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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Polémica... "O nosso reino"; Valter Hugo Mãe; a tia e o Pai Natal; o Liceu Pedro Nunes e o PNL

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A polémica está mais que instalada, alargada, difundida, replicada e multiplicada, desde as redes sociais às comunidades escolares, passando pela comunicação social e política.

O livro do escritor Valter Hugo Mãe, "O nosso reino", faz parte da lista de publicações do Plano Nacional de Leitura. Até aqui nada de especial sendo o autor e o livro em causa um entre vários que compõe a referida lista.

Cabe a cada uma das escolas e respectivos docentes a escolha dos livros a recomendar aos alunos para leitura e foi, neste contexto, que o Liceu Pedro Nunes escolheu a obra "O nosso reino" para os alunos do 8º ano (3º ciclo). Alguns pais sentiram-se preocupados, incomodados e indignados com a escolha do livro em causa depois de se depararem com a seguinte passagem, replicada na comunicação social e nas redes sociais, perfeitamente descontextualizada e isolada do resto do romance de Valter Hugo.

(aqui se reproduz para exemplificação e contextualização)

"E a tua tia sabes de que tem cara, de puta, sabes o que é, uma mulher tão porca que fode com todos os homens e mesmo que tenha racha para foder deixa que lhe ponha a pila no cu.”

Estava ateado o rastilho e a pólvora não tardou a estoirar.

Choveram juízos de valor sobre o autor, sobre o seu valor como escritor, sobre a sua obra (como se fosse isso que estivesse em causa).

Choveram críticas sobre a escola e os professores, a ponto da obra se manter no Plano Nacional de Leitura mas desaconselhada aos alunos do 3º ciclo.

Este é o país que grita a todos os ventos "Je suis Charlie" e que tanto lutou pelas liberdades (nomeadamente a de expressão) mas continua sem saber lidar com a sexualidade.

Este é um país tão indignado com uma frase descontextualizada de um livro sem se preocupar com o seu todo e simultaneamente um país (e inúmeros pais e famílias) tão incoerente que acha normal a imensidade de nudes dos jovens e dos seus filhos partilhados nas redes sociais ou um país (demasiadamente imenso) que "vibra" semanalmente com "santificadas" Casas dos Segredos.

Volta "Império dos sentidos"... estás perdoado.