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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

A tradição

Já não é o que era...
E Este Carnaval foi muito triste e pobre!
Mesmo muito pobre!!!
Alberto João Jardim fartou-se...
O Sr. Presidente do paraíso da Madeira cansou-se de ser atracção turistica.

Mais um rude golpe na economia nacional e do arquipélago.
Portugal está ficar mais cinzento e menos cómico.
Proponho, por SMS, uma manif junto ao ministério dos negócios estrangeiros.
Por solidariedade ao "riso luso" e "à paródia política".

E SE

"E se..." é uma expressão que traduz o maior dos dilemas humanos.
Será que sim ou que não?! Poderá ou não?! Verdadeiro ou falso?! Real ou imaginário?!
As questões relacionadas com a infelicidade humana, provocaram, desde sempre, um certo irracionalismo colectivo mas simultaneamente uma união comunitária quando solicitada.
Expressão prática do que afirmei é a "facilidade" (às vezes não inocente) com que brotam campanhas de solidariedade (nacionais ou internacionais) e a forma rápida com que os portugueses a elas aderem.
No que respeita às crianças e jovens, tal sentimentalismo solidário ganha, claramente, outra dimensão. Ficamos mais sensíveis, muito dificilmente indiferentes, mesmo que não participativos.
É o caso das situações de mal-tratos, da pedofilia e do homícidio ou mesmo da morte involuntária.
É a apreensão e a inquietação que nos provocam todas as notícias relacionadas com esses factos.
Recebemos inúmeros e-mail's, em casa, no trabalho, de desconhecidos, amigos e colegas com solicitações de apoios no âmbito da saúde e de informações sobre paradeiros desconhecidos.
Confesso que até à bem pouco tempo (cerca de 5 anos), a sensibilização que tais solicitações me provocavam eram diminutas, situando-se no âmbito do comentário restrito ou da simples "pena".
Mas há algo que nos faz mudar.
Dois importantes pormenores:
1. E se isso não acontece só aos outros?!
2. Passamos a ser Pai. E aqui a inquietação é muito, mas mesmo muito, maior. Ficamos mais sensíveis, às vezes menos racionais, muito mais emotivos e protectores.
Só tenho (!) 40 anos... por isso não me assombra a "máxima" - no meu tempo...
Mas, lembro-me, com clara nitidez, das minhas brincadeiras de rua com 5-6-...-10 anos. Jogávamos futebol na estrada, andávamos de bicicleta (mesmo antes das bugas) pelo meio da rua, saltávamos muros, jogávamos a tudo e mais alguma coisa.
Lembro-me de, ainda na pré-primária, me deslocar sózinho de casa (junto ao antigo quartel) até ao conservatório. Hoje vejo inúmeros colegas e amigos meus, também eles com filhos, a fazerem 50/100 metros a pé (e pasme-se... de carro) a acompanharem as crianças à escola primária e a irem buscá-las no final das aulas.
Hoje paira um medo e uma intranquilidade, que há pouco mais de 25 anos não se imaginaria.
Hoje as nossas crianças (a minha tem quase 6 anos) não andam na rua sem a nossa sombra.
E mesmo assim... ouvimos notícias que nos chocam quase diariamente.
Por isso, e porque me tornei Pai "choramingas" e "galinha", faço referência ao site - Porto XXI, que lançou na 'net' (Link) um espaço - Projecto Esperança, ainda em fase experimental, de ajuda na procura de crianças desaparecidas. Só em 2 dias já recebeu cerca de 4 mil visitantes (segundo informação do Público - edição de hoje).
É que há sempre um - E se a seguir me toca a mim - que nos inquieta e que nos deve tornar solidários.

A ver TV...

Acabei de ver (e ouvir) o Debate do Estado da Nação, na RTP, moderado pelo jornalista José Rodrigues dos Santos e com a presença de ilustres personalidades ligadas aos 5 grupos parlamentares.
Resultado: discussão do sexo dos anjos (sem caricaturas para não ferir religiões).
Isto porque enquanto ouvia mais demagogia menos argumento, só me lembrava de um Portugal (a tal nação) desertificado, repartido, assimétrico...
Aldeias e pequenas vilas do interior e do portugal profundo que vão vendo o seu património cultural e social "a saque":
- fecham-se escolas sem garantias de todas as contrapartidas necessárias às crinaças e aos jovens (transporte, apoio social, alimentação, etc.);
- fecham-se estações de correio, postos e centros de saúde, deixando povoações cada vez mais desertas e isoladas;
- descaracterizam-se social, cultural e politicamente povoações com a futura extinção de freguesias;
- desinveste-se em acessibilidades e reestruturações rodoviárias e férreas para além do eixo Porto-Lisboa;
- desinveste-se na educação, na tecnologia e na indústria, para além das grandes áreas metropolitanas (como é o caso de uma alqueva que teima em "não encher" e nas gravuras de Foz Côa que teimam em "tornar pré-histórica" uma região circunvizinha;
- estreita-se um país, cada vez mais assimétrico, com investimentos no litoral, sustentabilidades nas grandes áreas metropolitanas, esquecendo e abandonando todo o resto tornando-o mera paisagem: o país real é o litoral - o país profundo e pobre segue para além dum traçado de grande velocidade.
Este é o verdadeiro Estado da Nação.
Um mau estado...

In Memorium (II)

Pouco tempo (Março de 1974) depois de ter sido afastado do cargo de vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, mas ainda antes da Revolução dos Cravos, António Spínola publicava o polémico "Portugal e o Futuro", onde expressa a ideia de que a solução para o problema colonial português passava por outras vias que não a continuação da guerra.
A 25 de Abril de 1974, como representante máximo do Movimento das Forças Armadas, recebia do Presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, a rendição do Governo, assumindo assim os seus poderes públicos.

In Memorium

Durante 30 anos de luta armada e confronto directo, primeiro com Portugal pela independência de Angola, depois contra o MPLA pelo poder angolano.
Apesar de muitas polémicas e controversas, um líder carismático da UNITA.


Azias...

Agora entendo algumas personalidades (amigas, conhecidas e outras) do PS aveirense.
A azia dá algum mal-estar.
E ao jantar cairam-me mal as Carlsberg's que bebi.
Que grande azia!

Vistas das vidas


A vida é feita de contrariedades. de convicções distintas: política - religião - futebol - cultura...
A vida é vista com muitos olhos, com muitas visões, com muitos prismas, com muitos pontos e vírgulas.
A comprová-lo está este texto que me enviaram via e-mail.
Um homem muito rico, estava muito doente e à beira da morte.
Pediu papel e caneta, e escreveu o seguinte:
"DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA DOU AOS POBRES".
Morreu antes de fazer a pontuação.
Para quem ele deixou a fortuna?

Eram quatro os concorrentes:
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação: "Deixo meus bens à minha irmã ? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres."
2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: "Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres."
3) O alfaiate pediu cópia do original. Puxou a brasa para sardinha dele: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres."
4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabichão, fez a seguinte interpretação: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Dou aos pobres."
Assim é a vida. Somos nós que colocamos, os parágrafos, pontos e as vírgulas...
E isso faz a diferença e faz-nos diferentes...

Um mar de Rosas?!

Nem por isso...
Amanhã, o governo de José Sócrates, celebra um ano de gestão governativa.
Reconheça-se o esforço para alguma reforma da administração pública, o fim das benesses dos gestores públicos e cargos políticos e a prenda de natal europeia com o qaudro comunitário a desenbolsar 22,5 milhões de euros até 2013.
Mas isto é pouco.
Nesta ano de (des)governação, a comunidade saiu insistentemente e crítica para a rua.
A justiça desacreditada, o ensino destruturado (com ou sem banda larga), a saúde doente!
Aumentos dos impostos, aumento do custo de vida.
Para quem prometia 150.000 postos de trabalho, tem o país flagelado pelo aumento galopante da taxa de desemprego.
No Verão o país viu-se devastado por um dos maiores incêndios da história lusa.
Politicamente este primeiro ano do governo socialista ficou marcado pela derrota clara nas autárquicas e pelo recente desastre presidencial.
O plano tecnológico é uma realidade virtual e os projectos OTA e TGV estão longe de consensos nacionais.
Ou seja... escolarmente o governo reprovou.
Segue mais um ano de avaliação contínua. Agora com um novo professor em Belém.

Crer ou não crer...

Há questões que. por exclusividade dogmática, são simples de serem tratadas.
Ou se acredita ou não!
Quase toda a gente afirma que não há "bruxas", mas muitos temem-nas e até há quem as consulte.
Muitos negam a existência de milagres, mas no nosso dia-a-dia, todos esperam por um (acendem-se velas e fazem-se promessas, muitas que ficam por cumprir): é no euromilhões, no emprego, na vida familiar e amorosa, na política e no futebol.
No dia em que milhares de portugueses acompanharam, mesmo que pontualmente, a trasladação da Irmã Lúcia, vem à memória do peregrino o "milagre" da cura da pequena argentina Rosário
Curiosamente e de uma forma extremamente ponderada, a Igreja espera ainda por provas concretas.
É que "isto" dos milagres que os há, há... mas com provas.
Aguardemos, com a serenidade com que Lúcia aguarda (agora) em Fátima.

O Esférico...

Esse mesmo que rola sobre a relva.
Que o Beira Mar está perto de concretizar o sonho dos aveirenses em concretizar a subida à I Liga, é um facto.
Que o FC Porto é primeiro e que a surpresa apenas reside no facto de a distância para o segundo e terceiro pecar por defeito, basta ver as estatísticas e a classificação para não haver dúvidas.
Mas surpresa... surpresa, veio do Treinador do FC Porto.
Já o referi aqui e continuo a validar essa argumentação: sou um adepto de Co Adriaanse. A sua filosofia de jogo, a sua disciplina, a sua coragem ao assumir riscos e se opôr ao comodismo de muitas vedetas e lugares "garantidos" e "vitalícios".
Como se isso não bastasse, acabo de ouvir o "flash interview" na TVI, no final do jogo Porto - Maritimo, com um enorme espanto.
O entrevistador perguntou em bom português, Co Adriaansen safou-se num engraçado portulandês. Mais um mês e o "mister" acaba por fluir a boa língua lusa.
Bem Haja e Parabéns.

Em vias de extinção!

Está para muito breve a colocação em prática do projecto de lei que prevê a redução e fusão de freguesiais com menos de 1000 recenciados e que pertençam a municípios com mais de 50000 eleitores.
O Concelho de Aveiro é um dos atingidos, sendo as freguesias de Eirol e S.Jacinto as referenciadas.
Sem querer polemitizar ou "ferir" susceptibilidades das pessoas em causa, parace-me, no entanto, pacífico que o processo de Eirol não traga muitas situações problemáticas, dada a proximidade a outras freguesias: Requeixo e Eixo, por exemplo.
Mas... e São Jacinto?!
Aqui o processo parace-me, de facto, menos pacífico. Não pelo bairrismo (obviamente um direito que assiste à população daquele local), mas pela situação geográfica daquela freguesia.

Já não basta o distanciamento físico, provocado pelo isolamento que a Ria teima em manter. Poderá surgir todo um conjunto de problemas comunitários com a única hipótese plausível que é a fusão com a freguesia da Vera-Cruz (situação aliás antigamente vivida).
Mas será, de facto, esta a única hipótese?!
E se Aveiro perder o exlíbris das dunas e da reserva natural para o Concelho da Murtosa?!
Será que é uma hipótese absurda?!
Será que basta umas notícias nos jornais ou uma simples manif para inverter uma situação tão real como a questionada?!
Aveiro e os aveirenses devem permanecer em alerta... por São Jacinto.

Ser ou Não Ser!

Há algo na questão das nomeações de cargos públicos que me fazem enorme "comichão cerebral".
Raciocinando...
Como é possível que alguém tome posse para um cargo público e passados uns meros 9 dias (repito 9 dias) apresente a sua demissão?
Tal aconteceu com a demissão do General Bargão dos Santos, após 9 dias (volto a repetir, 9 dias) de ter tomado posse como presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.
Das duas três...

Ou o Sr. Major sub-avaliou a proposta que lhe foi dirigida ou não tinha qualquer conhecimento das condições de exercício da tarefa pública de gestão.
Ou o Governo "meteu a pata na poça", ao errar estratégica e políticamente nesta sua opção, escolhendo alguém que não tinha 'condições' para assegurar o cargo.
Já vimos este filme no Plano Tecnológico.
Falta ao governo uma clara preparação do seu "trabalho de casa".
Mais uma nota negativa.

A Vida

vai revelando-nos a sua "crueldade": uns nascem, outros deixam-nos, seja de forma abruta, seja pela próprio condição do fim da vida.
Este blog, associa-se, à memória de Morias Leitão, um dos fundadores do CDS, a base da minha convicção política.

E as Deduções?!

Foi noticia na terça-feira e ontem (aqui, aqui e aqui), a redução do valor de retenção na fonte de IRS.
À primeira vista é, claramente, uma óptima notícia.
Mas...
É óbvio e socialmente justo que se liberte o contribuinte da ilógica de se exigir que os
portugueses adiantem o dinheiro ao estado e vejam retidos montantes para além do imposto que deveriam pagar, para mais tarde serem reembolsados.
Tal medida, na prática, significa aumento salarial. O que, face à realidade de contenção dos aumentos salariais, parece óptimo.
Mas por outro lado, a redução da percentagem de retenção na fonte, implicará alteração (para mais) no valor do rendimento anual.
Sabendo-se que alguns dos encargos familiares dependem da avaliação desses rendimentos (empréstimo da casa, infantários, etc.), esta alteração fiscal vai traduzir-se também no aumento desses encargos, favorecendo o já tão malfadado individamento familiar.

Doutro modo, tenho dúvidas de que tal medida não venha a ser, a curto prazo, complementada com uma diminuição dos benefícios (já curtos) fiscais.
A ver vamos (nos nosso bolsos).
Refira-se, como aqui é noticiado, que esta alteração fiscal não é inédita e assenta em pressupostos previstos no exercício ministerial do ex-minitro das finanças Bagão Félix.

À minha cabeceira

tenho um livro que já li, sensivelmente, até meio.
É, para já, muito interessante e de um escritor que desconhecia (como se conhecesse imensos escritores! Enfim...).
Li hoje no Público uma noticia que referia o encontro de escritores na Póvoa do Varzim, onde o escritor espanhol (catalão) Carlos Ruiz Zafón foi o vencedor do Prémio "Concorrentes d'Escritas".
A sua obra dá pelo nome de A Sombra do Vento (em Portugal - 3ª edição).
Personagens muito bem descritos e imaginados, onde a narrativa nos leva a pensar no poder da palavra, da escrita e do papel dos livros para transformar a realidade (vida) das pessoas.
Um livro a não perder.

Nesta Guerra...

Eu não entro.
Isto já nada tem a haver com liberdades de expressão, de imprensa.
Muito menos terá a haver com humor ou não humor.
Trata-se de ódio puro, de xenofobia e de racismo. É pura blasfémia.
Segundo o CM de hoje, o Ministro (extrema direita) das Reformas do governo italiano - Roberto Calderoni, não podia ter "incendiado" mais a crise dos ‘cartoons’, ao afirmar que mandou fazer ‘t-shirts’ com as caricaturas de Maomé para quem quiser vestir.
Começam a fazer sentido as palavras do Prof. Freitas do Amaral.
Isto é ridículo! É puramente um absurdo!
Só mesmo num país como a Itália, onde recentemente foi publicada legislação que permite o uso de arma de fogo de uma forma indiscriminada, a encoberto do conceito teórico da auto-defesa.
Estamos na era do 'olho por olho', 'dente por dente'.
Face a mais este grave incidente, que legitimidade temos para condenar o que quer que seja?!
Fui e sou contra qualquer tipo de geração de violência, porque entendo que nada a justifica. Mas o nada dos dois sentidos: o ofensor e o ofendido. E aqui todos têm culpa.
É também triste que a União Europeia só sirva para criticar e penalizar os seus países membros quando em questões económicas. E que em casos como estes venha, através do Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, defender o que seria criticável e que, aos olhos de muitos europeus, é indefensável.
Nestas liberdades não me revejo e por elas não luto!

Libertinagens

Tudo o que se for dizendo sobre a polémica dos cartoons a partir desta data, começa a saber a "discurso balofo" ou a "dissertações decarteanas".
Para mim, os desenhos não deveriam ter sido publicados, por ausência de contexto, por aniquilação das liberdades (mesmo a de expressão), por atentarem contra a liberdade dos outros, por ser premeditada a sua consequência (lembro que o mesmo jornal recusou a publicação de cartoons alusivos ao catolicismo por os considerar potencialmente ofensivos).
Para mim, nenhuma violência (seja de que tipo for) terá qualquer justificação ou aceitação. Seja por ataque ou defesa.
E esta polémica não é o simples conceito de liberdade de expressão ou da censura. Passou a ser uma questão global, política, racista, fanática e violenta.
Sobre isto já "postei", sobre os acontecimentos resta-me esperar que o fogo se consuma e se apague o mais rápido possível. Porque todos já perdemos... e muito.
Mas há um aspecto que sempre foquei e para mim continua vivo: A Liberdade de Expressão.
Muitas das primeiras críticas ouvidas e lidas faziam referência à necessidade primordial da defesa da liberdade de expressão. Para mim não há absolutismos e muitos dos argumentos usados em defesa da publicação do jornal dinamarquês são irracionais.
Porque não faz sentido que se expresse um fervor tão dogmático pelo direito inalienável à expressão, em contraste com a ausência dessa liberdade (e muitas outras) no mundo islâmico. Porque nós (ditos ocidentais civilizados) somos os primeiros a alienar esse direito inquestionável a pensar e falar livremente.
Deixemo-nos de hipocrisias, argumentações fúteis e demagogias puras.
A liberdade existe e tem lugar enquanto respeitadora e conivente com o direito à liberdade do outro. O que determina que qualquer liberdade tem limites. Excepção ao direito à própria liberdade.
Sejamos práticos, sem a necessidade de entrarmos em situações reconhecidamente extremistas, como a questão religiosa:
Quantos casos judiciais conhecemos nós, directa ou indirectamente, relacionados com processos por "difamação" ou "ofensa"?!!
Quem nunca reagiu mais ou menos violentamente (independentemente da idade) quando sentiu que a crítica dirigida ultrapassou os limites do aceitável e do respeito?!!
Quem é que, verdadeiramente, se sente livre de expressar publica e frontalmente as suas opiniões no seu local de trabalho?!!
Sendo um direito que me assiste exprimir-me livremente, como é possível que exista legislação própria para a administração pública e local (direitos e deveres do funcionário) que me impede, regulamentarmente, de usar esse direito?!!
Seria eticamente aceitável e um direito que livremente me assiste de, neste espaço e sem qualquer tipo de consequências racionais, "desatar" a expressar-me sem qualquer limite de bom senso e respeito para com o anterior executivo, o actual executivo, os membros da Assembleia Municipal, o Governador Civil, etc., etc..?!
Seriam só comentários menos abonatórios as consequências que poderiam surgir?!
Desde quando é que a Constituição Portuguesa delimita o conceito de liberdade de expressão (todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio) ao universo da comunicação social?! E nós outros não somos também livres?!
Estes são exemplos muito simplicistas e concentrados, agora façam o favor do raciocínio global e transponham estas realidades para a publicação caricatural.
Ofendiam-se ou não se ofendiam?!
Deveria ou não deveria ter sido impedida a sua publicação?!
Como, surpreendentemente, José Saramago dizia no público de sexta-feira, era interessante ver o cartoonista dinamarquês a caricaturar ofensivamente, o director do jornal em causa. No dia a seguir não estaria, de certeza, à sua secretária.
Uma boa semana...

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