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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Semana em Resumo XX

Publicado na edição de hoje, 16 de Maio, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Visita Papal
Foi, reconheça-se, um acontecimento que marcou a semana.
Não só pelas polémicas que têm envolvido a Igreja, mas também pela imagem pessoal que Bento XVI transmitia (frieza, distância, insensibilidade) e que acabou por conseguir desmistificar com a sua passagem por Lisboa, Fátima e Porto, quer pela sua presença, quer pela mensagem que foi transmitindo aos muitos milhares de fiéis que marcaram presença no Terreiro do Paço, em Fátima e na Avenida dos Aliados.
Mas da sua visita fica ainda o destaque para o discurso crítico e directo durante a viagem entre Itália e Portugal: afirmando que o pior inimigo não está fora da Igreja, mas sim no seu interior, referindo-se concretamente aos casos de pedofilia. Sendo certo que a Igreja tem o dom do perdão, também não é menos verdade que tem a obrigação moral e social de promover a justiça.
Top “Five”(5)
Segundo os dados divulgados esta semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos - OCDE, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 10,5%, no mês de Março do corrente ano.
Este agravamento representa um acréscimo de 0,2% em relação a Fevereiro e um aumento de cerca de 1,5% em relação a Março de 2009.
Com este valor Portugal é o quinto país coma taxa de desemprego mais elevada, a seguir à Espanha, Eslováquia, Irlanda e a Hungria.
Basta…
Nem mesmo a visita de Sua Santidade Bento XVI distraiu os portugueses. Mesmo que o Governo tenha tentado que o anúncio das medidas de agravamento fiscal para combate ao défice, coincidisse com um dos pontos altos da visita do Papa, tentando minimizar os efeitos de desagrado, descontentamento ou mesmo de indignação na sociedade.
O governo tem tido, face à realidade das contas públicas e da crise financeira que o país atravessa, uma postura de incoerência, de encobrir a verdade, de manipular a realidade, mentindo aos portugueses.
Desde há alguns anos, mesmo antes das eleições, já algumas vozes anteviam este desfecho (por exemplo, Manuel Ferreira Leite). Mas José Sócrates e o governo apenas “despertaram” para a realidade em, apenas (?), 15 dias (quando já não podia esconder mais os factos).
O País, com alguma incredulidade e indignação, viu o Conselho de Ministros aprovar um plano de austeridade que inclui o aumento de IVA em 1%, IRS em 1% e 1,5% (conforme os escalões) e IRC em 2,5% (para empresas com lucros tributáveis superiores a dois milhões de euros). Para além disso, Estão previstos cortes nas transferências para as autarquias e a criação de uma sobretaxa para o crédito ao consumo. Acrescem a estas novas medidas as políticas já aprovadas de redução dos benefícios fiscais.
Ou seja… o país está, definitivamente, em colapso financeiro.
E estas propostas governativas deixam ainda muitas dúvidas quanto ao seu sucesso e muita inquietação para o futuro, já que elas representam menos poder de compra, mais dificuldades para os orçamentos familiares, menos consumo (o que representa menos lucro empresarial e menos progresso económico) que poderá representar menos competitividade e mais desemprego.
Seria de esperar um governo mais preocupado com a despesa e com os gastos supérfluos do que com a receita. Um governo mais consciente, mais disciplinado com os seus gastos e coerente com a realidade e com os factos. Um governo que não se importasse de reconhecer as suas limitações e os seus erros.
A “bênção” do PSD
Um facto que marca esta semana de opostos é a anuência, por parte do líder do PSD, às medidas propostas pelo Governo. Ao ponto de Pedro Passos Coelho vir a público pedir desculpas. Mas desculpas de quê?!
Se Passos Coelho entende que deve repartir com José Sócrates a responsabilidade, deve procurar que o PSD partilhe, igualmente, a governação. Se assim não for, o PSD deve apresentar alternativas credíveis e suficientemente esperançosas para um país cada vez mais deprimido e indignado.
Como maior partido da oposição deve assumir-se como tal, ou correrá o risco de perder espaço e posicionamento político.
Curiosamente, nota-se um distanciamento no discurso actual de Passos Coelho para o que foram as suas posições durante o “combate” eleitoral interno: por exemplo, no que respeita ao Programa de Estabilidade e Crescimento – PEC, na alternativa a ser, no imediato, governo, no distanciamento quanto às medidas financeiras de José Sócrates.

Terminou a visita do Papa, há que voltar à realidade… até que o Mundial de Futebol nos volte a distrair. Boa Semana…