As compatibilidades não são para todos...
Já as incompatibilidades de inúmeras profissões exercidas fora do âmbito político e parlamentar não contêm quaisquer tipo de dúvidas.
É o caso, por exemplo, do jornalismo. O mero exercício da profissão leva a que a mesma tenha de ser interrompida (com suspensão da carteira profissional) quando em funções de assessoria ou incompatibilidades ao nível da publicidade (embora nem sempre correctamente aplicada), entre outras situações.
Mas a promiscuidade entre o exercício de algumas actividades profissionais pessoais e o cargo de deputado parlamentar é reveladora da forma como, neste país, a coerência, a transparência, os princípios éticos, a justiça.
Para evitar situações como esta (entre outras muito piores, é verdade) "Francisca Almeida, Vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, é advogada no escritório que representa a Lusa e advoga contra os interesses da agência na Assembleia da República" porque é que os deputados/advogados não interrompem a sua ligação à Ordem dos Advogados enquanto no exercício da actividade política?
É que declarações de incompatibilidades baseadas em "apenas tenho colaborações esporádicas" (quando a declaração de interesses da página oficial da Assembleia da República é bem clara) ou que é "importante manter uma carreira profissional para além da actividade política", são demonstrativas da falta de ética que marca a política em Portugal.
Por isso é que nunca duvidei dos que sempre afirmaram, seja quais forem as razões e as convicções, de que a verdadeira crise não está na economia, nem nas finanças: está na crise dos valores.