Microfone Indiscreto... Muito bem TVI.
É certo que a Comunicação Social vive um momentos de indefinição, de readaptação a novas realidades e desafios, vive algum inconstância, tem graves crises existenciais (a todos os níveis: estruturais, laborais, profissionais, de sustentabilidade), há mau e deficiente jornalismo, e não é isenta de erros (uns mais graves que outros).
Veja-se o caso da notícia da Lusa em relação à demissão do treinador do Sporting, Domingos Paciência ao invocar "fonte anónima" ou "fonte próxima" ou ainda "fonte confidencial" (recurso tantas vezes banalizado pelo excesso e "uso e abuso" - ler com especial atenção: Estrela Serrano em “Cozinhar notícias" ).
Também o rigor informativo, quando não cuidado pode levantar dúvidas quanto à intenção da informação veiculada, está muitas vezes arredado das páginas dos jornais e revistas, das televisões ou dos microfones das rádios. O exemplo é referenciado e criticado pelo Francisco Silva, no artigo 58, em "#presstitutes".
No caso da TVI é reconhecido o esforço e o mérito por relançar a informação como uma "bandeira" do canal mais visto em Portugal. De certa forma, tentando equilibrar com a questionável programação.
Seja na TVI seja na TVI24, a informação tem merecido especial atenção e vai conquistando o seu lugar. Mesmo que, em muitos casos, vá balançando entre o interessante/excelente e algo que nos faz crer que estamos a folhear a edição do dia do Correio da Manhã.
O caso da "escuta"/gravação da conversa entre o Ministro das Finanças português, Vitor Gaspar e o Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble correu o "mundo".
Serviu para politiquice interna, serviu para reacção dos mercados (curiosamente favorável a Portugal) e serviu, ao caso o que mais importa, para uma clara "caça às bruxas" e, mais uma vez, colocar em causa o direito à informação, o dever de informar e o exercício da função primária do jornalismo.
E a problemática e controvérsia existe não pelo acto do jornalista/repórter de imagem da TVI, não por ser um órgão de comunicação social português, nem pelo facto de estar envolvido o Ministro das Finanças de Portugal (um dos três países europeus resgatados). Mas sim porque esteve envolvido o Ministro das Finanças..... Alemão!!!! Sim... desse intocável, imaculado e supremo país europeu que, apesar da exclusão das armas e da guerra, controla a Europa através da moeda. E "controla" é, claramente, um eufemismo...
Se não veja-se a paridade dos casos: "Jornalista que gravou conversa de Vítor Gaspar com Schauble foi suspenso" e "Tal como Vítor Gaspar, o ministro da economia espanhol, Luis de Guindos, também foi "apanhado" a comentar com o comissário europeu, Olli Rehn, a reforma das leis laborais. Mas ao contrário do ministro português, o governante espanhol tem uma atitude submissa"(e neste caso, nada aconteceu, nem houve qualquer reacção).
Percebe-se por tudo isto, e louva-se, a posição da TVI sobre o caso: "Conversa entre ministros: nota editorial".
Cabe ainda esta notícia do Expresso onde se coloca a questão: Escutar é legítimo ou não?, com destaque para o comentário de Eduardo Cintra Torres e Joaquim Vieira (já que não concordo com o depoimento de Carla Baptista e, neste caso, a opinião de Estrela Serrano sai fora do âmbito abordado - comunicação social - já que aborda a parte política).