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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

À custa de...

Foi hoje inaugurado o último troço que conclui a transformação do IP5 em A-25.
Ao fim de 5 anos, aquela que foi durante a sua vigência a Estrada da Morte, o IP-5 vê finalmente a sua imagem e reputação limpas, estimando-se uma redução em média de 40 por cento na taxa de acidentes rodoviários.
(Foto - Luís Forra/Lusa)

À custa de...
Muitos milhões de euros do erário público.
Muitos quilómetros de estrada abertos.
Mas acima de tudo...
À custa de muitas e muitas vidas ceifadas e outras destruídas.

Desabafos Simbólicos.

Aquando do último Mundial de Futebol - Alemanha 2006, a polémica instalou-se na sociedade civil lusa, motivada pelo uso indevido - ou não - de publicidade ou inclusão de texto na bandeira nacional.
Heresia. Desrespeito. Ofensa nacional. Ultraje. Afronta. Escândalo.
Tudo serviu para a fundamentação crítica do facto.
Assim...
Sendo a Assembleia da República o garante máximo da nacionalidade e sentido patriótico, nada é de espantar, que o seu presidente, num momento de estonteante sensatez, tenha proposto aos líderes parlamentares que a Assembleia da República passe a ter uma bandeira própria.
Sim porque esta já nada significa.
Enfim...

Contributo para a Mobilidade

Eu sei que é longo.
Mas a temática assim o exigia. E ainda faltaram alguns aspectos.
(publicado na edição de hoje - 28.09.06 - do Diário de Aveiro).

Post-its e Retratos
Contributo para uma mobilidade – A revolução.

Apesar de se celebrar desde 2001 e hoje já num número considerável de cidades lusas, o Dia Sem Carros na Cidade, contraditoriamente continua, ano após ano, a diminuir o número de utentes nos transportes colectivos e a aumentar o consequente volume do tráfego do automóvel particular.
Apesar do assinalar cíclico da causa, a política pública de mobilidade urbana no nosso país não se consegue desprender da supremacia de um único modo de transporte que é o automóvel, com os efeitos negativos para os seres humanos (segurança e qualidade de vida).
Para muitos usar automóvel para ir para o trabalho, ao cinema ou ao teatro tornou-se mais que uma necessidade um hábito. Ou melhor um vício. É indiscutível a comodidade que o automóvel traz a quem viaja nele.
Mas será ainda, nos dias de hoje, sustentável tal comportamento massificado.
As políticas de implementação de uma verdadeira mobilidade urbana, deveriam encarar o espaço urbano e o tempo como bens fundamentais e não supríveis, consentindo que os serviços públicos de transporte respondessem a um conjunto de necessidades de deslocações dos cidadãos, para suster a ruína da qualidade de vida nas cidades, por mais pequenas que elas sejam.
É urgente que sejam implementadas medidas de restrição ou proibição do uso automóvel como instrumento de gestão da mobilidade, reduzindo o efeito negativo sobre as cidades, o espaço e o meio ambiente. No fundo que seja garante da qualidade de vida e previna a saúde pública.
Como exemplo, os catalizadores que tecnicamente devem reduzir em cerca de trinta vezes o nível de monóxido de carbono dos carros – com relação directa com os problemas cardíacos e respiratórios – equipam apenas 10% dos carros em circulação no mundo.
Mas a ruína das cidades aplicada pelo automóvel, não se reduz apenas ao seu impacte ambiental.
A qualidade de vida associada à acessibilidade mobilidade e ao ordenamento urbano são factores, eventualmente, mais relevantes.
Na relação entre os sectores do vigor urbano, como as zonas habitacionais, a área laboral, o ensino, o lazer, o comércio, a mobilidade adquire um relevo primaz como um elemento de conexão, sem a qual se tornaria impossível o desenvolvimento sustentável de uma cidade ou região.
Por um lado, as movimentações das pessoas e mercadorias, influência os aspectos sociais e económicos do desenvolvimento urbano. Por outro lado, as necessidades dessas mesmas deslocações, é definida pela localização geográfica das várias actividades das cidades.
Deste modo, resulta que a mobilidade é, ao mesmo tempo, a causa e o efeito da sustentabilidade económico-social, da expansão urbana e da distribuição geográfica das actividades.
Então que sustentabilidade para uma mobilidade que confira um desenvolvimento integrado e uma qualidade de vida que devolva a cidade aos cidadãos?!
O Peão.
O sistema viário é composto, por passeios destinados aos peões e de estradas/ruas destinadas aos veículos.
Deve ser assumida a implementação de passeios nas vias de grande movimentação pedonais – em áreas centrais, áreas habitacionais de dimensão considerável e em áreas de lazer.
No restante sistema viário devem ser promovidas medidas de moderação do volume de tráfego e da velocidade de circulação, através, por exemplo, de ampliações, avanços e travessias de passeios sobre as vias dos automóveis.
Urbanismo.
A adopção de políticas de ordenamento do território que promovam o reordenamento dos espaços e das actividades urbanas, de forma a reduzir as necessidades de deslocação motorizada e seus custos inerentes, permitindo a descentralização, associada à diversidade, das actividades económicas, sociais e culturais no espaço urbano e não estimular o “zoneamento” de especialização.
Por outro lado, sendo necessária a deslocação, dar prioridade ao transporte colectivo sobre o individual, destinando ao primeiro espaços próprios, através da definição de corredores e faixas exclusivas, semaforização controlada e áreas destinadas à integração dos diferentes modos de transporte (intermodalidades).
Partindo da cada vez mais comum opção dos cidadãos de “fugir” das cidades, prever na expansão das áreas urbanas a implantação de um projecto viário integrado com as redes de transporte público existentes.
Espaços pedonais e estacionamento sobretaxado, diferenciado geograficamente e em função da sua proximidade com o centro urbano, e cujos recursos sejam destinados à melhoria do transporte público.
O Transporte Colectivo.
As medidas e políticas a adoptar fazem pender o seu sucesso da credibilidade e da adesão dos cidadãos à alteração dos seus hábitos e modos de vida. Esta alteração passa, essencialmente, pela sustentabilidade e promoção do uso do transporte colectivo.
Um transporte colectivo que promova a inclusão social, através da redução dos custos de transporte e tarifários diferenciados para sectores economicamente menos favorecidos.
Para que o transporte público seja uma opção clara para o cidadão, a sua eficiência e qualidade terá de ser uma prioridade, resultando numa adaptação social com ganhos evidentes.
Uma das vertentes da eficiência é o tempo de percurso que só poderá ser conseguido através de vias exclusivas para o uso do transporte colectivo permanentes ou em determinados horários, o encerramento parcial e temporal do acesso a áreas centrais e vitais da actividade urbana e o estímulo ao uso de tecnologia viária, permitindo melhores acessibilidades.
Igualmente relevante, numa realidade de movimentações que “obrigam” a vários sistemas de transporte, é a necessidade de se adoptar a intermodalidade (associando a ela o próprio automóvel), com áreas de estacionamento em parques periféricos, tarifas integradas e uma óbvia gestão unificada – trânsito e transporte público.
Uma nova cultura de mobilidade
Esta é uma nova realidade. Por mais acções que se façam, com mais ou menos impacto, a consciencialização pública, a alteração de modos e hábitos, através de um educação para a mobilidade é o factor primário para o sucesso de um melhor urbanismo e uma cidade mais desenvolvida.
A convivência e partilha de um espaço público comum na circulação urbana, dando prioridade aos modos de transporte colectivo, a pé e de bicicleta, em relação ao automóvel particular. Pela promoção da paz e cidadania no trânsito.
O que para muitos ainda é tabu, a qualidade de vida é fundamental para a sobrevivência de uma cultura e socialização urbanas. Deste modo é fundamental a promoção do desenvolvimento das cidades através de um conceito de transporte sustentável e ecológico, que faça uso das energias alternativas e renováveis, como o gás natural ou o biodisel.
Por outro lado, dando lugar à pluralidade e liberdade de opções, bem como à responsabilização colectiva, deverão ser adoptadas medidas e políticas claras, através de uma incisiva regulamentação do estacionamento. Com restrições ao uso do espaço disponível para estacionar, um aumento das áreas pedonais, restritas ao transporte colectivo e às bicicletas. Através de uma tarifação diferenciada e crescente para áreas cuja procura é superior à oferta e uma redução na oferta de estacionamento junto aos locais de trabalho.

Por fim, para atenuar o problema da mobilidade e da sua sustentação, reduzir a questão a um mero combate ao automóvel, é redutora e perigosa, bem como o “copy and paste” de realidades estrangeiras que não são minimamente conciliáveis com as nacionais, principalmente as culturais e sociais.
Não basta eliminar o automóvel quando não existem alternativas e estruturas complementares e integradas de transporte e de acessibilidade.
Nas grandes cidades, o espaço necessário para circular, estacionar, vender ou manter veículos, situa-se entre os 60% e os 70% do espaço urbano (segundo vários conceitos e especialistas).
Pouco a pouco as vias de circulação vão-se apropriando do espaço urbano. Os passeios, praças, espaços verdes e locais históricos vão cedendo lugar às ruas, avenidas e estacionamentos.
A educação é o principal elemento transformador da cidadania.
Esta deve-se voltar para uma educação na mobilidade que promova uma revolução de atitudes.

Com e sem Sol.

Resquícios do fim-de-semana.
Já há longos anos, por razões familiares... as saudades das encostas do Douro, ali para os lados de Santa Marta de Penaguião. Muitas horas e alguns dias de uma das tradições milenárias mais deslumbrantes.
Este fim-de-semana fui matar saudades. Não para junto da família, mas para junto de muito bons amigos. A humildade da terra e do campo. O sabor da solidariedade e do acolhimento.
Entre a fronteira do concelho de Mortágua com o de Penacova (entre o distrito de viseu e coimbra). Mesmo à chuva, muito gozo em apanhar muitos destes.

Com o Sol debaixo do braço, num fim-de-semana tão cinzento.
À segunda vez ainda não consigo deslumbrar o Sol por entre as nuvens.
Nem como réplica do Expresso vale.
Com ou sem DVD. Com ou sem outras ofertas.
Não é diferente. Não é irreverente. Não é audaz. É do mesmo, mas pior.
Nem por sombras conseguirá ocupar um espaço informativo no "pior" dos anos do Independente. Quanto mais, os seus melhores.
Sem sequer fazer sombra ao Expresso.
Ou o Sol tem mais brilho ou qualquer dia temos um prematuro eclipse.

Impedimentos

Eram 5:03 Hm da manhã. Batem à porta.
Será chuva?! Será vento?! Gente não é concerteza. É o Outono que bate assim.
Segundo o Observatório Astronómico de Lisboa, no preciso momento em que o dito tocou à campainha - aproveitando o único dia em que o "dia" é igual à noite, entrámos no Outuno. No preciso instante em que o Sol corta o equador celeste.

Um corte tão incisivo, como o é o corte que o Governo pretende "talhar" em relação à sobrevivência do poder autárquico.
Infelizmente Aveiro, também dela consta.

Olhar Aveiro

Olhar uma cidade meia terminada, meia por terminar!
(publicado na edição de hoje - 21.09.2006, do Diário de Aveiro)

Post-its e Retratos
Olhar Aveiro.


Longe dos cifrões dos deficits, do vendido ou não vendido, de pactos partidários mais ou menos justos, Aveiro não pode parar no tempo.
Um tempo passado, não muito distante, mas que teimosamente permanece, no presente, hirto, imóvel.
Teimosamente, também se vai mantendo a velha tradição do “sacudir a água do capote”, responsabilizando-se sempre os mesmos, mantendo o direito intocável de espectadores críticos.
Num período importante para a Região, como é a necessidade de se implementar os PROT (embora a sua percepção esteja muito distante ao comum dos mortais), o exercício do “dever” de cidadania deveria caber a todos. Não só às Câmaras (sejam as passadas, a actual, ou as futuras).
De todos. De todos os sectores que coabitam este Concelho: as câmaras, os cidadãos, o tecido empresarial, intelectual e científico, os serviços.
Todos, através das suas respectivas quotas de responsabilidade.
Só na conjugação de convicções, de vontades expressas é que se conseguirá ter Aveiro como referência do desenvolvimento sustentado e pólo aglutinador de uma região.
É certo que a discussão pública dos planos de ordenamento municipais, tiveram razoável participação. Mas essencialmente, terá sido participação técnica e muito particular.
Os cidadãos e as entidades que fazem “viver” Aveiro não se fizeram ouvir. Pior… não se quiseram fazer ouvir.
Porque, infelizmente, há alguns anos a esta parte, desistiram de lutar por Aveiro. Viraram costas. Desinteressaram-se.
O Associativismo é deficitário. A cidadania é rara e cabe normalmente aos mesmos.
Já não se vive Aveiro por dentro.
E o Concelho tende tornar-se desinteressante. Os cidadãos e as entidades tornam-se demasiadamente passivos. E Aveiro pára no tempo.
Param as freguesias e lugares.
O seu pobre desenvolvimento, a falta de estruturas que cativem e fixem, a falta de investimentos, as más acessibilidades, tornam as zonas não urbanas, despidas, provocando um aumento da aglomeração urbana como alternativa, com graves riscos de rupturas.
Esta é a realidade de Nariz, Requeixo, Horta e Eirol, Mamodeiro, a zona ribeirinha de Esgueira, Taboeira e a zona lagunar de Cacia. Ao longo dos últimos anos, esquecidos no tempo de um futuro melhor que teima em não se concretizar.
E a própria cidade ficou assimétrica. Desordenada por planeamentos desarticulados e não aglutinados.
Já dei conta anteriormente, no Post-its e Retratos denominado Ambientalismos, da lamentável situação caótica do parque da cidade. À parte a nostalgia de muitos anos lá vividos, um espaço que deveria ser um dos ícones da qualidade de vida da malha citadina, já há alguns anos que se tornou num estorvo e num zona repelente.
A juntar à sua envolvente, permanece em início de ruptura o antigo quartel. Imponente, como sempre, dominante naquele espaço, até à sua queda final. Acresce, sem clarificação e futuro a controversa situação do Mário Duarte.
A nova estação nasceu, ergue-se e sustenta uma acessibilidade que deveria ser muito mais explorada.
Mas “abortou” a sua envolvente a nascente.
A antiga zona de exposições e feiras (longe vão os tempos da “Paula Dias”), conhece os seus dias de explosão desordenada do betão.
Mais à frente, na que deverá ser com o tempo, a entrada e saída privilegiadas da cidade, tem já há muitos anos a teimosia de se querer manter agrícola, sem interesse e beleza, sem estruturação que cative a visita à cidade. Resta uma Alameda com acesso à já reconhecida rotunda na variante.
Mas o tempo vai votando à indiferença da transformação zonas como o final do Canal de S. Roque, a antiga Lota, a zona vazia e triste entre o Centro de Congressos e o Fórum Aveiro (na era após lago), a excelente área a nascente do viaduto da Av. 25 de Abril e até à EN 109, terminando na zona envolvente ao Parque de Feiras e Exposições.
Aveiro, apesar de outras obras, parou no tempo.
E parou porque os aveirenses e todo o seu concelho, há algum tempo, também pararam.
Ficaram indiferentes, apáticos, passivos.
E responsabilidades todos temos.
Deixámos de olhar a cidade e o concelho. Há já alguns anos…

Coro dos Desalinhados

Não vai faltar quem, na hora da passagem do testemunho, venha sublinhar e louvar o cessante Procurador Geral da República.
Nada se me oferece dizer sobre as qualidades pessoais e a sua inquestionável condição humana. Não é isso que está em causa.
Mas no exercício das suas funções como responsável pela Procuradoria Geral da República, foi no mínimo polémico, para não dizer paupérrimo.
O Dr. Souto Moura não foi capaz de controlar e resistir à máquina maciavélica da Justiça. De uma justiça de pressões e interesses. Duma justiça desigual entre os iguais.
Exemplos de ilustração deste mandato que termina, foi, logo no início o que alguns consideraram o crime do século: A Universiddae Moderna.
A queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, para além da tragédia de muitas famílias e de uma região, provocou a avalanche de contradições processuais, de anualções judiciais, de arquivamento e de reabertura do julgamento. Conseguiu a proeza de tornar a imagem da justiça conivente com a inrresponsabilidade e culpabilidade.
Mais quente, polémico, dramático viria a revelar-se o processo Casa Pia. Espelho do verdadeiro significado de pressão: política, social e mediática. Até hoje muito se falou, pouco se avançou. Mormente, salvo a devida poporção, o processo idêntico nos Açores foi já julgado e decidido. Logicamente a envolvência é menor. Mas muito menor. Portanto, pequenino igual a... condenado.
Seguiu-se a "caricata" fuga para terras de Santa Cruz (Brasil), da senhora de Felgueiras - Fátima Felgueiras.
O arrastado "Apito Dourado", poderá, através da própria teia judical, não ser mais que uma novela aos quadradinhos sobre a realidade do nosso futebol luso. Pelos visto também Italiano, Inglês, Francês, etc. Resumidamente, poderá nunca ter existido.
A terminar a polémica com o "Envelope 9" que teimosamente ainda não foi fechado, selado e enviado para o PR.
Pelo meio ficam as intoleráveis e inconsequentes fugas de informação, bem como as controvérsias com as escutas telefónicas.
Souto Moura não deverá, por isso, deixar saudades?!

Fundamentalismos...

(Via TSF on-line.)
No encerramento da «Marcha pelo Emprego» do BE, (…) a proposta do partido de «aumentar um dia livre e reduzir o horário de trabalho» para «aumentar a partilha do emprego» em Portugal.
(…) propôs uma luta «em toda a Europa» por menos carga horária «sem redução de direitos», rejeitando «o trabalho a tempo parcial».


Ou seja, trabalha-se menos dias, menos horas, pelo mesmo direito salarial.
Num país que precisa de todos os esforços para que o seu desenvolvimento económico seja uma realidade, para que as empresas e os serviços tenham maior solidez e sustentabilidade, eis a maior anormalidade até agora ouvida.
A demagogia do Bloco de Esquerda e as suas metáforas políticas que iludem a realidade, ainda surpreende. Só não consigo perceber como é que cerca de 800 pessoas ainda podem aplaudir.
Enquanto continuarmos obcecados pela dualidade empregador-empregado, enquanto todos não fizermos parte do mesmo “barco”, o país corre o risco de se afundar.
Se isto não é fundamentalismo, só pode ser mesmo anedota.

Canelas também vem no mapa!

Mas parece que toda a gente a quer esquecer.
É preocupante, nos dias de hoje, a falta de solidariedade humana, social e cultural, visível no dia-a-dia.
Vivemos muito os nossos problemas individualizados. Somos muito fechados nos nossos “quintais” e preocupa-nos muito pouco a realidade vizinha, em muitos casos comum quer por questões naturais, quer geográficas.
O que é Aveiro?!
Uma cidade, no contexto nacional, média (ou nem por isso). Mas não é só.
É um concelho que merece mais atenção, sustentabilidade e desenvolvimento.
É uma região com potencialidades por desenvolver e projectar, ao nível da inter-municipalidade (GAMA), da potenciação de recursos: mar, a ria, a serra e a ria. Culturas interligadas pela proximidade ou modos de vida idênticos.
A obsessão pelo individualismo, pelo narcisismo e o desprezo pelos outros, tem, nos dias de hoje, contornos preocupantes.
Daí que não posso, deixar de me preocupar com a triste situação ambiental de Canelas (Salreu-Estarreja).
Logicamente nada me preocuparia se não fossem os alertas e “gritos” de desespero que o caríssimo Abel Cunha
tem deixado no seu Noticias da Aldeia.
Já não bastavam os problemas graves, e ainda por solucionar, relacionados com os despejos de lamas domésticas e industriais a céu aberto e com a passividade das entidades responsáveis, vem agora esta notícia do Diário de Aveiro e este grito de revolta, com a descarga de poluentes na NOSSA RIA, que matou milhares de peixes.
Canelas também tem direito à revolta e a viver em qualidade.
O problema de Canelas e da Ria é também tem que ser nosso.

5 Anos depois... o mundo mudou!

A data que mudou o mundo deve merecer momentos importantes de reflexão. Mesmo aqui, neste “paraíso” aveirense.
O 11 de Setembro de 2001, é um acontecimento que dificilmente se poderá esquecer, muito menos apagar da memória de milhares de pessoas e da história contemporânea.
Mas sempre pelos piores fundamentos.
Passados 5 anos, o que mudou então?!
Ficou o mundo mais seguro?!
A resposta óbvia e coerente é não! Claro que não!
Os acontecimentos de Manhattan - New York, Washington e Pennsylvania naquele fatídico dia chocaram a América e o Mundo. E a esta distância temporal, no regresso ao passado, as imagens ainda chocam e transportam uma perplexidade difícil de explicar.
A poderosa e inatacável América tornou-se vulnerável.
O Mundo tornou-se mais frágil e inseguro. Tornou-se um palco de conflitualidade, de violência, de guerra e de morte.
No pós 11 de Setembro, já tivemos 200 mortos no Bali (Outubro de 2002), 190 mortos em Madrid (Março de 2004), 70 mortos em Londres (Julho de 2005) e 200 mortos em Bombaim (Julho de 2006).
É a expressão real da máxima: violência gera violência; conflito gera conflito. Da irreflexão do ataque ao Afeganistão, até à incompreensível e infundada invasão do Iraque.
Não queiram entender nestas palavras qualquer movimentação anti-americana. Por princípio ideológico não o poderia fazer.
Mas é um facto que até ao dia 11/9 e mesmo após essa data, nas acções de segurança interna de vários países, o mundo sempre soube “capturar” terroristas sem recorrer ao confronto bélico.
Daí que necessidade de invadir um país como o Afeganistão, para capturar Usama bin Laden, pela responsabilização dos atentados de 11/9 foi um acto irreflectido. Passados 5 anos, Bin Laden continua algures entre o Paquistão e o Afeganistão. Passados 5 anos o sul do Afeganistão volta a “cair” nas mãos dos talibãs.
E nesta data, é importante e relevante a captura do líder da Al-Qaeda?! Não é.
Mesmo após algumas figuras da rede terem sido atingidas, mesmo que há cerca de dois anos não se saiba nada do seu líder, a Al-Qaeda já ultrapassou a sua essência. Hoje mais que uma associação, a Al-Qaeda transformou-se num conjunto de células espalhadas por todo o mundo, baseadas no seu princípio.
E hoje a sua importância, mormente o renascimento do “talibanismo” no Afeganistão, começa a ser repensada. Tão ou mais importante é o papel da Síria, do Irão, do Hezbollah no Líbano e os xiitas na Arábia Saudita.
A Al-Qaeda não criou o Jihadismo. Ela baseia-se na Jihad islâmica. E este fundamentalismo é “universal” no mundo islâmico e muçulmano.
E esta é que é a verdadeira questão.
O mundo, após os ataques às Torres Gémeas e ao Pentágono(!), tornou-se mais vulnerável, mais inseguro pelo aumento do terrorismo assente num aumento do ódio entre o mundo ocidental e o mundo islâmico.
A totalmente questionável e irreflectida invasão do Iraque, sem a descoberta das armas químicas, sem a prova da ligação de Saddam Hussein a Bin Laden ou de Bagdad (Iraque) aos atentados de 11/9 (aliás, recentemente reconhecido pelo senado americano), tornou o terrorismo mais forte. Criou um maior antagonismo entre os dois mundos, tão distintos. Aumentou o ódio entre islâmicos e muçulmanos e ocidentais. Aumentou o receio, a desconfiança política, reflexo das sucessivas acções e “mentiras” desta administração do presidente Bush. Aumentou os atropelos ás liberdades fundamentais e aos estados de direito, como o comprovam os voos da CIA e as prisões secretas americanas espalhadas na Europa.
Reconheço o direito de quem é atacado em se defender. Ninguém ficaria indiferente se atacassem a Torre Eifel, a nossa Torre de Belém, etc. Não reconheço que a sua defesa se faça na base do “olho por olho, dente por dente”, no uso e justificação de quaisquer meios para atingir um fim. Ao fazê-lo as circunstâncias e os papéis são iguais. Tornamo-nos, obviamente, terroristas.
O mundo passou a ser “governado” por um submundo cheio de secretismo, de interesses obscuros, sem respeito pela dignidade humana, pelos direitos fundamentais.
A realidade é que, nestes últimos 5 anos, o ocidente ficou refém do terrorismo que “ajudou” a aumentar e a espalhar, mesmo para dentro das suas fronteiras e da declaração de “guerra santa” do mundo islâmico.
A realidade é que o ocidente está refém de uma economia que se baseia essencialmente, se não exclusivamente, no petróleo, riqueza e matéria-prima do mundo árabe.
Por estes princípios, é difícil o combate desta dualidade Ocidente-Islamismo através da via do diálogo, da tentativa de democratização e socialização do mundo árabe.
As consequências e as opções tomadas após o do dia 11 de Setembro e 2001, das quais se destacam as invasões ao Afeganistão e Iraque, o conflito recente Israel-Libano, o desenvolvimento nuclear no Irão, começam a tomar proporções maiores que os ataques daquele dia.
A intolerância, o ódio, os preconceitos, o desrespeito pela condição humana, aumentaram.
O mundo tornou-se mais dividido, com maiores divergências políticas ou económicas, principalmente mais relevantes naqueles que eram, até há 5 anos atrás, os maiores aliados (Europa e Europa-Estados Unidos).
Hoje, volvidos apenas 5 anos, no mundo há mais terrorismo, há mais guerra, mais violência e mais mortes.
Hoje, a Humanidade morreu.
O mundo precisa de voltar a mudar.
(publicado na edição de 16.09.2006 no Diário de Aveiro)

(Hiper)Ligações internas

O caso “Mateus”, mais até que o próprio “Apito Dourado”, independentemente do seu desfecho desportivo, teve o mérito, por tanto burburinho causado, de colocar as entidades competentes pela governação do solo luso e pela justiça, a pensar, planear e reformar.
Resultado: o governo declarou guerra à corrupção desportiva.
(…)
O futebol poderá ser desinstalado do seu mundo e poder?!
No caso concreto… a ver vamos!
(…)
Mas será tudo isto, positivo na justiça desportiva?!
(…)
Amplamente difundido pela comunicação social de hoje, o Conselho Superior da Magistratura, vem a público, defender a eventual proibição de magistrados (juízes) em órgãos de justiça desportiva.

Continuar a ler e comentar no "Um Lugar no Pódio" em Corrupção Desportiva - Aqui

É a Justiça, estúpido!

Ao cair do dia 4 de Março de 2001, ruía a ponte sobre o rio Douro em Entre-os-Rios.
Com este acontecimento, assistia-mos à tragédia inqualificável da morte de 53 passageiros de um autocarro e mais seis passageiros de três viaturas ligeiras.
Muitas destas vítimas continuam sem que os seus familiares os possam, ou pudessem, sepultar condignamente.
Famílias inteiras foram destroçadas.
Um relatório, anexo a um dos processos que decorre em tribunal, confirma que a queda da ponte se deveu à ruptura de um dos pilares (o quarto, mais concretamente).
Neste processo, são acusados por negligência 4 ex-técnicos e 2 de uma empresa privada.
A acusação é fundamentada no comportamento desleixado dos arguidos, falta de responsabilidade e incompetência, omissão de elementares regras técnicas e a ocorrência de erros grosseiros.
Para os advogados de defesa dos arguidos, esta acusação é patética e o caso serve para encontrar “bodes expiatórios”. Só falta dizer (com paralelismo no 11 de Setembro) que a queda da ponte foi uma ilusão. Eventualmente, os desaparecidos nas águas do Douro emigraram para algures.
Mais grave e inqualificável é, após todas as acusações, o procurador do Ministério Público (uma das faces da acusação) afirmar que a idoneidade, o facto de os arguidos serem “pessoas de bem” (seja lá o que isso signifique), a idade e a saúde, poderem servir com atenuantes ou mesmo (pasme-se) de amnistia dos crimes.
Mas e as vitimas?! E as suas famílias?!
Com se ousa dizer: É a justiça, estúpido!
Razão tem o advogado das famílias das vítimas – Dr. João Nabais.
Em Portugal é hábito, tradição secular e intocável que a culpabilização de responsáveis por actos criminosos (seja por incúria, desleixo ou irresponsabilidade técnica e profissional), seja a norma do arquivamento e da impunidade.
Por isso é que muito pouca gente acredita na justiça.
Por isso é que temos uma justiça injusta e indigente.
É a tendência habitual de não se responsabilizar ninguém.
É a “Casa Pia”, o “Apito Dourado”, a corrupção, etc.
É o estúpido da justiça.

A Paz.

O José Alberto Mostardinha, tem nos Estados Gerais um post intiulado A Paz é Possível.
Obviamente, ninguém, por mais fundamentalista que seja, gosta da guerra, por todas as razões inerentes e que se queiram delinear.
Por razões culturais e sociais, logicamente que, em teoria, a Paz é possível.
Mas sejamos realistas.
O mundo não é uma tela cor de rosa.
O mundo não é um conto de fadas, um um filme holyodesco.
O mundo é feito de homens, de interesses, de convicções antagónicas, do bem e do mal.
O mundo é feito de realidades...
Nesta questão, sou extremamente, se quiserem mesmo, fundamentalmente céptico.
A paz não é possivel.
Os homens são impossíveis.
Não pensam da mesma maneira, não têm as mesmas convicções, as mesmas filosofias de vida.
O mundo não tem os mesmo interesses.
Por isso a Paz, não é, nem nunca foi possivel.
A história passada e a mais remota que a memória da humanidade tem como registo, prova-o desde o início do Mundo.
A história presente prova-o.
A ilusão desvirtualiza a factualidade existencial.

Adenda ao Pacto.

A primeira análise feita ao pacto da justiça, neste post (Justitia), revelou que, independentemente do valor dos pactos ou consensos alargados na política, a democracia saiu fragilizada pela exclusividade do projecto, pela sua diminuta inclusão de outras propostas e dos outros partidos com assento parlamentar.
A justiça é uma questão do estado. Portanto uma questão fundamental para o desenvolvimento do país, como o são a sustentabilidade da segurança social, a economia e o investimento, o ensino e a educação e o emprego e a estabilidade laboral. Mas, como em muitas coisas da vida, existem várias formas e princípios de abordagem das diversas questões. Por isso é que existem os partidos e movimentos políticos, com ideologias, convicções e fundamentos distintos.
Quem ganhou então com este pacto?!
Sendo o PSD diferente do PS alguém teve que ceder prioridades e princípios. Ou então, existe uma ilusão de diferenciação partidária, mas que na prática, corresponde a politicas semelhantes.
Desta forma, o PSD vê incluídas na reforma da justiça medidas que gostaria de ter implementado durante a sua governação ou no programa eleitoral da última campanha legislativa. O PS “adquire” a parceria do aliado parlamentar necessário para conseguir fazer passar outras medidas, por ventura menos “populares”, mas politicamente consensuais.
Num futuro eleitoral resta saber quem conseguirá apresentar-se ao eleitorado como o verdadeiro obreiro da reforma da justiça.
No entanto, um dilema parece começar a ser evidente para José Sócrates.
A pressão do PSD e do PR para novos pactos e consensos, como o já afirmado sobre a segurança social, tem riscos políticos difíceis de vencer e de contornar.
Se novo pacto existir, o PSD começa a colar o PS às medidas da direita da política portuguesa (mesmo que seja a uma “direita esquerda”), provocando uma oposição interna no reino socialista, da sua ala mais esquerdista, bem como a “abertura” de campo eleitoral para o Bloco de Esquerda e o enriquecimento do PCP.
Se a opção for a da não realização de mais consensos com o PSD, a “factura” irá ser cobrada no próximo acto eleitoral, por falta de empenho, de vontade política e de reformas menos válidas. Para além de uma alteração, não desejada, da estabilidade institucional com Belém. Já que Cavaco Silva já demonstrou estar muito atento a esta problemática e tudo fazer para pressionar o Governo e o PSD a mais pactos de regime. Pena é que o Presidente da República, independentemente, do espectro eleitoral que o elegeu, nomeadamente os 4% do cds, se esqueça que a Assembleia da República é constituída por 6 partidos políticos que reflectem um número significativo de vontades e anseios dos cidadãos.
Nestas dualidades e realidades políticas, quem poderá sair menos beneficiado é o cidadão que correrá o risco de ver desperdiçadas medidas e reformas importantes para o seu dia-a-dia e para o seu futuro.
Espero que nestas coisas de pactos, ninguém ganhe ou perca. A bem de todos nós.

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