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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Processo Casa Pia

Fim à vista, 6 anos depois de ter "rebentado a bomba"? (fonte: Portugal Diário)
Até pode ser que sim... mas eu não acredito em "responsabilizações". A justiça não é cega e não é igual para todos. Este processo deixou muita gente descrédita e indiferente.
O resultado?! A ver vamos.

Links para o histórico no Portugal Diário:
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Assim até EU.

Da forma como decorre a história política portuguesa actual, até eu era capaz de ser eleito Primeiro-Ministro.
Conforme dizia Churchil, a câmara do parlamento britânico: "à minha frente estão os meus adversários, nas minhas costas estão os meus inimigos" (colegas de partido).
Em Portugal, é caso para dizer que, para o PS, os seus adversários (fraquinhos) estão à sua esquerda (BE e PCP) e ao centro (CDS) e seu inimigo é o professor, o médico, o juiz, o funcionário público, o operário e o agricultor.
Porque o seu verdadeiro amigo, está na liderança do PSD e chama-se Manuela Ferreira Leite. É que com oposição como esta, dúvidas para 2009 só quem não quiser ver.

A Ria... inegável património.

O Ministro do Ambiente, Nunes Correia, anunciou, no final do Conselho de Ministros (13.11.08) o investimento na Ria de Aveiro de 100 milhões de euros, ao abrigo do novo programa "Polis Litoral " (fonte: Público).
É de congratular este empenho governativo. Só que o Ministro esqueceu-se de dizer "quando".
Espera-se que não seja demasiadamente tarde para que seja impossível salvar e dar vida ao maior património natural da região.

A reviravolta do Tio Sam.

Publicado na edição do dia 12 de Novembro de 2008, do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
A reviravolta do Tio Sam.

É indiscutível que a clara vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais norte-americanas, representou um “marco histórico” na história dos Estados Unidos da América, onde, em pouco mais de duzentos anos, já quase tudo aconteceu (falta, provavelmente, eleger um presidente índio).
Marco pela viragem política, pela eleição do primeiro presidente negro e pela forma como o mundo vibrou com esta eleição.
Os americanos e o mundo esperam muito deste novo presidente, colocando as expectativas e as esperanças a um nível bem elevado.
É pacífico observar que os vários cantos do planeta, estão preparados para esta nova era: o governo cubano saudou a vitória de Barack Obama; Hu Jintao, Chefe de Estado Chinês, assumiu a vontade de reforçar as relações entre a China e os Estados Unidos; Medvedev e Obama falaram na necessidade de organizar em breve um encontro; e a Europa arrecada uma enorme confiança no fortalecimento das suas relações transatlânticas, curiosamente muitos (ou alguns) dos que estiveram ao lado de Bush na questão do Iraque.
Internamente, há várias leituras e conclusões que se podem retirar deste importante momento: a grande vontade e ânsia dos americanos em promoverem uma sentida mudança; um “não” evidente ao desastre da governação da administração Bush; a clareza, frontalidade e consistência das propostas do candidato democrata Obama e esse evidente e desastroso “erro de casting” que foi a escolha para candidata a lugar de vice-presidente, Sarah Palin (uma governadora do Alasca que nunca visitou todo o seu estado; uma governadora que não sabe que África é um continente; uma governadora que “cai” inocentemente na farsa, montada por um actor Canadiano, do suposto telefonema de Sarkosy, etc.).
Colocam-se, a Barack Obama, indiscutíveis desafios urgentes e importantes, quer interna, quer internacionalmente.
Internamente, Obama tem o especial desafio de lidar com uma crise financeira de avultada escala; os problemas energéticos; a reforma social, nomeadamente no campo da saúde; e a questão ambiental (Quioto)
Além disso, internacionalmente, exige-se à nova administração americana a continuação ao combate ao terrorismo (que mais que uma causa ideológico-partidária, é uma causa naciona); o Afeganistão, o Iraque, o Médio Oriente e o Irão; a sua postura geoestratégica e geopolítica; Guantanamo; a Nato e a ONU; as relações com a Rússia e a China; e as relações com a América Central (Cuba) e a América do Sul.
Mas é igualmente marcante o “facto” histórico da eleição de um presidente reflexo de uma minoria ou da marginalização social de uma raça. Facto que ainda hoje levanta algumas dúvidas. Apesar dos considerandos tidos atrás, se Hillary Clinton tivesse sido a candidata democrata escolhida, ganharia ou, pelo menos, conseguiria de forma tão clara?!
E se numa nação, onde, até há cerca de 40 anos, as questões raciais eram muito extremadas (apesar de tudo, mais que agora), o novo presidente está pronto para a América. Mas, e a América?! Estará, ela, pronta para Barack Obama?!
Uma coisa é certa, a América pode ficar diferente e o Mundo mais seguro, a partir de Janeiro de 2009, quando Barack Obama tomar posse como o 44º Presidente dos Estados Unidos da América.

Ao sabor da pena…

Por água abaixo...

Depois do esforço de juntar (ou ajuntar, se quisermos) 120 mil professores (com alguns "apêndices" à mistura), após toda a pressão exercida no Ministério da Educação, por mais adeptos que sejamos da liberdade de expressão, há factos que estão carregados de falta de argumentos: e em poucos minutos, perde-se a razão e vai tudo por água abaixo (ou quase).

Ouvidos de Mercador

Noutras circunstâncias já tinham rolado cabeças ministeriais (por exemplo, o ministro da saúde).
Mas como para o Primeiro-Ministro e a Ministra da Educação o importante são os Magalhães e o premiar o demérito e o laxismo, quaisquer 120 mil pessoas não passam de ruído de fundo e bocas reaccionárias.
E não há duas sem três. (fonte TSF)

Compreender o incompreensível.

Publicado na edição de ontem (6.11.2008), do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Compreender o incompreensível.
Entre a teoria e a realidade, entre os conceitos e princípios e a factualidade da aritmética financeira doméstica da maioria dos cidadãos no final de cada mês, vai uma longa e incompreensível distância.
Os conceitos financeiros (de forma similar ao direito) são uma espécie de linguagem rodeada de simbolismo, figurismo e “secretismo” que imitam, ao mais comum dos mortais, o acesso e a compreensão ao que move hoje, o mundo: o dinheiro.
Por convicção, entendo que Estado deve ter uma função reguladora e uma intervenção social na sociedade: educação, saúde, justiça, segurança, emprego…
Mas também deve primar pela justiça social e a equidade.
É, por isso, incompreensível e de difícil aceitação a intervenção do governo no caso BPN, obrigando todos os portugueses a um “esforço” e contributo (os “nossos” impostos), através da Caixa Geral de Depósitos para “camuflar” os erros inaceitáveis (por isso, puníveis) de alguns, para quem a avidez se sobrepôs ao dever profissional.
Acresce o facto de não se poder aceitar, pelo menos de ânimo leve, a displicência e a não prontidão de qualquer acção por parte da entidade reguladora do sector: o Banco de Portugal.
Assim, é inexplicável a intervenção do Estado numa entidade privada como o BPN, quando são inconsequentes ou inexistentes as acções do Governo nos casos de inúmeras empresas que fecham as suas portas, deixando tantas famílias em desespero e tantas pessoas no desemprego.
Por outro lado, demonstrando uma necessidade clara de justificar politicamente esta acção junto do BPN, o último Conselho de Ministros (sessão extraordinária) vem determinar a vontade do governo em liquidar, a muito curto prazo, as dividas do Estado, apesar de nos últimos anos ter tido “ouvidos de mercador” a tantas solicitações recomendações nesse sentido.
E não deixa de ser preocupante (e se quisermos, revoltante) para o cidadão, esta opção pela intervenção na banca privada, quando não se assiste a qualquer intervenção do governo para minimizar a constante subida dos encargos familiares com o crédito à habitação, apesar das descidas das taxas de referência europeias.
Além disso, é no mínimo curiosa esta vontade repentina, em plena crise, que leva o governo a se predispor a ajudar as Câmaras Municipais, depois de ter colocado tantas entraves e recusas ao esforço dos Municípios em solucionar as suas obrigações financeiras, principalmente para com as empresas, associações e freguesias.
Por último, nesta crise dos mercados que determina uma incerteza em relação ao futuro e espalha o espectro de uma recessão a uma escala internacional, o Governo apresenta um Orçamento de Estado, para 2009, onde se regista o maior aumento salarial dos últimos anos, o maior aumento da despesa e do investimento, apesar da contradição com toda a aumentação e fundamentação que justificaram, em anos anteriores, uma limitação ao proteccionismo social.

Ao sabor da pena…

Teatralidades

de excelência. Ontem no Teatro Aveirense.
É um do meus actores preferidos. De uma expressão dramática soberba, com um nível cultural acima da média, com uma capacidade de diálogo excepcional. Por isso, Globo de Ouro Melhor Actor de Teatro, em 2006.
"Começar a Acabar", de Samuel Becket. Um monólogo cheio de intensidade, divagações, insanidades. Numa actuação perfeita de João Lagarto, que lhe valeu o prémio de melhor interpretação, em 2006, atribuído pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
E a conversa... bem ao seu jeito, apesar do cansaço.

O que é Nacional

nem sempre é bom...
O Governo prepara-se para "nacionalizar" o BPN (fonte TSF).
Enquanto a faixa esquerda (por exemplo o PCP) rejubila de alegria por haver "mais Estado", é grave que esta situação tenha o "compadrio" do Governo, dos Partidos Políticos com assento Parlamentar e do próprio Presidente da República (mais preocupado com o "queijo dos Açores" do que a justiça social e a economia deste país).
Se não, vejamos:
1. Se não fosse a "Crise", ainda hoje o BPN continuaria a fazer negócios bancários duvidosos, a comprar quintas e vinhos, arte e a manter as suas contas paralelas em "offshores".
2. Tudo isto com a conivência do Banco de Portugal. Com a mesma passividade no caso BCP. Só quando a bomba rebenta é que a entidade que deveria regular a banca actua. Tarde e a más horas.
3. Porque razão o Estado tem o"dever" de intervir nas instituições bancárias e de crédito privados?! Não são empresas como as outras?! Porque é que o Governo não intervém igualmente nas empresas que estão constantemente a encerrar, colocando centenas de milhares de pessoas no desemprego, todos os meses?!

Efeito Magalhães!

Publicado na edição de quinta-feira, dia 30 de Outubro, do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Efeito Magalhães!


É tema de conversa, essencialmente familiar, educativa e pedagógica, mas também social, cultural e política, este recente impulso tecnológico promovido pelo Governo e implementado, particularmente, no universo escolar. Refiro-me ao computador “Magalhães”.
Retirando o facto curioso de, historicamente, o navegador Fernão Magalhães se ter “vendido” à vizinha Espanha e colocando de parte questões meramente tecnológicas (como o desempenho informático do equipamento), convém centrarmo-nos em dois ou três aspectos mais relevantes.
1. Negócio das “Índias”
Ainda estará para chegar o dia em que algo me convença que uma empresa privada, com objectivos de lucro bem delineados (o que não é mal nenhum), tenha, concretamente em tempos de crise, rasgos de humanismo, de caridade ou de socialização, desinteressados.
Só de forma ingénua é que se poderá acreditar que, neste tipo de “protocolos” ou “colaborações”, haja empate. O normal é que haja quem ganhe e quem perca (ou ganhe menos).
Mas mais importante que esse facto, é a obsessão desmedida por um plano tecnológico desgarrado de uma realidade social e estrutura preocupante. Cerca de 500.000 computadores distribuídos pelas escolas do 1º ciclo do ensino básico, de forma gratuita ou com um custo máximo de 50€, trarão encargos acrescidos para o orçamento público. Confrontando com a realidade de inúmeras escolas sem condições, sem cantinas, com dificuldades no apoio social escolar, com a transferência das responsabilidades sociais e educativas do Estado para as Autarquias, é, no mínimo, uma prioridade governativa preocupantemente contestável.
2. Pedagogias
Não tenho qualquer relutância em relação ao uso da informática como ferramenta pedagógica complementar. Mas já tenho dúvidas que a estrutura escolar actual tenha capacidade de sustentar, sem as devidas reformas, a “intromissão” de elementos externos ao existente processo educativo.
Até que ponto é benéfico o recurso a ferramentas informáticas para a aprendizagem da escrita? Até que ponto é benéfico o uso da tecnologia para o desenvolvimento do cálculo e do raciocínio? Até que ponto os professores, já por si sós a viverem momentos apocalípticos, estão preparados para, juntamente com os seus alunos, substituírem o caderno e o lápis pelo teclado.
3. Entre a espada e a parede
Cabe aos Pais e Encarregados de Educação o direito (e o dever) de opção, tendo como princípio fundamental, o bem-estar e o desenvolvimento dos seus filhos ou educandos.
Sendo certo que vivemos, hoje, um verdadeiro ciclo tecnológico e informativo, não será menos verdade que tal realidade transporta um inevitável confronto de valores e princípio entre a família e a sociedade (seja em que idade for).
O aliciante de potenciar nos mais jovens a descoberta das tecnologias, de nova formas de aprendizagem e desenvolvimento, não deve permitir o descuido de uma formação individual equilibrada e consistente.
Tomando como referência a visão da realidade social actual do sociólogo espanhol Manuel Castels, um dos maiores riscos (em qualquer idade) é o denominado processo de infoexclusão na Sociedade em Rede dos nossos dias. Mas não deixam de ser preocupantes os riscos que tal realidade comporta, nomeadamente, na ausência do controle dos excessos.
Como exemplo, a Internet, em si mesma, nada de perigoso compreende. Antes pelo contrário.
Mas o uso que dela fazemos ou a forma como a ela recorremos, já pode ser preocupante e problemática. Aí reside o sucesso ou o fracasso do nosso envolvimento socio-tecnológico.
Além disso, no caso do Magalhães e face às inúmeras pressões propagandísticas levadas a cabo, há ainda a considerar todo um conflito dos valores e formação familiar com o processo de socialização escolar das crianças (para além do referido risco, mesmo nos mais novos, da infoexclusão). Como gerir uma conflitualidade como a descrita na reportagem da RPT aquando da distribuição dos primeiros Magalhães numa escola: num total de 192 crianças, apenas uma não se viu “premiada” com o seu primeiro portátil, por opção, legítima, dos seus pais. Como é que irá, social e psicologicamente, reagir?!
É o mesmo que, sendo-lhe vedado o embarque, apesar das razões válidas, ver partir a nau do Sr. Magalhães, rumo ao estreito sul-americano, cheia de crianças e ficar sozinha em terra.
É legítima esta assimetria social e educativa potenciada pelo governo na formação escolar inicial? Tenho dúvidas…

Ao sabor da pena… (num teclado não ‘Magalhães’, mas, por mero acaso, ‘Toshiba’)