Reciclagem Ministerial
Se a cultura ainda é, em Portugal, um caso de elite e algo que pertence a círculos restritos, a saúde já é algo que diz respeito a todos, seja qual for o ponto cardinal, a idade, o sexo, a religião e a profissão.
Mas desenganemo-nos…
Há duas questões que são relevantes.
Facto 1: a política da reforma a saúde não é coerente, nem beneficia as populações (ou pelo menos uma grande parte dela).
Facto 2: O Ministro Correia de Campos apresentou a sua demissão.
Facto 3: O governo foi remodelado.
A pouco mais de um ano das eleições faz algum sentido?
Ou melhor… Faz algum sentido remodelar qualquer governo?
Das duas três…
Ou o ministro era o verdadeiro protagonista da política adoptada, que deveria ser do governo e não pessoal (o que enfraquece o Primeiro-Ministro), ou o Ministro tornou-se vítima da falta de coragem do Primeiro-Ministro que não assumiu a sua responsabilidade governativa. Ninguém pode conceber que o Primeiro-Ministro não seja o responsável por determinar as políticas dos vários ministérios.
Mas a verdadeira conclusão que se pode tirar de uma remodelação é a de que o governo estava fragilizado. Aliás é essa a conclusão que podemos tirar das palavras do Vice-Presidente da bancada parlamentar socialista Vitalino Canas: o governo sai reforçado. Ou seja, o governo não estava fortalecido (estava fragilizado) e reforçou-se com a remodelação. Do género, retirar da cesta a fruta tocada ou podre.
E desenganemo-nos igualmente se alguém pense que, a tão pouco tempo das eleições, a política da saúde vai mudar. Quanto muito a nova ministra irá empatar e tentar arrefecer os ânimos até 2009.