lado era interessante:
1. Disponibilizar os artigos de opinião, na net (desde de que devidamente autorizados pelos seus autores).
2. Criar um fórum de comentários às notícias e, porque não, aos artigos de opinião (com a devida permissão proprietária).
Mas para já, está melhor.
Parabéns!

Cidadania precisa-se.

Por uma maior participação cívica e responsável de todos no desenvolvimento de Aveiro.
(publicado na edição de hoje, 12.10.06, do Diário de Aveiro)

Post-its e Retratos
1 ano depois… cidadanias!


Há um ano, Aveiro vivia a realidade de uma mudança.
Inédita. Inesperada por muitos, mesmo por quem através do seu voto contribuía para essa mudança ou por quem não imaginaria sequer a probabilidade de tal acontecer.
Depois de várias décadas de exercício da gestão local pelos democratas-cristãos, seguida de dois mandatos socialistas, uma coligação até então impensável, proporcionava uma das surpresas das últimas eleições autárquicas. A viragem à direita proporcionava o regresso dos democratas-cristãos e pela primeira vez na Câmara de Aveiro, ao fim de 30 anos da democracia autárquica, o PSD era “poder” autárquico.
Estes são os factos do resultado das últimas eleições.
Balanços e contradições são, neste contexto, palco para prós e contras.
Elogios, decepções, encorajamentos, esperanças.
Mas democrática e politicamente Aveiro cresceu ou mudou?!
Talvez!
O que sei é que Aveiro passou um ano muito centrado numa realidade: a dívida.
É inquestionável que a dívida é um facto preocupante para a gestão do município. Não me parece que seja excessivamente preocupante ao ponto de centrar e criar um exclusivismo de acção política, condicionando quer a acção do executivo, quer a falta de propostas e alternativas claras da oposição para Aveiro.
Como dizia a velha máxima: há vida para além do deficit.
E a maior desilusão da democracia portuguesa, de alguns anos a esta parte, reside no esvaziar constante da verdadeira conquista do pós 25 de Abril: o poder local.
Tentativas de centralização exclusiva pelo poder central, asfixia de vontades e das realidades locais e regionais, são as esperanças desfeitas naquela que foi a grande novidade da história política portuguesa: a melhor forma de representatividade do poder.
Este transformou-se, por este país fora e nos mais recônditos lugares, numa rede de interesses partidários, de influências de amizades e favores, de regras anarquizadas a favor de caciquismos. São sobejamente públicos os exemplos. Raramente a bem do povo e do município.
Responsabilidade repartida por um poder central extremamente controlador e autoritário. Pouco descentralizador e com muito pouca vontade de transferir para as autarquias capacidade financeira e responsabilidade política e de gestão: saúde, ensino, protecção, transportes e acção social.
Se o poder central optasse, não por tutelar e asfixiar, mas por regular e respeitar as autonomias políticas e financeiras das autarquias, era mais eficaz a verdadeira regionalização e responsabilização local. Desta forma o poder autárquico deixaria de ser uma mera extensão de vontades ou contradições do poder central.
Mas basta?! Não!
E a responsabilidade dos munícipes?! Qual o seu papel e a sua responsabilidade?!
Há um ano, pelas mais diversas razões, Aveiro via surgir um “movimento” espontâneo de vontades críticas pós-eleitorais através da blogoesfera. Foram várias as vozes que se ergueram. Uns desistiram, outros entraram em suspensão e ouros ainda por cá se fazem ouvir, com maior ou menor eco.
Pela participação democrática e pelo dever e direito cívico do exercício de cidadania. Independente, transversal e extra partidária, mas política.
E é extremamente importante que este sentido cívico prolifere.
Porque a vida local não deve ser da exclusiva responsabilidade partidária. Porque a democracia é um bem comum e precioso. Alicerçado na liberdade de expressão crítica, no pluralismo e no respeito.
E essencialmente na defesa do bem comum que é Aveiro. Através da participação democrática directa, impressa ou pelo uso das novas tecnologias, das convicções pessoais de todos.
Aveiro precisa de mudar mentalidades. Pela defesa de um conjunto de causas e valores aveirenses.
Pela afirmação do nosso município.

Publicamente OBRIGADO!

Os meus agradecimentos pessoais, um a um, AQUI.
A todos mais uma vez, os meus parabéns. São vocês que fazem estes Arcos.

Aos OUTROS
Aos que por aqui passam incognitamente, timidamente.
Aos que por aqui passam indiferentes.
Aos que por aqui passam com desprezo.
Aos que por aqui passam para mal dizer.
Aos que...
A esses o meu obrigado igualmente.

10 Outubro - 1 ano

10 de Outubro de 2005.
Iniciava assim a tarefa cívica do exercício do direito de cidadania, através da blogoesfera.
Embora por acaso, o acaso quis que, ao longo deste primeiro ano, muitas "batalhas" fossem travadas, acrescidas de outras descobertas de valores, convicções e pessoas mais ou menos anónimas ou com rosto definido.
Para alguns, esta realidade não passaria do boom da blogoesfera local no após eleições autárquicas.
No entanto, ao fim de um ano, a realidade do Debaixo dos Arcos ainda prevalece viva, com 480 post's - 19841 visitas - uma média semanal modesta de cerca de 60 visitas/dia. Para além disso, criou ramificações em Câmara Oculta, em Um Lugar no Pódio e em O Caminho de Emaús.
Foi esta a realidade construída por todos os que aqui "entraram": amigos, conhecidos, companheiros da blogoesfera, anónimos e "inimigos".
O espaço, manteve e manterá, enquanto existir, um estatuto editorial fundamentado no princípio do respeito, da democracia, do pluralismo, do confronto de convicções, do universalismo de conceitos sobre o mundo, o país e Aveiro.
Dum democrata-cristão (em desilusão acentuada), católico (não praticante), republicano (com afectividade monárquica), beiramarense (porque cagaréu), portista (porque pelo norte) e por exclusividade Aveirense.
Um espaço aberto a todos os que vêm por bem, mesmo dizendo mal.
A todos os meus sinceros parabéns.

A par das "guerrilhas" locais

Enquanto aqui no burgo, entre marés cheias e marés baixas, se vão discutindo realidades preocupantes de Aveiro de forma grotesca e, até mesmo, inqualificável, um recente estudo da Universidae do Minho determinou que Évora é a mais competitiva das 18 capitais de distrito portuguesas, enquanto o Porto, do Dr. Rio, ocupa o último lugar da lista.
O estudo aplicou às capitais de distrito portuguesas o mesmo método que o Fórum Económico Mundial utiliza para elaborar anualmente o ranking da competitividade mundial dos países e regiões, construindo um Índice de Competitividade das Cidades Capitais de Distrito (ICC) do continente português.
E Aveiro?!
Pois, cantando e rindo, Aveiro situa-se no 7º lugar (das 18 capitais de distrito referenciadas no estudo).
Para todos os efeitos, acima da média.

Ranking das capitais de distrito por ordem do ICC:
1.Évora: 7,293
2.Lisboa: 6,454
3.Coimbra: 6,042
4.Beja 5,660
5.Leiria 5,609
6.Castelo Branco 5,608
7.Aveiro 5,452
8.Guarda 5,178
9.Santarém 5,037
10.Portalegre 4,711
11.Viseu 4,628
12.Vila Real 5,514
13.Bragança 4,271
14.Setúbal 4,070
15.Braga 4,055
16.Faro 3,971
17.Viana do Castelo 3,859
18.Porto 3,577

Realidade existencial.

A propósito da sustentabilidade da Segurança Social e da problemática das reformas, era avançada a possibilidade de se benificiar as famílias com mais do que um(a) filho(a).
Esta era uma forma de contrariar o envelhecimento da população portuguesa e de ponteciar, a médio e longo prazo, a sustentabilidade do sistema da reforma.
E é fácil.
Nada tem de especial.
Basta, senhores e senhoras... procriar.
Nada de especial.
Basta tê-los... assim aos montes. Até porque somos um país de ricos.
É triste quando ignoramos a nossa realidade e queremos ser e pensar que somos quem, verdadeiramente, não somos.

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