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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Resumo da semana - 29 de Janeiro de 2011

Publicado na edição de hoje (30.01.2011) do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana (eleitoral) em resumo.


Tradicionalmente reeleito

No que respeita às eleições presidenciais, a tradição ainda é o que era. Ou seja, em caso de recandidatura, a história eleitoral portuguesa confirma a reeleição do Presidente da República. O ano eleitoral de 2011 não foge à regra. Cavaco Silva recandidatou-se e foi reeleito com 52,94% da preferência dos cidadãos que optaram por exercer o seu direito de voto, deixando Manuel Alegre nuns modestos 19,75% de preferências.
A aposta PS-BE deixou, claramente, a imagem que nem sempre é possível (e conveniente) juntar a esquerda, principalmente como projectos e visões tão díspares como as do Partidos Socialista e as do Bloco de Esquerda. Ao ponto de, em recente apuramento estatístico, o semanário Sol ter avançado com um dado curioso: 80% dos socialistas não votaram Manuel Alegre (tendo dividido os votos por Cavaco Silva e por Fernando Nobre, a grande surpresa destas eleições).
Mas há outros dados relevantes resultantes deste processo eleitoral.
O primeiro tem a ver com a elevada abstenção que atingiu o máximo histórico dos 53% de eleitores que não exerceram o seu direito (mais de cinco milhões de cidadãos). Vários factores influenciaram este resultado: as sondagens que davam a vitória antecipada a Cavaco Silva, o descontentamento com a política, o protesto e o descontentamento com a governação, o nível muito fraco do combate político na campanha eleitoral.
Além disso, é notório o voto de protesto nestas eleições patente nos 4,5% alcançados pelo candidato madeirense José Manuel Coelho e do elevado número de votos nulos a rondar os 87 mil (1,93%).
Mas o mais curioso destas eleições foi a sensação de alívio de José Sócrates face aos resultados e que transbordou para a sociedade. Pelas suas palavras, “os portugueses optaram por não mudar, optaram pela continuidade, pela estabilidade política”, é legítimo deduzir que Sócrates prefere Cavaco Silva a Manuel Alegre, em Belém.
A dúvida reside em se saber se Cavaco Silva dará, ou não, nova oportunidade a José Sócrates.
Um cartão pouco cidadão.
As eleições presidenciais de 2011 ficaram marcadas por algo insólito na democracia portuguesa. Por uma questão técnica muitos cidadãos eleitores viram-se privados do exercício do direito de voto pelo facto de serem portadores do Cartão de Cidadão que não contempla o número de eleitor. O que se estranha neste processo e nesta situação é que, com tanto simplex e plano tecnológico, um simples número e a dificuldade de acesso a uma base de dados tenha gerado um bloqueio ao direito de participação cívica e democrática.
Mas a situação levanta, igualmente, uma legítima e simples questão: para que servo número de eleitor? Mesmo com o cartão de eleitor era sempre necessário o Bilhete de Identidade para identificação junto às mesas de voto. Por outro lado, uma das vantagens do Cartão de Cidadão é a actualização da Freguesia e consequente actualização do recenseamento. Assim sendo resta a genuína dúvida: porque é que os cadernos eleitorais não são constituídos apenas em função do número do Bilhete de Identidade ou do Cartão de Cidadão? Isso sim… era simplex!
Ainda… Casa Pia.
Alguém dizia, ou muita gente dizia, no final da leitura da decisão do Tribunal que julgou o caso Casa Pia que agora é que iria começar, verdadeiramente, o processo (entenda-se, o “circo”). E não poderiam ter acertado melhor na previsão.
Sem se conhecer e identificar, claramente, a motivação da alteração de atitude de Carlos Silvino (“Bibi”) o que é certo é que as afirmações do ex-motorista da Casa Pia caíram que nem bomba, independentemente da entrevista concedida ser duvidosa ou das opiniões que se possam ter sobre as mais recentes revelações.
Carlos Silvino afirma que afinal tudo o que disse era mentira, as pessoas condenadas (em primeira instância) são inocentes e que tudo não passou de uma influência de medicamentos e pela instigação por parte dos agentes da Polícia Judiciária que investigaram o caso.
Esta situação era o que, realmente, faltava para a destruição da credibilidade do principal culpado do processo.
A esta triste encenação, a que muita gente apelidou de ridícula e inconcebível, não será alheio o facto de ter sido distribuído o caso no Tribunal da Relação (por força dos recursos apresentados), tentando influenciar e minar o processo, na tentativa de contrariar a decisão primeiramente proferida pelo colectivo de juízes.
Um facto é certo… o “circo” voltou à “cidade” e está longe de estar concluído. Ainda se lembram das vítimas?!

Boa Semana…

Resquícios eleitorais...

Publicado na edição de ontem (27.01.2011) do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
Resquícios eleitorais...


Terminadas as eleições presidenciais de 2001 e contabilizados os votos, o que já seria de esperar (e por tradição) foi confirmado: Cavaco Silva ganhou à primeira volta (dados não definitivos à data da escrita 55%).
A vontade democrática (palavra tantas vezes proferida como propriedade apenas de alguns) ficou expressa, pelo menos, naqueles que sentiram a responsabilidade de exercer o seu direito de cidadania e também o dever cívico (infelizmente o número de abstenções foi, mais uma vez, demasiado elevado, mesmo com a agravante dos cartões de cidadão – acima dos 50%).
Do resultado eleitoral, mas essencialmente, da análise ao período da campanha há um dado inequívoco que importa realçar: é da responsabilidade exclusiva dos políticos o afastamento dos cidadãos em relação à política.
Isto porque a primeira avaliação que se pode fazer destas eleições presidenciais de 2011 é que se traduziram numa banalização de discursos, numa ausência do debate político, num total esvaziamento de convicções e posições.
É certo que as presidenciais não têm a mesma força eleitoral que as eleições legislativas, até pelo facto do Presidente da República não “governar”. Mas isso não pode implicar que o discurso político seja provido de combate ideológico, de apresentação de convicções pessoais sobre a sociedade, a economia, a própria política, as relações internacionais, e ideias concretas sobre a perspectiva futura do exercício da magistratura presidencial e do que significa, aos olhos dos comuns eleitores/cidadãos, ser Presidente de Portugal.
Isto ficou arredado dos palcos, dos holofotes, das câmaras, das linhas e linhas que foram sendo escritas.
Aliás, reveja-se a posição do candidato Defensor Moura que se apresentou à corrida a Belém com o único propósito de “combater” Cavaco Silva. Bem como o espelho abrasileirado da campanha de José Manuel Coelho a lembrar a recente campanha federal “Tiririca”. E sempre que alguém (mesmo a nível autárquico), como foi o caso de Fernando Nobre, se apresenta a sufrágio apenas com a legitimidade constitucional, a realidade torna-se madrasta já que Portugal (sociedade) não está preparado, nem estruturado, para candidaturas extra-partidárias oriundas da sociedade “civil”.
Restava por isso o confronto Cavaco Silva vs Manuel Alegre. E tal como há cinco anos atrás (em 2006), Cavaco Silva levou a melhor. Com a agravante de, nestas eleições, ter “esmagado” o seu opositor (Manuel Alegre com o apoio de dois aparelhos partidários não subiu o seu eleitorado em relação a 2006). E “esmagou” não só pela vontade dos cidadãos, pelo exercício do seu anterior mandato, pelo “cumprimento” da tradição que nos mostra que não há recandidaturas falhadas, mas sim porque Manuel Alegre foi um claro e notório erro de “casting” destas presidenciais ao ser apoiado expressamente pelo Partido Socialista e pelo Bloco de Esquerda.
Claramente preso num discurso politicamente correcto e amarrado às posições do Governo/PS e sem querer emergir muito nas convicções bloquistas (tirando o caso BPN) para não tomar partido da oposição, Manuel Alegre passou ao lado de questões importantes como o papel do Presidente da República Portuguesa, como o desempenho do cargo por parte de Cavaco Silva ou como a sua visão para os reais e concretos problemas do País que vão muito, mas mesmo muito, para além dos cantos dos Lusíadas e dum gasto discurso histórico estilo PREC que, passados 37 anos e com muitas alterações na sociedade, no mundo e na política, já nem para os que viveram Abril de 74 tem qualquer significado. E mesmo quando Manuel Alegre se insurgiu contra o facto de Cavaco Silva anunciar hipotética crise política, o candidato de Águeda esqueceu-se que, eventualmente, poderá ser esse o desejo de inúmeros portugueses.
Para além do facto de Manuel Alegre estar “colado” a um governo impopular, nas hostes socialistas o facto de somar o apoio do Bloco de Esquerda e as suas posições no Parlamento (acentuadas em 2006 aquando das anteriores presidenciais) angariou anticorpos e indiferença, para não dizer mesmo muitos desagradados. Aliás, para José Sócrates Manuel Alegre em Belém seria muito mais incómodo do que é Cavaco Silva.
E por mais que o Ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, queira sacudir a “água do capote governamental” o que é certo é que estas eleições foram, igualmente, um claro sinal e cartão “vermelho” da sociedade às políticas, medidas de austeridade e a confusão governativa que tem pautado este segundo mandato socialista.
Aguarda-se um mandato mais incisivo e activo de Cavaco Silva… até que ponto Sócrates aguentará a pressão interna (nacional) e externa (Europa, mercados, FMI).

Ainda o "malfadado" Cartão do Cidadão.

A propósito deste post ainda o "malfadado" candidato chamado: Cartão de Cidadão / Cartão de Eleitor.

Se no governo estivesse o PSD, o CDS ou ambos coligados, e tivesse ocorrido a mesma situação de pessoas impedidas de votar por causa do Cartão Cidadão, caía o Carmo e a Trindade.
Era logo necessário outro 25 Abril, tinhamos voltado ao tempo do facismo, um atentado à democracia, tal e tal e tal.... Manuel Alegre de certeza movia mundos e fundos para impugnas as eleições.
Como foi um governo de esquerda, social, democrático, pela liberdade e estado social... a coisa passa como um mero e infeliz contratempo...

É o que temos!

Resquícios das Presidenciais 2011

A avaliação principal desta campanha e dos resultados destas Presidenciais, por mais que se queira falar do resultado (já esperado) de Cavaco Silva, da abstenção, de José Manuel Coelho ou do resultado surpreendente de Fernando Nobre, do desate de Francisco Lopes e um inexpressivo Defensor Moura (que nada defendeu, antes pelo contrário)

É SÓ UMA: PS + BE é desastre completo.


 


Abstenção e o Cartão.

Retirando o facto da campanha eleitoral ter sido extremamente pobre e fraca, o que afastou muitos dos eleitores do seu exercício de voto (alguns também já confiando numa reeleição do Presidente - face às sondagens), estas Eleições Presidenciais - 2011 revelaram um total flop que é o programa tecnológico nacional e o simplex governativo. Muitos cidadãos não votaram porque não conseguiram obter (via internet, sms ou nas Juntas) o seu número de eleitor.
O Cartão de Cidadão não pode (não deve) conter o número de eleitor porque este (ao contrário dos que lá estão) não é fixo e é alterável sempre que se altera a freguesia de residência.

Mas independentemente do Cartão de Cidadão ou do Bilhete de Identidade para que serv eo Número de Eleitor.
Não seria tudo muito mais simples se nos Cadernos Eleitorais constasse o número de identificação pessoal (BI ou CC)?!
Complicar porquê? Isso sim seria o verdadeiro Simplex.

S. Gonçalinho candidato a património imaterial

Em Aveiro prepara-se a candidatura das festas de S. Gonçalinho (10 Janeiro) ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, promovido pelo Instituto dos Museus e da Conservação.


 Para a Vereadora da Câmara Municipal de Aveiro, Maria da Luz Nolasco,  "o objectivo é obter o reconhecimento nacional das festas de S. Gonçalinho, uma tradição muito viva e uma das singularidades de Aveiro". (fonte: "Em Aveiro" / Diário de Aveiro)





Um santo venerado no bairro da Beira Mar (Vera Cruz)
As festas de S. Gonçalinho são as mais típicas de Aveiro.
São Gonçalo terá nascido em Amarante em 1190 e terá falecido a 10 de Janeiro de 1262.
Da sua passagem por Aveiro, sabe-se que terá habitado no bairro piscatório da beira-mar, onde o povo o acolheu e venerou. O santo é invocado para as causas de doenças ósseas e para a resolução de dificuldades matrimoniais.

Joanna Newsom

 

Teatro Aveirense - Concerto de Joana Newsom
Terça, 25 Janeiro 2011 - 22h00 Hm
 
Bilhetes a 30 euros.


Joanna Newsom é um dos casos de maior devoção na música mundial. Com um projecto absolutamente único, de música encantatória e textos belíssimos, a harpista americana de voz inconfundível reuniu à sua volta um culto alargado que um pouco por todo o mundo vai esgotando concertos.
Ou talvez "culto" seja já uma expressão demasiado pequena para quem vendeu já dois milhões de álbuns e tem estado desde o início no topo das listas de melhores do ano das principais publicações internacionais de música (The Wire, Mojo, Uncut, Pitchfork...).
A voz e o mundo de Joanna Newsom não serão para todos, mas quem se rendeu à primeira ("Milk-Eyed Mender") terá sido arrasado à segunda ("Ys"). E agora surge "Have One On Me", álbum triplo aclamado novamente pela crítica e pelo público, que Joanna Newsom apresentará em Portugal em concertos há muito aguardado. (fonte: Teatro Aveirense)

REGRESSO...

A vida prega-nos partidas... muitas partidas. Umas boas, outras nem por isso!
Desde o dia 14... Infelizmente e pelas piores razões (e um enorme susto), estive aqui (na UCIGE - Unidade de Cuidados Intensivos de Gastroentreologia). Uma grande equipa (clínica e de enfermagem - Obrigado!)

Regressado a casa... com repouso mas com muita vontade de Regressar aqui, no twitter e no facebook.
A todos os que telefonaram, perguntaram, se preocuparam, escreveram... MUITO OBRIGADO.
É imensooooo ter tantos amigos (e bons).

Concerto Ano Novo e Reis

Domingo, dia 9 de Janeiro, no Teatro Aveirense. 18:00 Horas
Orquesta Filarmonia das Beiras e Paulo de Carvalho
Bilhetes 5/4 euros, c/ desconto Menores 12


Para a Orquestra Filarmonia da Beiras (OFB), nada faz mais sentido do que começar o novo ano com música. O Concerto de Ano Novo e Reis constitui um dos momentos marcantes da temporada musical da OFB, não só pelo extraordinário clima festivo que rodeia este espectacular programa, mas também pela habitual participação de um público que, ano após ano, atende com entusiasmo ao concerto para festejar a chegada do Ano Novo. Este ano não fugirá à regra e haverá ainda mais razões para celebrar connosco: à Orquestra juntar-se-á um nome incontornável na música portuguesa das últimas décadas: Paulo de Carvalho. O resultado: uma viagem às canções de todos nós na voz desse cantautor, num concerto envolvente, que contará ainda com outras obras de carácter festivo apropriadas à quadra.

2011 vai ser um ano que...

Passados os festejos, sanados os excessos, voltar à realidade.
Valerá a pena tanta euforia em tão poucas horas?!

Entrámos em 2011... estamos no primeiro dia do ano em que:
- aumentam os impostos;
- aumentam os preços;
- diminuem as deduções fiscais;
- alteram-se as reformas;
- pagamos mais pelo mesmo ou por menos;
- aumenta o desemprego e a incerteza empresarial;
- aumenta a instabilidade social, a pobreza e a fome;
- não sabemos se o FMI regressa;
- não sabemos se o Governo aguenta;
- não sabemos se Cavaco Silva (tendo como certa a sua reeleição) aguenta a pressão e a tentação de demitir o governo;
- não sabemos onde vai parar o défice público (para alguns, nem sabemos onde irá parar o euro)...
Mas celebramos euforicamente a despedida de 2010 e a entrada em 2011... PARA QUÊ?!

Como disse hoje Paulo Ferreira (editor de economia da RTP) no Twitter: "Em 2010 chegou a factura e em 2011 vem o recibo".

Esta passagem de ano (2010 para 2011) faz-me lembrar a velha (velhissima) anedota da visita a jardim zoológico: explicava o tratador das hienas que estas eram um animal peculiar: comiam fezes de outros animais, procriavam uma vez por ano e "riam" muito. Ao que uma das crianças da visita questionou: se comem a m**** dos outros e fazem sexo uma vez por ano, riem de quê?!"

O mesmo me apetece perguntar: rimos e celebramos euforicamente o quê?!

Que 2013 chegue bem depressa... pelo menos!