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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Resumo da Semana XI

Publicado na edição de hoje, 31.01.2010, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Orçamento Estado 2010
Indubitavelmente, este é o tema que marcou a agenda política da semana. Desde o seu início até ao debate quinzenal, na passada sexta-feira.
Entre negociações à direita, críticas à esquerda e o dia da entrega (tardia) do Orçamento Estado ao Presidente da Assembleia da República, a “batalha” política decorreu entre bastidores aguardando-se, agora, o debate centrado na sua discussão pública e parlamentar.
Para já, do que foi sendo a discussão política, é de destacar, a contenção salarial, o sector fiscal, a interrogação sobre as medidas de combate ao défice e que controlem as contas públicas, os investimentos públicos (anunciada a suspensão das auto-estradas projectadas para arranque de obra em 2010), o combate ao desemprego, as privatizações, os apoios ao tecido empresarial, nomeadamente as pequenas e médias empresas.
A atrapalhar as contas do governo e a valorizar as críticas da oposição (à direita e à esquerda) está a taxa de desemprego, os dados do Banco de Portugal que indicam um crescimento económico abaixo de 1% e os valores do défice que causaram surpresa (inclusive no Ministro das Finanças).
Aprovado em Conselho de Ministro, tudo indica que o Orçamento de Estado para 2010 será aprovado, com os votos a favor do PS, as abstenções de “sentido de estado” e “construtivas” do PSD e CDS, e os votos contra do PCP e BE.
Aguarda-se ainda muita discussão…

As Negociações do Orçamento Estado 2010
Quem venceu e perdeu a “batalha” política negocial em torno da orçamentação de 2010?!
É sabido que este OE2010 não é apenas vital para o PS e para o Governo…
Nesta fase, uma antecipação de eleições legislativas seria politicamente grave e complicada de gerir para o PS (falta de argumentação), para o PSD (conflitualidade interna e consolidação do seu eleitorado) e para o CDS (responsabilidade do chumbo e risco de perda de eleitorado).
Daí que o Governo e o PS tenham percebido que a dramatização, perseguição e pressão políticas não seriam a melhor argumentação, tendo encetado negociações para análise, avaliação e sentido de voto.
Poder-se-á afirmar, com alguma surpresa, que José Sócrates (e o Governo/PS) saiu vencedor das negociações: não só aprova o orçamento com as abstenções (mais ou menos construtivas ou estratégicas) do PSD e CDS, como mantém as bandeiras mais importantes das políticas e medidas orçamentais.
Para o CDS, o resultado é a consolidação dos resultados eleitorais de Setembro de 2009, marcando uma imagem de partido com inclinação para ser poder. Não rejeitando a oportunidade de tornar públicas as suas perspectivas em relação a temas importantes no OE (fiscalidade, impostos, investimentos, financiamentos, tecido empresarial, reformas, rendimento mínimo, entre outros), a verdade é que o esforço apenas garantiu “direito de antena e visibilidade mediática”. Isto porque as principais medidas não foram cedidas pelo Ministério das Finanças, ao ponto de ser necessário um encontro entre Portas e Sócrates.
Quanto ao PSD há um mistério estratégico difícil de perceber… Deixou-se, estranhamente, antecipar pelo CDS que foi marcando pontos na opinião pública, e não marcou qualquer posição clara e política sobre as diversas áreas e vertentes do OE2010. Limitou-se, incompreensivelmente, a aguardar passivamente o desenrolar dos acontecimentos ou a apresentação do Orçamento.
Apenas a indicação de uma (quão esperada) abstenção “com sentido de Estado”. Sabe a pouco para o maior partido da oposição…

Debate Quinzenal na Assembleia da República
Para além de duas manifestações, demonstrando o que poderá ser o inconformismo e agitação social nos próximos tempos, da qual se destaca a adesão de cerca de 90% dos enfermeiros, a semana terminou como iniciou: Orçamento de Estado, Contas Públicas, Investimento… Défice!
E de forma algo espantosa. Com valores que levaram ao próprio Ministro a ficar admirado e surpreendido com o facto de 2009 ter sido fechado com o défice a situar-se nos 9,3% (a que acresce uma taxa de desemprego, segundo o Eurostat, a disparar para os 10,4%, em Dezembro de 2009).
E este foi o mote encontrado para as críticas ao Governo (e da oposição da esquerda à direita, pelas negociações orçamentais).
A derrapagem das contas públicas e a sua transparência serviram para que toda a oposição tenha acusado o Governo de ter escondido, aos portugueses, a real situação do país e a correcta situação financeira da orçamentação estatal.

Boa Semana…

Identidade em risco?!

Publicado na edição de hoje, 29.01.10, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
Identidade em Risco?!

Tem sido notícia e fundamento para algum debate a situação do barreiro da antiga fábrica Jerónimo Pereira Campos (agora Centro Cultural e de Congressos de Aveiro).
A par da discussão legítima em torno de questões ambientais, legais e urbanísticas, há uma vertente demasiada valiosa para ser esquecida ou secundada: a relevância cultural.
Condenada a atitude de quem, por direito privado, é detentor legal da área e permite tais actos, é de registar e louvar os “olhares” e a preocupação de cidadãos (aveirenses ou não), da autarquia e de entidades associativas, como é o caso da ADERAV.
Não me refiro apenas aos vestígios históricos ou às questões ambientais que o barreiro comporta em si mesmo.
Refiro-me à história, à cultura… no fundo, à identidade de espaços, tempos e urbanidades.
Recordo o que em tempos escrevi sobre o Parque da Cidade – a sua história e importância para muitos da minha geração, sobre a rua onde cresci, a importância do sentido de bairrismo e comunidade que se perderam (o que tornou os cidadãos mais indiferentes e isolados).
Acresce agora a ameaça do desaparecimento do que resta dos antigos barreiros que serviam as fábricas (cerâmica) com a matéria-prima fundamental: o barro. Mas não só pelo barro (com toda a sua vertente social e económica da época).
É pelas “estórias”, pelas vivências e por aquilo que muitos, como eu, viveram, brincaram e aprenderam com aquela área.
De bom grado se regista a preservação da Fábrica Campos, mas naquele espaço urbano foram-se perdendo muitas memórias de infância (como se já não bastasse o facto das crianças deixarem de brincar nas ruas): o largo do Côjo (hoje Forum Aveiro), o campo de futebol da fábrica Paula Dias (que muitos torneios inter-bairros recebeu), a bica de água da fábrica Aleluia, os barreiros por onde se andava (perigosamente, em alguns casos) de bicicleta, as “escadinhas” de Vilar (antes da construção da E.N.109) ou a “velha ponte-de-pau” (percebendo-se, logicamente, a sua reconstrução).
É que não basta o registo individual ou grupal de memórias soltas.
Como dizia, esta semana, a Vereadora do Pelouro da Cultura da autarquia, Dra. Maria da Luz Nolasco, a propósito do Sal de Aveiro, é importante que as comunidades não percam a sua identidade histórica e cultural, sob pena de não terem capacidade de vencer os desafios actuais e futuros. Uma preservação clara da nossa Identidade que, lembrando uma expressão de D. António Marcelino, numa das suas recentes crónicas, promova um futuro com projecto para Aveiro.
Cabe a todos… autarquia, cidadãos e associações, promover, alertar e, essencialmente, preservar a memória histórica da comunidade aveirense, como forma de projectar e construir o futuro.
Um apelo: salve-se o barreiro da Fonte Nova.

Paulo Rangel em Aveiro

Paulo Rangel na tomada de posse dos novos corpos sociais da Concelhia do PSD de Aveiro, hoje, em Aveiro (20:00H)
Nada disse directamente quanto a uma eventual candidatura à liderança social-democrata.
Mas o discurso "inflamado" que proferiu bem podia ser um discurso de candidato a dar um rumo ao partido.
Após as palavras circunstâncias relacionadas com a ocasião, o deputado europeu não perdeu tempo a centrar as suas atenções no Governo, em José Sócrates, no Orçamento de Estado, no Ministro das Finanças e nos investimentos que apelidou de "faraóticos" (TGV, Aeroporto e Auto-estradas).
Por inúmeras vezes, Paulo Rangel foi desferindo os seus ataque ao governo que apelidou de "amnésico, irresponsável e incompetente".
Responsabilizando-o pelas fracas políticas económicas, pela baixa aplicação dos fundos comunitários, pelo desemprego, pelo desprezo pelas famílias.
A terminar, o eurodeputado social-democrata foi apresentando a sua visão do que deve ser o PSD face ao Governo, ao País e o caminho que deve tomar.
Será que o Conselho Nacional ou o Congresso ditará a verdade sobre a liderança partidária?!
A ver vamos...

À margem negocial (parte 2)

Os ganhos e as perdas da Negociação do OE2010.

É sabido que este OE2010 não é apenas vital para o PS e para o Governo…
Nesta fase, uma antecipação de eleições legislativas seria politicamente grave e complicada de gerir para o PS (falta de argumentação), para o PSD (conflitualidade interna e consolidação do seu eleitorado) e para o CDS (responsabilidade do chumbo e risco de perda de eleitorado).
Daí que o Governo e o PS tenham percebido que a dramatização, perseguição e pressão políticas não seriam a melhor argumentação.
Tendo como base a advertência presidencial (que serviu para aumentar a sua popularidade e relançar uma eventual recandidatura) da necessidade de diálogo e negociação, a bem da nação, governo e oposição (a da direita, necessária à aprovação do Orçamento) encetaram negociações para análise, avaliação e sentido de voto.
Mas quem marcou mais pontos?!
No “confronto” entre os três partidos, José Sócrates (e o Governo/PS) podemos afirmar que são os vencedores: não só aprovam o orçamento com as abstenções (mais ou menos construtivas ou estratégicas) do PSD e CDS, como mantêm as bandeiras mais importantes das políticas e medidas orçamentais, tendo ainda a oportunidade de retomar a polémica das finanças regionais.
Para o CDS, o resultado é a consolidação dos resultados eleitorais de Setembro de 2009, marcando uma imagem de partido com inclinação para ser poder. Não rejeitando a oportunidade de tornar públicas as suas perspectivas em relação a temas importantes no OE (fiscalidade, impostos, investimentos, financiamentos, tecido empresarial, reformas, rendimento mínimo, entre outros), a verdade é que o esforço apenas garantiu “direito de antena e visibilidade mediática”. Porque, conforme o post anterior, as principais medidas não foram cedidas pelo Ministério das Finanças, ao ponto de ser necessária um encontro entre Portas e Sócrates.
Após tanto esforço, uma “abstenção construtiva” sabe apenas a “um lavar de consciência”. Nem sim, nem não… antes pelo contrário: Nim!
Quanto ao PSD há um mistério estratégico difícil de perceber… Deixou-se antecipar pelo CDS que foi marcando pontos na opinião pública, e não produziu (nem Manuela Ferreira Leite, nem o líder da bancada social-democrata, Aguiar Branco) qualquer esclarecimento de intenções e objectivos negociais, nem marcou qualquer posição sobre as diversas áreas e vertentes do OE2010. Limitou-se, incompreensivelmente, a aguardar passivamente o desenrolar dos acontecimentos ou a apresentação do Orçamento, para marcar posição.
Apenas a indicação de uma possível (quão esperada) abstenção. Acho pouco para o maior partido da oposição… Uma batalha perdida?
Quem sabe…

À margem negocial (parte 1)

Antes da análise política ao processo negocial do OE 2010, que envolveu PS, PSD e CDS, deixo ao livre arbítrio das opiniões e concepções, os fundamentos da negociação entre Governo e CDS.PP.
Amanhã, na segunda parte, será feita a análise ao peso político das negociações.

(fonte: página oficial do CDS, via twitter)

PONTOS DE CONVERGÊNCIA QUE JUSTIFICAM A "ABSTENÇÃO CONSTRUTIVA":
- Saúde
Contratualizar cerca de 40.000 cirurgias (em várias especialidades) através de um acordo-quadro com as Misericórdias.
Efectivação da unidose.
- Agricultura e Florestas
Aumento considerável das verbas nacionais do PRODER
Desburocratizar completamente o PRODER, para evitar novas perdas de fundos.
- Impostos
Abertura a uma significativa majoração do desconto no IRS por cada filho.
Alteração do regime que prejudica o casamento no IRS.
Melhorar significativamente os direitos do contribuinte nas penhoras fiscais.
Arbitragem fiscal: resolução mais rápida para os litígios fiscais.
- PME’s
Reembolso do IVA a 30 dias, a partir de 1 de Janeiro.
Abertura à negociação de um novo regime de pagamentos atempados das dívidas do Estado.
Maiores apoios à internacionalização das empresas portuguesas.

PONTOS DE CONVERGÊNCIA QUE JUSTIFICAM A "ABSTENÇÃO CONSTRUTIVA" - QUESTÕES MACRO-ECONÓMICAS

1 - Garantia de que não há aumento de impostos
2 - Melhor subsídio de desemprego para casais com filhos
3 - Endividamento: admissão de um controlo reforçado das PPP
4 - Alargamento do plano de privatizações


DIVERGÊNCIAS DE FUNDO DO CDS QUE IMPEDEM O VOTO A FAVOR (mas mantém a abstenção - nota minha)

1 - O Governo não aceita uma redução selectiva de impostos para estimular a economia
2 - O nível da despesa pública sobre o produto é muito elevado
3 - Não há disponibilidade para rever as prioridades do investimento público já decidido
4 - Redução do Pagamento Especial por Conta: permanece divergência (CDS disposto para reduzir até 50%)
5 - Governo não aceitou cortar no rendimento mínimo para aumentar mais 7 euros (aos 3 euros anunciados) nas pensões mais baixas
6 - Problema com o recrutamento de agentes das forças de segurança para 2010

Resumo da Semana X

Publicado na edição de hoje, 24.01.2010, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Luta contra a Pobreza
Esta semana realizou-se, em Madrid, a abertura do Ano Internacional da Luta contra a Pobreza.
Também esta semana, o órgão comunitário de estatística (Eurostat) divulgou, em Bruxelas, um relatório no qual refere que 18% da população portuguesa está em risco de se tornar pobre. Destes, 12% correspondem a cidadãos desempregados.
Precisamente na semana em que são conhecidos os dados relativos ao desemprego em Dezembro passado, com um aumento de 0,2% em relação a Novembro de 2009, segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação profissional (IEFP).
Este aumento, mesmo que ligeiro, vem reflectir as perspectivas que apontam a taxa de desemprego em valores próximos dos 11%, para 2010.

Orçamento de Estado 2010
A semana foi marcada pela maratona negocial entre o Governo e os partidos da oposição, nomeadamente PSD e CDS, no sentido de ser aprovado o Orçamento de Estado para 2010.
Com os partidos à esquerda do PS (BE e PCP) a acusarem o governo de virar à direita e o PSD e CDS de se subjugarem aos socialistas, as negociações, embora constantes, ainda não estão concluídos, tendo o partido de Manuela Ferreira Leite e o partido de Paulo Portas solicitado a intervenção de José Sócrates, no processo.
Em cima da mesa estiveram questões relacionadas com apoios às PMEs, o Pagamento Especial por Conta, benefícios fiscais ao nível do IRS, alargamento do subsídio de desemprego, os investimentos públicos, salários, entre outros.

Trabalhos Parlamentares
À margem dos processos de negociação, face às posições conhecidas do BE e do PCP em relação ao Orçamento de Estado, estes dois partidos levaram ao plenário parlamentar dois projectos lei: o BE apresentou a sua proposta sobre o alargamento do subsídio de desemprego e o PCP alterações ao Código do Trabalho, em vigor há um ano, relacionadas com a carga horária semanal – 40 horas.

Associação Nacional das Freguesias
O verdadeiro poder de proximidade, aquele que está mais perto das comunidades, é exercido pelas Juntas de Freguesia, nas sua diversidade e complexidade: urbanas, rurais, litoral, interior, norte, sul, de maior dimensão ou quase “familiares”.
Esta semana, Armando Vieira, Presidente da Junta de Freguesia de Oliveirinha, foi reconduzido no cargo de Presidente da Associação Nacional das Juntas de Freguesia.

Perigosamente
Para terminar, voltemos ao inicio da semana, mais precisamente ao Sábado passado.
Na edição anterior do semanário Expresso, podia ser lido um artigo de Fernando Lima, assessor de Cavaco Silva (e seu ex-assessor de imprensa), sobre o chamado “caso das escutas”.
Assunto que fez correr muita tinta e que, inclusive, 'obrigou' a uma declaração pública do Presidenta da Nação.
Por outro lado, um assunto que, embora em nada esclarecido, tinha sido (praticamente) encerrado.
As reacções socialistas não se fizeram esperar, embora, desta vez, sem as vozes do PSD.
E se na altura, muito ficou por esclarecer - desde PS, PSD, Sócrates e Cavaco), a realidade é esta: o artigo de Fernando Lima não trouxe nada de novo, não esclareceu nada, voltou a interferir na imagem política de Cavaco Silva e continuou a colocar o ónus na Comunicação Social e no PS.
Houve ou não escutas ao Presidente da República - a confirmar seria gravíssimo?
Houve aproveitamento político e por parte de quem?!
Se era tão importante esclarecer o caso, porque não foi feito enquanto a poeira andava no ar?!
Perigosamente fora de todo e qualquer timing.

Boa Semana…

O Pai e o Avô...

Há trinta anos atrás, nascia um "Ar de Rock" que se tornaria no pai do rock português.
O seu autor é o inconfundível Rui Veloso.
Neste "Ar de Rock", entre "A rapariguinha do Shopping", "Bairro do Oriente" e "Sei de uma Camponesa", surgia o primeiro grande tema mítico de Rui (Manuel Gaudêncio) Veloso: "Chico Fininho".
"Ar de Rock" fez Rui Veloso passar de um ilustre desconhecido ao grande artista que é hoje.
Mais do que o Pai do Rock Português, é hoje o seu verdadeiro Avô.
A este sucesso não podemos ficar indiferentes ao papel exercido por Carlos Tê... sem a sua visão perspicaz do dia-a-dia e do mundo que nos rodeia, seria difícil a Rui Veloso cantar muitos dos seus excelentes temas, dispersos pelos seus vários álbuns.
Uma das versões de "Chico Fininho".

Contribuição solidária...

Publicado na edição de hoje, 21.01.2010, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
Contribuição solidária…

A forma como encaramos as realidades que se desenvolvem à nossa volta, a maneira como nos deparamos com os outros, a forma como nos comunicamos, como coabitamos, não tolera afectividades, emotividades, antes confrontos, egoísmos, interesses, rivalidades e conflitos.
Falta tempo para nós próprios, para as realidades individuais, para as nossas responsabilidades e para as exigências que nos são feitas. Quanto mais para os outros!
O comodismo e a indiferença, muitas vezes cobarde, limita o exercício desinteressado de sermos livres de nós próprios e disponibilizarmo-nos para tornar a sociedade mais aberta a todos, mais justa e mais comunitária. Seja pelo gesto mais simples, pela dádiva mais irrelevante, pela simbologia mais elementar.
Face à tragédia que se abateu sobre o Haiti foram várias as formas que surgiram na sociedade para apoio àquele país, às vítimas e aos desalojados: contributos monetários, apoio no local de organizações de ajuda humanitária, apoio institucional dos governos… inclusive, a presença in loco dos meios de comunicação social.
Mas existem ainda outras formas de solidariedade demonstradas através das “redes sociais” da internet, com divulgação de factos, opiniões e simbologias. Por exemplo, a rede social Facebook movimentou-se no sentido de, no passado domingo, pelas 22:00 horas, serem contemplados cinco minutos de “silêncio” (ausência de actividade na rede) por solidariedade para com as vítimas da tragédia.
Foram, no entanto, algumas as vozes que, legitimamente, questionaram o alcance e eficácia da medida. Por exemplo: “Para que cinco minutos de silêncio? Para nos redimir de séculos de miséria imposta por nós?”.
A história da humanidade está cheia de contradições, de episódios de exploração e opressão, de remissão de erros que as realidades sociais e as conjunturas das épocas foram marcando.
Os dias de hoje as relações geoestratégicas e geopolíticas estão minadas de interesses e de vencedores e vencidos.
No entanto, a sociedade dos nossos dias molda-nos num selvático inúmero de relações inter-pessoais, culturais, políticas, religiosas, sociais e económicas que nos tornam cada vez mais em indivíduos atípicos, fechados, insociáveis. Com a consequente perda ou esmorecimento de valores comunitários relevantes como a solidariedade, o associativismo, a cidadania…
Principalmente com o descrédito que a simbologia é votada nos dias de hoje.
O não fazer nada ou a apatia é mais valorizada do que o respeito, a solidariedade, a formação de consciências.
Uma marcha pela Paz e pela não violência termina com a morte, a guerra, a agressão. Mas alerta e educa.
Cinco minutos de silêncio não alimenta, não ressuscita, não mata a sede, nem aquece… mas alerta, consciencializa e promove o respeito e a solidariedade.
Assim como um cêntimo de contribuição através de entidades como a Cruz Vermelha, a Cáritas, a AMI, a UNICEF ou a Oikos é sempre melhor que nada fazer e continuarmos orgulhosamente sós, indiferentes e apáticos.


Como ajudar e contribuir, solidariamente, com o Haiti.

Cruz Vermelha Portuguesa
O lema da campanha é "Ajude o Haiti, agora!"
Opção 'pagamento de serviços' - Entidade: 20999 - Referência: 999 999 999.

AMI - Assistência Médica Internacional
A AMI apela aos donativos para ajudar a "reconstruir as vidas que ficaram destruídas".
Transferência bancária - NIB: 0007 001 500 400 000 00672
Multibanco - "Pagamento de Serviços" - Entidade: 20909 - Referência 909 909 909

Cáritas Portuguesa
O lema da campanha é "Cáritas Ajuda Haiti"
NIB 003506970063000753053, da Caixa Geral de Depósitos.

UNICEF
A UNICEF, com equipas de emergência no Haiti, apela à contribuição para ajudar as vítimas do sismo.
É possível contribuir a partir do site da UNICEF (www.unicef.pt)
A UNICEF garante a segurança da transacção através da Internet.

Oikos
Campanha "Emergência no Haiti".
Conta, na Caixa Geral de Depósitos, com o NIB: 0035 0355 00029529630 85.

Quanto mais se mexe... mais cheira!

Na edição de ontem (sábado - 16.01.2010), na página 19, o assessor de Cavaco Silva, Fernando Lima volta "à carga" com o caso das Escutas ao Presidente da República.
Assunto que fez correr muita tinta e que, inclusive, 'obrigou' a uma declaração pública do Presidenta da Nação.
Por outro lado, um assunto que, embora em nada esclarecido, tinha sido (praticamente) encerrado.
Obviamente que as reacções socialistas não se fizeram esperar, como descreve o João Oliveira, com o exemplo desta declaração (Francisco Assis) e desta (Ricardo Rodrigues).
Este foi o meu comentário e que transcrevo do Notas de Aveiro:
"Não pretendendo dar qualquer razão ao PS (até porque já o afirmei, na altura, muito ficou por esclarecer - desde PS, PSD, Sócrates e Cavaco), mas a realidade é esta: o artigo de Fernando Lima não traz nada de novo, não esclarece nada, volta a interferir na imagem política de Cavaco Silva e continua a colocar o ónus na Comunicação Social e no PS.
Perguntas: Houve ou não escutas ao Presidente da República - a confirmar seria gravíssimo?
Houve ou não erro ético grave por parte do DN e que não foi censurado pelo Código, pelos Pares ou pela ERC?
Houve aproveitamento político e de quem?!
Respostas: ZERO!
Só generalidades e banalidades...
Outra questão:
Se era tão importante esclarecer o caso, porque não foi feito enquanto a poeira andava no ar?!
Face à agenda política do momento - OE2010, (já) Presidenciais, Congressos Extraordinários, etc - este esclarecimento de Fernando Lima veio ressuscitar algo que já tinha uma "pedra em cima", mas sem trazer nada de novo, sem esclarecer de facto, sem ter a coragem de apontar o dedo... só mais confusão."
O pior não é ficar-se calado, é não saber o que dizer e quando dizer...

Semana em Resumo IX

Publicado na edição de hoje, 17.01.2010, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Acordo na Educação
Sindicatos e Ministério da Educação chegaram a acordo, após longa e exaustiva maratona negocial quanto ao estatuto da carreira de docente.
Mais que questionar se as medidas acordadas são justas e contribuem para a melhoria do sistema de ensino (porque isso não caberia numa edição completa do Diário de Aveiro), importa referir dois aspectos que parecem relevantes: o que aconteceu a quatro anos de política de educação tão inflexivelmente defendida; e que moralidade tem o governo para exigir e aplicar regras diferentes nos vários sectores profissionais do Estado?!

Orçamento de estado para 2010 - Negociações
Por força da minoria parlamentar, José Sócrates vê-se na contingência de iniciar negociações com os partidos da oposição para aprovação do Orçamento de Estado para 2010.
A tendência é para um acordo à direita numa negociação que tem a pressão do défice e do desemprego que, segundo as palavras do ministro Vieira da Silva, não irá baixar em 2010.
Estranha-se que, em pleno processo negocial, o Ministro das Finanças venha pressionar e condicionar as propostas da oposição ameaçando com a eventual subida de impostos. Isto não é aceitar a participação, é condicionar o processo, pretendendo apenas impor a versão do governo.
Ou então o Ministro encontrou uma excelente justificação e “álibi político” para aplicar aquilo que sempre negou: aumentar a carga fiscal.

A força da natureza
A terra tremeu e devastou um país.
O Haiti virou, em apenas dois minutos, um verdadeiro cenário dantesco: morte, tragédia, destruição, caos…
Por mais ajuda que chegue e por maiores que sejam os esforços vai ser muito difícil e moroso erguer a cidade e o país.
Já para não falar na dificuldade em “sarar as feridas”…

Os erros de timing político
Quando as atenções deveriam estar concentradas nas prioridades políticas do país e dos partidos – negociação e aprovação do OE 2010 – eis que há quem prefira desviar as atenções e criar verdadeiros “fait divers” políticos que em nada contribuem para um debate político-partidário consistente. Mesmo que Santana Lopes tenha obtido as assinaturas necessárias para avançar com Congresso Extraordinário do PSD.
Extraordinário seria se não se trocassem prioridades e timings.

Praia madrilena em Lisboa! Melhor que “jamais”
Foi mudada a figura principal do Ministério das Obras Públicas mas nem por isso mudou a imagem e os conceitos surrealistas.
Para sustentar e justificar o investimento e a despesa pública relacionada com o TGV, para fundamentar um endividamento óbvio do país numa infra-estrutura questionável, o novo ministro afirmou, publicamente, que a linha Lisboa-Madrid permitirá transformar a capital do país numa praia madrilena com privilegiada potencialidade para o surf.
O ministro esqueceu-se que o centro do país, nomeadamente Aveiro, é uma zona de eleição do turismo espanhol de fácil acesso rodoviário ou aéreo (por exemplo, via Porto).
Será tão surreal como o “jamais” ou “o deserto da outra margem” do anterior ministro, como concebermos um TGV cheio de pranchas de surf.
E se os espanhóis, concretamente os madrilenos, querem ter uma praia lusa mesmo “à mão”, não tenho qualquer constrangimento que sejam eles a pagar o investimento.

Falta um ano mas Presidenciais já mexem
Manuel Alegre anunciou, nesta sexta-feira, em Portimão, a sua disponibilidade para se candidatar às presidenciais de 2011. Nada de extraordinário ou de surpreendente.
Era algo esperado…
No entanto, este antecipado anúncio cria alguma pressão no PS e marca a futura escolha socialista para o cargo (pondo de parte a possibilidade – claramente inviável - de José Sócrates escolher apoiar Alegre).
José Sócrates não quererá repetir o erro de casting das últimas presidenciais e terá de ser bem ponderada a candidatura socialista.
Jaime Gama afigura-se como um candidato de peso e desejável por muitos socialistas. O que diminuirá o espaço de Manuel Alegre (que se afigura como o candidato do Bloco de Esquerda), mas também poderá criar algum incómodo na ala da direita, mesmo com hipotética recandidatura de Cavaco Silva.
Depois do Orçamento de Estado, será a nova agitação política nacional.

Boa Semana…

Daqui a um ano saberemos...

Não consigo perceber as hostes socialistas e esta sua ansiedade em relação a Manuel Alegre. Principalmente depois de Louçã o ter colado ao BE o que identifica, claramente, o perfil da sua candidatura.
Só entendo esta ansiedade se por acaso o PS não encontrar um candidato de relevo e uma candidatura mais unificadora, por exemplo Jaime Gama ou Guterres (ao contrário do que aconteceu com Mário Soares).
Uma candidatura destas poderá condicionar o resultado de Manuel Alegre (que não acredito vir a repetir o das últimas eleições) e pressionar à direita. Por exemplo, retirar espaço à recandidatura de Cavaco Silva.

Ajuda solidária...

Cinco entidades credíveis pelas quais podemos canalizar a nossa solidariedade com o Haiti...

Cruz Vermelha Portuguesa
O lema da campanha é "Ajude o Haiti, agora!" e os donativos para o Fundo de Emergência da Cruz Vermelha Portuguesa - apelo vítimas do Haiti - podem ser realizados nas caixas multibanco ou através de 'netbanking'. Opção 'pagamento de serviços' - Entidade: 20999 - Referência: 999 999 999.

AMI - Assistência Médica Internacional
A AMI apela aos donativos para ajudar a "reconstruir as vidas que ficaram destruídas".
Para contribuir:
transferência bancária através do NIB: 0007 001 500 400 000 00672
multibanco, seleccionar "Pagamento de Serviços" - Entidade: 20909 - Referência 909 909 909

Cáritas Portuguesa
O lema da campanha é "Cáritas Ajuda Haiti" - NIB 003506970063000753053, da Caixa Geral de Depósitos.

UNICEF
A UNICEF, com equipas de emergência no Haiti, apela à contribuição para ajudar as vítimas do sismo.
É possível contribuir a partir do site da UNICEF, preenchendo um formulário que permite duas opções: seleccionando a opção de gerar automaticamente uma referência multibanco, ou inserindo o número de cartão de crédito - a UNICEF garante a segurança da transacção através da Internet.

Oikos
Para a campanha "Emergência no Haiti", a Oikos destinou uma conta, na Caixa Geral de Depósitos, com o NIB: 0035 0355 00029529630 85.


Manuel Alegre de novo na estrada

Manuel Alegre anunciou, hoje à noite, em Portimão, a sua disponibilidade para uma candidatura a Belém, em 2011.
PS e José Sócrates repetem o dilema das últimas presidenciais.
Não se afigura o mesmo erro socialista, assim como não se afigura o mesmo resultado para Alegre. Principalmente se Jaime Gama se afigurar como candidato presidencial, conforme alguns sectores socialistas pretendem.
BE e Louçã é que acabam por ganhar um candidato presidencial sem "mexer uma palha".

(clicar na imagem para aceder ao discurso de Manuel Alegre, proferido hoje, em Portimão, via expresso)

Tragédia!!!!

Ficar indiferente a esta tragédia, de uma dimensão que muito dificilmente se poderá conceber (apenas a noção do que a comunicação social e as redes sociais conseguem transmitir), só pode revelar egoísmo e estupidez humana.
500 mil mortes e um país completamente de rastos e desbastado, por "força" da natureza.

Eu já contribui.
Acho que uma tragédia desta dimensão e natureza merece o nosso respetio e solidariedade.
Por exemplo... através da Cruz Vermelha.

Pagamento de Serviços
Entidade: 20999
Referência: 999 999 999
Valor: (nem que seja um euro).

(créditos da foto: via rtp - Orlando Barria, EPA)

A ler os outros...

e a concordar inteiramente!
(via facebook - hoje, às 20:00 - João Pedro Dias)

"Quando o Senhor Ministro das Obras Públicas se vê na necessidade de justificar o TGV Lisboa-Madrid recorrendo, entre outros argumentos, às potencialidades das praias da zona de Lisboa para atrair os amantes do surf (sim, do surf! eu ouvi!), acho que estamos conversados sobre o bom fundamento, a necessidade e a viabilidade financeira da dita obra...."

(comentário meu)
Nem mais... um investimento para 3 meses de férias...
Espero que haja lugar no TGV para transportar as pranchas!

Há Festa em Aveiro...

Começou hoje...
Prolonga-se até segunda-feira (dia 11.01.2010).

São 5 toneladas de cavacas que vão ser lançadas... ao tocar do sino!
Vão ser muitas as arruadas...
É a "Dança dos Mancos"...
É altura para saborear "xiripiti"...
São muitas as promessas a cumprir...
São muitas as preces a pedir...
A tradição perdura!

Como diria o outro: É a Festa, estúpido!
E é mesmo...
A FESTA DE SÃO GONÇALINHO!

(créditos da foto:Bruno Raposo)

Ano Novo! Vida...

Publicado na edição de hoje (7.01.2010) do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
Ano Novo! Vida…

Chegados a esta altura, há sempre a habitual tendência do balanço do ano findo, do resumo dos factos e acontecimentos marcantes.
Mas terminada a euforia do Natal e da Passagem de Ano, é igualmente legítima a perspectiva do que pode e se espera que seja o novo ano que inicia.
Periodicamente, (e em alguns casos quão religiosamente) despedimo-nos de um ano velho, usado e gasto e para entrarmos num novinho em folha e por estrear. Mas será melhor?! Nem sim, nem não… antes pelo contrário.
Pessoalmente não tenho ilusões. Não sendo por natureza pessimista, não posso, no entanto, deixar de ser realista.
Não acredito que 2010 possa ser pior que 2009. Acho que pior do que vivemos no ano transacto é quase impossível. Mas conseguirá 2010 ser melhor que o ano de 2009?!
É válida e pertinente a questão porque as perspectivas e as realidades não se afiguram muito animadoras.
Na área da saúde, apesar da anulação de algumas das taxas moderadoras, continuam os problemas dos cuidados básicos, das listas de espera, dos caos nas urgências, dos falhanços de alguma da gestão hospitalar. Escasseiam centros de saúde e unidades hospitalares.
A justiça transformou-se num “pântano” de guerrilhas entre os pares, desfigurou de tal forma a sua imagem de isenção, de independência e de imunidade e imparcialidade que está completamente desacreditada aos olhos dos cidadãos. A impunidade e a morosidade de tratamento dos processos judiciais (como a corrupção, pedofilia) é algo que se tornou de tal forma banal que a justiça se revela uma constante injustiça.
No que respeita à economia 2010 apresenta-se, para muitos dos especialistas e analistas, como um ano das retomas. Será?! O poder de compra dos cidadãos não parece recuperar face ao aumento da electricidade, dos transportes e à previsão da subida das taxas de juro que resultará em dificuldades de cumprimento dos encargos com os empréstimos e o consequente endividamento familiar.
Além disso, a obsessão pelas grandes obras ditas estruturantes (resta saber se necessárias e prioritárias) – TGV e novo aeroporto - irá provocar um agravamento do endividamento público e um desequilíbrio nas contas do estado. Por outro lado, a viabilidade e sustentabilidade futuras destes investimentos é extremamente questionável.
Resta ainda questionar a capacidade que o tecido empresarial estruturante português - as PME’s – tem para sobreviver, para inovar, para ser competitivo e impulsionar a economia nacional, mantendo a capacidade de criar emprego, ou, pelo menos, não agravar ainda mais os números do desemprego.
Do ponto de vista político, não sendo previsível que o país vá a votos antes de 2011 (presidenciais), também não é provável que se registem melhorias no relacionamento institucional entre S. Bento e Belém, por mais que tentem transmitir imagens de alívio da tensão.
Espera-se, pelo menos, que, durante este ano, o PS e o Governo compreendam o resultado eleitoral de Setembro de 2009, o significado da vontade expressa dos cidadãos, que transmitiram o desejo de contarem com conceitos, princípios e opiniões alternativas na administração da nação. Os cidadãos souberam exprimir a vontade de contarem com uma oposição mais participativa e com eficaz capacidade fiscalizadora da acção governativa, tornando a sociedade mais democrática e justa (algo que nem sempre acontece com a existência de maiorias).
E já agora… um Bom Ano de 2010.

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