Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Tributo a Adriano Pires. A “praceta” ficou mais vazia…

Publicado na edição de hoje, 27 de Maio, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
Tributo a Adriano Pires.
A “praceta” ficou mais vazia…

A vida dá muitas voltas, cambalhotas e reviravoltas…
A vida leva-nos para onde menos esperamos e para onde, muitas vezes, não queremos ir.
A vida (as comunidades, os bairros, as ruas) já não é o que era… e nem precisamos de recuar muitas décadas atrás.
Mas essa mesma vida traz-nos as memórias, as vivências comuns, as infâncias, os amigos e os VIZINHOS… vizinhos no seu pleno sentido: aquele que habita ao nosso lado, o que partilha o mesmo local, bairro ou rua. Vizinho a quem podemos recorrer, que ajuda, a quem ajudamos e a quem socorremos. Vizinho que partilha um mesmo espírito de pertença a um espaço, a uma comunidade.
E já há poucos vizinhos (e vizinhanças) assim, hoje em dia. Porque a vida muda e muda-nos. Porque os tempos são outros…
Mas ainda há vizinhos assim… porque ainda há memórias dos tempos de brincar na rua, nos prédios, nos sótãos, nas casas uns dos outros… na comunidade bairro. Ainda há memória de nos cruzarmos nas escadas, à porta do prédio, no passeio, no café…
Mesmo que para muitos e em muitos lugares seja necessário celebrar o Dia Mundial do Vizinho (como na terça-feira passada).
E o Adriano Pires era um desses vizinhos que a “praceta” (sempre chamada assim a Rua Dr. Vale Guimarães) sempre soube ter, partilhar e relembrar nas nossas memórias.
Cada fotografia que ele nos tirava tinha uma história partilhada, uma conversa sobre a vida, sobre tudo e nada… por isso eram mais demoradas, mas igualmente únicas.
Cada saída de casa de cana e cesto da pesca ao ombro (muitas vezes bem de madrugada) era acompanhada de um regresso com algo singular e característico… e nunca havia “pescarias” iguais.
Assim como nunca eram iguais as conversas, os olhares críticos sobre a vida, o dia-a-dia, a cidade… porque o Adriano Pires conhecia e vivia Aveiro.
Assim como vivia a poesia e o gosto que tinha nas palavras e nos seus sentidos, cores e cheiros.
Era um Vizinho… daqueles que connosco riam, falavam, ajudavam, que estavam presentes, e que também refilavam (se bem que não me lembro muito de o ver refilar, mas de certeza que o fazia, porque todos os bons vizinhos o fazem)…
E esta semana… a “praceta”, neste sentido pleno de vizinhança e do que é ser Vizinho, ficou mais triste e mais vazia.
E se não fosse verdade este sentimento de vizinhança e de bairro, não seria possível saber de tantas manifestações de solidariedade, respeito, consideração e amizade para com a família, por parte de muitos de “nós” para quem a vida nos foi afastando da “praceta”, dos vizinhos, mas não das memórias (de infância e de juventude), da afectividade e das amizades que sempre soubemos guardar… nem, como é óbvio, dos vizinhos: dos bons vizinhos.
E estes, como é o caso do Adriano Pires, nunca deixaremos de lembrar.
À D. Maria do Carmo, à Nini, à Rú e ao Náni um abraço solidário de uma “praceta” e de um “Vizinho” que nunca esqueceremos.

Semana em Resumo XXII

Publicado na edição de hoje, 23 de Maio, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Austeridade
Para além dos sacrifícios exigidos aos portugueses que se traduzem mais numa clara indignação do que na consciencialização da necessidade de um esforço colectivo, o avulsar de medidas de austeridade, anunciadas isoladamente, de forma inconsistente e sem uma coerência globalizadora na economia e na despesa pública, não se traduz numa confiança num futuro melhor e estável.
A forma como o governo tem gerido e apresentado a realidade dos números da crise e o que os mesmos traduzem no quotidiano dos cidadãos, do Estado e das empresas, está longe de ser clara, transparente e eficaz. Contradições atrás de contradições, falta de lucidez e de uma definição perceptível de uma coesão e justiça nas medidas que são necessárias.
Não faz qualquer sentido actuar sobre o lado da receita, sem agir sobre a despesa.
Não faz sentido não se redefinir a estratégia de investimentos públicos e/ou a utilização dos fundos comunitários para áreas que promovam a economia, o desenvolvimento do tecido empresarial, o combate ao desemprego, entre outros.
Numa altura de crise, em vez da preocupação em “angariar” receitas de forma rápida, imediata (sempre à custa dos rendimentos dos cidadãos), mas sem sustentabilidade futura, o governo deveria investir em recursos que desenvolvem-se condições de sobrevivência da nossa economia. Por exemplo, Portugal continua a não olhar para a sua maior riqueza que é o Mar e para as diversas potencialidades que o mesmo proporciona em investimentos sejam elas tecnológicos, comerciais, alimentares, ambientais, turísticos ou científicos.
Infelizmente, é mais fácil actuar fiscalmente sobre os rendimentos antecipando a entrada em vigor das novas leis fiscais ou da, agora sim, agora não, retroactividade das mesmas.
Os dados mais negros do Desemprego
Apurados os dados relativos ao primeiro trimestre de 2010, o Instituto Nacional de Estatística – INE revela que a taxa de desemprego situa-se nos 10,6%, o que representa uma subida do valor em 5,1% face ao final do ano de 2009 e comparando com o mesmo período do ano passado (Janeiro a Março de 2009) a subida reflecte-se em 19,4 pontos percentuais.
Em termos absolutos, os dados revelados pelo INE significam que há mais cerca de 15 mil desempregados do que no final de 2009, traduzindo-se num total de perto de 600 mil portugueses sem emprego.
Comissão de Inquérito Parlamentar - Caso PT/TVI
De “avassalador” a inconstitucional vai a diferença de um ou dois dias.
Mas não só…
Após o deputado Pacheco Pereira (o único da comissão de inquérito a ter acesso às escutas de “Aveiro” no “caso TVI”) ter-se referido ao conteúdo das mesmas como, na sua opinião, uma demonstração que existia um negócio que tinha como objectivo claro a mudança da linha editorial da TVI, o recurso às escutas na Comissão Parlamentar de Inquérito foi considerado inconstitucional.
Para algumas pessoas, mais cépticas, o desfecho desta comissão seria irrelevante. Nunca se esperaria que por uma razão tão contraditória.
Como afirmou Pacheco Pereira na própria Comissão “Se não tivermos em conta as informações patentes nas escutas, o que estamos a fazer aqui é nada”.
E da “luz” se fez “nada”… e nada será feito!
Final da semana
Com uma moção de censura que se sabia à partida ser apenas um combate de retórica política, face ao seu chumbo, os “louros” do encerramento semanal vão para o arranque do Rock in Rio 2010.
A “bienal” do maior cartaz musical do país abriu portas na passada sexta-feira.
Como diz o velho ditado: “pobretes mas alegretes”… assim, no meio da crise, lá vamos cantando e rindo.

Boa Semana…

Um assalto ao bolso contribuinte

As novas tabelas de retenção na fonte, que ontem, sexta-feira, entraram em vigor, não deixam margem para dúvidas: há pessoas que não pagavam IRS e vão passar a pagar, porque o valor de rendimento sujeito a retenção baixa. Nos escalões inferiores, a taxa até duplica.
(...)
Com as novas tabelas de retenção não há dúvidas de que quem já pagava IRS, vai pagar mais, e que alguns dos que estavam isentos vão começar agora a pagar, apesar de José Sócrates ter dito esta semana que quem estava isento se manteria nessa situação. Mas não é tudo. Por força deste ajustamento para baixo no valor dos escalões de rendimento mensal, os mais baixos, que até agora descontavam 1%, verão a taxa duplicar para os 2%. Os números falam por si: um casal com dois filhos não pagava IRS até aos 628 euros. A partir de Junho, a isenção acaba nos 587 euros. Esta diferença de 41 euros vai inevitavelmente sujeitar mais rendimento e mais pessoas ao pagamento de impostos. No escalão dos 675 euros, antes fazia-se uma retenção de 1%, agora de 2%.

Estes são extractos de uma noticia publicada na edição de hoje do JN. (ler aqui).
Sem margem para dúvidas: as medidas aplicadas e os esforços solicitados são mais graves do que se pensaria.
E para além de reflectirem um "ataque" claro ao bolso dos contribuintes mais desfavorecidos, demonstram que Portugal é, definitivamente, um país pobre.

Até Sempre... TóZé!

Publicado na edição de hoje, 20 de Maio, do Diário de Aveiro

Cheira a Maresia!
Até Sempre... TóZé!

Há alturas na vida que, por mais racionais que queiramos ser, a emoção tolda-nos as ideias e o espírito.
Por mais paradoxal que pareça, a morte (o seu momento) faz parte da vida… por isso é tão usual dizer-se, perante o fim existencial que “é a vida”. Mas nada tem a ver com a vida…
São as saudades que ficam, a perda de algo importante, um vazio que fica e que nunca mais se pode preencher (pelo menos da mesma forma).
E não é fácil, nada mesmo fácil, tentarmos encontrar racionalidades para um misto e complexo conjunto de sentimentos que nos entristecem, que nos deixam mágoa, que nos tornam impotentes…
A morte é sempre estúpida. Sim! Pura e simplesmente, estúpida. Seja com quem for… seja em que circunstância for.
A tal “desculpa” é sempre a mesma: é a vida! Eu diria então: que “bosta” de vida! Porque se é a vida, porque não a podemos viver até ao fim?!
Todos nós, pelo menos a partir de uma determinada idade, tomamos consciência que a condição existencial do homem é sempre a mesma: nasce, cresce e morre. É este o fado da vida humana. Não há alternativa.
Mas por mais compreensível que seja esta realidade (que, em determinadas circunstâncias e momentos, nos trás à memória a inevitável questão: então que sentido tem tudo isto?), não conseguimos ser indiferentes a uma revolta e angústia interiores, quando alguém deixa esta vida terrena e parte para, por muitos conceitos, crenças e fé que se tenham, não se sabe bem para onde.
Ainda mais nos dói, quando esse alguém nos diz algo, nos é próximo, nos faz recordar a vida nos seus momentos bons e maus e nos obriga a gritar (mesmo que num silêncio agudo) bem alto: NÃO! Todos menos esse…
Mais difícil se torna a aceitação da realidade quando tentamos encontrar palavras para nos referirmos a um amigo, a um colega, a uma referência…
E o TóZé Bartolomeu era tudo isto… amigo, colega e referência de muitos anos. Muitos anos como colega de trabalho, muitos anos a ouvi-lo falar incessantemente do seu Beira-Mar (e não só do futebol), de Aveiro, da sua Cacia… da vida! Sim… também da vida. A mesma que agora “fechou portas”.
E tudo o mais que pudesse aqui dizer, não caberia nestas páginas.
E tudo o mais que pudesse aqui dizer, saberia a pouco.
Sei que já não me vais poder voltar a dizer o que leste dos artigos que escrevi. Sei que já não te vou ouvir mais. Sei que já não vamos falar mais do Beira-Mar, da rádio, de Aveiro, da Câmara, da vida…
Como sei que já não vais poder ler isto… Por isso, companheiro: Até sempre, TóZé!

Semana em Resumo XX

Publicado na edição de hoje, 16 de Maio, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Visita Papal
Foi, reconheça-se, um acontecimento que marcou a semana.
Não só pelas polémicas que têm envolvido a Igreja, mas também pela imagem pessoal que Bento XVI transmitia (frieza, distância, insensibilidade) e que acabou por conseguir desmistificar com a sua passagem por Lisboa, Fátima e Porto, quer pela sua presença, quer pela mensagem que foi transmitindo aos muitos milhares de fiéis que marcaram presença no Terreiro do Paço, em Fátima e na Avenida dos Aliados.
Mas da sua visita fica ainda o destaque para o discurso crítico e directo durante a viagem entre Itália e Portugal: afirmando que o pior inimigo não está fora da Igreja, mas sim no seu interior, referindo-se concretamente aos casos de pedofilia. Sendo certo que a Igreja tem o dom do perdão, também não é menos verdade que tem a obrigação moral e social de promover a justiça.
Top “Five”(5)
Segundo os dados divulgados esta semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos - OCDE, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 10,5%, no mês de Março do corrente ano.
Este agravamento representa um acréscimo de 0,2% em relação a Fevereiro e um aumento de cerca de 1,5% em relação a Março de 2009.
Com este valor Portugal é o quinto país coma taxa de desemprego mais elevada, a seguir à Espanha, Eslováquia, Irlanda e a Hungria.
Basta…
Nem mesmo a visita de Sua Santidade Bento XVI distraiu os portugueses. Mesmo que o Governo tenha tentado que o anúncio das medidas de agravamento fiscal para combate ao défice, coincidisse com um dos pontos altos da visita do Papa, tentando minimizar os efeitos de desagrado, descontentamento ou mesmo de indignação na sociedade.
O governo tem tido, face à realidade das contas públicas e da crise financeira que o país atravessa, uma postura de incoerência, de encobrir a verdade, de manipular a realidade, mentindo aos portugueses.
Desde há alguns anos, mesmo antes das eleições, já algumas vozes anteviam este desfecho (por exemplo, Manuel Ferreira Leite). Mas José Sócrates e o governo apenas “despertaram” para a realidade em, apenas (?), 15 dias (quando já não podia esconder mais os factos).
O País, com alguma incredulidade e indignação, viu o Conselho de Ministros aprovar um plano de austeridade que inclui o aumento de IVA em 1%, IRS em 1% e 1,5% (conforme os escalões) e IRC em 2,5% (para empresas com lucros tributáveis superiores a dois milhões de euros). Para além disso, Estão previstos cortes nas transferências para as autarquias e a criação de uma sobretaxa para o crédito ao consumo. Acrescem a estas novas medidas as políticas já aprovadas de redução dos benefícios fiscais.
Ou seja… o país está, definitivamente, em colapso financeiro.
E estas propostas governativas deixam ainda muitas dúvidas quanto ao seu sucesso e muita inquietação para o futuro, já que elas representam menos poder de compra, mais dificuldades para os orçamentos familiares, menos consumo (o que representa menos lucro empresarial e menos progresso económico) que poderá representar menos competitividade e mais desemprego.
Seria de esperar um governo mais preocupado com a despesa e com os gastos supérfluos do que com a receita. Um governo mais consciente, mais disciplinado com os seus gastos e coerente com a realidade e com os factos. Um governo que não se importasse de reconhecer as suas limitações e os seus erros.
A “bênção” do PSD
Um facto que marca esta semana de opostos é a anuência, por parte do líder do PSD, às medidas propostas pelo Governo. Ao ponto de Pedro Passos Coelho vir a público pedir desculpas. Mas desculpas de quê?!
Se Passos Coelho entende que deve repartir com José Sócrates a responsabilidade, deve procurar que o PSD partilhe, igualmente, a governação. Se assim não for, o PSD deve apresentar alternativas credíveis e suficientemente esperançosas para um país cada vez mais deprimido e indignado.
Como maior partido da oposição deve assumir-se como tal, ou correrá o risco de perder espaço e posicionamento político.
Curiosamente, nota-se um distanciamento no discurso actual de Passos Coelho para o que foram as suas posições durante o “combate” eleitoral interno: por exemplo, no que respeita ao Programa de Estabilidade e Crescimento – PEC, na alternativa a ser, no imediato, governo, no distanciamento quanto às medidas financeiras de José Sócrates.

Terminou a visita do Papa, há que voltar à realidade… até que o Mundial de Futebol nos volte a distrair. Boa Semana…

Sentido Patriótico

É sempre fácil solicitar o sentido patriótico quando o esforço recai sobre quem menos pode ou nos "bolsos" dos outros.
Mas o que é um facto é que o "esforço patriótico" pedido pelo Primeiro-ministro não está fácil de "engolir".Por incoerente que é, por enfraquecer os mais necessitados e a classe média (o infeliz do pagador de sempre) e por haver outras medidas alternativas (controlo dos gastos supérfluos e da despesa, em vez de se atacar pelo lado da receita).
É que, com as medidas propostas, sinto-me cada vez mais próximo dos gregos.
Tal como no futebol...
agora também na política e economia.

BASTA (II)

Com conversas e bolos se enganam os tolos... (nem depois das tristes e inqualificáveis medidas anunciadas se perde o descaramento)

O primeiro-ministro, José Sócrates, defendeu hoje existirem «boas razões para ter confiança na economia e no país».
«Portugal foi um dos primeiros países a sair da condição de recessão técnica depois da eclosão da crise mundial; foi também um dos países que melhor resistiu à crise em toda a Europa e finalmente, Portugal teve este trimestre o maior crescimento da Europa», enfatizou. (fonte: TSF)

SE SOMOS ASSIM TÃO RICOS, TÃO PRÓSPEROS, TÃO EVOLUÍDOS E COMPETITIVOS... PORQUE É QUE ESTAMOS TÃO FALIDOS E NECESSITADOS DE MEDIDAS SOCIAIS TÃO DRÁSTICAS?!!!!

Semana em Resumo XIX

Publicado na edição de hoje, 9 de Maio, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Marcar. (re)Marcar e (re-re)Marcar a Agenda
Pela enésima vez Manuel Alegre anuncia a sua candidatura às Presidenciais de 2011.
Com receio que alguém se esqueça que está na corrida ao Palácio de Belém, não há semana em que não seja anunciada a sua candidatura (apesar da distância que ainda separa as eleições).
Resta saber se excesso de presença e mediatismo não cansarão o eleitorado, assim como a pressão dos seus apoiantes em garantir que o PS assuma Manuel Alegre como candidato socialista.
Como se houvesse algum interesse político para José Sócrates afirmar um eventual apoio a Manuel Alegre em plena agenda sobre temas em que os dois socialistas divergem, em alguns casos, completamente.
Aferir estatisticamente
No sector da educação, apesar da mudança da titular da pasta governativa, voltou o estigma da estatística redutora da qualidade e do rigor.
Foi a semana das provas de aferição do 4º e 6º anos. A questão que se coloca prende-se como o que se pretende aferir e, principalmente, de que forma.
Se olharmos a prova de Matemática do 4º ano, como exemplo, o que se aferiu foi, claramente, o desperdício de tempo e de recursos por parte dos docentes que, ao longo do ano lectivo, se preocuparam em transmitir aos seus alunos conhecimentos válidos, consistentes, com rigor e solidez, para o ministério desenvolver uma avaliação de tal forma simplicista que roça o ridículo.
Ou como afirma e defende a Sociedade Portuguesa de Matemática que as provas não sejam realizadas como uma mera necessidade de obtenção de resultados mediáticos e políticos.
Quem paga a crise?!
A austeridade, a pouco e pouco, vai marcando terreno e entrando em acção.
Neste último Conselho de Ministros foram aprovadas medidas de combate à crise que passam por penalizar fortemente os cidadãos mais vulneráveis e mais desfavoráveis, económica e socialmente: o limite máximo do subsídio de desemprego passa a não poder ultrapassar os 75% do salário líquido que o trabalhador auferia.
As decisões tomadas (e muitas outras que ainda virão) só permitem reforçar a tese de que a crise e a implementação do PEC vão ser pagas pelos cidadãos em situação mais precária e pela classe média.
Adiar para Recuperar
É notória a preocupação de uma grande parte dos cidadãos quanto ao futuro do País e quanto à forma como iremos sair (ou não) da crise.
E se os portugueses entendem que, em algumas áreas, vão ser necessários esforços e sacrifícios significativos, não podem aceitar e concordar com o despesismo e descontrolo das contas públicas à custa de projectos que não correspondem à realidade e necessidades do País.
Quando são impostos sacrifícios e medidas de austeridade aos mais débeis, seria de supor que o Estado desse exemplos claros de que a recuperação económica deve ser com todos e para todos.
Daí que só faça sentido o adiamento (e nalguns casos a anulação) das grandes obras públicas, face às dificuldades que Portugal atravessa hoje e pela dificuldade em sustentar no futuro investimentos astronómicos: TGV, Aeroporto, terceira travessia, mais auto-estradas.
E não colhe o argumentos de que estas obras servem para dinamizar a economia porque a elas estarão associadas quatro ou cinco empresas apenas (e resta saber se todas elas nacionais).
Se é este o argumento válido face à crise de emprego e à estagnação da economia, então que se canalizem o recursos para a modernização da rede ferroviária, a manutenção e conservação da rede viária nacional (apostando em alternativas eficazes às SCUTs que se querem portajar), o investimento nas pescas e no mar, ou a recuperação financeira de empresas nacionais e a ajuda às PMEs.
Um Verão mais ambientalista
A Bandeira Azul foi atribuída a 240 praias em todo o país (mais de metade das zonas balneares classificadas), onde se inclui, mais uma vez, a Praia de S. Jacinto.
Como resultado de medidas de maior fiscalização e de um maior civismo e preocupação em proteger o ambiente, este ano, foram contempladas mais 14 praias que em 2009.
Portugal vai ter um verão mais azul.

Boa Semana…

Liberdade de Imprensa

Publicado na edição de hoje, dia 6 de Maio, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
Liberdade de Imprensa

Esta semana, mais precisamente na passada segunda-feira, foi assinalado o Dia Internacional (ou mundial) da Liberdade de Imprensa.
E não foi na Comissão de Inquérito Parlamentar do caso TVI… Não!
Foi mesmo no mundo inteiro… em Aveiro também!
A Casa Municipal da Juventude juntou alunos da Escola Profissional de Aveiro e teve a amabilidade de me convidar a juntar-me “à conversa” com os amigos José Carlos Maximino e Ivan Silva.
E a conversa, como não poderia deixar de ser, centrou-se no jornalismo, na comunicação, nas liberdades… E com apontamentos interessantes (assim como interessante foi verificar o “trabalho de casa” dos jovens presentes).
A curiosidade dos alunos foi dirigida para as temáticas das redes sociais e do seu papel nos processos de comunicação (por exemplo, nas autarquias), do jornalismo ‘tradicional’ e das plataformas digitais (os novos paradigmas dos órgãos de comunicação e dos seus profissionais), o caso TVI e as pressões sobre a comunicação social (por razões óbvias), a ‘convivência’ entre jornais pagos e jornais gratuitos, a verdade da informação e os limites informativos, a sustentabilidade e a concentração dos meios, e questões deontológicas e éticas.
Foram mais de duas horas de interessantes (e espero que importantes e proveitosas) troca de ideias, conceitos e visões sobre a comunicação social.
Do ponto de vista meramente pessoal e não querendo minimizar ou relativizar qualquer das questões colocadas, um dos temas abordados que merece especial destaque é o da isenção e imparcialidade dos órgãos de comunicação social. Até porque é tema usual na comparação entre a tradição informativa anglo-saxónica e a europeia.
A verdade é que temos, no nosso jornalismo, uma aparente imagem de isenção e imparcialidade (mas que, na prática, se fica pelo campo dos princípios) e que apenas disfarçam e escondem alinhamentos e facilitam o aparecimento de casos e a desconfiança nos cidadãos.
Não me parecem ser incompatíveis o rigor e a verdade com a parcialidade ou com a clarificação de posicionamento editorial. É preferível que o leitor/ouvinte perceba com transparência que o que lê ou ouve tem uma conexão politico-ideológica do que disfarçar as opções tomadas. Até porque dessa forma torna o cidadão mais livre e consciente nas suas opções e análises críticas.
Infelizmente, Portugal não tem esta realidade, como a que sustenta a “escola” anglo-saxónica e os seus princípios.
Ao contrário, os órgãos de comunicação social anglo-saxónicos assumem opções políticas, por exemplo, eleitorais, através de posições editoriais tornadas claras e públicas, o que permite ao cidadão uma maior liberdade de opinião e de escolha.
É o caso recente da campanha eleitoral britânica, como foi o caso das últimas eleições presidenciais norte-americanas.
Com os jornais, como exemplo, a declararem editorialmente o seu apoio ao candidato A, B ou C.
E com isto é possível haver rigor e verdade na informação, é possível separar o acto jornalístico (ético e deontológico) do posicionamento editorial.
A parcialidade, a definição e o tornar público da opção ideológica não tornam o órgão de comunicação social menos credível. E tornam a informação mais honesta.
O Washington Post ou o New York Times não deixam de ser referências jornalísticas nos Estados Unidos pelo facto de tornarem públicas as suas orientações editoriais.
Não seria um excelente contributo para a Liberdade de Imprensa mudar esta realidade?!

As perguntas por fazer...

É sabido que a Comissão de Inquérito da Assembleia da República, no processo TVI, prepara um conjunto de questões a serem colocadas ao Primeiro-Ministro, que responderá por escrito.
O conjunto das questões cifra-se nas 80 perguntas, depois de estarem previstas 110.

Num interessante exercício político e de cidadania, o blogue (amigo) "31 da Sarrafada" resolveu, via rede social Twitter, devolver (de novo) as 30 questões que estiveram em discussão.

A listagem pode ser consultada (e "apedrejada") aqui.

Por sinal o meu contributo situa-se na questão 87 - embora tenha sido censurado (a ponderar queixa parlamentar ou à ERCS).

Do ponto de vista estrutural, a mais relevante, modéstia à parte (já que mais ninguém me gaba).

Hoje é dia...


Comemora-se hoje o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa.
Por todos os jornalistas amordaçados.
Por todos os que morreram em serviço.
Contra toda a censura...

Hoje foi dia de falar para 60 jovens, juntamente com dois amigos e companheiros: José Carlos Maximino e Ivan Silva.
A Casa Municipal da Juventude lembrou a data com uma "Conversa Informal": falou-se de comunicação social, de redes sociais, de novos formatos de informação, de ética e deontologia, de jornais, de gabinetes de imprensa. Foi "À Conversa com a... Imprensa".
Muito bom... 3 horas de conversa.

Para a data fica o registo da mensagem do Sindicato dos Jornalistas: ler aqui.

(re)Viver Abril…

Publicado na edição de quinta-feira, dia 29 de Abril, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
(re)Viver Abril…

Por muitas considerações políticas que se façam, ao fim de 36 anos, comemorar o 25 de Abril, está a transformar-se num mero acto histórico, como, por exemplo, as comemorações do 5 de Novembro e do 1 de Dezembro.
Não se trata de minimizar um processo que é o marco mais importante da história política, social e democrática de Portugal.
Trata-se sim de ter a noção que esse mesmo marco é, para muitos dos portugueses (a geração nascida há 35/38 anos), uma referência apenas histórica que o tempo se encarregou de circunscrever à história contemporânea portuguesa.
Não são pois os exíguos saudosismos e “chavões” demagógicos que vão enriquecer ou manter viva a revolução.
Revolução que ninguém tem o direito de a limitar à esquerda, ao centro ou à direita, já que, quando a mesma foi levada à prática, foi de todos e para todos.
No entanto, ao fim de 36 anos, este é um “25 de Abril” diferente.
Diferente numa sociedade menos politizada, com menos confronto ideológico, por exemplo, com um PS mais central e mais liberal, num mundo mais global, embora com uma realidade nacional muito distante da equidade, da justiça, do desenvolvimento equilibrado do país, da educação e da eficácia económica.
Reduzir as comemorações da Revolução de 25 de Abril de 1974 (que culminou em Novembro de 75) a meros significantes simbólicos: quem tem ou não tem cravo na lapela; quem ouve ou não ouve Zeca Afonso (como se alguém dito de direita tivesse de o fazer às escondidas); não aplaudir um discurso de quem, após eleito, é o Presidente de Portugal, só porque é de direita (mesmo que o discurso seja incisivo, coerente e realista e, curiosamente, com referências entendidas com “bandeiras” de esquerda)… é, no mínimo, acabar por desvirtuar ou desacreditar todo um processo que transformou Portugal num estado de direito e numa democracia plena.
O 25 de Abril de 1974 não tem marca registada. Não é posse de ninguém…
É de todos os que abraçaram uma causa, uma vontade colectiva, um desejo comum de mudança…
E deveria ser esta a realidade do processo da revolução – liberdade, direitos e deveres, cidadania, democracia, mas também responsabilidade, compromisso – que deveria ser transmitida, vivida e comemorada, sob pena de se transformar, ano após ano, numa mera data de referência histórica.
Com ou sem cravo ao peito.