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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Milagres?!

Há já algum tempo que o PS local deixou de falar de candidaturas às próximas eleições autárquicas, depois de, apesar da distância temporal, ter deixado "alguma água no bico" (mesmo que em forma de tabu), sugerindo uma surpresa.
Mas é curioso que, após alguma conflitualidade interna (o processo eleitoral para a Federação Distrital e alguns reparos ao "peso político" do Governador Civil), tenha ressurgido na praça pública o Dr. Alberto Souto. Desta vez não para o confronto político com o actual executivo, mas para referenciar sugestões pessoais sobre o futuro da Ria e da Avenida.
Combatendo as congeminações locais de um eventual regresso e potencial candidatura, logo se levantaram vozes socialistas negando e inviabilizando tais "sonhos". O próprio negou tal pretensão.
Mas que o timing e a "aparição" suscitam dúvidas, é um facto.
É que em política o que parece, nunca é. E o que hoje é verdade, amanhã é mentira.
E milagres, há quem não acredite, mas que os há...

Mais valia...

Num dos últimos programas do Gato Fedorento, foi satirizado o tema Magalhães e as formações a que foram sujeitos vários professores, através do recurso a rituais católicos.
Como já se esperaria, deu "bronca". O mesmo significa um coro de protestos junto da ERCS - Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
É indiscutível onde levam os fundamentalismos e o radicalismo. Não saber saber distinguir o humor, a fantasia e a comicidade da realidade, da ofensa e do desrespeito, é preocupante e lamentável.
Curiosamente, não vi, eventualmente o mesmo grupo de católicos fervorosos, a protestarem contra os dinamarqueses pelas ofensas os credos e aos princípios e valores da sua religião, no caso das caricaturas de Maomé.
Dois pesos... duas medias, conforme sopra o vento.
Felizmente, como católico, ainda me dá muito gozo, saber rir.
Gostava de os ver preocupados com o essencial e não o supérfluo.

No limiar...

da pobreza, ou de outra qualquer forma de falta de dignidade humana e de falta de respeito pelos direitos e valores humanos.
Porque o fosso se torna cada vez mais abismal entre alguns (ricos) e imensos (pobres).
Porque há quem viva sem nada ou com menos de 1 € por dia (no Mundo e por cá).
Porque, face a esta realidade, sinto-me com sorte.
Porque não posso ficar indiferente
Ontem, também eu me "LEVANTEI-ME CONTRA".
Pela causa, pela solidariedade, pela consciência, por quem não o pode fazer, por quem - teimosa e orgulhosamente - não o quis fazer, POR QUEM PRECISA.

Pena que seja só por uns minutos...

Ode à Infância

Publicado na edição de quinta-feira (16.10.2008) do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Ode à Infância…


A Junta de Freguesia da Glória, da qual, orgulhosamente, recordo o mandato exercido na sua Assembleia, celebrou os seus 173 anos de história, homenageando 12 professoras do 1º ciclo do Ensino Básico das Escolas de Vilar, Glória e Santiago e que, no decurso dos últimos três anos lectivos, passaram a categoria de aposentadas.
Pode ser discutível o porquê do acto integrado nas referidas comemorações, sendo certo que qualquer outro evento também seria passível de questionamento. Pessoalmente, acho perfeitamente aceitável. Aliás, coincidindo com o Dia do Professor e face à realidade vivida, nos dias de hoje, pela classe docente, o executivo da Junta merece a minha respeitabilidade pela opção tomada.
Por razões diversas, estive presente.
Apesar de não ter tido qualquer ligação com as homenageadas (curiosamente, apenas professoras), nem as conhecer pessoalmente, não pude deixar de recordar, pela envolvência da cerimónia, o meu percurso da escolaridade primária: o Conservatório e a Escola da Glória.
Por mais esforço que faça, só me vem à memória, um ou outro rosto de colegas que partilharam comigo a mesma sala, as mesmas brincadeiras, o mesmo recreio.
No entanto, é perfeitamente clara a memória de quem me ensinou a ler, a escrever e a contar: professora Madalena, professora Eneida Cristo e professora Maria Teresa Neves.
Felizmente para mim, as memórias vividas apenas trazem boas recordações. Há gente com sorte…
Porque não me restam quaisquer dúvidas que, ainda hoje, persistem nos meus comportamentos escolares ou formativos, a vontade de aprender e a curiosidade de saber, que me souberam incutir na minha infância.
É fácil admirar e contemplar a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, o Big Ben, os Jerónimos ou a Batalha, ou a Estátua da Liberdade. São obra… são perpetuidades físicas, com mais ou menos história.
Mas é muito melhor poder voltar ao quadro preto de giz, às cadeiras de madeira, ao recreio e aos bancos da nossa escola primária.
E poder dizer, mesmo que baixinho, obrigado por me terem ajudado a crescer e a aprender.

Ao sabor da pena…

O País IRREAL!

ou se preferirmos, o país do surrealismo.
O Ministro das Finanças ao anunciar o OE para 2009, não se esqueceu do momento de humor, sempre conveniente nestas formalidades: Aumento real dos salários em ano eleitoral é “mera coincidência”.
Claro que sim, Senhor Ministro.
Aliás, governar neste pais é mera coincidência.
Enquanto o país tinha as contas mais controladas, não assistíamos a uma recessão financeira internacional tão grave e a projecção de crescimento era mais animadora, os OE eram rigorosos, rígidos, anti-sociais, pouco preocupados com as realidades das famílias.
Agora que a conjuntura é toda e totalmente desfavorável, sobem os salários, as pensões, os investimentos, as despesas dos vários ministérios. Mas, claro. O facto de 2009 ser ano de eleições, é mera coincidência.
A questão, Sr. Ministro é que a "coincidência é pura realidade".
Como coincidente é a sua afirmação: este é um Orçamento de risco.
Este Governo é que é de risco.

Quase Outono

Publicado na edição de hoje (9.10.2008) do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Quase Outono.

O aproximar da estação do “cair das folhas”, além de uma beleza invulgar provocada pelas mutações das cores da natureza, traz igualmente a nostalgia e a melancolia. Uma melancolia acrescida pelo cansaço mediático da crise dos mercados financeiros.
Tema que, apesar de reconhecidamente grave, problemático, simultaneamente, transversal, transformou as vidas individual e comunitária, já por si cinzentas, num verdadeiro “breu”. Mas tem também a audácia de servir como antídoto, de submergir e de esconder outras realidades, relegadas para inconscientes mais ou menos profundos: o desemprego, a educação, a saúde, a conflitualidade internacional de novas geoestratégicas políticas, … .
São, por isso, raros os momentos ou novos factos que alteram o agendamento político e social e competem mediaticamente com a actual realidade. Raros, mas não inexistentes.
Como por exemplo a nossa dependência externa e incapacidade nacional para nos afirmarmos com relevância e peso na comunidade europeia e na cena internacional.
Longe vão os tempos em que dividíamos o mundo com a vizinha Espanha (muito longe mesmo). Duma realidade “imperialista” desmedida, caímos num verdadeiro estado de letargia, exclusão e indiferença. Onde podemos inserir uma ausência grave de exigência e de responsabilização social que nos coloca, ano após ano, na última “carruagem” da Europa.
De onde se esperaria o exemplo, a motivação, a confiança e o rumo, surge precisamente o espelho da realidade referida: o Estado (Governo).
Ainda há pouco tempo, à boa maneira do nacional porreirismo, regozijávamo-nos com a assinatura do Tratado de Lisboa, mesmo sabendo-se da influência exercida pela Alemanha e França. Como se constata, pelas posições da Irlanda e da Polónia, como exemplos, o “porreiro, pá” corre o risco de se tornar num “foi porreiro, pá”!
Portugal não tem influência, estratégica e afirmação política na Europa, para além do dado estatístico de Estado Membro. Muito pouco…
Se assim não fosse, não teria sido necessário, para um País sem conflitualidade regional (excepção para o longínquo projecto separatista do Nordeste Transmontano ou para os “devaneios” políticos do Presidente do Governo Regional da Madeira), esperar sete meses para se ouvir do responsável máximo pela política externa - o Ministro dos Negócios Estrangeiros, a posição oficial sobre a declaração unilateral de independência do Kosovo.
Poder-se-á discutir se a decisão tomada, favorável ao Kosovo, é a melhor posição. Teremos sempre uma dualidade de argumentação.
O que não convence são as razões invocadas pelo Ministro Luis Amado, para este timing, a não ser, a encoberto do mediatismo da crise financeira, ocultar a incapacidade de Portugal em assumir as suas convicções, sem pressões externas e sem receios.
O que não convence é o argumento geopolítico da situação no Cáucaso Georgiano, com o conflito gerado pela Rússia, em relação às vontades separatistas da Abkhazia da Ossétia do Sul. Porque, pura e simplesmente, esse argumento não colhe quando confrontado com as afirmações, na altura (anteriores ao conflito da Geórgia), de “em devido tempo Portugal divulgará a sua posição”.
O tempo, foram sete meses de indefinição e receio diplomático de afirmação.
Porque será legítimo questionar: E se não tivesse ocorrido o conflito entre a Geórgia e a Rússia?! Quanto tempo mais Portugal seria, diplomaticamente, indiferente ao conflito Kosovo-Sérvia?! Quando seria tomada a posição de Portugal?! Depois das eleições de 2009?!
Continuamos pequeninos, nos fundilhos da Europa e do Mundo.

Ao sabor da pena…