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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

A velhice já não é um posto...

Publicado na edição de hoje, 23.02.2011, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
A velhice já não é um posto!


De repente saltaram para as primeiras páginas dos jornais e para os ecrãs dos telejornais os casos de idosos que falecerem nas suas residências e que foram descobertos dias, semanas, meses e, pasme-se, anos depois.
Apesar do mediatismo informativo (sete casos descritos em oito dias), a divulgação dos factos permitiu, entre outras coisas, que a sociedade, por alguns momentos, discutisse e pensasse nesta triste realidade.
E o que leva a que estes factos (que não são novidade na sociedade) ganhem tamanha projecção?! Vários factores.
Uma sociedade que desvaloriza o saber e a experiência adquiridos ao longo dos anos, menosprezando o que a vida vai ensinando. Tomemos como exemplo a reestruturação de uma organização que se vê na contingência de reduzir os seus efectivos. Qual a primeira opção? A experiência, o profissionalismo? Não. A idade… e quem tiver mais idade é quem corre mais riscos.
Uma sociedade que privilegia e promove o individualismo, seja a nível pessoal, seja a nível profissional, fomentando o isolamento e a indiferença, mesmo daqueles que são 8ou forma) próximos. O sentido de família, vizinhança, comunidade, bairro, povo (povoado), são valores que, cada vez mais, se vão perdendo. Daí que este fenómeno social seja, essencialmente, uma questão urbana face ao desmedido crescimento das cidades, mas que não deixa de preocupar as zonas rurais, fruto do despovoamento de muitas comunidades e o seu envelhecimento, por exemplo, no interior. Por outro lado, há cada vez mais idosos abandonados nas suas casas, nos lares, nos hospitais, pelos familiares e amigos.
Uma sociedade cada vez mais envelhecida e sem capacidade de respostas sociais eficazes para com os seus cidadãos seniores. Portugal é o sétimo país do Mundo mais envelhecido, somando cerca de 1,9 milhões de idosos (mais de 65 anos), confirmando a tendência europeia e confirmando ainda o facto de os idosos portugueses serem os mais pobres da União Europeia, conhecidos que são os valores da maioria das pensões, em muitos casos, permitindo uma simples sobrevivência. A agravar a situação, Portugal encontra uma população idosa com débil qualidade de vida, com dificuldades no acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente com o aumento dos preços dos serviços e dos medicamentos. Se estes quase dois milhões de cidadãos tivessem, na prática, peso “político e social” teríamos um Estado mais cuidadoso e mais protector.
Apesar do choque dos factos, da incapacidade de percebermos e entendermos alguns dos contornos dos acontecimentos (como é possível alguém estar morta nove anos num apartamento) não se estranhe a realidade, num país que, tendencialmente, tende para o aumento do número de idosos isolados, sozinhos, excluídos.
No entanto… não há “moeda” sem a outra face!
E se os pressupostos apontados tentaram justificar ou sustentar os factos vindos a público, também não deixa de ser verdade que, olhando com preocupação um futuro que não se afigura risonho, caberá também, aos próprios idosos uma grande responsabilidade na sua integração, na sua socialização, no fundo, na sua própria sobrevivência.
O envelhecimento não é, por si só, um fim nem deve ser encarado como algo terrível. Também cabe ao idoso o esforço por se adaptar, por se manter útil, procurar espaços de socialização, de participação comunitária, prolongando, desta forma, o seu papel activo na sociedade.
A todos cabe uma quota de responsabilidade…

Tiros nos pés...

Ou opções que descredibilizam e mancham o jornalismo.
Nem tudo vale na informação e a informação não se pode valer de tudo. Por uma questão ética, deontológica e de princípio.
Se o direito de informar é um direito fundamental, nem tudo se resume ao princípio do bem e do interesse públicos. Por outro lado, há outros direitos fundamentais que se sobrepõe a esta desmedida ânsia informativa sem critério e sem rigor.
O Correio da Manhã (e depois a TVI) não estiveram nada bem na divulgação do vídeio e dos fotogramas do "caso do homicídio em Oliveira do Bairro".
Pela primeira vez tenho que concordar: a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação) agiu bem... o pior são sempre os resultados e as conclusões. (fonte: Público online).

Sem verdade... e sem consequência!

É assim, na maior parte das vezes, na política portuguesa. O discurso político, nomeadamente de quem governa, raramente soa a verdadeiro e raramente tem alguma consequência política e social.
Felizmente, já lá vão os tempos em que "com papas e bolos se enganam os tolos". Ou seja, já lá vai o tempo em que o povo era "tolo".
E de demagogia estamos fartos e cansados.
A execução orçamental anunciada pelo Primeiro-ministro, com enorme regozijo, tem o mérito governativo de quê? De espoliar quem trabalha, de estagnar a economia nacional, de aniquilar as perspectivas a milhares de jovens, de lançar mais de 11% da população activa para o desemprego, de aumentar os impostos, de diminuir os benefícios fiscais e sociais?! E isto para quê?!
Para anunciar o aumento das receitas do estado?! Claro que sim... facílimo.
Mas apesar de todo este esforço e austeridade, o que faz o Governo com o dinheiro dos contribuintes?!
Aumenta a despesa do estado em cerca de 1%.
Esta é a verdade... e sem consequência!
Ou quem sabe, a consequência que muitos não desejam: a intervenção e a interferência externas (seja a Europeia, seja a do FMI).
E pelos sinais (audiência do Presidente da República com Teixeira dos Santos, com o Governador do Banco de Portugal, com Durão Barroso, entre outros) não faltará muito.

Resumo da Semana - 20.02.2011

Publicado na edição de hoje, 20.02.2011, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo… sem (e)moção!


Economicamente desastrosa
Do ponto de vista social e económico a semana não podia ser mais negra e mais preocupante, sem que o Governo de José Sócrates não perceba que, neste momento, entre o recurso ao Fundo de Emergência Europeu ou ao FMI a diferença é muito pouca ou nenhuma.
O ano de 2010 terminou com o PIB a cair 0,3% em relação aos meses anteriores, o consumo diminuiu face às dificuldades financeiras que as famílias e os cidadãos se deparam, a inflação aumentou e o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já veio afirmar que Portugal se encontra em recessão.
A agravar a realidade, mais de 11% (11,1%, mais de 600 mil cidadãos) dos portugueses activos está no desemprego o que potencia a instabilidade social, a insegurança, a contestação.
Sem (e)moção
Mas a semana ficou claramente marcada pela inconsequência política de uma moção “aniquilada” à nascença, vetada ao fracasso por responsabilidade dos seus proponentes: o Bloco de Esquerda.
Primeiro pelo timing e pela oportunidade política, completamente a despropósito.
Segundo pela incoerência da posição política do líder bloquista que quatro dias antes se insurgiu contra uma eventual apresentação de moção de censura ao governo, por parte do Partido Comunista.
Terceiro porque ficou óbvio que esta irresponsabilidade política do BE teve como principal objectivo distanciar-se do PS e limpar a péssima imagem resultante da última campanha presidencial e no desastre que foi o apoio conjunto a Manuel Alegre.
Quarto pela péssima estratégia usada. Uma moção de censura ao Governo só faz sentido se tiver como objectivo o “derrube” desse mesmo governo. Se assim não for é pura retórica e é o esvaziamento e banalização de um dos mais importantes processos parlamentares. Daí que a tentativa de remediar a precipitação com o anúncio da moção tenha sido ainda pior. É que para a moção passar ela teria que ter o aval dos partidos à direita do PS. Atacando-os, estendendo os pressupostos e os fundamentos políticos para além da esfera governativa foi o mesmo que votar contra à própria proposta, inviabilizando qualquer apoio necessário para a aprovação da moção de censura.
Falar claro. Agir com ética e responsabilidade
Face à realidade que o país enfrenta (interna e externamente), face aos sacrifícios colectivos (ou só para uma parte do colectivo) resultantes das políticas e medidas de austeridade já aplicadas e as que ainda virão a ser necessárias, todas as acções que o governo possa desenvolver para diminuir a despesa pública e facilitar a execução orçamental, promovendo a justiça social, são sempre bem-vindas.
Daí que o anúncio da extinção de cerca de uma centena de cargos de chefia na Segurança Social, tutelada pelo Ministério do Trabalho, é uma medida que deve ser aplaudida e enaltecida. Significa uma clara preocupação na gestão de recursos humanos e financeiros. Aos olhos do comum dos cidadãos, tal facto significa a redução substancial de despesa.
Mas “não há bela sem senão”… e como diz o ditado popular “ quando a esmola é grande o pobre desconfia”. É que a maioria desses cargos/lugares encontra-se vazia. A isto chama-se enganar o povo, ou se quisermos, “tapar o sol com a peneira”.
Finalmente o óbvio.

Era preciso uma enorme balbúrdia, uma total falta de respeito para com a democracia e os cidadãos, uma total incapacidade de assumir as responsabilidades que, sim, são políticas também?!
Era preciso, ao fim de quase 37 anos de democracia, condicionar e inibir o exercício do mais elementar direito fundamental democrático que é o acto de votar?!
Não, não era.
Retirando o facto da campanha eleitoral ter sido extremamente pobre e fraca, o que afastou muitos dos eleitores do seu exercício de voto (alguns também já confiando numa reeleição do Presidente - face às sondagens), estas Eleições Presidenciais - 2011 revelaram um total flop que é o programa tecnológico nacional e o simplex governativo. Muitos cidadãos não votaram porque não conseguiram obter (via internet, sms ou nas Juntas) o seu número de eleitor.
O Cartão de Cidadão não pode (não deve) conter o número de eleitor porque este (ao contrário dos que lá estão) não é fixo e é alterável sempre que se altera a freguesia de residência.
Mas independentemente do Cartão de Cidadão ou do Bilhete de Identidade para que serve o Número de Eleitor?! Em rigor e na prática… para nada!
Não seria tudo muito mais simples se nos Cadernos Eleitorais constasse o número de identificação pessoal (BI ou CC)?!
Era difícil chegar a esta conclusão?! Claro que não...
Só escusavam de sujeitar o país e os eleitores a este triste circo, que pelos vistos não ficará por aqui, e onde, mais uma vez, a responsabilidade política “morreu solteira” (como se a culpa fosse exclusivamente do Director-geral demitido e do sistema informático). E escusavam de sujeitar o país às tristes explicações e ausência de responsabilidade política e governativa do Ministro da Administração Interna.
Mas o Governo, finalmente, descobriu a pólvora e aprovou a extinção do número e cartão de eleitor. Mesmo que só em Janeiro de 2013. Será um prenúncio eleitoral?!

Boa Semana…

Quem tem cú tem medo!

Face à realidade do país e da conjuntura internacional, face às políticas e medidas de austeridade às quais se somam os erros da gestão governativa deste (des)governo, face à instabilidade social e à crescente insatisfação dos cidadão, ainda estão vamos, de certeza, assistir a mais greves, mais contestação, mais insatisfação.
E face a toda esta realidade e à pressão e impacto que possa ter no Governo, o PS tratou logo, pelo próprio líder da bancada parlamentar, assegurar que não incomodassem o Presidente da República, não vá Cavaco Silva irritar-se e usar a "bomba presidencial", após a tomada de posse!
Já diz o sábio povo: "quem tem cú tem medo"!

Era preciso tanta confusão?!

Era preciso uma enorme balbúrdia, uma total falta de respeito para com a democracia e os cidadãos, uma total incapacidade de assumir as responsabilidades que, sim, são políticas também?!
Não, não era.
Era difícil chegar a esta conclusão?! Claro que não...

Só escusavam de sujeitar o país e os eleitores a este triste circo (que pelos vistos não ficará por aqui - fonte: DN).

Governo finalmente descobriu a pólvora: Aprovou a extinção do cartão de eleitor. (fonte: DN)

Batemos no fundo....

Podemos passar a barreira dos 11% dos desempregados... Aguentamos!
Podemos ver subir o IVA, os preços e as taxas de IRS... Aguentamos!
Podemos ver a nossa economia a estagnar e entrarmos em recessão... Aguentamos!
Podemos não ter ninguém para nos comprar a dívida e com isso chegar o FMI... Aguentamos!


Mas porra... AUMENTAR O PREÇO DA CERVEJA?!!! (5%) Era escusado...
Batemos no fundo!!!!

Aniversário. 60 velas!

O Jornal da Bairrada (região de Aveiro), faz hoje 60 anos.

Foi vencendo as adversidades da sustentabilidade da comunicação social, principalmente num sector difícil como é a o da comunicação social regional e o seu papel.
Mas foi ganhando batalhas e a guerra... e apesar dos 60 anos não se afigura o fantasma da Reforma.

Parabéns... a toda a equipa e, em particular, um abraço ao meu amigo António Granjeia.

A história da Avestruz!

É impressionante (ou talvez já nem tanto) a facilidade com que o Governo se transforma em avestruz e esconde a cabeça na areia.
Face à realidade dos números e dos factos - taxa de desemprego ultrapassa a fasquia dos 11%  (11,1%) - o Governo de José Sócrates ainda não percebeu, ou não quer perceber, que as políticas e medidas implementadas têm trazido, e vão ainda complicar mais, um agravar da condição social de muitos cidadãos, de famílias, de empresas, vão criar desespero, instabilidade social, insegurança, com riscos para a sociedade, para a economia e para o estado.
Ao facto de nunca ter havido tantos desempregados em Portugal, a resposta governativa é a desresponsabilização, a arrogância política e o assobiar para o lado. Como por exemplo o título do Expresso on-line: "Governo e PS rejeitam 'de forma clara agenda da direita' sobre trabalho"!
Por outro lado, é o próprio Governador do Banco de Portugal que o afirma, - "já estamos em recessão económica” - sem que tal realidade provoque o mínimo de desconforto e  incómodo num governo que, dia após dia, vai sendo incapaz de suster o que mais se teme: a intervenção do FMI.
E a avestruz lá esconde a cabeça na areia... e nós lá vamos aguentando o fardo!

RIA(lidades)....

Publicado na edição de hoje, 16.02.2011, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
RIAlidades!


Ainda na crónica da passada semana (“Medidas… desmedidas”) fazia referência à necessidade de se retomar a questão da regionalização e à igual necessidade de se repensar o mapa administrativo nacional (autárquico). Por outro lado, é tema corrente no debate político a intermunicipalização, não só em termos administrativos (as regiões administrativas) como em áreas específicas como a mobilidade, por exemplo. Aliás, esta é uma questão por diversas vezes abordada em Aveiro para permitir uma maior dimensão aos operadores (públicos e privados) de transporte locais e regionais, se bem que, em alguns casos, entenda que deve haver primeiro uma reestruturação interna.
Mas a intermunicipalização não é apenas importante para o redimensionamento de um determinado serviço ou estrutura.
É também, ou principalmente, importante para conjugação de recursos, esforços, estratégias e políticas/medidas que promovam eficácia e desenvolvimento.
E é pena que a região de Aveiro ainda não tenha conseguido encontrar uma plataforma eficaz, relevante e pressionante ao nível do impacto na região e na administração central, para a requalificação, preservação e desenvolvimento do maior património natural: a Ria de Aveiro.
Existe um conjunto de acções desencadeadas, há alguns anos a esta parte, mas de forma isolada, pontual, sectorial. Nada de abrangente, global. Nem mesmo o tão falado Polis Litoral da Ria de Aveiro, os esforços da CIRA ou das Autarquias ribeirinhas (com gabinetes criados para o efeito), o papel do Turismo Centro, têm conseguido encontrar uma política sustentada e integrada de revitalização e promoção da Ria de Aveiro.
Isto porque a Ria de Aveiro não pode depender apenas do reordenamento da sua frente lagunar (como o que o Polis tem desenvolvido, e bem, em Ovar, S.Jacinto, Murtosa – prevendo-se ainda a sua extensão a Estarreja, Ílhavo, Vagos e Mira). A Ria de Aveiro é mais do que o ordenamento do seu “território”. São os seus ecossistemas e a sua ambientalidade, o turismo, o lazer e o desporto, a economia, a gastronomia, a história, a cultura e a vertente social.
A sua própria navegabilidade, muito deteriorada em grande parte da sua extensão, e o salgado, o moliço e a pesca.
A Ria de Aveiro merece uma gestão integrada, dinâmica e concretizadora, porque já muito se falou, já muito (eventualmente) se reflectiu… está, por isso, na hora de concretizar e de agir.
A Ria não é propriedade de ninguém, mas deve ser preocupação de todos. Um valor patrimonial natural infindável e um recurso das comunidades que merece um esforço colectivo e integrado.

E agora BE?!


Está, como já estaria logo à “nascença”, condenada ao insucesso a moção de censura do BE, anunciada para 10 de Março. Isto, independentemente da posição do PCP, pelo facto do CDS e do PSD terem já manifestado a sua intenção de voto, caso se concretize a apresentação da moção de censura ao governo: abstenção.
Nada seria mais lógico pela forma politicamente irresponsável como o Bloco de Esquerda apresentou a sua intenção.
Sem argumentos e fundamento válidos, fora de tempo, a despropósito, depois de Louçã quatro dias antes ter acusado o PCP por este ter anunciado um hipotética moção. Pior “a emenda que o soneto” seria a tentativa de “amolecer” o impacto negativo da decisão de Francisco Loução, com Fazenda a dizer que a moção era contra o Governo e contra a direita. A tal “maldita” direita que tanto era precisa para aprovar a moção. Ou seja, o Bloco de Esquerda “votou” contra a sua própria moção, ao aniquilá-la à nascença.
A única coisa que o Bloco de Esquerda conseguiu foi permitir ao Governo e a José Sócrates saírem por cima desta embrulhada, fazendo mais um número de vítima e de “Madalena arrependida”, e sacudir a água do capote da responsabilidade de tornar o país num caos ingovernável.

A argumentação do PSD afigura-se responsável e coerente, embora a expressão utilizada não seja a mais perfeita (“Este ainda é o tempo para o PS governar”). O que se afigura mais lógico é que esta ainda não será a altura para o PS sair. Porque esse tempo irá chegar pelas circunstâncias e por demérito próprio. Não fazia qualquer sentido que o PSD fosse assumir, nesta data, o derrube do Governo quando ainda estamos longe do balanço da execução orçamental.

E todo este “alarido” só serviu para desviar as atenções, mais uma vez, do essencial e dar tempo a José Sócrates de respirar: Portugal é dos países europeus onde há maior taxa de desemprego, onde o PIB menos cresceu, onde a economia estagnou.
Portugal vendeu dívida pública a longo prazo a uma taxa de 7,6% enquanto a vizinha Espanha vendeu a 5,25%. Portugal desespera por uma decisão da União Europeia (que na melhor das hipóteses será decidida em finais de Março) sem encontrar respostas próprias. Os portugueses já recorrem ao crédito para pagar medicamentos. E ainda somos enganados com uma operação fantasma do Instituto da segurança Social ao eliminar 100 postos de chefia que, afinal, se vem a verificar estarem vazios.

Efeito Dominó.

(fonte: reuters)
Magreb e Médio Oriente em efervescência... Ou se quisermos, uma grande "fatia" do Mundo Árabe!

Depois da "libertação" do Egipto (embora reste saber qual o rumo futuro que o país vai optar por assumir), o efeito da revolta do Cairo potencia um efeito dominó muito simultâneo e explosivo.
Um efeito rebentamento de bolha com consequências imprevisíveis!

E não deverá ficar por aqui...

Sociedade inconsciente?


De repente saltaram para as primeiras páginas dos jornais e para as aberturas dos noticiários das televisões os casos de idosos encontrados sem vida e que vivam sozinhos.
Independentemente de questões de natureza legal e judicial que se possam levantar, independentemente destes casos serem, infelizmente, mais comuns do que se possa imaginar, mesmo sem terem tido o mediatismo da actualidade, o certo é que esta é uma realidade social preocupante e que ilustra um aspecto inquietante na sociedade de hoje: a indiferença para com os mais velhos, para com os que deixaram de ser produtivos, como se tudo na vida se reduza a uma mera “caixa registadora”!
Que triste sociedade que trata assim o saber, a experiência, a vida “vivida”, os que, a seu tempo, ajudaram a erguer e a desenvolver o país e as comunidades.
Podemos ter muito investimento nas tecnologias, muito impacto ambiental com as energias renováveis (carros eléctricos, energia eólica), muitos portáteis nas escolas (mesmo que sem aquecedores, com chuva e sem refeitórios), muitas revoluções “ciberconquistadas”, mas começa a ser gritante a falta de sentido comunitário, de solidariedade, de ajuda, de amizade e respeito… de uma sociedade desumanizada!
E são muitos os casos, sobretudo nas zonas urbanas, de cidadãos aos quais a família, pura e simplesmente, virou costas (nos seus lares, nos hospitais, nas instituições sociais).
É este o retrato de uma sociedade menos “vizinha”…

Resumo da semana - 13.02.2011

Publicado na edição de hoje, 13.02.2010, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana (egípcia) em resumo.


Educação
Depois de várias manifestações, programa televisivo, pressões dos agentes educativos (escolas, pais, alunos), de algum (mesmo que ligeiro) recuo ministerial, o Ministério de Educação e a Associação das Escolas do Ensino Particular e Cooperativo com contrato de associação chegaram finalmente a um acordo quanto às condições dos protocolos futuros (diminuição gradual dos apoios e do número de turmas).
No entanto, algumas escolas (Associação dos Colégios Católicos) não se revêem no acordo e decidiram não o subscrever, optando por continuar as formas de luta por manter os seus actuais estatutos.
Face ao contexto e realidade nacionais, face ao acordo assinado, afigura-se como algo perigoso, em termos de sustentabilidade do futuro dessas instituições. Relembra-se o sábio dito popular: “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, ou “do mal o menos”.
Mobilidade parada ou aos soluços
O Metro de Lisboa abriu a campanha que se foi estendendo pelos transportes públicos rodoviários, fluviais e ferroviários. A mobilidade dos cidadãos, nomeadamente nas zonas de Lisboa e Porto, foi afectada por várias paralisações dos funcionários dos vários sectores, demonstrando uma contestação social que se afigura como algo que irá ser prática corrente ao longo deste ano (pelo menos) face às dificuldades que os cidadãos irão sentir e às medidas de austeridade que irão ser implementadas pelo Governo.
Presidencialismo activo
Durante a campanha e nos discursos pós-vitória do Presidente da República, Cavaco Silva já o tinha afirmado: este segundo mandato irá ser mais incisivo, mais activo, mais interventivo…
O primeiro Decreto-Lei (legislação emitida pelo governo sem necessária aprovação da Assembleia da República) vetado por Cavaco Silva – norma legislativa que permitiria, às farmácias, alterar as prescrições médicas - (atitude do Presidente que se afigura de um claro bom senso), não tem apenas uma leitura meramente técnica e legislativa. Ela é igualmente institucional e política… fruto do resultado da campanha das presidenciais e da forma como cavaco Silva encara este segundo mandato.
Ainda o rescaldo do acto eleitoral
No seguimento da “bronca eleitoral” originada pelo Cartão de Cidadão e a falta do número de eleitor, que provocou um agravar no já elevado número de abstenções, o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, descarta qualquer responsabilidade política, sacudindo a “água do capote” para o demissionário director-geral da Administração Interna, Paulo Machado.
Em declarações prestadas no Parlamento, o Ministro Rui Pereira auto-desresponsabilizou-se descartando as responsabilidades políticas, relevando apenas questões técnicas e de falta de profissionalismo, de ética e de lealdade do ex director-geral. O que demonstra um claro receio de perder o poder.
Por outro lado, Rui Pereira defende o fim do número de eleitor. Algo que já foi aqui afirmado, em tempo… De facto, já o afirmámos, não trás qualquer mais-valia e é irrelevante para o acto eleitoral o cartão de eleitor, bastando para o exercício do direito ao voto o número do bilhete de identidade ou o cartão de cidadão, constando dos cadernos eleitorais.
Receituário Fiscal
O Primeiro-ministro José Sócrates e o Secretário de Estado, Sérgio Borges, congratularam-se, esta semana, com o facto das receitas fiscais, em Janeiro passado, terem aumentado cerca de 15% quando comparados com Janeiro de 2010.
Estes 15% referidos incluem um aumento (comparativo) de 8% no IRS e 6% no IVA.
Ou seja, o Primeiro-ministro e o Ministério das Finanças (para assegurarem uma eficaz execução orçamental, mesmo que isso não nos livre do afamado FMI), basicamente, congratulam-se com o facto da maioria dos cidadãos estar numa situação deplorável, sem dinheiro, a suportar um esforço socialmente desigual e desequilibrado.
Governar com o dinheiro dos outros parece ser fácil e acessível a todos. Governar à custa do mais fraco é, no mínimo, censurável.
E agora, Egipto?!
Uma excepção…
Durou 18 dias a luta e o esforço, para além de muitas vidas, do povo egípcio no sentido de mudar o rumo político do seu país.
Quando a desilusão assolou, na quinta-feira, não só os milhares de egípcios que se concentravam na principal praça da cidade do Cairo, mas também toda a comunidade internacional, após o discurso de Mubarak, eis que no dia seguinte tudo mudaria e o que a maioria dos cidadãos do Egipto esperava, aconteceu: Mubarak cedeu e abandonou os 32 anos de poder.
O país sentiu o sabor da liberdade… as vitimas da revolta foram honradas e vingadas.
O Egípto será diferente. Mas há um senão no dia de amanhã. E agora? Entre uma ditadura e um fundamentalismo/extremismo será que o Egipto encontrará alternativa?! A ver vamos…

Boa Semana…

Um despropósito político...


O Bloco de Esquerda, pela voz do seu coordenador Francisco Louçã, referiu na sessão de ontem da Assembleia da República que, no próximo dia 10 de Março (no dia imediato ao da tomada de posse do Presidente da República), o seu partido apresentará uma Moção de Censura ao governo socialista. Resumidamente porque José Sócrates não aceitou o repto lançado pelo líder bloquista de apresentar, no parlamento, uma Moção de Confiança.
Um enorme tiro no pé. Ou melhor… nos dois pés, simultaneamente.
Principalmente porque foi de um desespero político desastroso, de total inocência política, perfeitamente fora de timing e de força contextual.

(fonte fotográfica: DN)
Além disso, Francisco Louçã cai, em menos de uma semana, em total incoerência. Quando o Partido Comunista coloca uma eventual apresentação de uma moção (sem a confirmar em pleno), Louçã clama a todos os ventos que a moção é despropositada e inconsequente. Borrifando-se completamente para o que afirmou publicamente em relação à proposta do PCP, vem agora contrariar-se e publicitar a sua Moção.
Segundo erro… uma Moção não se publicita, apresenta-se no momento certo, discute-se com forte argumentação e projecta-se o futuro (consequências). Publicitar, com um mês de antecedência, o que se vai fazer é deitar por terra qualquer factor surpresa, permitir aos outros partidos a construção de uma eficaz oposição, e é correr, desnecessariamente, o risco das condições que fundamentaram a publicitação da moção se alterarem.

Por outro lado, e mais relevante, a forma como Louçã anuncia a moção só tem duas consequências óbvias: ou o PSD deixa passar a moção, provocando eleições antecipadas, o que lançaria sobre o Bloco de Esquerda o fantasma histórico do que aconteceu ao PRD em 1987; ou, pelas afirmações de Luís Fazenda após o anuncio de Louçã (como que a tentar minimizar os estragos evidentes) onde é afirmado que a moção é contra o governo e contra a direita, a moção é rejeitada (hipótese mais provável) o que só vem reforçar a posição do governo e de José Sócrates, e o papel de oposição, nomeadamente, do PSD.

Portanto, Francisco Louçã jogou politicamente muito mal, tal como o fez nas presidenciais. Ficou refém da sua própria posição (do próprio veneno). Mas pelos vistos não apreendeu nada… E tão amigos que eles eram há um mês atrás!!!!

Teatro Nacional de S. João no Teatro Aveirense

Teatro Aveirense - 12 de Fevereiro - 21:30 Hm

                     Antígona de Sófocles

Teatro Nacional de S. João
Encenação de Nuno Carinhas

Que espaços levantar para conter as palavras que andam pela cidade? Da camarata auschwitziana construída em madeira de Breve Sumário da História de Deus, ao quase semicírculo revestido a cortiça de Antígona, que ora transporta a memória do anfiteatro grego, ora sugere a cratera de um vulcão em lava, Nuno Carinhas desenhou dois lugares pouco amenos para ressoar o som e a fúria das convulsões do mundo, duas orgânicas máquinas de emaranhar perguntas no espaço público. Porque em Antígona – já era assim no Breve Sumário – interroga-se a origem das coisas, porque aqui começa a história do nosso teatro e a vida política das nossas cidades. Com a insubordinação de Antígona, o homem parte à conquista de uma consciência, questiona as fronteiras entre a integridade individual e o bem comum. As personagens de Sófocles são angustiados pontos de interrogação que caminham. Pergunta Creonte: “Então o Estado não é de quem manda?” Responde Hémon: “Nenhum Estado é de um homem só!” Pergunta Antígona: “Como posso eu ainda olhar para os deuses?” De pergunta em pergunta, de resposta em resposta, o confronto adensa-se e Antígona entrega-se à morte. Vinte e cinco séculos mais tarde, Marguerite Yourcenar dedicou-lhe o mais belo dos epitáfios: “O tempo retoma o seu curso sob o ruído do relógio de Deus. O pêndulo do mundo é o coração de Antígona”. (fonte: Teatro Aveirense)

de Sófocles. tradução Marta Várzeas. encenação e cenografia Nuno Carinhas. figurinos Bernardo Monteiro. música Miguel Pereira (VortexSoundTech). desenho de luz Rui Simão. desenho de som Joel Azevedo. voz e elocução João Henriques. interpretação Alexandra Gabriel, António Durães, Emília Silvestre, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Maria do Céu Ribeiro, Paulo Freixinho, Pedro Almendra. produção TNSJ.

A propósito… infelizmente!


No seguimento deste post “Medidas… desmedidas” nada melhor que justificar a fundamentação que apresentei, com um caso mais que prático e realista.
Existe uma Autarquia (Loures), com Serviços Municipalizados (SMAS de Loures) e uma Freguesia e respectiva Junta de Freguesia (Santa Iria de Azóia).
O contexto, de forma muito linear, é traduzido por um episódio de greve (constitucionalmente um direito inalienável) pelos funcionários dos SMAS de Loures que reivindicam a manutenção de um subsídio (complemento) que a legislação define como ilegal. Resultado: há dez dias que não há recolha de lixo na Freguesia e Vila de Santa Iria de Azóia.



Há parte disto, o que, por si só, não é pouco (uma questão de imagem, de limpeza, de respeito pelos cidadãos, de saúde pública, de empenho político), houve, por parte de alguns cidadãos, a pressão junto do Executivo da Junta de Freguesia para a solução do problema, ou, pelo menos, a sensibilização para a necessidade do mesmo Executivo agir junto da Autarquia e dos SMAS de Loures. Até agora sem resultados práticos e positivos.
Mas o que importa ainda realçar (a tal ligação com o post) é a incapacidade da Junta de Freguesia para resolver um problema da sua área de jurisdição. Como acontece em muitas outras situações por este país fora. A incapacidade política e de gestão de inúmeros executivos de freguesia que dependem do poder municipal ou de outras entidades para poderem realizar alguma actividade. Daí que a relevância do tema vá ganhando, cada vez, mais impacto e importância: a reformulação do mapa do poder autárquico nacional (Freguesias e, até mesmo, Municípios), questionando-se o papel e o número de muitas freguesias e câmaras municipais.
Entretanto, os cidadãos que pagam os seus impostos, que prezam pela imagem das suas comunidades, vão, desesperadamente, vivendo no meio do LIXO! Em pleno século XXI.

Receituário fiscal…



José Sócrates e o Secretário de Estado, Sérgio Borges, congratularam-se com o facto das receitas fiscais, em Janeiro passado, terem aumentado cerca de 15% quando comparados com Janeiro de 2010.

Estes 15% referidos incluem um aumento (comparativo) de 8% no IRS e 6% no IVA.

Ou seja, o Primeiro-ministro e o Ministério das Finanças (para assegurarem uma eficaz execução orçamental, mesmo que isso não nos livre do afamado FMI), basicamente, congratulam-se com o facto da maioria dos cidadãos estar numa situação deplorável, sem dinheiro, a suportar um esforço socialmente desigual e desequilibrado.

Governar com o dinheiro dos outros parece-me fácil e acessível a todos.
Governar à custa do mais fraco é, no mínimo, inaceitável.

Dia Europeu da Internet Segura

Ontem foi o Dia Europeu da Internet Segura.

Tal como na vida real (por contraponto à virtualidade da “rede”), na Internet as crianças e os jovens são a maior preocupação quando está em causa a segurança pessoal: a preocupação com os conteúdos, com os contactos com estranhos, a tentação do e-comércio, preocupações comportamentais e emocionais, e questões jurídicas, por exemplo o atropelo aos direitos de autor (fonte: miúdos seguros na net).

Mas a questão não está na internet em si mesma… pese embora a sua dimensão, o seu mediatismo/universalidade, a sua amplitude.
O que está em causa é o uso que fazemos da internet: da sua utilização errada dependem as suas consequências, mais ou menos graves, para os utilizadores.

A utilização da “rede” tem, dia após dia, vindo a alterar comportamentos, processos de socialização e comunicacionais, mas também de relações comerciais, culturais e profissionais, para além do lazer e entretenimento.
É hoje uma realidade inquestionável que esta “sociedade de informação em rede” permite um incalculável acesso ao conhecimento, à aprendizagem, à cultura, à informação e à interacção comercial, sendo, cada vez mais, evidente o fosso entre a infoinclusão e a infoexclusão dos indivíduos e das organizações.
Perder este realidade é o mesmo que sentenciar um isolamento e uma exclusão que acarreta mais desvantagens que vantagens.

Por isso, devem ser uma preocupação de todos (utilizadores, pais, agentes educacionais, organizações, governos) os processos educacionais que promovam o uso correcto da internet e alertem para os riscos da sua utilização desmedida e imponderada.
Mais do que fugir da internet, deve ser promovida uma eficaz e segura utilização da internet.

Medidas... desmedidas!

Publicado na edição de hoje, 8.02.2011, do Diário de Aveiro

Preia-Mar
Medidas... desmedidas!


Tem marcado a agenda política desde a semana anterior a questão da redução do número de deputados na Assembleia da República.
Políticas (ou politiquices) à parte, e independentemente de outros fundamentos, o primeiro argumento pró redução, e perfeitamente perceptível ao senso comum (aos cidadãos) é que há um considerável número de deputados que durante uma legislatura completa não pronunciam uma única palavra, não produzem um relatório, não fazem parte de qualquer comissão parlamentar, não apresentam qualquer documento. Isto, por si só, deveria preocupar a maioria dos deputados, pelo menos os que têm maiores responsabilidades políticas. Mas a questão passa, igualmente, pela vertente da redução das despesas, com maior relevância para os tempos de crise e para a solicitação de um esforço colectivo.
Tais factos parecem ser suficientemente fortes para se concretizar a proposta do ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão. Mas, polémicas partidárias à parte, já que o assunto está a dividir os parlamentares e está a criar mau estar interno nas hostes socialistas, a questão não é pacífica e parece-me estar a ser mal colocada. Mal colocada porque há outros pormenores que merecem destaque e uma reflexão mais profunda.
Primeiro a questão da representatividade partidária com claro prejuízo para os partidos com menor presença parlamentar e muito mais ainda para os outros partidos minoritários, apenas eventualmente colmatado com a necessidade de uma revisão do actual processo eleitoral.
Depois, porque, neste âmbito, o país tem outras deficiências que importa aproveitar para englobar num processo reformista mais abrangente e mais eficaz.
O constante adiamento de um processo importante para o desenvolvimento e para um maior equilíbrio nacionais: a regionalização. Processo que permitira repensar, por urgência e necessidade estratégica, a existência, a funcionalidade e a finalidade dos Governos Civis e das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais. Aliás, a própria Constituição da República Portuguesa, após as várias revisões, prevê apenas a existência de autarquias locais (freguesias e municípios) e regiões administrativas.
Para além disso, no que diz respeito à redefinição do mapa geopolítico e administrativo nacional, há ainda a necessidade de repensar a actual realidade da política de proximidade.
Por maior que seja o respeito que se deva aos autarcas municipais (autarquias e freguesias), por maior que seja o reconhecimento do seu esforço e do seu trabalho, o país tem um défice de estruturação e de reorganização no que diz respeito ao poder local. Exemplo disso, é o processo em curso de redefinição do número de freguesias no Concelho de Lisboa.
E este deveria ser um processo pensado a nível nacional, com a participação o mais alargada possível de todos os agentes (governo, autarcas, Associação Nacional de Municípios – ANMP, Associação Nacional de Freguesias – ANAFRE, agentes económicos e culturais) e dos próprios cidadãos. Uma reflexão o mais abrangente e profunda possível.
Se esta realidade não for pensada e projectada de forma global e estendida a todas as vertentes, a proposta de redução do número de deputados na Assembleia da República não passará de um “fait diver”, de pura retórica e de mais uma medida sem profundidade e eficácia…

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