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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

As Primeiras-damas...

A jornalista Alberta Marques Fernandes, primeiro rosto da SIC e actualmente na RTP, lançou o seu primeiro livro sob o título "As Primeiras-damas", com a chancela da Esfera dos Livros.

(sinopse)
"Quatro mulheres, quatro primeiras-damas do pós-25 de Abril, reunidas pela primeira vez. Manuela Eanes, Maria Barroso, Maria José Ritta e Maria Cavaco Silva, todas elas hóspedes em tempos passados de um palácio que conhecem bem.
Em conversas únicas, Alberta Marques Fernandes recolheu as suas memórias, as histórias que ainda não tinham sido contadas, as lembranças que cada uma guarda do Palácio de Belém. Todas elas são testemunhas privilegiadas da História contemporânea portuguesa. Presenciaram momentos fundamentais, como os primeiros passos da democracia, a entrada do país para a CEE, a dissolução da Assembleia da República em 2004, entre outros, e privaram com outros protagonistas da História mundial como Margaret Tatcher, François Miterrand, Nelson Mandela, os reis de Espanha, madre Teresa de Calcutá, Os papas João Paulo II e Bento XVI."

A opção somos nós!

Publicado na edição de hoje, 30 de Março, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
A opção somos nós!



Por comodismo, por natura, por dificuldades diversas, temos sempre o “mau hábito” de “sacudir a água do capote” e ficar comodamente, mesmo que criticamente, à espera que o Estado, as Instituições, o Poder (nacional, regional ou local) resolvam todos e quaisquer problemas (apesar de reconhecer alguma incapacidade de resposta e de responsabilidade pelos estruturas de gestão da nação).
É este um estado generalizado, corrente, de grande parte da sociedade: criticamos, mas, ao mesmo tempo, resignamos. A título de exemplo…
Recentemente a Câmara Municipal de Aveiro lançou um vídeo promocional do uso da bicicleta (realizado por Miguel Mendes, apresentado em Sevilha e divulgado no Youtube – busca por “Aveiro Lifecycle”), enquadrado no âmbito dos objectivos de um projecto europeu de mobilidade saudável – Life Cycle – do qual a autarquia aveirense foi parceira oficial (o projecto termina no próximo mês de Maio). Durante cerca de dois anos, a coordenação do projecto promoveu um conjunto de iniciativas, ao nível das escolas, das empresas, da universidade, da comunidade aveirense em geral, com o objectivo principal de promover o uso da bicicleta como modo saudável de mobilidade no quotidiano dos cidadãos. Um modo saudável que passa pela questão da saúde, da qualidade de vida, da mobilidade e da melhoria do espaço urbano. Um modo saudável que promovesse a bicicleta e a colocasse em equidade com o automóvel no que respeita à mobilidade e ao direito ao uso do espaço urbano, nomeadamente nas vias rodoviárias.
Mas a verdade é que a generalidade das pessoas acha isto um facto importante, em muitos casos uma necessidade e uma urgência. Muitos dos que visionaram o vídeo acharam-no espectacular, muito bom… mas continuamos a ver as ruas de Aveiro com carros, a não termos sítio onde estacionar, a não haver espaço para uma mobilidade sustentável e sustentada.
E o que fazemos? Muitos de nós aveirenses, onde por “mea culpa, me incluo.
Criticamos, com razão, a falta de espaços verdes, de lazer, espaços que permitam que as crianças aprendam a andar de bicicleta (quando antigamente o fazíamos na rua – hoje, não se brinca na rua). Afirmamos que Aveiro é uma cidade plana, amiga do ambiente, ciclável.
Mas somos igualmente capazes de encontrar insegurança onde, na prática, ela não existe ou é uma percepção errada da realidade. Quão inconscientes são os milhares de estrangeiros que já experimentaram andar de bicicleta na nossa cidade?
Esperamos por uma BUGA e desculpamo-nos com um sistema que espera novo relançamento de imagem quando, hoje, é tão simples ter bicicleta própria.
Desculpamo-nos com as condições climatéricas. Desculpamo-nos com as exigências do dia-a-dia, stressante, preenchido com inúmeros afazeres pessoais e profissionais.
No fundo, tudo serve, para mantermos o conformismo, a rotina, a apatia e a resignação.
Como diz o texto promocional “(…) existe aquilo que tu escolhes fazeres porque tudo na vida são opções (…). Aveiro escolheu a bicicleta”. E nós?!

Mobilidade Ciclável Saudável...

Porque Bicicleta é Vida... e uma clara alternativa de mobilidade urbana.
Aveiro fez a sua escolha.

Três anos de parceria do Projecto Europeu de Mobilidade Saudável - LifeCycle.
Três anos a promover o uso da bicicleta como modo saudável de mobilidade em espaço urbano, no quotidiano dos aveirenses.
Três anos a potenciar alterações de hábitos, de percepção da realidade sustentável, de culturas.
Com muito orgulho e honra: ano e meio de contributo pessoal e profissional.

Aveiro Life Cycle - um vídeo promocional realizado por Miguel Mendes.


A semana em Resumo - 27.03.2011

Para publicação na edição de amanhã, 27.03.2011, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
O Governo caiu! E agora?


Por mais que José Sócrates se esforce por se vitimizar, por mais que tente desresponsabilizar-se da situação do país, por mais que ensaie transferir para a oposição a culpabilidade dos factos, a realidade é quem provocou a crise foi ele próprio. Aliás numa muito pouco compreensível manobra política.
Foi o Primeiro-ministro que não dialogou previamente com os outros partidos da oposição, nomeadamente com o PSD face à necessidade de se enfrentarem novos desafios para o combate do défice. Foi ele que não teve qualquer sentido de Estado ao menosprezar os Parceiros Sociais, Oposição Parlamentar e relação institucional com a Presidência da República. Foi ele que não soube ou não quis assumir o falhanço das medidas aplicadas nos PEC’s anteriores e a incapacidade de controlar o orçamento do estado e a despesa pública.
E, facto curioso para quem sempre defendeu que o país sobreviria a uma intervenção externa e sempre criticou os que prevêem ou desejam a interferência do FMI, é a facilidade com que José Sócrates acorre aos “chamamentos” europeus, sem que seja claro que o apoio do Fundo Comunitário seja muito diferente do Fundo Monetário Internacional.
E a crise foi inevitável… perante a análise da conjuntura interna: a impaciência perante a arrogância governativa, o aumento da contestação e insatisfação, do desemprego e da desagregação social, a estagnação da economia e a recessão sentida, a incapacidade de combater o défice e de controlar a dívida pública, ao ponto das próprias contas do Estado apresentadas ao país e à comunidade europeia estarem sob suspeita de irregularidades, bem como o facto das finanças nacionais não terem capacidade de liquidar os juros da dívida pública já em Abril – cerca de 4,1 mil milhões de euros.
Estes são os factos… Deste modo, importa, perante eles, questionar: quem beneficiará com esta crise política?!
A resposta, pela negativa, afigura-se óbvia: não será a maioria dos portugueses, das famílias e das empresas. Isto é… não será, com toda a certeza, o país a beneficiar da situação.
A primeira questão prende-se com o facto de o país ter de ir a votos. Não pela questão eleitoral em si, mas, perante as enormes e ainda não totalmente avaliadas dificuldades económicas (a imprensa avançava esta semana o facto de a administração pública ter dinheiro apenas para mais dois meses), a justificação dos volumosos encargos que acarreta ao erário público um acto eleitoral.
Por outro lado, já o afirmei e importa renovar, não me parece que, concretamente para o maior partido da oposição e reconhecido como partido de poder – PSD, este tenha sido o melhor timing para um processo eleitoral. Teria sido, até porque, na prática, as consequências de gestão governativa não seriam muito distintas, aquando da elaboração do orçamento para 2012 ou na avaliação concreta da sua execução orçamental.
Mas esta é a realidade factual. O governo caiu… O país vai a votos! Sem alianças, sem blocos, sem acordos. Cada um por si. Só resta saber quem pelos portugueses.
E, neste contexto, face à insatisfação da maioria dos cidadãos perante a política, os políticos e os partidos, é por demais importante que sejam apresentadas propostas concretas para o País. Concretas, transparentes, mesmo que impopulares, mas que definam claramente uma alternativa e não que sejam reféns da demagogia e da retórica face à necessidade de contabilizar votos. De mentiras, jogos de “cabra cega” ou às “escondidas” estão os portugueses mais que fartos.
Os eleitores têm o direito de poderem escolher e têm o direito à verdade.
E esse é que será o grande trunfo para a campanha eleitoral que, por razões evidentes, será uma campanha agressiva, combativa e que roçará a falta de ética para atingir qualquer fim. O que se afigura como uma barreira à clareza e à transparência.
Importa devolver a credibilidade à política para que os portugueses possam devolver a legitimidade do voto aos eleitos, em consciência e por dever cívico.
O país não pode viver mais na incerteza, na insegurança, na insatisfação.
O país não sobreviverá a mais jogos políticos ou de poder.
Esta é, claramente, a hora da verdade. Ou, por contrapartida, o passo que falta para o abismo.

Boa Semana…

Em memória de...

Não conheci pessoalmente o Eng. Adriano Lucas.
Mas não deixei de o ter como referência da Comunicação Social no país.

Alguém dedicado a causas, a liberdades e, por natura, à Comuniciação Social. E esta ficou claramente mais pobre.

Como o Diário de Coimbra, Diário de Aveiro, Diário de Viseu e Diário de Leiria, ficaram sem a sua alma impulsionadora e criadora. Resta, seguir em frente o exemplo do mentor e mestre.

À Comunicação Social  (relembro Centro de Formação dos Jornalistas e Associação Imprensa Diária, como exemplos) resta-lhe repensar os seus processos e sustentar-se nos bons exemplos.



O acordar de um sonho...

Segunda-feira, 21 de Março, foi dia internacional da poesia.
Mas foi igualmente um momento épico... da história dos concertos musicais em Portugal.
O Concerto da European Tour 2011 de Roger Waters - THE WALL (revisto, actualizado e muito melhorado).
Bandas míticas e históricas como os Roling Stones também usaram , por diversas vezes, nos concertos objectos insufláveis.
Se olharmos para bandas como os U2 temos palcos enormes, com kws infindáveis de cor e som.
Mas por mais que se tente, ninguém consegue criar um misto de música, cénico, som, imagem... e, acima de tudo, juntar uma mensagem social, cultural, histórica e política em duas horas de espectáculo.

E no fim poder dizer: Roger Waters - THE WALL - Lisboa 21.03.2011 foi BRUTAL!

Por mais concertos que a imagem nos faça reviver (seja de Roger Waters, seja dos Pink Floyd), por mais esforço que façamos para encontrar semelhanças e paralelismos, é improvável que se volte a assistir a algo como o que aconteceu no Pavilhão do Atlântico, na noite de ontem...

Pese embora a ausência de recursos técnicos... serve como registo.

ANOTHER BRICK IN THE WALL....
 


A acordar de um sonho... (mais fotos aqui)

É imenso... é que é!

Diário de ontem... (19 de Março).

Saída de casa bem cedo para um dia cheinho de aulas, em Coimbra.

Chegada a casa ao final do dia... E alguém nos lembra que é dia do Pai.
E ficamos gelados... completamente.
O resto, seja lá o que for, são pormenores... apenas pormenores.


Obrigado Princesa linda. És o orgulho do Pai (completamente babado e feliz)

Há aveirenses à rasca!

Publicado na edição de hoje, 20 de Março, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
Há aveirenses à rasca!


É apenas o uso do cliché da moda. Independentemente do facto de a realidade deixar muitos de nós, verdadeiramente, “à rasca”, no sentido que serviu de sustentação e fundamentação à manifestação de sábado passado.
No entanto, o título usado na crónica de hoje não é, de todo, descabido. E não o é porque traduz uma realidade que começa a preocupar a comunidade aveirense: a segurança.
Por formação, convicção e consciência sou clara e totalmente à abolição das fronteiras (mesmo para além do espaço comunitário) e à livre circulação das pessoas. Embora tenha algumas dúvidas em relação à livre circulação de bens!
Entendo que todo o ser humano tem o direito de procurar, em qualquer lugar ou ocasião, uma melhor qualidade de vida, melhor oportunidade, mais futuro, melhor dignidade.
Mas há, igualmente, um outro lado da realidade. Não menos importante e não menos relevante.
O respeito pelo outro, pela convivência social, pela diversidade cultural, pelo pluralismo e pelas regras da convivência.
Querer impor uma presença pela força, pela coacção, pela violência ou pelo medo, é subverter os princípios do respeito pela liberdade e existência dos outros.
Aveiro é e sempre foi (e espero que continue a ser) uma terra de liberdades, de dignidade, de respeito, de democracia e de acolhimento.
Uma cidade feita de sacrifícios mas também sustentada nas virtudes dos marnotos, das salineiras, dos pescadores, bem como dos ceramistas e dos oleiros.
Uma cidade onde a luz, a ria, o vento e o sal a transformam num dos mais interessantes pontos de passagem para quem quer descobrir Portugal.
E, acima de tudo, uma cidade segura. Ou melhor… relativamente segura.
O aumento desmedido de construção ou de circulação viária veio trazer um crescimento atípico, irregular e imprevisto a uma cidade (e concelho) que descuidou outros factores como os espaços de lazer, cultura, desporto, acessibilidades, mobilidade, comércio, entre outros. Aos quais podemos acrescentar aspectos sociais e a segurança.
São louváveis as acções de solidariedade social que instituições como as “Florinhas do Vouga” vão desenvolvendo em Aveiro em favor dos sem-abrigo, substituindo a responsabilidade social que cabe igualmente ao Estado. Face à conjuntura actual, é notório o crescimento de desempregados, do desespero pela incapacidade de obtenção de rendimentos para combater a fome ou as necessidades mais básicas da sobrevivência humana.
E se a situação é, por si só, madrasta para uma grande parte dos portugueses ela não o é menos para muitos dos estrangeiros (seja qual for a nacionalidade) que tentam a sua “sorte” em terras lusas.
Mas esta realidade seria apenas o risco da vida, se, em alguns casos tal não se tornasse num problema social (mesmo que ainda pouco expressivos): os “arrumadores de carros”.
Para alguns o instinto de sobrevivência não é mais do que encarar, deste modo, a realidade e a infelicidade do insucesso na vida, sem que isso signifique o desrespeito pelo outro.
Para outros, a necessidade de sobreviver é a indiferença à procura de alternativas, a passividade e o conformismo, e, infelizmente, o desrespeito pela liberdade do outro e a ausência de comportamentos de sociabilidade.
Nestes casos, são conhecidos os crescentes fenómenos de violência, de roubo, de agressão, de imposição do medo. No Rossio, na Forca, junto ao Hospital, junto ao Oita.
E se algum medo e receio se instalaram na comunidade aveirense, há, igualmente, um desenvolvimento de alguma insatisfação, inquietude e contestação.
Porque se afigura, ao olhar simples mas directo dos cidadãos, uma grande dificuldade de perceberam a insuficiência de resposta por parte das instituições – autarquia, segurança social, instituto de emprego, serviço estrangeiros e fronteiras, psp, polícia municipal – para a resolução de um problema que tende, dia após dia, a avolumar-se e a tornar-se incontrolável e insolúvel.

Boa Semana…

Relativamente... no Teatro Aveirense!

Nas comemorações do Dia Mundial do Teatro, Aveiro recebe um dos meus actores de eleição: João Lagarto.

Teatro Aveirense
Dia 26 de Março - 21.45 Hm
Dia 27 de Março - 16.00 Hm

RELATIVAMENTE
com António Pedro Cerdeira, Isabel Montellano, João Lagarto e Patrícia Tavares


Deve-se ao conhecido actor e encenador João Lagarto esta apresentação de "Relativamente", o primeiro grande êxito do dramaturgo Alan Ayckbourn, uma peça extremamente divertida mas cheia de subtilezas sobre um assunto quotidiano: a mentira. Cruzando com uma espantosa eficácia cómica a esfera do privado e do público, quatro personagens vêem-se envolvidas numa série de equívocos que se desenvolvem a uma velocidade vertiginosa e dos quais não conseguem sair. Nem querem. É um retrato da classe média, das suas máscaras sociais e privadas, dos seus jogos de atracção e repulsa, das suas convenções, do seu arcaísmo e da sua modernidade. A mentira é a chave. Todos os personagens mentem, ou inventam, e todos eles gostam de o fazer. Mostram-se diferentes do que são realmente. Como se a vida social exigisse uma certa dose de falsidade para se manter de pé.
texto: Alain Ayckbourn. encenação: João Lagarto. co-produção: ACE Teatro do Bolhão/ Teatro Aveirense/ Teatro Constantino Nery. figurinos: Manuela Ferreira. desenho de luz: José Carlos Gomes. produção: Alice Prata. interpretação: António Pedro Cerdeira, Isabel Montellano, João Lagarto e Patrícia Tavares.

De manhã começa o dia.

A filhota (entre os 10 e os 11 anos), como seu hábito (educação é muito linda e eu gosto), veio ao quarto dar os Bons Dias. Precisamente na altura em que dava o noticiário na rádio.

Ainda meio ensonada, mas fruto da preparação para o teste de História na próxima sexta, arriscou perguntar:

"Oh pai. Há coisas que ainda não percebo nisto da República!" (medooo, pensei eu). E continuou: "O Presidente da República veio substiruitr o Rei, não foi?!".
Bom... entre idas à casa-de-banho, vestir, calçar e comer, lá foi explicando (penso eu) as funções do Presidente, do Primeiro-ministro, do Governo, os Partidos Políticos, da Assembleia da República, das Autarquias...
Tudo ouvido atenciosamente (dentro do possível na azáfama matinal).
Conclusão: "Ok, pai! É muita confusão. Era bem mais fácil se ainda tivéssemos os Reis!".

Linha. Siga para Bingo!

É a crise, pá!

Publicado na edição de hoje, 16 de Março de 2011, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
É a crise, pá!


De repente, num abrir e fechar de olhos, temos a crise à nossa frente. Não a económico-financeira, não a social ou a de valores… essas já duram há alguns anos (pelo menos seis).
Mas eis que chegou, finalmente, a crise política. A tão anunciada, a tão esperada, para gáudio da agenda político-partidária.
E tudo isto resultado do anúncio, após negociação em Bruxelas, das medidas prevista no novo PEC, versão 4.0 (em linguagem digital).
Isto depois de na apresentação do PEC III, o Primeiro-ministro da nação ter referido que as medidas então apresentadas serem suficientes.
Isto depois de José Sócrates, o ainda Primeiro-ministro da nação, ter, há cerca de pouco mais de um mês, informado o país que a execução orçamental estava a decorrer acima do previsto.
Ora… se as medidas eram suficientes para quê a implementação de novas políticas de austeridade? Porque não tema o Governo a coragem de repensar o seu despesismo, por exemplo, nas despesas com as grandes obras públicas, nas parcerias público-privadas, nas despesas com os vencimentos dos gestores públicos? Como é possível continuar a acreditar num Governo que mente descaradamente aos seus cidadãos?!
Como é que é possível continuarmos a pactuar com um primeiro-ministro que não tem a humildade política para reconhecer os seus erros e fracassos, não tem qualquer respeito pelo país (nem uma palavra sobre a contestação de Sábado passado), pelos portugueses, pelos parceiros sociais, pelo Parlamento ou pela Presidência da República?
Como acreditar num Governo e num Primeiro-ministro que desafia a oposição a apresentar propostas alternativas, se não as aceita ou nem sequer tem a dignidade para dialogar previamente com a mesma oposição?
É este o sentido de responsabilidade de Estado que José Sócrates quer exigir aos outros e que não teve em momento nenhum?
Resultado! Em Abril o Governo apresenta no Parlamento as medidas deste PEC negociado em Bruxelas e, como é apanágio seu e do seu líder, sacode a “água do capote” e faz-se de vítima conjuntural. Ou seja… chegou a crise, já que a oposição já manifestou claramente a sua posição.
E os cenários são fáceis de prever. O Governo não deverá apresentar uma moção de confiança porque a mesma seria, obviamente, chumbada. Face ao recente desenvolvimento parlamentar com a Moção do Bloco de Esquerda não é plausível que a oposição apresente nova Moção.
Restam duas situações. Ou a ajuda externa é uma realidade ou o Presidente da República assume a responsabilidade de dissolução da Assembleia da República.
Apesar de tudo, parece-me mais real o recurso à ajuda externa, já que, muito dificilmente Cavaco Silva assumirá o que os Partidos não o fizeram.
Seja como for, José Sócrates, por mais que queira fugir à responsabilidade, abriu uma crise política. E seja como for o Governo falhou.
E o país continuará à rasca.

O Povo saiu à rua!

Tudo começou por um simples (?) apelo na rede social Facebook.
Para muitos que desvalorizam o poder da Sociedade da Informação e do uso da Internet (para além de simples “banalidades” legítimas face à realidade social do ser humano), não bastaram os recentes acontecimentos no Médio Oriente e no Magreb.
Foi preciso ver com os próprios olhos. E neste caso, só não vê a realidade quem não a quiser aceitar.
Cerca de 40 mil tinham aderido (“like/gosto”) ao manifesto e à página do facebook. Facto que perspectivava alguma cepticismo e, até, um sentimento prévio de alguma frustração. Mas ajudados por algum mediatismo informativo, ao qual se juntou, mesmo que não intencional ou directamente, uma parte do discurso d tomada de posse do Presidente da República, eis que os 40 mil se multiplicaram e da virtualidade passaram à realidade. Em todo o país (com óbvio destaque para Lisboa e Porto) cerca de 300 mil portugueses saíram, literalmente, à rua.
O que seria uma clara manifestação do desagrado e de insatisfação social de um considerável número de jovens (maioritariamente entre os 22 e os 35 anos), passou a ser uma espontânea e legítima contestação social de muitos portugueses, desde os jovens aos reformados.
Com o cuidado (bem medido politicamente) de não aproveitamento partidário por parte dos partidos da oposição (mesmo com o “envio” das estruturas jotas), com uma evidente naturalidade e impulsividade da iniciativa, com uma diversidade de argumentos, emoções e objectivos, mas, inevitável e inquestionavelmente, com um sentimento comum: a insatisfação e contestação social pela governação de José Sócrates e o estado a que o país chegou.
Este é o inegável resultado e a inquestionável conclusão. E esta realidade não pode ficar indiferente à classe política e, nomeadamente, ao Governo.
Mesmo que muitos queiram, no “day after” tentar esvaziar, desmobilizar e desvalorizar o acontecimento, com questões como “que perspectiva futura para o movimento?”, “porque não formam um partido político?” ou “onde estavam estes manifestantes nas últimas eleições?”.
Vamos por partes… o direito à contestação e à insatisfação foi espontâneo e serviu o fim a que se propôs: contestar, manifestar a indignação, na rua e de forma descomprometida. E este sentido de não compromisso com qualquer sector partidário ou religioso é que potenciou e deu expressividade ao sentido comum de descontentamento (algo difícil de se conseguir com “colagens” partidárias). Até porque é inquestionável que há alguns anos que os portugueses se “divorciaram” dos partidos e da política, muito por culpa da incapacidade “pedagógica” e mobilizadora actuais dos partidos políticos. E isto tem um reflexo óbvio nos actos eleitorais. Até porque, compreensivelmente face à realidade, os portugueses cansaram-se de não poderem votar no “seu” deputado, mas sim alimentarem interesses e irresponsabilidades políticas e “partidarices”.
A realidade é só esta: O Povo saiu à rua, unido… já não é só uma geração, é todo um país à rasca!

A semana em resumo... Um país à rasca!

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo…

Um País à Rasca!



Não é apenas uma geração que se encontra “à rasca”. O País inteiro está aflito. Ou pelo menos a maioria dos portugueses, das famílias, do tecido empresarial, das instituições…
E nesta semana tudo serviu de estratégia governativa para a preparação da surpresa final.
Comecemos pelo amuo na tomada de posse do segundo mandato de Cavaco Silva como Presidente.
Já era conhecido o desespero socialista quando confrontados com a realidade, com os factos com os quais o país se depara no seu quotidiano. E foi tão somente aquilo que Cavaco Silva expressou no seu discurso. A verdade… nua e crua (e é sabido que a verdade dói).
E isso é que é ser imparcial, isento, pluralista e presidente de todos os portugueses. Não um presidente de conveniência governativa, que sirva para amparo e “guarda-chuva” das medidas desastrosas que têm marcado esta legislatura. Um presidente factual que retrate o país real, económica, mas também, socialmente, e não aquele Portugal virtual tão ao gosto do socratismo tecnológico.
Um país de 600 mil desempregados; um país com cerca de um terço de cidadãos no limiar da pobreza; um país que cresce 0,1% ao ano; um país com um défice externo, segundo o Banco de Portugal, situado nos 9%; um país mais soberano e menos dependente da conjuntura internacional… e um país mais verdadeiro (que não fosse preciso ser Bruxelas a afirmar que as recentes contas públicas têm um “buraco” ou discrepâncias).
Um país onde os cidadãos não fossem, acto contínuo, regularmente enganados. Onde o esforço e os sacrifícios fossem equitativos e justos. Onde o despesismo do Governo desse origem a um rigoroso controlo da despesa e do investimento desmedido.
Que credibilidade merece um Governo/Primeiro-ministro que prefere a subserviência à Alemanha e a Bruxelas do que a coragem governativa e o respeito pelos cidadãos do país que governa (ou deveria governar)? Quantas vezes, a Alemanha e Bruxelas aplaudiram PEC I, II, III e agora o IV, antecedendo sempre o agravar das medidas de austeridade? (não se pense, por isso, que ficaremos por aqui).
Que moral política tem um Governo para exigir imparcialidade e cooperação institucional ao Presidente da República se não tem a coragem, a ética e o respeito para informar a estratégia economia e política que pretende implementar?!
E a estratégia de José Sócrates é uma evidente e clara “fuga para a frente”, num total desrespeito pelo país e pelos portugueses, pelas empresas e pelas instituições.
É o reconhecimento de que o país “bateu no fundo”, sem capacidade de resposta, sem capacidade de resolver sozinho os seus problemas estruturais (mais importantes que as respostas à conjuntura). E isto só demonstra a incompetência a que chegou este governo.
As medidas agora anunciadas vão, claramente, provocar a tão badalada crise política. Para além da factura ser endossada ao pagador de sempre (mesmo que falido).
É que esta estratégia do governo não é mais que a necessidade de José Sócrates sacudir a pressão e a responsabilidade pela (des)governação da nação.
Vem aí a “lengalenga” demagógica (e mais que gasta) da responsabilidade e sentido de Estado que o governo e o PS vão exigir à oposição. Que estamos no bom caminho, tal como estivemos aquando do PEC I, II e III.
Só que neste caso, face à gravidade da situação, à irresponsabilidade governativa a oposição (como já o fez sentir) não vai pactuar com este tipo de governação e de fazer política.
Mesmo que não seja exigida (e, provavelmente, não desejada) a queda governativa, a menos que seja o próprio governo a demitir-se (o que seria um verdadeiro milagre político).
O que se exige e que a oposição tem o dever de exigir é que o governo governe. Mas com sentido de responsabilidade, com rigor, com competência, com pluralidade e com respeito pelo país e pelos portugueses.
Porque, face aos acontecimentos desta sexta-feira, já não é só uma geração, é todo um País “À RASCA”.

Boa Semana…

É carnaval?! Ninguém leva a mal…

Publicado na edição de hoje, 9.03.2011, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
É carnaval?! Ninguém leva a mal…


Acabada a folia é tempo de regressar à realidade. À realidade de um país que sofre uma incerteza política, uma instabilidade social e uma ambiguidade económica.
A certeza é que muitos cidadãos, muitas famílias, muitas empresas vivem hoje um país que de “folia” não tem nada, e que vivem num país muito mais real do que aquele que o governo quer demonstrar e provar.
É no mínimo estranho ou curioso que muitos dos cidadãos que passam a maior parte do ano a criticar, mal-dizer, a contestar, de repente, como que anestesiados, se esqueçam do seu quotidiano e embarquem em festanças e festarolas que mais não servem do que agravar o estado do país, das comunidades, das empresas, dos municípios, para além, de forma inconsistente, abstrair as pessoas da sua difícil realidade de vida.
Quanto a este último aspecto, nada a obstar. A vida, o dia-a-dia, os sacrifícios exigidos, são de tal forma elevados e exigentes que é legítimo compreender e aceitar que os cidadãos e as comunidades encontrem espaços e tempos de abstracção e de alheamento do seu quotidiano, como forma de garantir capacidade de encarar a realidade futura.
O que se traduz numa evidente e natural promoção de períodos de festa e folia.
Mas se estes argumentos e fundamentos são óbvios, o que se afigura como incompreensível e incoerente é o tipo de espaços e momentos encontrados para descomprimir e, mesmo que temporariamente, esquecer a realidade.
O carnaval é um deles. Não pela quadra em si, mas por aquilo em que se transformou e pelo esvaziamento da tradição.
Como a maioria das festividades, pela tradição histórica, o Carnaval tem a sua origem na idade média e na influência religiosa (século XI). Com o passar dos tempos, na época renascentista, de que Veneza é expoente máximo, o Carnaval ganha outra dimensão.
Por cá (Portugal) o carnaval foi, claramente, uma festa popular e desorganizada, de cultura marcadamente tradicional onde figuravam os gigantones, os cabeçudos, os caretos, as matrafonas e os gaiteiros. Ou no seu “formato” mais inocente e pueril, como os índios e os cowboys, como as princesas, as fadas e as gatas borralheiras.
Mas o Carnaval português perdeu o rumo. Passou, infelizmente, a ser imitação “barata” e de questionável qualidade do “grandioso” carnaval carioca.
Perdeu tradição… perdeu identidade. E nisso, os portugueses são peritos e mestres: esvaziar a cultura, a história, a identidade nacional, só porque isso possa significar assumir o passado. Como se isso se traduzisse em algum crime “lesa pátria”.
Mas ainda mais grave e incompreensível se torna esta incoerência nacional quando, face à contestação em relação à realidade do país, ninguém se importe que se desbaratem rios de dinheiros, alguns do erário público, quando existem dificuldades eminentes e outras prioridades urgentes.
É de uma incongruência inqualificável quando se critica o governo, as entidades públicas, as autarquias pela não satisfação de princípios básicos da gestão pública (saúde, transportes, educação, apoios sociais) e se aceita que se gastem em dois dias, nada mais nada menos que cerca de 500 mil euros num cortejo de carnaval, que de português e de tradicional nada tem.
Mas é Carnaval e, infelizmente, poucos são os que levam a mal…
Cantando e rindo, somos o que somos!

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