Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Até Sempre... TóZé!

Publicado na edição de hoje, 20 de Maio, do Diário de Aveiro

Cheira a Maresia!
Até Sempre... TóZé!

Há alturas na vida que, por mais racionais que queiramos ser, a emoção tolda-nos as ideias e o espírito.
Por mais paradoxal que pareça, a morte (o seu momento) faz parte da vida… por isso é tão usual dizer-se, perante o fim existencial que “é a vida”. Mas nada tem a ver com a vida…
São as saudades que ficam, a perda de algo importante, um vazio que fica e que nunca mais se pode preencher (pelo menos da mesma forma).
E não é fácil, nada mesmo fácil, tentarmos encontrar racionalidades para um misto e complexo conjunto de sentimentos que nos entristecem, que nos deixam mágoa, que nos tornam impotentes…
A morte é sempre estúpida. Sim! Pura e simplesmente, estúpida. Seja com quem for… seja em que circunstância for.
A tal “desculpa” é sempre a mesma: é a vida! Eu diria então: que “bosta” de vida! Porque se é a vida, porque não a podemos viver até ao fim?!
Todos nós, pelo menos a partir de uma determinada idade, tomamos consciência que a condição existencial do homem é sempre a mesma: nasce, cresce e morre. É este o fado da vida humana. Não há alternativa.
Mas por mais compreensível que seja esta realidade (que, em determinadas circunstâncias e momentos, nos trás à memória a inevitável questão: então que sentido tem tudo isto?), não conseguimos ser indiferentes a uma revolta e angústia interiores, quando alguém deixa esta vida terrena e parte para, por muitos conceitos, crenças e fé que se tenham, não se sabe bem para onde.
Ainda mais nos dói, quando esse alguém nos diz algo, nos é próximo, nos faz recordar a vida nos seus momentos bons e maus e nos obriga a gritar (mesmo que num silêncio agudo) bem alto: NÃO! Todos menos esse…
Mais difícil se torna a aceitação da realidade quando tentamos encontrar palavras para nos referirmos a um amigo, a um colega, a uma referência…
E o TóZé Bartolomeu era tudo isto… amigo, colega e referência de muitos anos. Muitos anos como colega de trabalho, muitos anos a ouvi-lo falar incessantemente do seu Beira-Mar (e não só do futebol), de Aveiro, da sua Cacia… da vida! Sim… também da vida. A mesma que agora “fechou portas”.
E tudo o mais que pudesse aqui dizer, não caberia nestas páginas.
E tudo o mais que pudesse aqui dizer, saberia a pouco.
Sei que já não me vais poder voltar a dizer o que leste dos artigos que escrevi. Sei que já não te vou ouvir mais. Sei que já não vamos falar mais do Beira-Mar, da rádio, de Aveiro, da Câmara, da vida…
Como sei que já não vais poder ler isto… Por isso, companheiro: Até sempre, TóZé!