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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

a obsessão pelo quintal vizinho

Antonio Costa sai da CM Lx - abril 2015.jpgNão sei se é matéria de estudo e conhecimento nos vários cursos de ciência política (o meu é de comunicação) mas deveria ser. Sempre ouvi e acreditei na teoria de que é um erro de estratégia política a obsessão pelos "passos" do adversário/opositor.

A constante preocupação e crítica aos movimentos políticos (e não às propostas e ideias) do opositor traz, normalmente, mais prejuízos eleitorais que benefícios.

Há dias foi a reacção (jocosa) do PSD ao facto do PS ter aberto à opinião pública contributos para o seu programa eleitoral. Nem vou perder tempo porque, passado muito pouco tempo, o PSD colocaria à "consulta pública" algumas áreas políticas a focar na próxima campanha eleitoral (por exemplo, em matéria fiscal).

A recente preocupação (desnecessária e evitável) dos sociais-democratas com o "quintal do vizinho" prende-se com a anunciada e concretizada (ontem) saída de António Costa da presidência da Câmara Municipal de Lisboa. E a fobia pelo necessidade permanente de sobreposição aos movimentos políticos do opositor é tal que é recorrente a queda no erro estratégico: por exemplo a crítica à interrupção do mandato eleitoral autárquico, como se o PSD fosse, de facto, um exemplo de mandatos levados até ao fim.

Por outro lado, o permanente "bitaite" sobre o "alheio" provoca o desviar da concentração e do empenho no projecto próprio, no eleitorado indeciso, na eficácia da transmissão da mensagem político-partidária. E leva a demasiadas incoerências discursivas: se Costa ficasse na Câmara de Lisboa era porque não queria perder o "tacho" (por exemplo); ao sair é porque traiu os seus eleitores. Preso por ter e preso por não ter... O PSD deveria estar mais preocupado consigo do que com o PS.

A menos que esta decisão de António Costa, que já tinha sido anunciada aquando das eleições internas do PS, portanto tudo menos surpresa, tenha trazido algum inquietação (incompreensível) ao PSD dada a evidente maior disponibilidade (temporal e de concentração) do líder socialista para o combate político-partidário eleitoral próximo.

E por mais que o PSD disfarce, isto tornou-se, infelizmente, notório.

temo, claramente, para os riscos acrescidos de trazer para o debate e confronto político eleitoral tudo ("roupa suja" e mediatismos) menos aquilo que se devia (propostas com seriedade e que projectem um futuro melhor).