A ouvir com atenção
Catalina Pestana na RTP com Judite de Sousa.
Soberbo, até pela simplicidade. Mas claramente incisivo.
Com justiça e coragem!
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Publicado na edição do dia 12 de Novembro de 2008, do Diário de Aveiro.
Sais Minerais
A reviravolta do Tio Sam.
É indiscutível que a clara vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais norte-americanas, representou um “marco histórico” na história dos Estados Unidos da América, onde, em pouco mais de duzentos anos, já quase tudo aconteceu (falta, provavelmente, eleger um presidente índio).
Marco pela viragem política, pela eleição do primeiro presidente negro e pela forma como o mundo vibrou com esta eleição.
Os americanos e o mundo esperam muito deste novo presidente, colocando as expectativas e as esperanças a um nível bem elevado.
É pacífico observar que os vários cantos do planeta, estão preparados para esta nova era: o governo cubano saudou a vitória de Barack Obama; Hu Jintao, Chefe de Estado Chinês, assumiu a vontade de reforçar as relações entre a China e os Estados Unidos; Medvedev e Obama falaram na necessidade de organizar em breve um encontro; e a Europa arrecada uma enorme confiança no fortalecimento das suas relações transatlânticas, curiosamente muitos (ou alguns) dos que estiveram ao lado de Bush na questão do Iraque.
Internamente, há várias leituras e conclusões que se podem retirar deste importante momento: a grande vontade e ânsia dos americanos em promoverem uma sentida mudança; um “não” evidente ao desastre da governação da administração Bush; a clareza, frontalidade e consistência das propostas do candidato democrata Obama e esse evidente e desastroso “erro de casting” que foi a escolha para candidata a lugar de vice-presidente, Sarah Palin (uma governadora do Alasca que nunca visitou todo o seu estado; uma governadora que não sabe que África é um continente; uma governadora que “cai” inocentemente na farsa, montada por um actor Canadiano, do suposto telefonema de Sarkosy, etc.).
Colocam-se, a Barack Obama, indiscutíveis desafios urgentes e importantes, quer interna, quer internacionalmente.
Internamente, Obama tem o especial desafio de lidar com uma crise financeira de avultada escala; os problemas energéticos; a reforma social, nomeadamente no campo da saúde; e a questão ambiental (Quioto)
Além disso, internacionalmente, exige-se à nova administração americana a continuação ao combate ao terrorismo (que mais que uma causa ideológico-partidária, é uma causa naciona); o Afeganistão, o Iraque, o Médio Oriente e o Irão; a sua postura geoestratégica e geopolítica; Guantanamo; a Nato e a ONU; as relações com a Rússia e a China; e as relações com a América Central (Cuba) e a América do Sul.
Mas é igualmente marcante o “facto” histórico da eleição de um presidente reflexo de uma minoria ou da marginalização social de uma raça. Facto que ainda hoje levanta algumas dúvidas. Apesar dos considerandos tidos atrás, se Hillary Clinton tivesse sido a candidata democrata escolhida, ganharia ou, pelo menos, conseguiria de forma tão clara?!
E se numa nação, onde, até há cerca de 40 anos, as questões raciais eram muito extremadas (apesar de tudo, mais que agora), o novo presidente está pronto para a América. Mas, e a América?! Estará, ela, pronta para Barack Obama?!
Uma coisa é certa, a América pode ficar diferente e o Mundo mais seguro, a partir de Janeiro de 2009, quando Barack Obama tomar posse como o 44º Presidente dos Estados Unidos da América.
Ao sabor da pena…
Publicado na edição de ontem (6.11.2008), do Diário de Aveiro.
Sais Minerais
Compreender o incompreensível.
Entre a teoria e a realidade, entre os conceitos e princípios e a factualidade da aritmética financeira doméstica da maioria dos cidadãos no final de cada mês, vai uma longa e incompreensível distância.
Os conceitos financeiros (de forma similar ao direito) são uma espécie de linguagem rodeada de simbolismo, figurismo e “secretismo” que imitam, ao mais comum dos mortais, o acesso e a compreensão ao que move hoje, o mundo: o dinheiro.
Por convicção, entendo que Estado deve ter uma função reguladora e uma intervenção social na sociedade: educação, saúde, justiça, segurança, emprego…
Mas também deve primar pela justiça social e a equidade.
É, por isso, incompreensível e de difícil aceitação a intervenção do governo no caso BPN, obrigando todos os portugueses a um “esforço” e contributo (os “nossos” impostos), através da Caixa Geral de Depósitos para “camuflar” os erros inaceitáveis (por isso, puníveis) de alguns, para quem a avidez se sobrepôs ao dever profissional.
Acresce o facto de não se poder aceitar, pelo menos de ânimo leve, a displicência e a não prontidão de qualquer acção por parte da entidade reguladora do sector: o Banco de Portugal.
Assim, é inexplicável a intervenção do Estado numa entidade privada como o BPN, quando são inconsequentes ou inexistentes as acções do Governo nos casos de inúmeras empresas que fecham as suas portas, deixando tantas famílias em desespero e tantas pessoas no desemprego.
Por outro lado, demonstrando uma necessidade clara de justificar politicamente esta acção junto do BPN, o último Conselho de Ministros (sessão extraordinária) vem determinar a vontade do governo em liquidar, a muito curto prazo, as dividas do Estado, apesar de nos últimos anos ter tido “ouvidos de mercador” a tantas solicitações recomendações nesse sentido.
E não deixa de ser preocupante (e se quisermos, revoltante) para o cidadão, esta opção pela intervenção na banca privada, quando não se assiste a qualquer intervenção do governo para minimizar a constante subida dos encargos familiares com o crédito à habitação, apesar das descidas das taxas de referência europeias.
Além disso, é no mínimo curiosa esta vontade repentina, em plena crise, que leva o governo a se predispor a ajudar as Câmaras Municipais, depois de ter colocado tantas entraves e recusas ao esforço dos Municípios em solucionar as suas obrigações financeiras, principalmente para com as empresas, associações e freguesias.
Por último, nesta crise dos mercados que determina uma incerteza em relação ao futuro e espalha o espectro de uma recessão a uma escala internacional, o Governo apresenta um Orçamento de Estado, para 2009, onde se regista o maior aumento salarial dos últimos anos, o maior aumento da despesa e do investimento, apesar da contradição com toda a aumentação e fundamentação que justificaram, em anos anteriores, uma limitação ao proteccionismo social.
Ao sabor da pena…