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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

A azia dos derrotados

Na formação dos jovens atletas, dizemos no basquetebol, que “ganhar e perder é desporto” e que o principal é saber encarar as vitórias e as derrotas como um processo competitivo.
Assim também o deveria ser na política.
A humildade de saber perder e saber ganhar é um processo vital na democracia. Daí resultam os políticos verdadeiramente democráticos, éticos e sólidos.
Assim alguém explique à Sra. Dra. Paula Teixeira da Cruz que as azias ou as cólicas curam-se na farmácia.
A humildade, o respeito e o reconhecer a superioridade do adversário, no fundo o saber viver com as vitórias e derrotas da vida e da política é que estruturam um sólido e coerente politico.
E em política, os erros pagam-se (como as intercalares de Lisboa). Em política, as “birrinhas” têm o seu preço (como na distrital de Lisboa). Em política movemo-nos por interesses colectivos e não individuais ou o mero “agarrar” o poder (como a não renúncia à Assembleia Municipal de Lisboa). Em política há projectos, valores e princípios diferentes dos nossos. Em política devemos saber reconhecer e respeitar que há outros valores e princípios que, diferentes dos nossos, podem ter a preferência da maioria.
Quem não souber reconhecer isto está, claramente, a mais na política. E é por essas atitudes que a imagem dos políticos e dos partidos está degradada. Por isso e por declarações como as que a Sra. Dra. proferiu após o conhecimento dos resultados: “Esta foi uma derrota de princípios, de valores. Como foi uma derrota de princípios e de valores não estou nada satisfeita”.
Não é que me crie qualquer constrangimento as “guerrilhas” internas do PSD. Nem tão pouco… mas por uma questão de princípios e de defesa dos “valores” que a política deveria ter.

A matemática laranja

E primeiro lugar, não sou social-democrata, nem tenho qualquer intenção de o ser (nem hoje, nem nenhum dia). E como já o afirmei por diversas e distintas vezes, sou centrista (quando muito cada vez mais desiludido com a realidade partidária nacional - do meu e do dos outros).
Não me aquecendo, nem me arrefecendo quem ganharia as eleições internas no PSD, a verdade é que, para quem gosta de política e para quem se preocupa com uma eventual alternância governativa (embora se afigure muito remota - mas já houve milagre em Aveiro, porque não no país) estas eleições também não deixam de causar alguma curiosidade.
Se, na hipotética situação de militante, tivesse que votar, o meu voto seria em Filipe Menezes, por várias razões (também em jeito de análise):
1. O fim da era sulista e elitista.
2. A necessidade de ruptura com o poder dos barões e o dar a voz às bases (que no fundo sustentam o partido).
3. A capacidade de "lutar" contra todas as dificuldades postas a esta candidatura pelo aparelho (poder instalado e respectivos caciques).
4. Por uma oposição mais frontal, realista e dinâmica.
E esta foi a resposta dos militantes daquele partido.
Estatística e matematicamente, os números são significativos e revelam, acima de tudo, um desfazamento entre as estruturas, por exemplo distritais (maioritariamente ao lado de Marques Mendes) e as bases: veja-se o caso de Lisboa (com larga vantagem para Menezes - mais de 300 votos de diferença) e em Faro (Macário Correia era apioante de Mqrques Mendes) onde Menezes conseguiu 460 votos de diferença. Mesmo em Aveiro, apesar do apoio da Distrital a Mendes, Filipe Menezes apenas perdeu por 12 votos. Por fim registe-se as expressividades de voto no autarca de Gaia a Norte do País (Braga mais de 1100 votos; Bragança quase 180 votos; Viseu 700 votos contra 5 de Mendes; Porto quase 3200 votos e ainda Viana do Castelo, Vila Real e Portalegre).

Côr de Laranja

Luis Filipe Menezes gahou a liderança do PSD. Surpresa? Talvez sim... Quase de certeza que não!
Pontos de referência:
1. Não é normal que a oposição interna ganhe a corrida a um candidato isntalado nas estruturas.
2. Menezes deverá ser presidente até 2009. Se Mendes tivesse ganho, poria algumas dúvidas.
3. Fazendo fé nos acontecimentos últimos e nas trocas de argumentações, venceu a candidatura da polémica, do "jogo baixo" e da "acusação fácil". Ou terá perdido a candidatura da "arrogância" e da "inconsistência"?
4. Rui Rio pode descansar que para já não haverá fusão Porto-Gaia.
5. Sou centrista e não sirvo para advogado de defesa dos sociais-democratas. Mas não será fácil para qualquer partido da oposição governativa derrotar José Sócrates nas próximas eleições. Mas que será um "combate" mais consistente não haverá dúvidas. E surpresas sempre houve (recorde-se Aveiro).
6. Se o CDS já tem um caminho dificil após as intercalares de Lisboa, agora vê claramente o seu campo limitado.
7. Para terminar: Aveiro-0 / Ilhavo-1

Debate mensal na Assembleia da República.

Apesar da ineficácia de uma oposição governativa cada vez mais inconsistente quer à direita, quer à esquerda, o Primeiro Ministro optou por se apresentar no debate mensal no parlamento retomando o obtuso “choque tecnológico”, fugindo à polémica de temas quentes como o ensino e a saúde.
É certo que as novas realidades sociais e comunicacionais assentam cada vez mais numa globalização das relações, numa procura de maior celeridade e eficiência, baseadas num progresso evidente das tecnologias.
Como refere o sociólogo espanhol Manuel Castells a diferença na construção de uma sociedade mais ou menos estruturada está na capacidade de se estar “dentro ou fora da rede”.
Mas num país onde a taxa de analfabetismo ainda é considerável, onde o abandono escolar é ainda precoce, onde as assimetrias regionais se acentuam, onde a crise económica teima em não se desinstalar, por mais rankings que determinem estatisticamente a capacidade de oferta do uso das tecnologias, o dia-a-dia mostra-nos um país desfasado dessa realidade, correndo-se o risco de se estar a construir um universo perigoso de info-excluídos.

Volte face

O caso Madeleine McCann continua, ao fim de alguns meses, com o “monstro” do mediatismo que os próprios pais, familiares e amigos criaram desde a primeira hora e que não souberam mais controlar.
E no meio de tanto “ruído”, o essencial do caso continua a parecer querer ser escondido ou “adormecido”.
O centro do processo deveria ser ainda a pequenina Madie da qual pouco ou nada se sabe; a irresponsabilidade dos pais no abandono, mesmo que temporário, de uma criança de pouco mais de 3 anos continua irrelevante; as constantes tentativas de desacreditação do trabalho de uma das melhores polícias de investigação, como é a PJ portuguesa, não são inocentes; a subserviência dos meios de comunicação portugueses face aos britânicos, quer ao nível da isenção jornalística, quer em defesa do nosso país e da própria PJ é gritante; são, no mínimo, estranhos a posição e o comportamento dos pais de Madie na qualidade de arguidos, comparativamente com a sua condição de testemunhas, nomeadamente na sua relação com a justiça portuguesa… Já não é importante, independentemente das circunstâncias, o apuramento da verdade e a descoberta do que aconteceu à criança?
Pelo menos, o caso serviu para motivar e redobrar os esforços dos familiares das crianças portuguesas desaparecidas (como referi aqui em 31 de Maio - “E os outros…”) que, por serem portugueses, não viverem no AllGarve, terem menos posição social, menos capacidade financeira e logística, não tiveram o apoio, empenho público e mediatismo necessário para encontrarem as suas crianças e adolescentes.
Mas nem por isso deixaram de lutar… e agora de forma conjunta uniram esforços na constituição da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas (
www.ap-cd.pt) com o objectivo de manter viva a esperança, apesar do tempo, do reencontro dos seus filhos.

Eleições “laranja”.

Para além da esfera interna dos militantes social-democratas e um universo extra partido bem reduzido da esfera política nacional, a transmissão televisiva do debate entre os dois candidatos à liderança o PSD não interessou minimamente a mais ninguém, servindo bem mais os interesses do PS e deste governo, com a demonstração de fragilidade interna, de ausência de estratégia de oposição e com a exibição argumentativa de eventuais “trunfos” de alternativa na gestão do país. Não trouxe nenhuma mais-valia a cada um dos candidatos na sondagem interna, dando ao PS e ao governo uma motivação extra para continuar a sua acção sem temer a sombra da oposição, cada vez mais inexistente e ineficaz.
Não obstante estes dois aspectos, à falta de argumentação e retórica consistente, subsiste o que de melhor se sabe fazer em Portugal: a intriga, a quezília e a polémica. Tudo se resume ao “paga ou não paga” quota. Curiosamente, uma recente sensação de “déjà vu” no CDS.PP, com os resultados práticos conhecidos nas sondagens e nas eleições intercalares em Lisboa.
Contrariamente ao que os “velhos do Restelo” e os “expert” políticos mais conservadores teimam em afirmar, a imagem deixada pelo PSD nesta “luta” pela liderança interna só justifica e fortalece a fundamentação para os que defendem uma nova realidade partidária, assente na reforçada movimentação cívica presente, por exemplo, nas últimas eleições presidenciais e nas já referidas eleições na capital.

Triste. Muito Triste...

É o que temos, mesmo sem o merecermos.
A Informação e a Comunicação Social deste país é uma lástima, é deplorável, triste, enfadonha e do pior que existe. Razão têm, neste aspecto, os ingleses.
Não há critérios rigorosos, prioridades válidas, conceitos jornalísticos e informativos com qualidade.
A INFORMAÇÃO portuguesa não presta.
Espero daqui a dois anos poder contribuir para mudar (e muito) o estado triste da "coisa".
Nunca gostei de Pedro Santana Lopes. Acho-o arrogante, sem perfil político e responsável pela queda (e grave) do CDS.PP após a sua fraca prestação governativa.
Mas tenho de reconhecer publicamente. Ontem ADOREI Pedro Santana Lopes.
Triste serviço comunicacional e informativo prestado pela SIC-Notícias. Bateu claramente no fundo, entrou para o Guiness pela porta mais pequenina e pela negativa no que diz respeito à qualidade de informação.
Como é que é possível que se interrompa a entrevista que estava a ser transmitida em directo com Pedro Santana Lopes para transmitir a chegada a Portugal de José Mourinho, como se jornalisticamente e mesmo para a maioria dos espectadores isso tivesse alguma relevância ou constituísse uma fonte de informação preciosa (e eu até gosto do Mourinho).
Parabéns pela atitude de Pedro Santana Lopes em abandonar a entrevista e a estação.
Haja respeito. Haja qualidade e verdadeiro jornalismo.

Provocações do Nuno Martins

Há cerca de uma semana o caro amigo Nuno Martins enviou-me um e-mail, anexando um artigo de autoria de Miguel Esteves Cardoso sobre a Festa do Avante deste ano. O e-mail em causa continha esta provocação (que entendi perfeitamente inocente - ou não): «Vale a pena ler, ainda para mais, conhecendo-se o seu "anti-comunismo"».

Pensou ele que, pelo facto de conhecer a minha militância (cada vez menos fervosa) centrista, eu seria convictamente anti-comunista.
Não há nada, de forma consciente, que me obrigue a qualquer esclarecimento. No entanto, achei interessante (e até caricata) a dita provocação. Mesmo quando, neste mesmo espaço, me quiseram vincular aos princípios da esquerda e apelidaram de contestatário.
Esquerdista, por convicção ideológica, nunca fui. Constestatário... sempre. Mesmo que isso coloque em causa a "camisola" vestida.
Mas de qualquer forma... para que conste nos "autos".
A minha convicção politico-partidária tem (embora de forma já muito diluida) a sua fundamentação ideológica no CDS e é, meramente pessoal. Não se pauta por anti-"X" ou pro-"Y".
Segundo, meu caro amigo Nuno, e para que conste em "acta", durante 3 anos, quando pertenci ao grupo musical Raiz, participei (repito - participei) em 3 Festas do Avante. Sei, por conhecimento de causa, que o acontecimento é dos momentos mais altos no panrama cultural nacional. Isto é... uma verdadeira Festa. Retire-se o aspecto ideológico e as actividades (não participadas) partidárias.
Assim! Resultado: não abandonei (nem abalei) as minhas convicções, nem me tornei pró-comunista, sem que isso tenha significado tornar-me anti-comunista.
Por último, como prezo o direito à diferença (aliás conceito que, em algumas pessoas de esquerda, tenho dificuldade em ver cultivado), nã tenho qualquer tipo de constrangimento em reconhecer no meu "rol de poucos mas bons amigos" gentes de esquerda.
Obrigado pelo mail e pelo artigo, mas devolvo a carapuça.

Laranjadas

Contra factos, faltam argumentos.
A argumentação (ou a sua falta evidente) das candidaturas à liderança do PSD só reflecte a inconsistência e inconsequente oposição governativa dos vários partidos, quer à direita, quer à esquerda do PS.
Marques Mendes (auto-proclamando-se "o virtuoso" ou "o imaculado", mesmo que tal não correponda à realidade) acusou o seu opositor Filipe Menezes de transformar o confronto para a liderança do PSD num circo de críticas, de ataques mesquinhos e pessoais.
E a verdade é que a razão está do lado de Marques Mendes.
Recordemos as palavras (sic) de Filipe Menezes: "Nos últimos dias, Marques Mendes têm-se comportado como um PEQUENO tirano" ou ainda "Marques Mendes não tem ESTATURA para ser líder do PSD".
Ora bem! Se a tirania é algo de relativo já o PEQUENO...
Se ser líder comporta sacrificios, capacidade comunicativa, perfil, ..., a falta de ESTATURA traz um novo conceito para a política: só se pode ser líder com mais de 1,70 cm de altura, comprovados com registo no Bilhete de Identidade (ver verso).
E assim vai a "guerra" laranja.
Não arranjem outro candidato que o PS agradece nas próximas legislativas.