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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Sobre o Euro mas à margem da "bola".

Duas notas muito breves sobre este último fim-de-semana do Euro2016 e que fechou os apuramentos para as meias-finais da competição, onde vão estar Portugal, País de Gales, Alemanha e França.

1. O recente programa desportivo da TVI24, iniciado no princípio de junho deste ano, "Futebol Mais" (aos domingos) tem, a par com o "Mais Futebol" igualmente no mesmo canal (às sextas-feiras), a capacidade de prender os telespectadores mesmo aqueles que, como eu, só muito esporadicamente ficam "presos" a programas desportivos, face ao triste panorama que se assiste noutros espaços. Honra seja feita, no caso concreto, à jornalista Andreia Sofia Matos e aos comentadores residentes Pedro Sousa, José Manuel Freitas e Rui Pedro Braz, pela sobriedade, ética, profissionalismo e rigor com que debatem futebol. Semelhante mesmo só a "rivalidade interna" com o "MaisFutebol", moderado pela jornalista Cláudia Lopes, com a presença de Nuno Madureira, Pedro Ribeiro, Pedro Barbosa e Tomaz Morais. Exemplares.

Na edição de ontem, ao jeito do que tem sido uma marca muito própria e profissional, Rui Braz fez uma alocução às diversas manifestações de apoio que a selecção portuguesa de futebol tem sentido por terras gaulesas por parte dos milhares de emigrantes lusos e seus descendentes. E fê-lo de forma brilhante, emotiva (quase que emocionalmente, pouco faltou) e extremamente realista.

Quem tem familiares espalhados pelos quatro cantos do mundo (apesar deste ser redondo ou oval) reconhece nas palavras tecidas e repetidas pelo Rui Pedro Braz muita da realidade que se sente. Apesar da distância, do tempo que teima em quebrar os laços, sempre que ouvimos citar nacionalidades como Brasil, Estados Unidos, Suécia, Luxemburgo, França, Suíça, Alemanha, etc., sente-se um calafrio, um arrepiar de espinha, um tremer de pernas. Há uma parte de nós nestas paragens.

E nada melhor que sublinhar as palavras que o Rui Pedro Braz teceu em relação aos emigrantes e ao seu apoio à Selecção Nacional, a sua relação com Portugal (não só pelo futebol que aqui serve apenas de exemplo vivo) do que este testemunho arrepiante e emotivo.

2. Os exemplos da singularidade e da surpresa.

Nunca ninguém, eventualmente nem os próprios, imaginaria, à partida, um percurso tão longo e tão marcante da estreante Islândia neste Campeonato da Europa.
Não interessa minimamente para o caso se o seu jogo é isto, é aquilo, é muito físico, é pontapé para a frente ou para o ar. Não colhe este tipo de argumentação face oa que foram ou têm sido muitos dos jogos deste Euro2016 protagonizados por muitas das potências do futebol europeu (ou assim chamadas).

A verdade é que a Islândia, país que só em 1918 conquistou, oficialmente, a sua independência face à Dinamarca, com uma população na ordem dos 320 mil habitantes, com um clima rigorosamente frio e cheio de erupções, onde o Andebol figura como desporto-rei, consegue através do futebol uma impressionante presença neste Euro2016 por vários motivos: pela surpresa ao atingirem os quartos-finais, a sua empatia com os seus adeptos, a forma como o futebol revolucionou o desporto nacional, ao ponto de já há alguns anos a selecção nacional de futebol ter alargado a sua participação aos escalões femininos, o governo islandês ter realizado um colossal investimento em campos de futebol cobertos (face ao rigoroso clima) proporcionando a sua prática ao longo de todo o ano, a demonstração de que com empenho, trabalho e rigor os sucesso surgem (lembremos que foi a Islândia que eliminou a selecção inglesa), e, principalmente, colocou no mapa europeu este país que, até à pouco tempo, era visto como o país do colapso bancário.

A soberba participação dos islandeses neste Euro2016 teve o condão de colocar toda a gente a olhar para o país e teve o condão de espelhar o que é a identidade e a imagem Islandesas.

Até nisto, depois de uns exagerados 5-2 frente à França. Por estes islandeses já valeu o Euro2016.