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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Prognósticos só no fim do ano...

Não tenho por hábito ser derrotista (nem ser facilmente derrotado) e muito menos pessimista (quando muito, nalguns casos, realista).
Mas chegou a hora!

Não acredito em 2008. Pela herança agora deixada por 2007, o Ano Novo que se avizinha, não será, pela minha perspectiva pessoal e no que individualmente me toca, melhor que 2007.
Antes pelo contrário... tudo aponta para um ano de recessão, de problemas socias e económicos, pelo aumento do desemprego, pela dificuldade no desenvolvimento.
Será o ano das grandes opções (sejam elas positivas ou negativas) ou da ausências das mesmas, perspectivando-se um 2009 recheados de eleições.

Mas mesmo assim (pelo menos para os outros) desejo sinceramente um GRANDE ANO DE 2008.

Até quarta.


Notas de Fim de Ano!

Portugal vive hoje, inexplicavelmente, um clima de verdadeiro ataque à democracia, ao exercício do direito de cidadania, à liberdade.
Não há, após os anos de 74 e 75, memória de tal realidade.
Em qualquer sector da sociedade é perfeitamente comprovável a pressão, a influência, a falta de liberdade, a falta rigor, mérito e de responsabilidade, o medo, os jogos obscuros... Na política, no governo, na economia, no poder local, na comunicação social
É o desrespeito pelos outros, pela opinião contrária, pela vontade e sentimento dos cidadãos. É o fim do sentido institucional e dos valores.
E 2008 não vai ser nem melhor, nem pior… antes pelo contrário!

A Democracia ficou mais pobre.

O assassinato, hoje, da ex-primeira-ministra paquistanesa e líder de um dos partidos da oposição (o PPP - Partido do Povo Paquistanês ), voltou a provocar a explosão da revolta, da instabilidade e o retrocesso da democracia, numa zona geográfica já por si só em "pulverosa".
Benazir Bhutto faleceu devido a um tiro no pescoço. Pouco depois o seu atacante suicidavasse, detonando explosivos que trazia consigo. Pelo menos outras 16 pessoas morreram.
Este "ataque" ocorreu pouco mais de 2 meses após um outro, quando, a 18 de Outubro, uma manifestação do partido de Bhutto celebrava o regresso da sua líder (após 8 anos de exílio) - dois suicidas mataram 139 pessoas.
Benazir Bhutto, regressava de um comício do seu partido relacionado com a campanha para as eleições legislativas e provinciais marcadas para 8 de Janeiro de 2008. A a ex-primeira-ministra, opunha-se contra o Presidente Pervez Musharraf, em defesa da democracia, mas sobretudo contra os fundamentalistas muçulmanos. “Eliminar a ameaça islamista” ero o seu principal lema, nesta campanha eleitoral.
Benazir Bhutto foi a primeira mulher da era moderna a liderar um país muçulmano. Tinha apenas 35 anos.
Foi duas vezes primeira-ministra da República Islâmica do Paquistão, de 1988 a 1990 e de 1993 a 1996.
Assim vai o Mundo e a vitória dos "anti-democracia" e do terrorismo.

A cereja no cimo do bolo!

Publicado na edição de hoje (27.12.2007) do Diário de Aveiro.

Crónicas dos Arcos
Gestão Educacional. A cereja no cimo do bolo!


Praticamente chegados ao final de mais um ano, é altura para as usuais reflexões e revistas.
Este ano de 2007, foi profícuo em acontecimentos que marcaram a política, a economia, a sociedade, a cultura e o desporto. No entanto, não caberá aqui (ou hoje) efectuar essa “revisão da matéria”. Mas destacar, mais uma vez e infelizmente, pela negativa, um sector que, durante 2007, foi repetidamente alvo de análise: o sistema de ensino.
Depois das badaladas aulas de substituição e do controverso (avanço e recuo) estatuto do aluno, já na recta final deste ano (há cerca de duas semanas) o Primeiro-Ministro, no debate da nação, sob a égide da educação, apresentava mais uma medida estrutural do nosso ensino: os conselhos gerais escolares. Esta nova medida governativa prevê alterações à lei de autonomia, gestão e administração escolar. De acordo com o projecto de lei elaborado pelo Governo, é estabelecido um Conselho Geral que terá vinte elementos (máximo), sendo constituído por professores, funcionários não docentes, encarregados de educação, representantes da autarquia e da comunidade local. No entanto este órgão não poderá ser presidido por um docente e terá competência (entre outras) para eleger ou demitir o director (este sim, professor).
Pretende esta “inovação”, segundo as próprias palavras de José Sócrates, “abrir a escola, reforçando a participação das famílias e comunidades na sua direcção estratégica - favorecer a constituição de lideranças fortes nas escolas e reforçar a autonomia das escolas”.
Do governo (seja ele qual for) esperam-se, de facto, reformas. Mas reformas estruturadas, coerentes, capazes de promoverem desenvolvimento social e económico e que tragam qualidade de vida. No caso concreto do ensino, num dos sectores vitais da sociedade, espera-se que as reformas educativas não passem de demagogias ou propostas que disfarcem e tentem fazer esquecer o essencial: a educação “bateu no fundo”. Faltam reformas eficazes de programas, currículos, de uma reestruturação que devolva o papel natural ao professor, que promova a verdadeira aquisição do conhecimento, do saber e da prática ao aluno e o prepare para a sua inclusão na sociedade futura.

(para continuar a ler aqui)

Preso por ter ...

Os portugueses são, de facto, um povo mergulhado num mar de contradições, sustentado num dos provérbios mais popular: “preso por ter … e preso por não ter …”.
Se até há bem pouco tempo nos indignávamos pela falta de higiene e segurança de tantos restaurantes, agora apontamos o dedo ao “excesso de zelo” de quem cuida da nossa saúde (ASAE).
Se há bem pouco tempo éramos, pura e simplesmente, burlados através de publicidade enganosa, contrafacção de produtos, adulteração de equipamentos e nem conseguíamos reclamar, agora que existe quem faça por nós tal trabalho, mesmo sem pedirmos, achamos que dão cabo da economia, do sustento de muitos (mesmo que à custa da fuga ao fisco e dos nossos impostos).
Somos claramente um país de ingratos.
Há algum tempo atrás, ninguém sabia a quem recorrer e onde o fazer para reclamar o que tinha por direito. Agora insurgimo-nos com aqueles que, escrupulosamente e ao abrigo da lei, apenas se limitam a defender os direitos comerciais e de saúde pública dos cidadãos. Mesmo sem pedirmos ou nos queixarmos…

Já cheira a Natal...

Publicado na edição de hoje (20.12.07) do Diário de Aveiro.

Crónicas dos Arcos
Já é Natal... outra vez!

É Natal…
Não restam dúvidas. Basta observar o calendário, o excesso de trânsito, o desassossego dos espaços comerciais, a agitação colectiva. Também as birras dos mais pequenos e a sua ansiedade com o aproximar do dia.
Além disso e apesar da azáfama constante, acrescem os planos para a despedida de mais um ano e para a recepção (de braços abertos) do que já bate à porta.
Tudo isto num tão curto espaço de tempo.
Por mais que se diga que “o Natal é sempre quando o Homem quiser”, a realidade testemunha-nos que Dezembro é Mágico.
A sociedade há muito que se transformou, independentemente se para melhor ou pior. O Natal também se transfigurou.
Há um ano, neste mesmo espaço, reflectia sobre o facto de o Natal pertencer às crianças, mesmo aquelas que dele nada podem usufruir.
Volvidos doze meses, importa reflectir sobre este misto de convicção religiosa e simples laicismo que envolve esta altura do ano.
Surgem nesta altura as habituais vozes arautas da fraternidade e da solidariedade, em defesa de valores fundamentais, como a dignidade humana e os seus valores, a pobreza (seja material ou de espírito), a sociedade egoísta e comodista, a guerra e o sofrimento. São, obviamente, princípios válidos e que urge defender. Mas apenas uma vez no ano?! E durante os outros onze meses?
Quantos são aqueles que se insurgem, para além do óbvio simbólico das datas, em defesa dos que sofrem no Dafur, no Sudão, no Iraque, nos confins do sudoeste asiático, nas favelas brasileiras, no nosso bairro?!
Durante o resto do ano, onde estão estas vozes em defesa das crianças vítimas de abusos e maus tratos, de rapto, de exploração?!
Quantos destes tiveram a coragem de criticar a demagogia política e a sua falta de ética, bem como a ausência de moralidade, encobertas pela capa das convenções, na recepção, na conferência EU/África, de líderes de nações, para os quais os direitos humanos não passam de papel de embrulho?!
Os povos, as crianças, os homens e as mulheres, não sofrem apenas durante um mês por ano.
Além disso, nesta data, é “chavão comum” a critica ao consumismo, ao gasto desmedido nas prendas que se oferecem.
Para um país, mergulhado numa economia que não consegue oferecer bem-estar e qualidade de vida à maioria dos cidadãos, é um facto que os gastos nem sempre são ponderados e realistas. Mas esta não é uma realidade apenas sazonal. O endividamento familiar é um problema, infelizmente, constante.
Se é certo que valores como a solidariedade e o espírito comunitário são, na maioria das vezes, esquecidos, não me parece consequente que apenas uma vez por ano nos lembremos dos que mais precisam.
O Natal é celebração. É fraternidade e família. O prazer de dar, o sentido da amizade, da fraternidade ou da solidariedade não deve ter preço, quando a verdadeira vontade de partilhar e fazer o outro feliz é grande.
O que está muitas vezes em causa é o valor do que se dá, a sua importância, o seu interesse ou utilidade. O que será mais grave, o dinheiro despendido num bom livro ou jogo, ou o que se poupa ao oferecer a uma criança um brinquedo bélico, por mais barato que seja?!
Se quisermos transportar esta realidade para o simbolismo religioso da festa do nascimento de Jesus, o exercício é simples.
Apesar de ter nascido na humildade de uma gruta erma, não deixou de ser presenteado, pelo reconhecimento como rei e salvador, com os mais valiosos tesouros: incenso, mirra e ouro.
O mesmo reconhecimento que se pode ter nos laços familiares que nos unem, na amizade dos amigos verdadeiros, na solidariedade que nos move.
Por isso, com mais ou menos prendas, a todos um Bom Natal.

Estamos Tratados...

Determina a nossa constituição que é um direito de qualquer cidadão, como garante da consolidação da democracia, a participação directa na vida política.
Este direito do exercício dos valores de cidadania, tem várias formas e contextos.
Desde o direito de eleger e ser eleito, passando pelas petições ou representações, terminando nos referendos.
A mesma constituição determina que os referidos referendos devem ter como objecto questões de relevante interesse nacional.
Pode-se, deste modo, colocar a questão sobre a relevância ou não do Tratado de Lisboa. Da mesma forma que foi indiscutivelmente relevante e importante para o país a nossa adesão à Comunidade Europeia em 1986 ou até mesmo a assinatura do Tratado de Maastricht em 1991. E tais factos não foram referendados.
Parece-me, pois, que a questão do referendo ao Tratado de Lisboa é apenas um argumento ou arma política dos anti-europeístas que, à falta de outros argumentos, se esgrimam por um facto que, nesta data, não se avista de tão relevante.
Isto porque a própria história do processo europeu tem definidas regras mais ou menos sólidas e democráticas. Para tal é que se elegem os deputados ao parlamento europeu. Para tal é que se elegem os deputados à Assembleia da República. O que seria da nossa política se tudo o que fosse importante, fosse igualmente considerado relevante?! Deixaríamos, com certeza, de necessitar de deputados (o que nalguns casos seria o mesmo que poupar no erário público).
Por outro lado, basta sermos coerentes com a realidade do nosso país. Basta para tal fazermos um ligeiro exercício de memória e recordarmos o valor da abstenção na última eleição europeia.
A questão é que os portugueses ainda não se consciencializaram sobre o papel e o peso da União Europeia nos destinos do país. Para a grande maioria dos portugueses a Europa ainda continua a ser o paraíso dos subsídios e nada mais. É ainda uma verdadeira miragem e um sonho (ou pesadelo, conforme a opiniões).
Daí que referendar o que ninguém sabe, quer saber ou tem curiosidade em entender, é o mesmo que pedir a um jovem emigrante (da 3ª geração) que participe nas eleições presidenciais portuguesas.
Concordando com o Presidente Cavaco Silva, é altura para se efectuar, digna e profundamente, um debate sobre a realidade europeia e o contexto de Portugal nessa mesma realidade.
É altura de explicar e ensinar quem quiser aprender.

Entre mortos e feridos...

Publicado na edição de hoje (13.12.07) do Diário de Aveiro.

Crónicas dos Arcos
STOP. Há guerra no asfalto!


Os números valem o que valem. Mas não deixam, igualmente, de valer pela capacidade de reproduzirem realidades.
Hoje, as estradas de Portugal, num ano, matam mais que a Guerra do Iraque provoca baixas militares no contingente americano.
Começa a parecer perigoso sair de casa, seja a pé, de transporte individual ou colectivo.
Está em curso, desde o passado dia 25 de Novembro, mais uma acção de fiscalização reforçada da GNR - Operação Viagem Segura, que terminará a 7 de Janeiro de 2008. Como já se tornou um hábito estas acções fiscalizadoras nas principais quadras festivas: Natal - Final do Ano - Carnaval - Pascoa e Verão.
Pena é que estes períodos não sejam simultaneamente aproveitados para uma reflexão concertada, apresentação de soluções sustentáveis e implementação de medidas concretas e racionais (para além de transversais) que minimizem este trauma rodoviário em que mergulhámos.
É que o flagelo da sinistralidade rodoviária tornou-se um problema seriamente grave e relevante. Contrariando a tendência para a desaceleração estatística, os dados mais recentes demonstram que o processo retomou a curva ascendente: em 2007 registaram-se, entre Janeiro e Novembro, 802 mortes, mais 40 do que em igual período de 2006 (fonte: Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária - ANSR.
Só nos primeiros quinze dias da operação “Viagem Segura”, a GNR contabilizou já 24 vítimas mortais nas estradas portuguesas.
As causas, mais que conhecidas, em vez de gerarem decisões e resultados preventivos, servem para desculpabilizar responsabilidades e transferi-las para terceiros.
O governo entende que a ausência de civismo, a falta de cultura rodoviária e a incúria dos automobilistas, é a responsável pelo estado caótico da sinistralidade. Sendo, no entanto, legítimo reconhecer que os portugueses têm um comportamento ao volante de uma irresponsabilidade atroz.
Os cidadãos acham que a responsabilidade é governativa, quer no que respeita ao estado lastimável do património viário, pelos erros cometidos no seu planeamento, construção e manutenção, quer pela fragilidade e debilidade do quadro legislativo, cível e criminal.
Acresce ainda, o “sacudir o capote” para as entidades fiscalizadoras (GNR - PSP - ex-DGV, Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e Ministério da Administração Interna) e a sua inoperacionalidade efectiva, bem como a deficiência da sinalização existente.
Aliás, Portugal é exemplar na evidência em como não é possível serem tomadas medidas concertadas, transversais aos diversos sectores da sociedade.
A responsabilidade é impessoal. A culpa morreu sempre solteira.
Só com muito esforço e vontade de todos os intervenientes (públicos, privados e associativos) neste processo, será possível reflectir, determinar causas, projectar soluções e implementar medidas concretas que tornem seguro viajar pelos caminhos, pelas ruas, estradas, IP’s e auto-estradas deste país.
Esta é uma realidade que deveria ser encarada como uma prioridade nacional, quer pela dimensão do problema, pela sua implicação no desenvolvimento cultural e social do país, mas também pela sua transversalidade, tocando vários sectores da sociedade: ensino - saúde - segurança social - emprego - economia - ambiente. E deveria ser enfrentada com ambição, mesmo que desmedida.
Não parece ser consequente enquadrar os objectivos do combate à sinistralidade rodoviária com uma meta tão simplicista, como a afirmação do Ministro da Administração Interna, em Novembro passado, por ocasião da celebração do Dia Mundial das Memórias das Vítimas das Estradas (18 de Novembro): “número de mortes nas estradas inferiores a 1000 por ano”.
É triste que a vida humana seja encarada como um mero dado estatístico. Esquecendo, o Sr. Ministro, que tal valor significa, em média, cerca de 3 vidas perdidas por dia.
E nem que fosse apenas uma. Porque, constitucionalmente, dentro dos princípios universais e moralmente, a vida humana (uma única que seja) é inviolável.
Boas e seguras viagens.

12º ano e estamos garantidos!

O Primeiro-Ministro José Sócrates referiu hoje, na entrega dos primeiros diplomas obtidos no programa Novas Oportunidades, que o 12º ano tem que ser visto como o “patamar” mínimo das qualificações dos cidadãos activos.
Tal princípio é, segundo o próprio, sustentado por duas questões fundamentais:
- apenas 3 em cada 10 portugueses terminaram o 12º ano;
- o 12º ano é o mínimo indispensável para se obter sucesso na vida.
Não restam dúvidas que Portugal contempla um dos mais tristes cenários europeus no que respeita ao nível de qualificações. Quanto a isso estamos perfeitamente de acordo.
Agora…
No actual estado do ensino básico e secundário (“livra-se” daqui o superior, por exceder o âmbito da análise e não porque seja melhor) desde quando é que o 12º ano é garantia de aquisição de conhecimento e qualificação?
Desde quando é que a obtenção do 12º ano é garantia de responsabilidade, consciencialização social, garantia de sucesso? Se para tal basta faltar às aulas, agredir colegas e professores e depois fazer uns testes de “nova oportunidade de reinserção”.
Face ao que hoje Portugal assiste no domínio da educação que diferença faz ter o 9º ano ou o 12º ano, já para não referir uma grande quantidade de aptidões superiores que na prática se reduzem a trabalho temporário nas caixas dos hipermercados ou nos “call center” portugueses?
É esta a qualificação que o Sr. Engenheiro, Primeiro-Ministro de Portugal pretende?
Somos um país cada vez mais embrenhado na politiquice sem estruturação e sustentabilidade.
Hoje é assim, amanhã logo se vê. Quanto ao resto, estamos conversados.

Eu presidente! Apetece-me porque sim.

A política sempre foi frutuosa em irrealismos ou em casos inexplicáveis e surrealistas.
A política é, em variadas circunstâncias, uma fonte de megalomanias e obsessões doentias pelo exercício do poder.
Muito distante dos princípios éticos da antiga retórica grega.
Quando tal exercício deveria corresponder a um dever e um direito de cidadania, mais não é que a usurpação da ilegitimidade de subjugar, reprimir, ordenar, “mandar”. No fundo, o velho lema de “quero, posso e mando”.
De tal forma que o exercício de representação da vontade democrática dos cidadãos, do garante do funcionamento da democracia, da liberdade, do funcionamento das instituições, é subvalorizado pelo princípio ditatorial, déspota e opressor da dignidade e liberdade humana.
Já não basta a ameaça (qualquer dia realidade) face aos resultados do referendo; já não bastava ter alterado o nome do país, para República Bolivariana da Venezuela e de redesenhar a bandeira nacional, Hugo Chavez decidiu agora alterar a hora. Tudo, segundo a sua justificação, em nome da sociedade socialista do século XXI.
Assim, os venezuelanos acordaram hoje mais cedo, sem razão aparente e sem perceberem muito bem porquê. Para além do facto de Hugo Chavez ter decidido alterar a hora e criar uma zona horária única para a Venezuela, porque lhe apeteceu.
Porque sim…

O (des)Ensino...

Publicado na edição de hoje (6.12.07) do Diário de Aveiro

Crónicas dos Arcos
Números que viram história.

Hoje, o esvaziamento do processo de formação e aprendizagem no ensino é preocupante.
A escola forma cada vez menos e pior.
Ainda a algum tempo atrás, foram muitos os que opinaram sobre o ranking das escolas, divulgado nos vários órgãos de comunicação social.
Números frios e crus que pouco ou nada reflectem a realidade do ensino e das várias escolas, já para não falar da ausência de correlação com as comunidades.
O que existe é uma clara disfunção do sistema de ensino em Portugal.
Implementação de estratégias desajustadas, desestruturadas, onde o sentido de responsabilidade, de cidadania, de solidariedade, de valorização do mérito e do trabalho é suplementado, pelo laxismo, pelo facilitismo, pela ausência de regras e pela irresponsabilidade.
O papel do professor está banalizado. Foi despejada a sua natureza pedagógica e social, bem como o seu relevo na formação (para o futuro, sem esquecer o presente) dos jovens, quer do ponto de vista intelectual, quer do ponto de vista social e humano.
O importante, pelos vistos, foi transformar o professor num mecanismo administrativo e estatístico. Ainda há pouco tempo, num jornal diário, uma docente, do distrito de Coimbra, afirmava que, ao fim de 30 anos de serviço, “nunca foi tão difícil ensinar e nunca se ensinou tão pouco”. Para complementar, referindo que papel do professor é insustentável, já que, na sua opinião, “antes um professor preocupava-se em ensinar e tinha os alunos no centro dos seus objectivos; hoje, um professor tem de fazer relatórios, de elaborar e estudar projectos, enfim, quase tudo menos dar aulas”.
Segundo o relatório PISA 2006 da OCDE, recentemente publicado, a taxa de retenção (reprovação) em Portugal situa-se, no 3º ciclo, nos 12,8% e no secundário nos 16,9%. Extremamente elevada se comparada com a média europeia que é de 2,7% e 3,9%, respectivamente.
Face a estes valores, é legítimo pensar-se que existe ma necessidade de se repensar o ensino, a sua programação pedagógica, a sua qualidade.
É legítimo, para o professor, para os pais e para o futuro do país. Mas já não o é para um Ministério da Educação que, para fazer face a uma obsessiva “cruzada” estatística, entende ser relevante a não responsabilização, o não reconhecimento do mérito académico, do esforço dos professores e de muitos alunos e famílias. Mais importante é que, independentemente da qualidade do que se ensina e do esforço do aluno, ninguém seja penalizado, ninguém se esforce, todos possam sentir que estudar não traz esforço e não tem de ser valorizado. Ninguém reprova… estatisticamente, todos passam!
Por isso, não é igualmente de estranhar, de tal forma começa a ser trivial, que o estudo do PISA 2006, indique que, em matérias como Matemática, Ciências e Leitura (da língua materna), entre 57 países envolvidos, Portugal se situe abaixo da média, num modesto e fraquinho 37º lugar. É, pois, negativo o desempenho dos estudantes portugueses (no estudo, com 15 anos de idade), nas três vertentes analisadas.
Como podemos querer ter um país desenvolvido, cultural, social e economicamente, se, desde muito cedo, descuramos a formação e a educação das nossas crianças e jovens?!
Como pode ser possível alcançar níveis de qualificação acima da média que promovam o desenvolvimento sustentável do País, sem melhor a realidade do ensino?!
É fácil dizer-se que o insucesso e o abandono escolar está, hoje, num patamar estatístico melhor do que há alguns anos atrás. Da mesma forma que é fácil dizer hoje que, tais valores, se devem a um ensino cada vez menos exigente, onde reina o facilitismo, a injustiça e a irresponsabilidade.
Os jovens sentem que aprender é algo tão banal que não existe o sentido de esforço, mérito, dedicação, responsabilidade. Tudo é fácil e permitido. Como se a vida assim o fosse no futuro.
A escola está vazia, o papel do professor está destituído de respeito e valor.
Sinais que se reproduzem no tempo, no ensino superior, na formação, na sociedade, na vida profissional …
A história também é feita de números.

Por agora... NÃO!

Porque NO te calas...?!
A Venezuela (ou pouco mais de metade dela - cerca de 56%) votou Não no referendo que pretendia alterar substancialmente a constituição e que, segundo o Presidente Hugo Chavéz tinha o objectivo de implementar um projecto de um regime de socialismo do século XXI.
Um projecto totalitarista, autoritário e anti-democrático, que de socialista tinha muito pouco ou quase nada.
Como exemplo, um regime que lhe permitiria apresentar-se indefinidamente à presidência ou conferindo-lhe o direito de censurar a imprensa, em situações de crise. Como se de crises precisasse para o fazer como o fez num passado recente.
No entanto, a sua sede de poder e de autoritarismo é tal que, face ao elevado número de abstencionistas e à diferença mínima dos resultados expressos (50,7% - 49,3%), apesar de ser a primeira vez que Hugo Chavéz perde um escurtínio livre, lá foi lembrando os venezuelanos e quem o quis ouvir: tal como no primeiro golpe de estado tentado em 1992 - "Por agora, não ganhámos".

Indiscutivelmente... um SENHOR!

fonte: Lirio da Fonseca/Reuters
Ramos Horta sempre teve a minha empatia, o meu reconhecimento pelas suas capacidades e o meu respeito pela importância e relevância que teve na "libertação" de Timor. Um lutador, um resistente, um Grande Homem!
Já aqui o afirmei...
É, por isso revoltante que uma personalidade como Ramos Horta tenha a humildade e a sinceridade de, publicamente, referir que Durão Barroso é o seu candidato a prémio nobel da paz, quando nunca se ouviu qualquer responsável do poder político, social e cultural deste país (de ingratos) defender a sua candidatura a Secretário Geral da ONU.
Somos mesmo um país de ingratidões..