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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Esclarecimento para "Amigos"

Este meu texto - "No aproveitar nem sempre está o ganho" (publicado na edição de quarta-feira, dia 4 de Abril, do Diário de Aveiro) motivou, para já, duas críticas (legítimas) do José Carlos Mota e do Paulo Lousinha, nomeadamente no que respeita à parte dos Amigos d'Avenida (pena que tenha sido tudo retirado do contexto geral do artigo).

Vamos então por partes, esclarecer as dúvidas já que as reacções, conforme já tive oportunidade de explicar aos dois, se fundamentam em erradas interpretações (ou, reconheço, na possibilidade de me ter explicado de forma pouco clara).

Para não me alongar e perder em considerandos que não interessam, vou usar as expressões/adjectivações expressas pelo José Carlos Mota na divulgação do meu texto:

1. Injustas - O que pretendi dizer no texto, e na parte que diz respeito ao movimento, não foi criticar a legitimidade do exercício de cidadania. Aliás direito que cabe a cada um dos cidadãos, seja de forma isolada, seja em associação e que sempre preservei e defendi publicamente (e já por diversas vezes usado plo José Carlos Mota e o Movimento). Mas o que está aqui em causa, não é esse exercício legítimo. É a forma como, ultimamente, ele tem sido realizado. O facto de sermos contra um determinado "objecto" (material ou não), tal deve significar que sejamos críticos, que se apresentem os pontos de vista, factos, alternativas. E que se aceite que à democracia e às instituições  caiba o poder decisório. Porque o contrário será colocar a democracia e o poder na rua, perigosamente.
Tudo o que signifique movimentações/acções que promovam a imposição da nossa vontade é ultrapassar o direito de cidadania que nos assiste. Principalmente quando não estão em causa actividades ilegais, não transparentes, ou que ferem a legitimidade de orgãos democráticos e que legitimamente (mais uma vez) exercem a sua actividade e gestão.
2. Parciais - O José Carlos Mota e algumas pessoas do movimento sabem muito bem que nunca, em situação alguma (aliás já com dissabores politico-partidários), deixaria de lado a minha convicção, a minha consciência, o meu sentido crítico e de cidadania, para servir de "pombo de correio". Sempre agi, sempre pensei por mim, sempre escrevi pela minha "pena". Como bem se pode confirmar. Além disso, qualquer opinião, tida de forma pessoal e isolada, é sempre, sempre e sempre, parcial porque reflecte uma opinião concreta e personalizada.
Infelizmente, a minha condição de assalariado (e o dever e o código administrativo) impedem-me, muitas vezes de ir mais longe, seja nas críticas, seja mesmo nos "aplausos".
Aliás, o exercício é simples... gostava de ver quantos teriam a "possibilidade" (sem as consequências óbvias) de vir publicamente ser a favor ou contra actos de gestão das entidades para as quais trabalham. Ninguém vê pessoal e publicamente críticas internas à Universidade de Aveiro, ao Hospital de Aveiro, etc, etc, de quem exerce as suas funções.
Portanto, tal como já o afirmei publicamente em vários espaços, não será publicamente que expressarei directamente opiniões a favor ou contra (para o bem ou para o mal) actos de gestão da autarquia, seja qual for o executivo (o actual ou anteriores).
3. Sem fundamentação -  A fundamentação é muito clara. E só compreendo a dúvida por erro de interpretação (ou por ter sido colocada a questão tão publicamente - Diário de Aveiro).
E aqui é que reside o objecto e a fundamentação do que escrevi. Tão apenas isso.
Há, cada vez mais evidente, um aproveitamento político do movimento. E não sou o primeiro a afirmá-lo. Aliás, em fóruns do próprio movimento a questão foi levantada em relação à colocação de textos e opiniões que ultrapassam os objectivos dos Amigos d'Avenida. E o facto de o movimento entender que cada um é livre do exercício da sua opinião é uma forma muito simplicista de "sacudir a água do capote". Principalmente se as posições nos favorecem os objectivos.
Façam uma pesquisa no histórico e vejam as reacções ao texto do Dr. Alberto Souto, por exemplo.Como facilmente se pode provar, esta minha opinião não é única, nem original.
E também me parece ser fácil de verificar pela recente acção do movimento que a maior parte das posições e opiniões expressas (não me refiro, nem o fiz no texto, aos promotores do movimento) são, quase que exclusivamente, contra a câmara. Não se tem visto uma proposta para tantos e grandes problemas que Aveiro vive. E sim... são muitos, eventualmente demasiados.
Apenas o dizer mal da autarquia.

Para concluir, apenas uma breve referência à questão do pluralismo e da democracia (os quais sempre entendi que foram os princípios subjacentes ao movimento): veja-se o exemplo do que aconteceu, por exemplo no facebook, em relação às posições expressas por dois ou três munícipes que se expressaram a favor da ponte pedonal sobre o canal. Imagine-se (e aqui faltam-me, decididamente, adjectivos) o que seria que um aveirense (um que fosse) se expressasse no fórum do movimento a favor, por exemplo, da construção da ponte pedonal.
Por outro lado, a reacção ao meu texto, que expressa, mais que uma crítica, uma preocupação em relação ao futuro e ao impacto das posições do movimento (e é isto que importa sublinhar), só demonstra que não é fácil tecer críticas, isentas e inocentes, no interior ou em relação ao movimento.
Pela cidadania... e por Aveiro.