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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Urbanidades

Publicado na edição de sexta-feira - 27.03.09 - do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Urbanidades.

As cidades ganharam novas dimensões. Não só em termos demográficos, como nas suas identidades culturais, sociais e políticas.
Até mesmo no seu tradicional contexto (delimitação) geográfico. A intermunicipalidade tem hoje uma perspectiva mais aberta e dinâmica, revelando o conceito fundamental de vizinhança.
O sentido de comunidade, de bairrismo (no seu sentido puro), os processos de socialização, as influências externas que pressionam os aspectos culturais e históricos (identidades) das localidades, alteraram profundamente o conceito de cidade, comunidade e urbanismo (na sua vertente social, arquitectónica, ordenamento e planeamento e ambiental).
As cidades cresceram a um ritmo elevado, em muitos casos, acima do previsto, do planeado e da capacidade de resposta.
Cresceram em extensão, demografia, em alterações de valores, na insegurança, na dificuldade de mobilidade dos cidadãos (trânsito, estacionamento, etc.). Claro que cresceram igualmente em aspectos positivos… agora, assim de repente, não me lembro quais, mas alguns haverá.
Mas o que me lembro é que, hoje, as cidades têm é falta de segurança, de espaço, de liberdade (no sentido de mobilidade), um menor aproveitamento do “espaço público”.
Não se joga à bola na rua, não se passeia e brinca sozinho (com os amigos) na rua, poucas crianças vão ao mini-mercado do bairro às compras, muitos poucos andam de bicicleta na rua (as crianças têm dificuldade em aprender a andar de bicicleta, em parte, por falta de espaços).
As ruas transformaram-se em espaços exclusivos dos automóveis.
As pessoas deixaram de respeitar a “diferença” dos outros, no que respeita à sua opção de mobilidade.
As pessoas tornam-se mais distantes, menos abertas, menos solidárias e menos participativas. Tornam-se mais indiferentes.
Daí que pareça ser importante que se mudem, igualmente, as mentalidades e a forma de as pessoas encararem a cidade e o espaço urbano.
E porque não começar pela mobilidade e pelo uso da bicicleta?!
É certo que há aspectos do quotidiano que nos condicionam: os filhos e a escola, o local de trabalho distante de casa, a segurança rodoviária, etc.
Mas há também aspectos que valem o esforço e a opção.
O andar de bicicleta dá-nos uma liberdade que não é, de todo, perceptível à primeira vista.
Podemos conhecer melhor a nossa cidade, olhá-la de outra forma e mais directamente.
Em pequenas distâncias, podemos ganhar tempo, sem estarmos presos no trânsito ou à espera do transporte público. Por outro lado, a bicicleta leva-nos para qualquer lado (serviço porta-a-porta)
Poupa-se dinheiro em combustível, em revisões mecânicas e protege-se o ambiente porque não polui e não ocupa espaço.
E acima de tudo, a bicicleta é um excelente meio de nos mantermos saudáveis e em forma.
Assim, faz sentido que as bicicletas “ocupem” um espaço que também é delas: a estrada e a rua.
Ao sabor da pena…

É a Política, estúpido!

Ou melhor... é a Partidarite no seu pior!
Há funções que são, claramente, um autêntico "verbo de encher".
Vazias no seu peso, na consequência das suas acções, mesmo que, teoricamente, um "poço de boas intenções".
É comum a visão negativa da Justiça e do funcionamento do seu sistema.
É, para o senso comum, um total desconhecimento do papel do Provedor de Justiça.
E não só para o senso comum.
O Provedor não tem qualquer peso, ninguém lhe liga e ninguém o ouve.
Aliás, ninguém o ouviu quando ele se quis demitir.
Agora, por mero combate político e medição de forças, perto das eleições, uma figura, até aqui desprovida de valor e interesse, torna-se o centro do universo.
Não por ele... mas por uma mera luta de "galos".
E já agora... porque não, à semelhança de outras situações (por exemplo os provedores da área da comunicação social), despolitizando o cargo, promovendo a sua isenção, a escolha ser feita entre os "pares"?!

Valor Patrimonial.

Publicado na edição de hoje de "O Aveiro".

Bloco de Notas.
Valor Patrimonial.

O conceito de valor patrimonial é, usualmente, de contexto económico-financeiro.
Mas património pode ser entendido, igualmente, como algo de valor relevante, mesmo que incalculável. Algo para além de qualquer valor monetário.
Pode assumir-se como um valor histórico, social, cultural, político ou ambiental… o valor da Identidade (individual ou colectiva).
Assim sendo, se percebe porque é que recentemente algumas Juntas de Freguesia têm demonstrado um interesse e uma acrescida preocupação com o valor patrimonial das suas comunidades. É que na defesa, afirmação e consolidação dos seus patrimónios reside a construção e manutenção da identidade cultural, histórica e social da sua comunidade.
Recordo as acções em Aradas (Museu Tradicional, Museu de Arte Sacra, publicação de livros, etc.); a recuperação do Forno em Eixo; as tradições na Vera Cruz (por exemplo, a Feira das Cebolas); a recuperação da Pateira, em Requeixo.
Neste âmbito, por força minhas ligações afectivas e existenciais, é com agrado que assisto (finalmente) ao olhar mais atento da Junta de Freguesia da Glória para com o seu património por excelência: o Parque.
Aproveitando toda a importância futura para a Freguesia e para a Cidade que transporta o projecto do Parque da Sustentabilidade, o Executivo desta comunidade tem demonstrado alguma preocupação e tentado sensibilizar todas as entidades e os aveirenses para a necessidade de se intervir no Parque D. Pedro, no sentido de lhe restituir a vida, a importância ambiental e social que já teve, noutros tempos.
Neste sentido, é de louvar a iniciativa desenvolvida pela Junta de Freguesia da Glória para comemorar, no passado Sábado, o Dia Mundial da Árvore, com um evento denominado "à descoberta do Parque Infante. D. Pedro". Dar a conhecer a sua história, da sua biodiversidade, sensibilizando toda a comunidade aveirense para as potencialidades e a importância da qual se reveste o Parque, como testemunho de parte da história da cidade e por tudo o que representa para a qualidade de vida dos cidadãos.
No fundo, preservando e promovendo a memória colectiva e toda a identidade cultural, histórica, social e política da comunidade.
É o que se espera do novo projecto para a Sustentabilidade do Parque e de toda a zona envolvente. Que no progresso dos tempos, das sociedades e das novas realidades não se perca a memória e a identidade das gentes e dos espaços.

Santa Trapalhada

Publicado na Edição de sexta-feira - 20.03.09 - do "O Aveiro".

Bloco de Notas.
Santa Trapalhada.


Esta não pretende ser uma crónica a favor ou contra o aborto.
Este é apenas um artigo que reflecte, na qualidade de católico, a preocupação pelo distanciamento da Igreja às coisas dos homens, da vida e da sociedade.
No fundo, o afastamento da Igreja do Mundo de hoje.
Durante a semana passada, a temática centrou-se nas declarações (extemporâneas) do Arcebispo de Olinda e Recife (Brasil) que, numa primeira reacção excomungou a mãe e toda a equipa médica (mais tarde, ninguém seria alvo de qualquer pena canónica) que optaram pela interrupção de uma gravidez de 15 semanas numa criança de nove anos de idade.
Primeiros os factos…
Uma criança de nove anos de idade, era, por diversas vezes, violada pelo padrasto desde há três anos até à semana passada, quando a menina deu entrada num hospital queixando-se de dores de barriga. Diagnóstico: gravidez de 15 semanas, gémeos. A mãe nada sabia.
Segundo a equipa médica, a criança, com apenas 33 quilos de peso e 1,36 m de altura, de constituição física muito frágil, resultado de um ambiente de clara pobreza e condições degradantes de vida, corria sérios e declarados perigos de vida com o avançar da gravidez, bem como a probabilidade da gravidez ter um "final feliz".A lei brasileira contempla a interrupção da gravidez, em dois casos concretos: violação e risco de vida. A menina incluía-se nas duas vertentes.
Ao ter conhecimento da interrupção da gravidez (autorizada pela mãe, depois da orientação médica), o Arcebispo brasileiro "decretou" (superando as competências do Conselho Brasileiro da Igreja Católica) que "todas as pessoas que aprovaram, autorizaram ou participaram no acto, com excepção da criança, estavam excomungados da Igreja". Mesmo que tão grave pena seja, ainda hoje, algo que a maioria dos católicos não percebe e não consegue entender as suas consequências.
Depois a análise…
É de exaltar a defesa do princípio da Vida, por parte da Igreja. Revela preocupação pelo ser humano, pela sua dignidade e pelo seu valor. Assim deveria ser para todos nós.
Mas qual das vidas?! E a dignidade e qualidade do futuro de uma criança de nove anos que sofreu todas estas fatalidades?!
O que será mais grave?! A possibilidade de interromper o futuro de uma menina de nove anos (o perigo de vida iminente no prolongar da gravidez) ou a interrupção de uma gestação que o mais provável seria a sua não concretização ou uma complexidade imprevisível no seu fim?! De que vida, falamos nós?!
Porque não se "apressou" o Bispo a condenar o padrasto, por tão macabro e abominável acto?!
É que é nestas incoerências e inconsistências que a Igreja se afasta, cada vez mais, dos homens. Porque se afasta das suas vidas, das suas emoções, das suas necessidades.
Como disse o Arcebispo, D. José Cardos Sobrinho, numa das entrevistas à Comunicação Social, "a lei dos Homens não pode estar acima da Lei de Deus". Acho que nem os Homens isso pretendem. O problema é quando a "lei de Deus" se afasta de tal maneira dos Homens e das suas vidas, que deixa de fazer qualquer sentido e deixa de ter razão existencial. Porque a Igreja sem os Homens e sem servir os Homens, esvazia o sentido da sua missão.
Daqueles Homens que Cristo sempre acolheu: os doentes, os moribundos, os mais desprotegidos, os ladrões, as prostitutas, … Ah! e as CRIANÇAS.
E em relação às crianças, a Igreja tem muitos telhados de vidro.

Dor que dói e se sente

Publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro

Sais Minerais
Dor que dói e se sente...


Aveiro não passou indiferente à tragédia da semana passada: a morte de um bebé de poucos meses.
Mesmo, como é o meu caso, sem se conhecer pessoalmente a família e o bebé. Algo que, neste casos, se torna, inclusive, irrelevante.
Aliás, não seria de esperar outra reacção, dada a natureza humana favorável a contextos trágicos que agitem os sentimentos e as emoções dos indivíduos.
Mas se é inquestionável alguma ansiedade humana pela tragédia ou pela dor alheia, não é menos verdade que, na maioria dos casos, as reacções nem sempre são serenas, homogéneas ou desprovidas de um "dedo acusador".
É comum e típico da nossa sociedade as vozes "justiceiras", os julgamentos em "praça pública", a reprodução de conceitos morais e éticos.
Então o que aconteceu, em Aveiro, em relação á tragédia que envolveu o pequeno João Pedro, de 9 meses.
Tão simples quanto isto: a antítese do paradigma.
Por outras palavras, o reconhecimento público de uma tragédia sem explicação racional, a solidariedade colectiva com a dor de uma família que perde, impensadamente, a "razão" da sua vida, o sofrimento de um pai que vê o mundo desmoronar sobre si mesmo.
Aveiro sentiu um gélido sentimento de incredibilidade e de solidariedade (mais compaixão do que pena), sem se preocupar com acusações, culpabilidades ou racionalidades.
A tragédia aconteceu… ponto final.
Muitos sentiram um acrescido sentimento de preocupação redobrada para com os seus (amigos, filhos, família).
Muitos demonstraram um exemplar respeito no silêncio, no cuidado com as palavras, na solidariedade.
Basta avaliar a cautela com que a imprensa (nomeadamente a local) noticiou e exerceu a sua função informativa, os comentários de pesar na blogoesfera local ou nas conversas informais e de circunstância.
Tudo podia ser diferente, se seguida a norma e o padrão dos comportamentos.
Mas, acima de tudo, Aveiro demonstrou um enorme respeito pela dor de quem, independentemente da razão subjacente, perdeu tragicamente um filho.
Os aveirenses souberam mostrar dignidade, que é algo que a sociedade actual, há muito, perdeu.
E quem é Mãe ou Pai sabe e sente o que tudo isto significa.
Ao sabor da pena…

PELO TIBETE LIVRE!



Aqui, luta-se solidariamente.

Com as armas e dimensão que temos.

O Debaixo dos Arcos é solidário com o povo do Tibete e com Dalai Lama.

Contra os 50 anos de ocupação chinesa.




Portugal Eleitoral.

Publicado na Edição de hoje do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Portugal Eleitoral.

Há vida para além da crise.
O ano de 2009 não é apenas um ano de crise (ou de crises, para sermos mais precisos). É um ano marcado por três momentos (coincidentes ou não) eleitorais: eleições europeias, legislativas e autárquicas (sendo a ordem dos factores, mais ou menos, arbitrária).
Mas será que estes momentos altos da vida política nacional superarão, em termos de importância, a crise económica, a crise dos valores, a crise social (desemprego, endividamento familiar, insegurança, insatisfação social, etc.)?!
Vejamos…
Com a falta de outro tipo de argumentação (por ventura mais consistente e coerente), os vários sectores partidários vão-se desdobrando em posições distintas em relação à temática.
Uns aproveitam para fazer demagogia política, desvalorizando a importância de cada acto (ou pelo menos de dois deles: europeias e autárquicas), transformando-os num sinal de combate político contra o governo. Como se fosse essa a realidade em causa: para a Europa pouco importa quem governa Portugal, assim como na maioria dos Concelhos e Freguesias deste País, felizmente, se vai dando valor às pessoas e aos projectos, mais que às bandeiras partidárias.
Outros, concretamente o partido do governo, vão tentando fugir a esta confrontação, pressionando para que os actos eleitorais (autárquicas e legislativas) sejam coincidentes, diminuindo a argumentação da oposição e evitando o risco da penalização.
Enquanto isso, o cidadão vai-se afastando e desinteressando de processos que, cada vez mais, se vão tornando imagem de penosidade, irrelevância, perda de tempo e de racionalidade. Ou seja, o cidadão começa a revelar sinais de estar farto de "circos".
Começa a revelar sinais de estar farto da política, dos partidos, dos políticos e de governos. Porque a realidade que vive, no seu quotidiano, está, também ela, cada vez mais longínqua de demagogias e utopias.
O dinheiro não chega para o mês, o emprego tornou-se preocupantemente instável, a saúde doente, a justiça desigual e distante, o ensino deseducado, … .
E a política completamente deslocada das necessidades de cada um dos mortais e dos seus interesses. De tal forma, que, ciclicamente, a interrogação invade as mentes comuns: votar para quê?! E se a questão pode parecer um atentado à participação e intervenção públicas e ao dever cívico, ela não deixa de ilustrar o sentimento maioritário do real e profundo Portugal.
Se a política (entenda-se, partidos e políticos) são os primeiros a dar o (mau) exemplo, porquê exigir (uma vez mais) ao pobre comum dos cidadãos uma responsabilidade na qual ele não se revê?!
Não há nenhuma campanha de valorização da importância da participação e representatividade europeia. Ao fim de 23 anos, quem sabe o que é a Europa, o seu funcionamento e o que ela representa para o país?! A irrelevância deste acto eleitoral é tão acentuada que, há 5 anos atrás (13.06.2004) a abstenção registou o valor de 61,40%.
Mesmo em relação à escolha dos destinos das autarquias e das freguesias (o poder mais próximo dos cidadãos) o desinteresse começa a ser uma realidade (39% abstenção nacional – 43% abstenção em Aveiro), ano após ano.
Antes de qualquer combate político e ideológico, é importante e urgente reforçar o exercício do direito de cidadania dos portugueses, acentuar a relevância do seu contributo para a construção do "espaço público" e consolidação da democracia, bem como a percepção do papel das instituições governativas e o impacto que as mesmas têm na vida de cada um de nós. E não desvalorizar e esvaziar o sentido de cada acto eleitoral como demagogias políticas e confrontos ideológicos desajustados.
E primeiro… a "limpeza" da imagem da política, dos partidos e dos políticos.
Ao sabor da pena…

Políticas... e dores de cabeça!

Publicado na edição de hoje do "O Aveiro".

Políticas... e dores de cabeça!
A semana anterior fica marcada pelo episódio rocambolesco na Assembleia de República, palco que deveria ser da arte da política, das convicções, ideologias, retórica, da representatividade e do poder.
Mas é-o da expressão máxima do desinteresse, da improdutividade, do absentismo, dos jogos de poder, das pressões e da indiferença. Da crítica destrutiva, dos jogos políticos demagogos, dos jogos de interesses… E, mais recentemente, da baixaria e da falta de dignidade.
Por mais avisos que sejam feitos (por exemplo, pelo próprio Presidente da República), por mais inquéritos e sondagens que demonstrem a realidade – os portugueses afastaram-se dos órgãos de soberania, da política, dos partidos, da participação cívica – aqueles que deveriam ser o exemplo da ética e da responsabilidade, não perdem uma oportunidade para "espetar mais uma bandarilha" no regime e no sistema. Sim… porque só faltou, mesmo, a "tourada"!
A troca de "mimos" entre o deputado José Eduardo Pereira (PSD) e o deputado Afonso Candal (PS), entre energias renováveis e eólicas, de nada serviu para além de consolidar essa péssima imagem que se tem da política e das suas Instituições, bem como deitar "ao vento" a temática em causa.
E é pena que quem está, hoje, na política, não esteja de "corpo e alma", com a certeza do conhecimento dos terrenos que pisa, da sua essência (como aqui já foi expresso, é, claramente, excessivo número de deputados para a dimensão do país e para o que, politicamente, é produzido). Porque o Senhor Deputado (para lamentar) José Pereira deveria saber que, nestas "cousas" da retórica, "quem vai à guerra, dá e leva", e ter poder de encaixe e resposta, não é para todos. Ou se tem a consistência da argumentação e da fundamentação, ou se "ferverá sempre em pouca água".
Da mesma forma que não se percebe a insistência em transformar realidades distintas, numa só, para aproveitamento partidário. Tal como o PCP o pretende, querer transformar as eleições europeias, que nada têm a ver, directamente, com a governação interna de cada país, num julgamento sumário a esta governação, é o mesmo que desvalorizar o sentido e a missão da comunidade europeia, do seu significado, da sua importância e do seu impacto na vida de cada um dos cidadãos. Aliás, uma realidade, apesar destes anos todos, muito distante do quotidiano dos portugueses. E depois admiram-se da elevada abstenção e do desinteresse generalizado.
A política, enquanto não voltar aos seus tempos de transparência, clareza, verdade e coragem, valerá, apenas, pelo seu folclore eleitoralista, de quatro em quatro anos.
Mas como lá (Lisboa), também por cá (Aveiro) …
O PS aveirense já apresentou a sua proposta à presidência autárquica, o PSD local já tinha manifestado a sua opção "natural", o CDS.PP mantém uma guerra surda interna que com muita dificuldade se percebe e se justifica.
Ou se mantém integrado num projecto que "ajudou" a construir ou se mantém à margem de uma "luta eleitoral" que se afigura, naturalmente, bipartida entre PSD e PS (Élio Maia e José Costa), com os riscos que daí advêm.
Mas a questão não está tanto nas peripécias desta indefinição (o responsável pela concelhia local tem mil e uma dúvidas, o responsável distrital antes pelo contrário e o presidente nacional – em recente visita ao "burgo" – afirmou que só o projecto coligação faz sentido).
O problema é o timming ou a sua escassez. É que o CDS.PP corre o risco de "perder o barco", a relevância, o impacto e o peso político. Seja de que forma for.

O dia...

É pena que neste dia não se lembre, efectivamente, a memória dos factos que levaram à internacionalização do dia da Mulher.
É pena que não se reflicta sobre a condição, perspectiva, realidade e futuro de se ser mulher na sociedade, na família, no trabalho.
É pena que não se reflicta sobre questões como o discutível impacto de uma triste lei como a das quotas (paridade), onde o valor, a competência são substituídos por meros números percentuais.
É pena que seja um dia de muito folclore e carnaval.
Por solidariedade...

A Corrida... (aquecimento)

Embora se reconheça o desconhecimento dos motivos, é legítimo questionar: Começou já o "aquecimento" para o processo eleitoral local?!
A fazer féna informação do Noticias de Aveiro: "O vogal José Costa está ausente da primeira reunião da Assembleia Municipal de Aveiro após ter sido indicado pelo PS para encabeçar a lista à Câmara. A sessão ordinária de Fevereiro arrancou esta noite também sem a presença do deputado Raul Martins, líder da concelhia 'rosa'."

Puritanismos...

Publicado na edição de ontem - 06.03.09, de "O Aveiro".

Puritanismos...

Numa recente Feira do Livro, em Braga, a PSP (através de justificações pouco plausíveis) apreendeu, para no dia seguinte devolver, alguns exemplares de um livro intitulado Pornocracia, da autora Catherine Breillat. Razão defendida: a capa do livro reproduzia a obra "A Origem do Mundo" pintada por Gustave Courbet (em 1866 e patente no Museu d'Orsay). A pintura em causa expõe a parte genital de uma mulher.
Segundo as notícias avançadas por alguns órgãos de comunicação social, o comando da PSP de Braga justificou a acção com o facto da exposição pública do livro potenciar iminentes conflitos com os visitantes da Feira, nomeadamente com os adultos acompanhados dos seus filhos menores.
É curioso este puritanismo saloio de uma sociedade portuguesa culturalmente diminuta, ao ponto de não saber distinguir entre o pornográfico, o erótico e o artístico. Já para não falar da incapacidade das autoridades em discernir a ofensa pública da liberdade de expressão. Acresce ainda a prontidão e eficácia das autoridades policiais de Braga, precisamente numa época em que a insegurança, o medo, a violência assolam as nossas comunidades.
Ainda mais curioso é o facto de ser extraordinariamente coerente este sentimento de protecção dos valores, da moral e dos bons costumes que invade uma grande parte da sociedade portuguesa.
A mesma sociedade que não se inibe perante as montras recheadas de revistas pornográficas presentes nos inúmeros quiosques de muitas aldeias, vilas e cidades.
A mesma sociedade que não se preocupa com a primazia cultural de "Morangos com Açúcar", "Geração Rebelde", "Hello Kitty", "Winx" e outros tais no Canal Panda, como exemplo. Ou uma sociedade que vibrou incessantemente com Big Brother's ou Quintas, em que o ridículo, o uso e abuso do conceito de privacidade, a pequenez da ausência de valores e ética, sobejariam para contrapor com tão ridículo escândalo pseudo-pornográfico.
Uma sociedade adulta que vive a euforia dos recursos ("choque") tecnológicos sem qualquer preocupação de controlo da actividade cibernética dos seus filhos e jovens.
No entanto, uma capa de um livro é suficiente para gerar tamanha contestação social e provocar eventuais motins de descontentamento pudico. Contestação que serviu, igualmente, para fazer aumentar o número de vendas de um livro que, à partida, nada tem de extraordinário. É o reverso da medalha ou, como têm sido exemplo outros casos semelhantes, o virar do feitiço contra o feiticeiro.

E que tal uma Aspirina?

Devem sobrar dores de cabeça na Concelhia do PP, em Aveiro.
Enquanto dura um tabu e um "braço de ferro", sobra mais uma dor de cabeça: a distrital já indiciou, por diversas vezes, um sim à coligação. Agora vem Paulo Portas, em Aveiro, dizer isto: "a polémica na Concelhia do partido é para resolver internamente e, quanto às autárquicas, avisa que o PP é muito importante para repetir a maioria que governa a Câmara de Aveiro" (fonte: Diário de Aveiro).
Isto não está nada fácil...

Parabéns... Por tudo!

A história é construída pelos momentos que "marcam" a diferença e o quotidiano social, num determinado espaço e tempo. (por exemplo, na construção do "espaço público" de Jürgen Habermas).
Por isso, é inquestionável que haja, na Comunicação Social, concretamente a escrita, um tempo antes e depois do "Público". Principalmente, pela diferença, qualidade, valores e rigor.

Parabéns ao Jornal Público pelos 19 anos de Comunicação e Informação.

Bairrismo?! Porque não?!

Publicado na edição de hoje (5.03.09) do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Bairrismo?! Porque não?!

A propósito da minha crónica da passada semana (Parque da Sustentabilidade) e da referência que fiz à importância do envolvimento da Junta de Freguesia da Glória, como o espelho das vontades e necessidades dos cidadãos, recebi um e-mail de uma ilustre pessoa que muito prezo e considero.
Na referida mensagem (que, por respeito, permanece pessoal) era descrito que os projectos, sejam eles quais forem, valem pela sua importância e relevo, muito para além de qualquer bairrismo.
Não querendo, de forma alguma, entrar em conflitualidade factual de conceitos, também a mim me parece lógico que os projectos valem por si só, desde que integrados e interligados com as sociedades, comunidades ou os indivíduos.
E neste campo, é que o meu conceito se altera.
Por essa mesma integração social e humana ter especial relevância para o sucesso e eficácia de um projecto (ao ponto de lhe poder conferir um determinado carácter de prioridade), é que entendo que é importante o bairrismo, sem complexos.
Até porque o próprio “bairrismo” deixou, infelizmente, de fazer parte das comunidades, das emoções pessoais, das vivências colectivas. Muito por força dos processos globalizantes (económicos, culturais, tecnológicos, políticos e sociais) que exercem uma força aniquiladora das identidades sociais (sejam elas dos vários vectores: culturais, históricas, etc.) das comunidades de hoje.
É certo que a dimensão geográfica do conceito de comunidade se tem vindo a alargar, a interligar e a intermunicipalizar.
Mas esta necessidade vital para o desenvolvimento das regiões, e consequentemente das localidades, não pode esvaziar princípios fundamentais como a identidade própria das vivências sociais, culturais e históricas dos cidadãos enquanto comunidades simples e circunscritas.
E esta realidade, infelizmente, tem sido vivida de forma muito rápida e firme nos dias de hoje.
As cidades perderam o seu sentido de Bairro, porque não foram capazes de manter viva uma continuidade histórica, cultural e social. Sendo verdade que ninguém (individual ou colectivo) consegue sobreviver isoladamente, também não deixa de ser um facto que a abertura a meios distintos pode causar asfixias.
A título de exemplo, entre muitos outros que se poderiam enumerar, sem necessidade de nos afastarmos cronologicamente, ainda há pouco tempo (25 - 30 anos) se promoviam, na cidade de Aveiro (pelo antigo INDESP) jogos de futebol de rua entre Bairros.
Ainda há pouco tempo, os bairros desta cidade eram palco de manifestações sociais, culturais, de lazer, de relacionamento humano.
Hoje, por força da perda do sentido de Bairrismo e da defesa de um “espaço público” cultural e socialmente muito próprio e próximo das pessoas, da ausência de vivência comunitária e de sensações colectivas, a cidade perdeu identidade(s) e significados culturais e históricos.
As pessoas isolaram-se, desinteressaram-se, tornaram-se excessivamente pacíficas e indiferentes ao que as rodeia, a quem as rodeia… veja-se o que se passa em muitos dos prédios da cidade: entre poucos andares, ninguém conhece ninguém!
Da mesma forma, se transporta estes tristes factos para uma dimensão mais alargada.
Aveiro, há alguns anos atrás, perdeu o seu peso político, a sua centralidade, o aproveitamento das suas potencialidades. Viu esvaziar (por exemplo, para Coimbra) a sua capacidade de convergir e interligar as capacidades de uma Região rica.
Porque deixámos de ser, num sentido positivo e positivista (funcionalista, do ponto de vista sociológico) Bairristas.
Ao sabor da pena…

Um excelente Notícia

Expresso - edição de 28.02.2009 (capa)

O Presidente da República nomeou António Barreto para presidir à Comissão das Comemorações do Dia de Portugal.
A cima de partidarismo ou politiquices e ideologias.
Uma das personalidades que só se pode admirar e respeitar... por tudo.
Ou ele ou o indiscutível Adriano Moreira.


Eu aplaudo... pela CULTURA e pela Identidade Histórica.

Conforme sopra o vento...

Há cerca de um ano atrás, o "malhador" de serviço do PSD era, nem mais, nem menos, o Senhor Engenheiro Ribau Esteves. Disparava contra todos e ontra tudo o que fosse "rosa.
Agora, "enraivecido" e "revolvido", tal e qual como o seu ex-líder e mentor (Dr. Luís Filipe Menezes), a encoberto da defesa dos supremos interesses regionais, na cerimónia de apresentação de projectos e investimentos no Porto de Aveiro, o autarca laranja (pelos visto 'arrosado') afirmou acerca de Sócrates: "É destes governantes que a gente gosta". Para continuar os piropos políticos em relação à Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino: "minha querida secretária de Estado".
Mas a cereja em cima do bolo estava ainda para vir, com esta bombástica referência ao Primeiro-Ministro: "Sr. PM não lhe falte a força, a inteligência e o empenho". (fonte: Sábado - 26.02.09)
Porque ao Sr. Eng. Ribau, não lha falta a "lata".

Será por estas e por outras inocerências, inconsistências, demagogias balofas, "graxas políticas" (no fundo falta de ética política) que as pessoas cada vez se afastam mais dos políticos e da política.
Ou o mistério de viragem política?!!!

Polis Ria de Aveiro... Finalmente!

Um programa para 5 anos de duração e um investimento de cerca de 96 milhões de Euros para requalificar, recuperar, promover e potenciar o maior património da Região de Aveiro: a sua Ria.
Um projecto verdadeiramente importante (Polis Litoral Ria de Aveiro), que tem merecido a preocupação dos autarcas e que mereceu, igualmente, a deslocação ao distrito de Aveiro do Primeiro-Ministro e do Ministro do Ambiente (que quase ninguém vê ou ouve).

DesEducação Política

Ou como diz o velho ditado: "quem tem cu, tem medo"!
No discurso final de José Sócrates, no encerramento do Congresso do PS, em Espinho, o primeiro-ministro (ou o secretário-geral do partido) anunciou (sem concretizar, como é hábito seu) medidas políticas inovadores e inéditas para a Educação.
Esperamos ansiosamente... a começar pela substituição (caso ganhe as eleições) da actual ministra.
É que, conforme noticia o Público, na sua edição de ontem (Sábado - 28.02.09), a Ministra cancelou a sua participação na inauguração do Conservatório de Música do Dão, (coisa importante em ano eleitoral) por ter tido conhecimento de uma eventual manif preparada pelo sindicato dos professores.
Ora... não é para menos. Confrontos para quê?! Ainda por cima quando são conhecidos importantes dados que demonstram a total falta de valorização do papel do Professor e da sua (des)autoridade escolar: a Procuradoria-geral da República abriu, em 2008, 138 inquéritos relacionados com violência escolar.

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