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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

FARAV 2012: um alerta...

Publicado na edição de hoje, 11.04.2012, do Diário de Aveiro

Debaixo dos Arcos
Farav2012: um alerta…

A Associação “A Barrica” aproveitou, e bem, o período da Páscoa e o respectivo fluxo de turistas espanhóis que visitam Aveiro (apesar de em menor quantidade este ano) para promover a Feira de Artesanato da Primavera.
Até aqui tudo normal, não fora três pormenores que merecem destaque.
O primeiro tem a ver com a escassez de espaço disponível apara a realização do evento, devido à necessidade de implantação do estaleiro de suporte à construção da futura ponte pedonal sobre o canal central.
O segundo está relacionado com a insistência na realização de eventos (este e outros de várias vertentes) apenas no espaço do Rossio, deixando “despido” e cada vez mais desertificado contínuo Praça Melo Freitas, Rua Direita e Praça Marquês de Pombal.
O terceiro com o facto de não se conseguir, em Aveiro, interligar actividades e interesses em objectivos comuns. Ou seja, as acções continuam a existir de forma isolada, sectorizada, perdendo escala e dimensão.
E estes três aspectos, que do meu modesto ponto de vista, marcaram de forma menos positiva a Feira da Primavera, podem condicionar a realização da próxima FARAV que deveria ser o maior cartaz de artesanato de Aveiro e da região.
Tal como aqui expressei no ano passado (edição de 27 de Julho de 2011), entendo que a FARAV deveria voltar ao Parque de Exposições de Aveiro. Apesar da centralidade do Rossio não acho que seja por se realizar a FARAV naquele espaço que a vá aproximar dos aveirenses, nem que aquele seja o mais adequado para o certame (seja pelas infra-estruturas reduzidas, seja pelas acessibilidades, pelo trânsito, pelas escassez de estacionamento – no fundo, a centralidade situa-se no meio de muito caos urbano). Acresce, nesta data, a instalação do estaleiro para a obra da ponte pedonal.
E não colhe o argumento da distância ou da localização do Parque de Exposições. A Feira de Março sobe o seu número de visitas ano após ano, a Automobilia tem sempre “lotação” esgotada, e o Festival do Bacalhau, no Jardim Oudinot – Ílhavo, para onde se deslocam milhares de aveirenses. Daí que a questão da distância ou localização seja secundária (se não teríamos de fazer regressar a Feira de Março ao seu local de origem: o Rossio).
A questão da FARAV, como eventualmente a Feira do Livro, passa por dimensioná-la, estruturá-la, quem sabe repensar a sua duração, mas principalmente torná-la mais atractiva, promovendo, a par do artesanato, outros momentos e motivos de interesse para os cidadãos. Não me parece descabido que exista uma Feira do Artesanato, da Gastronomia e do Livro simultaneamente e no mesmo espaço físico. Ou ainda acrescentando o Festival de Folclore. Seria interessante, por exemplo, que a Feira de Artesanato pudesse ter uma complementaridade cultural e de lazer (para além da gastronómica) com qualidade e que cativasse a população e os turistas que acorrem a Aveiro, nesta altura do ano.
Por último, tal como um congresso se deve realizar no espaço próprio – o Centro de Congressos; o teatro e a dança devem ocupar a sua “casa” natural e por excelência – o Teatro Aveirense; o futebol deve encher as bancadas do Estádio Municipal de Aveiro; as exposições devem abrir portas no Museu da Cidade ou nas Galerias Municipais; do mesmo modo, as feiras por excelência devem merecer o seu destaque e a sua valorização no seu espaço próprio – o Parque de Exposições de Aveiro, sem querer menosprezar a realização de eventos no espaço público.
Se assim não for, ao menos que haja a sensibilidade e coragem política para alargar a FARAV entre o Rossio, Praça Melo Freitas, Rua Direita e Praça Marquês de Pombal. Há que valorizar uma feira que merece destaque e lugar privilegiado em Aveiro: a FARAV.