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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Tratamento residual

É notória e assumidamente pública a dificuldade que a oposição à direita do Governo tem para o exercício dessa função.
Essencialmente porque a actuação governativa de José Sócrates entrou, de uma forma clara, na área social e económica da dierita. Mais pela abordagem dos conteúdos, do que pela forma de concretização das acções.
E já nem a possibilidade de "ataque" ao não cumprimento das promessas eleitorais servirá de argumentação política.
Até porque, finalmente, José Sócrates cumpriu uma promessa eleitoral (para além de um sonho, diga-se, de criança): A Co-incineração vai avançar.
Proponho: tratamento dos resíduos tóxicos governamentais, urgentemente.

Referenda-se!

Sua Excelência, o Presidente da República falou ao país.
Curiosamente, muito desse país ouviu atentamente.
Porque sempre que fala o Presidente, o país ouve?!
Mas desta vez ouviu. Ouviu e reagiu.
11 de Fevereiro de 2007 - Referendo sobre a despenalização do aborto.
Os partidos políticos com assento parlamentar acharam bem.
Os movimentos (Não e Sim) acharam bem.
E, penso, que muitos dos portugueses que ouviram o Presidente, também acharam bem (ou não!.
Se a questão fosse apenas política, bastava legislar.
Se a questão fosse meramente religiosa (mais do que católica), permaneceria no conceito dogmático e do cânone.
Mas a questão é muito mais que isso.
É essencial e exclusivamente uma questão de convicção pessoal.
Convicção que deve ser, num acto de cidadania suprema, expressa em voto no dia 11 de Fevereiro de 2007.
Argumente-se o que se quiser, quando se quiser e como se quiser. O resto é demagogia.

A Democracia

25 de Novembro de 1975
O verdadeiro reflexo prático da revolução de Abril de 1974.
Se não tivesse existido o 25 de Novembro, hoje não estaria a escrever aqui.

E a democracia não teria tido a sua verdadeira libertação.

O Anti-Dia

Publicado na edição de hoje (23.11.06) do Diário de Aveiro

Post-its e Retratos
Aniversários e velinhas!


Hoje é institucional e socialmente assumida a necessidade de se comemorar.
Há datas e temáticas de sobra para que o calendário anual se preencha quase na sua totalidade, com o “dia de…”.
E se somos bons a inventar dias de.
Desde o dia Mundial da Paz até à espiritualidade de se celebrar o Dia da Sedução, tudo e qualquer coisa se celebra.
Banalizando o que é verdadeiramente relevante, sobrevalorizando o que se apresenta claramente supérfluo.
Desde o social, político, religioso, cultural e histórico.
Descendo a faixa etária dos 35 anos, que significado tem hoje a celebração do 25 de Abril ou o 25 de Novembro?!
Que importância e relevância tem o dia da Restauração da Independência, a implantação da República ou a data da formação da Nacionalidade?!
Que significado tem o 10 de Junho, mesmo para uma nação historicamente alicerçada nas conquistas, nas descobertas e na diáspora de muitas décadas?!
E mesmo o 1º de Maio, apesar de toda a conexão político-sindical, terá a mesma capacidade mobilizadora de outros tempos?!
A banalização do conceito de celebração e de comemoração, institucionalizou-se, pelo esgotamento e pelo exagero, transformou-se numa mera referência no calendário, a qual muito raramente consegue transportar para os restantes dias a objectividade e o apego ao “objecto” a comemorar.
Santa Joana tem direito a feriado para nossa satisfação concelhia e a uma estátua renovada. Não cause espanto a possível criação do dia do Sal, do Marnoto e da Salineira, do Moliceiro e do Ovo-Mole. Mesmo que isso já nada diga à maioria dos aveirenses no seu dia-a-dia e nas suas memórias histórico-culturais.
Se a realidade do dia-a-dia nos mostra um mundo menos seguro, mais mortífero e injusto, celebramos a Paz num único dia, sem sequer a garantia de que, nessa data, as armas se calarão. O dia seguinte encarregar-se-á de fazer esquecer a ilusão e recordar a triste verdade.
Se a afeição pelos dados científicos nos faz acreditar na realidade de um mundo mais poluído, menos limpo e menos saudável, a nossa atitude ambientalista resume-se ao dia do ambiente e a acções mais ou menos pontuais de reciclagem doméstica.
Se a vida é o nosso maior bem e garantia e a saudade a nossa melhor característica de identidade, atrevemo-nos, para gáudio de algum sector comercial, a recordar quem nos foi mais querido, num só único dia, para descargo de consciência ou devido ao comodismo do dia-a-dia.
Apesar da pobreza e a exclusão bater à porta do lado todos os dias, a indiferença de quem pede, mora e vive na/e da rua, leva-nos hipocritamente a “lavar as mãos” com 1 quilo de arroz ou 500 gr de massa num saco de hipermercado que nos incómoda e inquieta, uma ou duas vezes por ano.
Um país mergulhado numa realidade económica que obriga a um sacrifício constante, gosta de preparar a despedida de cada ano com a fidalguia hipócrita de quem celebra o Natal que nunca foi quando o homem quer, nunca foi o da solidariedade constante, mas o que comercialmente se determinou.
Uma nação que historicamente tem um dos seus símbolos de identidade nacional identificado com o Mar, celebra num dia por ano a certeza de desperdiçar uma, senão a, maior riqueza que possui.
Um povo que historicamente se lançou aos mares e ventos, já nem no dia 10 de Junho consegue lembrar aqueles que, contrariando um processo natural de acomodação e adaptação a novas culturas e identidades, continuam, teimosa e orgulhosamente, portugueses lá fora.
Somos, claramente, um povo de muita festa, de muitas velinhas acesas e datas solenes.
Somos um povo de banalidades importantes. Mesmo que sem reflexos práticos e sem ecos ao longo dos outros dias.
E todos os anos celebramos… com a certeza que para o ano haverá mais um dia qualquer de qualquer coisa, nem que seja definitivamente o dia do anti-dia.

Até que enfim...

Ribeiro e Castro, depois de tantas vezes ter sido aqui criticado, teve aquele que foi o melhor posicionamento político desde as últimas eleições: a oposição ao governo do PS tem que ser feita por propostas concretas e coerentes e não por retóricas iguais às propagandas governativas. Daí que se aplauda a forma não crítica como analisou a entrevista do Presidente da República. Bem distinta e mais racional que a de Marques Mendes
Até que enfim, senhor Presidente! Uma acertada.
Quem esta semana também marcou pontos foi a banda da bancada parlamentar do CDS.
Para muitos que já davam a orquestra como desfeita e sem som, eis que conseguem ver incluídas propostas suas na lei das finanças regionais, independentemente da sua relevância ou quantidade.
Mas as propostas estão lá, por se entenderem importantes. Nomeadamente os fundos de emergência.
A banda afinal ainda tem coreto.

Um Tiro no Pé...

A montanha pariu um rato.
Marques Mendes sem carisma e posicionamento político. Dentro e fora do PSD.
Depois de, incomodamente para muitos sectores do PSD, ter estado bem ao lado de João Jardim na polémica questão do financiamento (ou a falta dele) à Madeira, numa semana cheia de momentos altos da vida política nacional e nomeadamente da vida partidária laranja, o cada vez mais contestado presidente do PSD parte para o Brasil.
Para trás deixa, aos quatro ventos, a birrinha da Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa e recém eleita Presidente da Distrital do PSD de Lisboa para com Maria José Nogueira Pinto e que culminou na precipitação e incoerência política de Carmona Rodrigues (pasme-se com direito a reparo de Pedro Santana Lopes na RTP - “no meu tempo a coligação durou 4 anos”) tornando a principal gestão autárquica do país numa situação incomodamente ingovernável (só quem não tem os pés bem assentes na calçada, entende que é viável governar sem coligação ou maioria).
Afasta-se, conveniente e hipocritamente, do confronto com a, cada vez mais relevante ala crítica nortenha, que no interior do PSD, ganha, dia após dia, contornos interessantes. O confronto PSD Porto com Rui Rio e a eleição do seu arqui-rival Filipe Menezes.
Para terminar um momento de verdadeira inglória e desgraça política, Marques Mendes aparece, bem à distância, com o verdadeiro anjinho político.
Em tudo o que foi análise pós-eleitoral, até mesmo neste irrelevante mas atento espaço cagaréu, sempre se alvitrou este desfecho na relação Presidência - Governo.
Aliás, só Marques Mendes foi o único a não perceber que, independentemente da candidatura de Mário Soares, o principal beneficiado e a quem mais agradou o resultado das eleições presidenciais foi a José Sócrates e ao PS. Independentemente da inerte oposição interna gerada pela cidadania de Manuel Alegre.
Só mesmo a ingenuidade de Marques Mendes para esperar em Cavaco Silva um aliado na oposição ao governo (pelo menos neste primeiro mandato).
Sim… porque goste-se ou não a coabitação vai prolongar-se por mais um mandato.
A “laranja” vai deitando pouco sumo.
Ainda vamos ver nas bancas, à semelhança de Santa Lopes, mais um livro de desilusões políticas: “como Cavaco me (Marques Mendes) trocou por Sócrates”. Só não sei se em um ou muitos volumes.

Voluntariado!

Publicado na edição de hoje (16.11.2006) do Diário de Aveiro

Post-its e Retratos
Voluntariado… virtuosidades discretas!


A sociedade dos nossos dias molda-nos num selvático inúmero de relações inter-pessoais, culturais, políticas, religiosas, sociais e económicas que nos tornam cada vez mais em indivíduos atípicos, fechados, indissociáveis.
Com a perca ou esmorecimento de valores comunitários relevantes como a solidariedade, o associativismo, a cidadania…
A forma como encaramos as realidades que se desenvolvem à nossa volta, a maneira como nos deparamos com os outros, a forma como nos comunicamos, como coabitamos, não tolera afectividades, emotividades, antes confrontos, egoísmos, interesses, rivalidades e conflitos.
Não temos tempo para nós próprios, para as realidades individuais, para as nossas responsabilidades e para as exigências que nos são feitas.
Quanto mais para os outros!
Mas temos, paradoxalmente, a noção diária de que existe quem, muitas vezes mesmo ao nosso lado, precise de ajuda, de alguém, de algo que não tem.
Quando a sociedade, o poder político e o governativo apelam à urgente necessidade de se combater a exclusão – fenómeno cada vez mais dilatado e globalizado, é impreterível valorizar uma das formas mais importantes de lutar contra o anti-social e o isolamento: o Voluntariado.
Não o voluntariado “carinhosamente” apelidado, por algumas camadas sociais, de “caridade balofa”. Os mesmos que o contestam e negam, pela incapacidade de resolver os problemas sociais que deveriam, por responsabilidade individual ou pública, de resolver. Em muitas situações, inclusive, por eles criados.
O esquecimento de que o voluntariado e a disponibilidade incondicional para ajudar, se ocupa de problemas que o Estado e os seus organismos, outras entidades privados e individualmente muitos cidadãos, irresponsavelmente não resolvem e dos quais não se encarregam.
Mas é possível ignorar que a AMI, a Cruz Vermelha, a Caritas, o Banco Alimentar, entre muitas instituições de carácter exclusivamente social, não promovem este voluntariado?!
É um facto. Promovem-no!
Mas estimulam a participação colectiva na acção continuada, ou apenas, em acções sazonais e promocionais?!
E o papel individual de cada um?! Resume-se à “moedinha” a troco do autocolante na lapela ou do quilo de arroz que se compra a mais, nesse dia, no hipermercado da zona?!
Não é justo pretender-se que o voluntariado substitua a responsabilidade pública e privada das estruturas do estado e das instituições ou empresas.
Não é igualmente justo que o comodismo, muitas vezes cobarde, nos limite o exercício desinteressado de sermos livres de nós próprios e disponibilizarmo-nos para tornar a sociedade mais aberta a todos, mais justa e mais comunitária.
Seja pelo gesto mais simples, pela dádiva mais irrelevante, pela humildade mais elementar.
Seja na vizinhança, na rua, nos hospitais, no trabalho, na escola ou na universidade ou em qualquer instituição pública ou privada.
Seja através da cultura, da política, do ambiente, da religião, da saúde, do ensino, do desporto, da economia. Mas pelo menos que seja… por uma questão de cidadania e de humanização!
O mundo não está mais inseguro só porque aconteceu o 11 de Setembro, se invadiu o Iraque ou a instabilidade continua no Afeganistão e em África.
O mundo está mais inseguro também porque há injustiça, há exclusão social, há isolamento, miséria, marginalidade, egoísmo e intolerância.
O mundo está mais tumultuoso porque a solidariedade e o voluntariado passaram a “lirismo” social ou a palavras estéreis. Para caridade dos pobrezinhos e coitadinhos.
Para infelicidade duma sociedade insensível, desumanizada, sem virtuosismos e sem verdadeiros “heróis do dia-a-dia”.
Lirismo é indiferença e apatia.
É esperar que tudo aconteça sem nada fazer.
Nem mesmo uma ajudinha, por caridade!

Um dia esquecido

No dia 13 de Novembro de 1976 realizavam-se as primeiras eleições autárquicas.
Aquelas a que muitos denominariam como a verdadeira expressão da democracia e vontade populares.
Hoje, volvidos 30 anos, nem a data serve para institucionalizar o verdadeiro dia da autarquia e do poder local.
Cada vez menos próximo dos cidadãos.
Cada vez mais distante.
Cada vez mais banalizado.
Interessante rever esta afirmação relevante.

"O presidente do Tribunal de Contas, Guilherme Oliveira Martins, criticou que se faça das Câmaras Municipais «bode expiatório das finanças públicas», mas defendeu que estas precisam de maior «disciplina» na gestão das suas contas." A Ler.

Pena de Morte

Publicado na edição de ontem (9.11.06) do Diário de Aveiro

Post-its e Retratos
A morte da pena!


Por uma questão de princípio (valores), pela defesa da vida, por razões sociais, culturais e por razoabilidade civilizacional, somos contra a pena de morte.
E como diz a Carta dos Direitos Fundamentais: "ninguém pode ser condenado à pena de morte, nem executado".
Ninguém. Nem mesmo por razões que a emotividade desconhece.
Ao fim de mais de um ano de um julgamento, que contempla situações mais próximas do dantesco, do polémico e do anárquico, do que propriamente do conceito de justiça e do judicial, Saddam Hussein foi condenado, pelo tribunal iraquiano, à morte por enforcamento.
Pela emotividade inerente à essência humana, condenar o que foram os 24 anos de ditadura e as atrocidades étnicas, religiosas e políticas cometidas pelo regime de Saddam é relativamente fácil e óbvio.
Por outro lado, para quem defende a dignidade humana e o valor da vida, é racionalmente espontânea a oposição consciente à pena de morte. O princípio defendido que punir um crime com outro crime corresponde à lei do “olho por olho, dente por dente”.
Aliás, no caso concreto, é generalizada a opinião de que o cumprimento da sentença proferida, poderá desencadear uma onda de revolta na minoria sunita, transformando Saddam Hussein num verdadeiro mártir.
Então, entre a dualidade da defesa da vida e da análise crítica aos acontecimentos cometidos pelo regime que permitiriam sustentar a pena de morte, onde reside a dúvida?!
Numa questão de coerência.
Será que reagiríamos com a mesma clareza de princípios se a realidade estivesse bem ao nosso lado?!
Não será incoerente ou, até mesmo, hipócrita a posição da Europa (bastião da defesa da abolição total da pena de morte) que publicamente condenou, de forma sistemática, as atrocidades do regime de Saddam e que agora, se mostra oposicionista da sentença, mas sem qualquer relevância ou pressão diplomática, no sentido de exigir a face inegociável de um princípio como o da defesa da dignidade humana e da vida?!
Uma Europa que, num verdadeiro instinto de avestruz, traduzido pela subserviência aos Estados Unidos, diz-se revoltada, mas amorfa na defesa da sua Carta Europeia dos Direitos Fundamentais.
A posição de George Bush é plausível. É a sustentabilidade da fundamentação da sua política externa, nomeadamente a forma como foi considerada e processada a crise no Iraque, e é, igualmente, uma questão de valores: Saddam Hussein é sentenciado à morte porque “assinou” a sentença de 142 rebeldes em Dujail em 1982. George Bush assinou as sentenças de morte de 152 pessoas enquanto foi Governador do Estado do Texas.
Só pela coerência destes princípios é que a administração norte-americana poderia ter a discutível e lamentável opinião de que, tendo sido Saddam Hussein um ditador, a sentença marca um virar de página na consolidação democrática do país e no “esquecer” um período dramático da história iraquiana.
No entanto, não deixa de ser importante reflectir-se o que foram estes últimos três anos de Iraque, após a “captura” de Saddam: um incalculável (porque contraditório) número de mortes, atentados diários, insegurança e instabilidade (medo), crise social e económica instalada. A isto tudo, acresce os conhecidos e polémicos casos de abuso das forças militares estrangeiras, nomeadamente as americanas e britânicas, que em nada se inferiorizam aos acontecimentos do então regime iraquiano.
A par disto, as inqualificáveis e inexplicáveis realidades de Guantánamo e os voos secretos da CIA, na Europa.
Já aqui referi que o Mundo, após o 11 de Setembro, está mais inseguro.
O Mundo, após a invasão o Iraque e a desastrosa política externa desta administração americana, está, claramente, perigoso (Afeganistão - Irão - Coreia do Norte - Paquistão - América do Sul, etc.).
O Mundo ficará, irremediavelmente perdido, se a dignidade humana e a vida, reduzirem os Direitos dos Homens a nada de valor.
Se disparas, eu ataco.
Se matas… morres! Sem pena!

Muro abaixo! Muros acima...

Há 17 anos, a 9 de Novembro de 1989, o impensável acontecer aos olhos do mundo.
Um dos maiores símbolos da Guerra Fria, da intolerância entre os povos, da divisão do mundo entre o Leste e o Ocidente, da anti-democracia, era derrubado.
Principalmente na Europa, o desenho geopolítico ganhava outra forma e o velho continente redesenhava-se.
Hoje, volvidos 17 anos, o Muro de Berlin caiu, mas o mundo continua a construir novos muros, do ponto de vista físico, político, social, económico e religioso.
É mais fácil separar que unir.

O cerco a George Bush

O Partido Democrata conquista o Senado Americano, com relativa vantagem em relação aos Republicanos de George W. Bush.
Uma das razões para tal resultado, prende-se com o cansaço da sociedade norte-americana e a necessidade de mudança, principalmente ao nível da política externa, já que no essencial a visão social e económica dos dois partidos são muito semelhantes.
Foi portanto, a realidade da Guerra do Iraque e a forma como os Estados Unidos lidaram com o pós 11 de Setembro que marcaram estas eleições, de uma forma demonstrativa do "apertar o cerco" a Bush.
E em política estas realidades fazem normalmente "vítimas".
Fazem-no durante as campanhas e no pós votações.
Em campanha, quando Kerry, "brincou" com a realidade da guerra do iraque e beliscou a estrutura militar, quase que deitando por terra os trunfos dos democratas, foi imediatamente retirado.
Após a divulgação dos resultados, aquele que foi, publicamente, o rosto da sustentação cega da guerra do Iraque - nomeadamente com a questão do fantasma das armas escondidas, teria que ser a próxima "vítima": Donald Rumsfeld apresentou a sua demissão do cargo de secretário da defesa americana.
Tem agora tempo para procurar e provar a sua teoria das armas de destruição maciça.
Se preferir, no terreno!

Corrupção!

O tema corrupção foi abordado no Congresso da Nova Democracia (a extinguir ou talvez não), pela Dra. Maria José Morgado.
Conforme se pode ler no Arestália, da Susana Barbosa, a intervenção da magistrada foi aplaudida veemente pelos congressistas do Partido (se é que ainda existe!), motivados pela expressão surpreendente da Procuradora-Adjunta: tenho "a sensação" de que a "direita é muito mais sensível" ao combate à corrupção do que "a esquerda, que tem uma dependência crónica do aparelho do Estado e das suas funções sociais". O combate à corrupção, para a direita, está "associado à autoridade do Estado e à defesa da ordem e da lei".
Face à espantosa revelação, não posso deixar de publicar, com a devida vénia e referência ao Arestália, o comentário que me suscitou tal facto.

Cara Susana
Não consigo não falar.
Vai-me desculpar, mas há coisas que são mais fortes do que a minha capacidade de contenção. Como dizia a minha avó: "não consigo aguentar as urinas".
Com todo o respeito que tenho por si, sabe muito bem que sou, por convicção do CDS e, felizmente, por opção já não militante activo, portanto, livre de algumas amarras do dever partidário.
Mesmo contrariando os conceitos político-ideológicos do Manuel Monteiro, considero-me, por isso, alguém de direita. Qual?! Também não é relevante. Mas de direita.
E é espantoso que alguém que sempre se mediatizou e se pautou publicamente pelo combate à corrupção, quase até de forma religiosa (para não dizer fanática) venha publicamente expressar uma afirmação daquelas. A não ser por uma questão de conveniência circunstancial.
Mas que raio... a direita é mais sensível à corrupção do que a esquerda?! Desde quando, com que fundamentos e com que lógica?!
Infelizmente a corrupção existe desde que os homens se relacionam social e economicamente. Sejam elas à direita, à esquerda, ao centro, a trás e à frente.
Ou a corrupção no futebol, que a Dra. Maria José Morgado tanto pretende combater, só existe nos clubes "à esquerda"?! E só nas empresas com empresários "à esquerda"?! E todo o funcionalismo público é de esquerda?! E, como hoje se afirma tão levianamente, a corrupção é relevante nas autarquias, estas são todas de esquerda?!
E os cidadãos julgados e por julgar, por casos de corrupção, são todos de esquerda?!
São estas leviandades tornadas públicas e tornadas dogmáticas que tornam o combate ao flagelo da corrupção mais difícil, denegridem a política e a afastam, cada vez mais, dos cidadãos - sejam eles à esquerda ou à direita.
Cumprimentos

Terminar o que mal começou.

Foi colocada publicamente a eventual dissolução do Partido da Nova Democracia.
De irrelevante para a política portuguesa e mesmo para a direita(!), há no entanto, mesmo que ligeiro, algum mediatismo que foi acompanhando esta curta e insignificante passagem pelo espectro político do país.

Este mediatismo esteve sempre e quase que exclusivamente ligado à sede de vingança e a uma irreflectida vontade de Manuel Monteiro de ser alternativa ao CDS.
Resultado.

Mantém-se a sede de vingança - Manuel Monteiro continua a desafiar Paulo Portas, agora para um debate sobre a direita. Nem consigo imaginar o desfecho para Manuel Monteiro. Paulo Portas é o seu calcanhar de Aquiles da sua carreira política - "a verdadeira espinha atravessada na faringe de Manuel Monteiro".
Segundo, o PND nunca foi alternativa válida. Politicamente sem conseguir "descolar" dos princípios de base do espectro da direita e centro-direita, mesmo que Manuel Monteiro venha evocar para si e para o PND a essência dessa direita portuguesa.
Não o é e dificilmente o seria, com o actual posicionamento do PS na democracia nacional, obrigando o Centro-Direita (CDS) e o liberalismo social-democrático (PSD) a uma redefinição dos fundamentos ideológicos, para melhor se posicionarem como oposição e alternativa ao PS.
Portanto, é perfeitamente irrelevante que se termine algo que mal começou.

Pela Justiça!

Não sei, ou melhor... até creio saber que o Dr. Jorge Coelho não lê o Debaixo dos Arcos.
Também seria demasiada presunção minha.
Mas obviamente que é pena... para mim e, principalmente, para ele.
Mas no que interessa, é pena, porque temos o mesmíssimo ponto de vista na questão já aqui abordada da queda da ponte de Entre-os-Rios.
É lamentável que neste país, quando toca à responsabilidade do Estado e dos seus Organismos, a culpa tenha que morre solteira.
Na emissão de quarta-feira da Quadratura do Círculo - na Sic Notícias - de 25.10.06 o Dr. Jorge Coelho lamentava a decisão do tribunal de Castelo de Paiva.
Curiosamente, o Dr. Jorge Coelho (independentemente do distanciamento ideológico), num acto reconhecidamente nobre, foi o único que "acabou julgado" ao apresentar a sua demissão como Ministro das Obras Públicas, à data dos acontecimentos.
Como há 5 anos atrás, registe-se com agrado a sua coerência política, algo raro nos dias de hoje.
Curiosamente, o Dr. Jorge Coelho apresentou ontem a sua renuncia ao mandato como deputado, alegando as mais que evidentes e habitués razões pessoais.
Depois da sua saída da Comissão Permanente do PS e a afirmação sua de que irá dar o seu contributo ao país como cidadão, questiona-se se não será mais um contributo do "movimento de cidadania oposicionista a José Sócrates."
Eu não acredito em bruxas, mas que as há, "áseas".

Substitua-se!

Há no conflito político e corporativo entre os Professores e o Ministério da Educação questões que têm que ser entendidas desapaixonada e desinteressada.
Há obviamente assuntos em que os professores têm razão. Há assuntos em que a Ministra tem muitíssima razão.
Avaliações e estatutos à parte, muito beneficiaria Portugal, o seu pobre sistema de ensino, os professores e, principalmente, os alunos se a classe docente fosse menos corporativista e menos gerida pelos sindicatos.
Aliás, os sindicatos dos professores serão, eventualmente, as estruturas sindicais que mais prejudicam os seus próprios associados.
Porque se o sistema de ensino está paupérrimo, neste país, também têm quota parte de responsabilidade os professores. São eles que dão as aulas; são professores que fazem os manuais; são professores que estão nos Conselhos Executivos; são professores que estão nos CAE; são professores que estão nas DRE's; há professores no Ministérios e... são sempre os mesmo que estão á frente das estruturas sindicais quase desde que elas surgiram como tal.
A questão das aulas de substituição é um exemplo gritante de como a forma minada em que se encontra a classe docente, se reflecte na vida prática de uma escola.
Ponto Um: o princípio das aulas de substituição é correcto, louvável e só peca por tardio. Com o direito que assiste a um professor, como a qualquer trabalhador, de faltar, esta regalia não pode, nem deve, prejudicar o estudo e a formação do aluno.
Vir a público que as escolas não têm condições (quando a própria sala de aula serve), que não há professores (quando um elevado e significativo número de escolas tem professores com horário zero e há tantos professores desempregados), etc. é apenas demagogia oposicionista.
Quando se ouve dizer que nada se faz numa aula de substituição, revela uma incompetência e falta de profissionalismo da classe docente. O básico já é, por si só, relevante: basta por os alunos a estudar. Para além disto, só por uma grande falta de querer e de imaginação.
Ponto Dois. Portugal já saiu da estupidez social e colectiva de alguns (já muitos) anos atrás.
Querer usar, na questão das aulas de substituição, os alunos como "porta estandarte" (como o caso de Vila do Conde) é o mesmo que virar o feitiço contra o feiticeiro. Porque as únicas expressões de revolta e contestação que ouvimos por parte dos jovens é que "as aulas não servem para nada" - "mais valia estarmos cá fora" - "não se faz nada lá dentro, jogamos às cartas", etc. Isto só prejudica a imagem dos docentes e reforça a objectividade e o valor da medida por parte do Ministério.
Substitua-se então, e por isto tudo, o sistema.