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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

O que é nacional é bom.... mas caro!

Publicado na edição de hoje, dia 31 de Julho, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo…


A semana foi marcada, essencialmente, pelas novas medidas das relações laborais (a proposta de redução do números de dias de indemnização a que um trabalhador terá direito em caso de rescisão da relação labora – para já de 30 para 20 dias) e pelo anúncio feito pelo Ministro das Finanças sobre a necessidade de se proceder, este ano ainda, a dois orçamentos rectificativos, por forma a clarificar as contas públicas e a permitir o cumprimento das metas orçamentais definidas no programa e acordo com a ajuda externa.

Mas o “arranque” semanal incluiu ainda outra vertente ou faceta económica.

Na segunda-feira, o grupo parlamentar do PSD, onde se incluíam os deputados eleitos, nas últimas legislativas, pelo círculo eleitoral de Aveiro, Ulisses Pereira e o líder da bancada, Luís Montenegro, apresentou, na Assembleia da República, um projecto de resolução, de recomendação ao Governo, com o objectivo de promover e incentivar o consumo de produtos nacionais, a começar pelo exemplo do Estado.
Em traços gerais, a fundamentação do projecto baseia-se, face à realidade económico-financeira que o país atravessa, na necessidade de se criarem mecanismos, políticas e estratégias que desenvolvam, de forma sustentada, a economia nacional através do consumo de produtos portugueses, nomeadamente a agricultura e o “degradado” mundo rural.
No fundo, este projecto de resolução vem na linha do pensamento expresso numa parte do discurso de Cavaco Silva em Castelo Branco, no dia 10 de Junho, quando o Presidente da República apelou à aposta e reabilitação da agricultura nacional.
Não resta qualquer tipo de dúvida que a sustentação e os objectivos da proposta social-democrata fazem todo o sentido e é, em traços gerais, um projecto de interesse nacional e uma forma inequívoca da criação de riqueza, de desenvolvimento económico e de empreendedorismo.
Mas há um senão!
Nada poderá parecer mais demagógico ou, na prática, inconsequente se as medidas e as políticas/estratégias a implementar não contemplarem evidentes incentivos e estímulos à competitividade dos produtos nacionais face ao mercado externo. E não me refiro apenas à questão da qualidade, deveras importante, mas sim às questões relacionadas com custos de produção, sistema de distribuição e preço final do produto.
É que de nada valerá a promoção e o incentivo se os produtos nacionais forem mais caros que os oriundos das importações ou da concorrência do mercado comunitário.
Sejamos pragmáticos. Face à realidade financeira dos cidadãos e das famílias, como resultado das medidas de restrição, os baixos salários, o desemprego e o impacto dos impostos, não resta ao consumidor preferir produtos mais baratos, independente da sua origem (já para não falar que é sempre discutível o factor qualidade, face à sua subjectividade).
Terá sempre mais peso a opção que recaia sobre a necessidade da maioria dos portugueses terem de fazer/acertar as difíceis contas domésticas e pessoais no final de cada mês.
Se preferirem numa linguagem mais “terra-a-terra”, na hora de “contar os tostões” os portugueses vão optar pelo produto mais barato.
Só com uma valorização da produção e da distribuição, permitindo uma maior flexibilização dos preços finais, será possível que os produtos nacionais sejam mais competitivos e, com isso, mais apetecíveis aos consumidores, criando uma dinâmica eficaz na economia nacional: melhor economia, mais investimento nacional, maior empreendedorismo como alternativa laboral, e mais emprego.

Uma boa semana…

Uma viagem à Índia com Gonçalo M. Tavares!

Ontem (Sábado, 30 de Julho) foi dia de um regresso ao passado histórico e 'epopaico', na Bertrand do Fórum de Aveiro.
Gonçalo M. Tavares, o escritor nascido em Luanda mas que Aveiro adoptou, apresentou a sua obra "Uma Viagem à Índia"...
Um percurso com direito ao imaginário de "Os Lusíadas" e os seus "fantasmas", mas com contexto contemporâneo.
Um livro para sempre e para todos os tempos.
Uma Viagem à Índia foi Prémio Sociedade Portuguesa de Autores/RTP para a melhor ficção narrativa 2011 e Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores.

Gonçalo M. Tavares tem visto a sua obra ser reconhecida em Portugal com vários prémios, entre os quais o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004, com o romance “Jerusalém”.

Além fronteiras, Gonçalo M. Tavares já foi distinguido com vários galardões: o Prémio Portugal Telecom 2007 (Brasil); o Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália); o Prémio Belgrado Poesia 2009 (Sérvia), e em 2011, o Prémio Literário dos Jovens Europeus, com o livro “O Senhor Kraus”.

32ª edição da FARAV... ainda no Rossio!

Publicado na edição de hoje, dia 27 de Julho, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
FARAV… segunda presença no Rossio!


A FARAV – Feira de Artesanato da Região de Aveiro vai realizar a sua 32ª edição, entre os dias 29 de Julho e 7 de Agosto.
Após a experiência do ano passado, segundo as entidades organizadoras (AveiroExpo, Câmara Municipal de Aveiro, “A Barrica”, o Instituto de Emprego e Formação Profissional e o Turismo Centro de Portugal) bastante positiva, a FARAV volta a realizar-se no Rossio.
As razões que levaram à sua transferência do Parque de Exposições de Aveiro para uma das zonas centrais da cidade, em 2010, prenderam-se com a pouca afluência de público e fraca visibilidade do certame. Realidades que são um facto e que os dados estatísticos vinham confirmando, ano após ano. Acrescia a esta conjuntura alguma insatisfação dos artesãos e expositores. Apesar disso, reitero aqui o que em 2010 opinei a quem de direito acerca da mudança da FARAV para o Rossio.
No final da edição de 2009, numa entrevista que efectuei para o Boletim Municipal, foi-me transmitido que aquela edição tinha sido a melhor dos anteriores cinco anos (com cerca de 150 expositores). Recordo ter inquirido alguns dos visitantes e ter encontrado, por exemplo, quem tenha vindo, propositadamente, de Oliveira de Azeméis até Aveiro para visitar a feira. A par do artesanato havia ainda a vertente gastronómica que era uma excelente atractividade.
Mas lembro, igualmente, as palavras do presidente da Associação dos Artesãos (A Barrica) Evaristo Silva, que focou a necessidade de se repensar a feira, de cativar os artesãos, e, fundamentalmente, da importância que existe na necessidade dos aveirenses se sentirem mais ligados à FARAV (a par de uma maior atracção de público à exposição). Daí que insista na minha (modesta) perspectiva.
Tal como no ano passado, entendo que a FARAV deveria manter-se no Parque de Exposições. Apesar da centralidade não acho que seja por se realizar no Rossio que a FARAV se vá aproximar dos aveirenses, nem que aquele espaço seja o mais adequado para o certame (seja pelas infra-estruturas reduzidas, seja pelas acessibilidades, pelo trânsito, pelas escassez de estacionamento – no fundo, a centralidade situa-se no meio de muito caos urbano). E não colhe, por comparação, por exemplo, o argumento da distância ou da localização do Parque de Exposições. A Feira de Março sobe o seu número de visitas ano após ano, a Automobilia tem sempre “lotação” esgotada, a Expofacic em Cantanhede tem já uma mega dimensão e o Festival do Bacalhau, no Jardim Oudinot – Ílhavo, para onde se deslocam milhares de aveirenses. Daí que a questão da distância ou localização seja secundária (se não teríamos de fazer regressar a Feira de Março ao seu local de origem: o mesmo Rossio).
A questão da FARAV, como eventualmente a Feira do Livro, passa por dimensioná-la, estruturá-la, quem sabe repensar a sua duração, mas principalmente torná-la mais atractiva, promovendo, a par do artesanato, outros momentos e motivos de interesse para os cidadãos.
Porque não repensar alguns dos acontecimentos que, isoladamente, vão proliferando no calendário e refundir?! Não me parece descabido existir uma Feira do Artesanato, da Gastronomia e do Livro simultaneamente e no mesmo espaço físico. Ou ainda acrescentando o Festival de Folclore.
Reconhece-se, hoje, que o sucesso de adesão do público à tradicional e histórica Feira de Março, em parte, se deve também ao paralelo cartaz musical que a complementa (tal como noutras feiras, noutros locais). Seria interessante que a Feira de Artesanato pudesse ter a mesma complementaridade cultural com qualidade e que cativasse a população e os turistas que acorrem a Aveiro, nesta altura do ano.
Por último, tal como um congresso se deve realizar no espaço próprio – o Centro de Congressos; o teatro e a dança devem ocupar a sua “casa” natural e por excelência – o Teatro Aveirense; o futebol deve encher as bancadas do Estádio Municipal de Aveiro; as exposições devem abrir portas no Museu da Cidade ou nas Galerias Municipais; do mesmo modo, as feiras por excelência devem merecer o seu destaque e a sua valorização no seu espaço próprio – o Parque de Exposições de Aveiro, sem querer menosprezar a realização de eventos no espaço público.
Há que valorizar uma feira que merece um destaque e um lugar privilegiado em Aveiro: a FARAV, pelos seus 32 anos de existência.

Critérios esquisitos e difíceis de compreender.

Este é um dos "calcanhares de aquiles" da Comunicação Social.

A dificuldade de distinguir o que é supérfluo, o que é exagero/repetição, as prioridades, o fundamental. Mas fundamentalmente o esquecimento da essência do jornalismo: a sua vertente socializadora, o criar sentido/massa crítica e opinião pública.
É um facto que a tragédia em Oslo e na Ilha Utoya, na Noruega (caso Breivik), pela dimensão, pela sua natureza, pelo número de vítimas (bastava um apenas) merece destaque e referência informativa. A dúvida e a crítica colocam-se quando se passa para o exagero da repetição, da não-noticia, da falta de conteúdo relevante e ausência de novidade, bem como quando os critérios de selecção informativa criam disparidades e menosprezam outras realidades.

E a questão não passa (como já ouvi e li em vários sítios) pela pessoa em causa: a sua nacionalidade, a cor da pele, a ideologia, o facto de ser cristão (sim... cristão), o fundamentalismo extremista. Nem colhe a tentativa de disfarçar a realidade com a questão da eventual ligação à maçonaria (até porque se é para "abafar" o facto do autor do massacre ser, assumidamente, cristão não vale o esforço porque há maçons cristãos/católicos). E é curiosa a velocidade com que se acusam muçulmanos da mesma forma que se desculpam cristãos... infelizmente! Extremismo e fundamentalismo são realidades que se abominam, condenam e criticam sejam de que "lado" forem.

Mas o que merece a minha crítica é a quantidade de notícias em torno das mortes(que se lamentam profundamente.
Pena que os critérios editoriais e o papel socializador dos media esqueçam outras realidades.
Quantos minutos, quantas linhas, quantas colunas (para não dizer quartos ou meias páginas) retrataram, comparativamente, esta realidade: meio milhão de crianças morre à fome no Quénia, na Somália e na Etiópia.
será que uma arma, uma bomba e um acto tresloucado de um extremista é mais relevante que a morte de UMA criança que seja à fome?!

Critérios esquisitos e difíceis de compreender.

Azulejaria em exposição - Arte Nova

Até ao dia 2 de Setembro, o Museu da Cidade, em Aveiro, tem patente um exposição de Azulejos, nacionais e internacionais, representativos do período da "Arte Nova".
Os azulejos pertencem ao espólio de Feliciano David e Graciete Rodrigues, sendo a primeira vez que estão exposto ao público.
Em exposição estão mais de 100 painéis representativos das mais importantes fábricas nacionais e internacionais – Sacavém, Fonte Nova, Devezas, Carvalhinho, Lusitânia, Constância e Caldas da Rainha, bem como de várias fábricas internacionais.
Esta iniciativa ganha destaque por se tratar da primeira exposição de azulejaria nacional dedicada exclusivamente à temática Arte Nova, um tema tão próximo da identidade e do património aveirense.
Este pode ser o momento indicado, o impulso necessário, para que Aveiro não esqueça uma das suas vertentes histórica, cultural e social (a par com outros símbolos como os moliceiros, os ovos moles ou o sal), preservando um legado patrimonial relevante para o Concelho.
A exposição é comissariada pelos especialistas em azulejaria António José de Barros Veloso e Isabel Almasqué, que assinam também os textos do catálogo. A exposição conta ainda com o apoio da Câmara Municipal de Loures, através do Museu de Cerâmica de Sacavém, onde futuramente também estará patente.

Prémio Poesia Nuno Júdice

A Câmara Municipal de Aveiro leva a efeito a terceira edição do prémio bienal de poesia Nuno Júdice.
O Prémio, no valor de 2500 euros, tem como objectivo celebrar o poeta Nuno Júdice, cuja produção poética e cultural muito têm contribuído para a afirmação e difusão da língua portuguesa, promovendo a qualidade e a contemporaneidade da obra de Nuno Júdice.
Além disso, esta iniciativa que já é referência na cultura aveirense, pretende reafirmar a Poesia como género maior da Literatura portuguesa, estimular a criação literária, em particular a poética, e valorizar as narrativas poéticas contemporâneas.
A edição de 2011 tem ainda a particularidade de destacar a utilização da língua portuguesa em Portugal e nas Cidades Irmãs e Amigas de Aveiro.
A terceira edição surge com essa novidade: serão também admitidos a concurso os autores naturais dos Municipios geminados ou dos Municípios que têm protocolos de cooperação com a Autarquia de Aveiro, desde que não tenham vencido edições anteriores deste Prémio.
Ao prémio de poesia Nuno Júdice podem concorrer todas as pessoas, sem limite de idade, que queiram apresentar um trabalho de poesia em Língua Portuguesa, sem qualquer imposição temática. As normas de participação podem ser consultadas aqui.
Os trabalhos deverão ser entregues até ao dia 30 de Setembro e serão avaliados pelo júri constituído por um elemento designado por cada uma das entidades parceiras e duas personalidades indicadas pelo Município de Aveiro. Preside ao Júri a Vereadora do Pelouro dos Assuntos Culturais da Câmara Municipal de Aveiro, Maria da Luz Nolasco.
O prémio será entregue em cerimónia pública, no dia 17 de Novembro, Dia Mundial da Filosofia. Nessa altura será realizada uma palestra cujo programa versará os lugares de encontro e de proximidade entre a Filosofia e a Poesia.
O Prémio de Poesia Nuno Júdice premiou em 2007, a obra “Sobre Retratos”, de José Jorge Letria, e em 2009, João Maria Henriques Negreiros ganhou com o trabalho intitulado “Arranha os Céus e Chove”. 

Resumo da semana - 24.07.2011

Publicado na edição de hoje, 24 de Julho, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo…


1. Redefinição da geografia administrativa
Depois do Governo ter decidido não reconduzir nem nomear novos Governadores Civis, e de ter redistribuído algumas funções por estruturas da Administração Interna, como por exemplo, o SEF na questão da emissão de passaportes, está em cima da mesa negocial e em fase de estudo a fusão ou eliminação de Freguesias, à semelhança do primeiro passo dado pelo Município de Lisboa.
Aliás, esta é uma das medidas imposta no plano de resgate financeiro da “Troika”.
É um facto que este é um passo importante para uma reforma urgente do mapa administrativo nacional, bem como para a eficaz elaboração da nova Lei das Finanças Locais, onde estão igualmente em causa o interminável número de empresas municipais que têm uma dividida global na ordem dos 1,5 mil milhões de euros.
É certo que o corte de Freguesias ou a fusão de Municípios representa uma fatia muito reduzida do orçamento de Estado, mas não deixa de ser verdade que o valor dos investimentos desajustados, repetitivos, sem dimensão, acrescidos dos seus encargos de manutenção, justificam a medida que agora começa a ganhar corpo. A título de exemplo, veja-se a quantidade de equipamentos desportivos, sociais e escolares que proliferam entre freguesias contíguas, diminuindo a sua utilização, minimizando uma melhor dimensão e aumentando o investimento e custos de manutenção.
O País precisa de deixar de lado bairrismos caciquistas ou “capelinhas” balofas.
2. Redução da despesa, aumento da receita
Esta é a fórmula básica e simplista para que o País consiga controlar as contas públicas, fazer face ao cumprimento das medidas impostas pelo apoio externo e combater a crise.
Algumas das medidas do lado das receitas foram já anunciadas: o imposto extraordinário em sede de IRS e incidindo sobre o subsídio de Natal, face ao desvio das contas deixadas pelo anterior governo de José Sócrates (estimadas em cerca dois mil milhões de euros); o aumento dos transportes que era uma das medidas constantes no memorando assinado com a “Troika” pela gestão socialista no final do mandato; e, mais recentemente, a decisão do último Conselho de Ministros de apresentar uma proposta de lei que reduza para 20 dias de salário base por ano de trabalho em caso de despedimento, incidindo apenas nos novos contratos de trabalho.
Mas as medidas de aumento de recita não fazem sentido e carecem de justificação e de fundamento se não forem acompanhadas de medidas que cortem a “colossal” despesa do Estado.
Até final de Agosto, tal como o Ministro das Finanças tinha referido aquando da apresentação, em conferência de imprensa, da medida extraordinária, serão conhecidas as medidas que implicam a redução de custos que poderão centrar-se na reformulação do mapa administrativo (freguesias, para já), diminuição do tecido empresarial do Estado, revisão das parcerias público-privadas, e a aprovação da lei orgânica dos ministérios que prevê a redução em 15% das estruturas orgânicas dependentes de cada ministério e o número de cargos dirigentes, medida aprovado também no Conselho de Ministros desta semana.
3. Eleições para o “leme” socialista
Enquanto uma sondagem desta semana revelava ligeiras variações entre 0,3% e os 1,3% entre os partidos com assento parlamentar, mantendo a coligação com uma maioria estável, o Partido Socialista elegeu, entre sexta-feira e ontem (não sabendo o resultado à data da elaboração deste artigo) o seu novo líder.
Em disputa pela sucessão a José Sócrates estão António José Seguro e Francisco Assis.
As posições mais determinantes têm a ver com a negação da sustentação da candidatura. Seguro nega que seja um candidato do aparelho partidário (nomeadamente das federações distritais) e Assis nega que seja uma continuidade da visão política do anterior líder (afastando-se das críticas internas à actuação de José Sócrates nos últimos três anos, por exemplo, vinda de João Cravinho que acusou o ex primeiro-ministro de não ter tido uma atitude mais humilde e diferente em relação aos acontecimentos após Setembro de 2008 – caso Lehman Brothers).
Um aspecto comum, o facto do Partido Socialista ver-se “livre” dos constrangimentos da governação (e concretamente da aplicação do memorando da Troika), existir uma maioria entre os dois partidos que formam a coligação governativa – PSD/CDS o que implica algum espaço de estratégia e intervenção durante o período legislativo, permitindo entendimentos, críticas, e, obviamente, o aproveitamento político do desgaste e dos erros da governação.
Mas há aspectos e temas que afastam as duas candidaturas. Assis, pelo facto de ter sido líder da bancada no último período legislativo, aceita mais facilmente entendimentos com o governo por conhecer melhor a realidade do País, como não coloca de parte a possibilidade de uma revisão constitucional, já José Seguro, devido ao seu distanciamento das políticas de José Sócrates é mais crítico e não defende a necessidade de uma revisão constitucional.
Seja qual for o resultado, face à realidade conjuntural de Portugal, à maioria governativa, estes quatro anos serão uma “travessia do deserto” socialista. Que sirva para reflexão e encontro de um novo olhar sobre o mundo.

Uma “colossal” boa semana…

(re)Habitar a "Avenida"...

Publicado na edição de hoje, 21 de Julho, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
(re)Habitar a “Avenida”…

Após cerca de ano e meio sobre o relançamento da discussão da necessidade urgente de se regenerar a Avenida, intercalado com o processo de reabilitação urbana do Parque da Sustentabilidade que, nesta fase, encontra uma interessante dinâmica ao nível da promoção e da animação de um dos sectores mais nucleares (o parque Infante D. Pedro e a Baixa de Sto. António), a Avenida Dr. Lourenço Peixinho volta a suscitar novas “emoções” e discussões, quer ao nível das entidades, quer por parte dos cidadãos (de forma isolada ou associada).
Há poucas semanas, em sede do órgão máximo do município - a Assembleia Municipal, foi apresentado um estudo sobre a regeneração da emblemática artéria da cidade de Aveiro. Em relação a este tema há um aspecto que merece importante relevo e análise, por sinal, focado na intervenção do deputado municipal Arq. Paulo Anes.
É certo que a Avenida necessita, urgentemente, de uma regeneração ao nível do edificado, da recuperação dos edifícios degradados, do redimensionamento do espaço público (zonas pedonais maiores e mais abrangentes, rede viária adequada, espaços verdes), do condicionamento do estacionamento e do trânsito, embora entenda que não se deva retirar a circulação automóvel por julgar ser um factor de desertificação (veja-se o caso da nossa Rua Direita, ou o que seria a Av. dos Aliados – Porto, ou a Av. da Liberdade – Lisboa, sem circulação automóvel), mas sim optar pela sua ordenação e regulação.
Mas, a par disso, há uma outra importante realidade: as pessoas. E curiosamente o maior problema da Avenida reside precisamente nas pessoas, ou mais concretamente, na ausência de pessoas. Mas pessoas que dêem vida à Avenida e vivam na Avenida, porque esse foi um dos factores determinantes para a sua desertificação e degradação: o abandono dos edifícios, dos apartamentos, originando a descaracterização social e urbana do espaço.
Por isso, pode-se alargar os passeios, pode-se diminuir o espaço viário, pode-se retirar o estacionamento à superfície, pode-se criar espaços verdes, pode-se promover atractividade (cultural, comercial), pode-se, inclusivamente, recuperar todo o edificado. Mas se não houver pessoas para habitar a Avenida Dr. Lourenço Peixinho o que é um dos ex-libris e referências do espaço urbano aveirense continuará sem vida, por mais projectos e estudos que se promovam.
Por outro lado, a Avenida já não tem a mesma configuração, o mesmo desenho, já não cumpre a mesma função. Isto porque a Estação já não é uma barreira, uma meta, um único objectivo! Aveiro cresceu para além da linha de caminho-de-ferro.
Por isso, torna-se igualmente importante que qualquer projecto implementado na Avenida tenha em especial atenção a sua ligação, não apenas à zona poente (Rossio), mas também, e, porque não, principalmente, à zona nascente (antiga zona do bairro do Vouga) espaço privilegiado para o crescimento da cidade e que necessita de um forte impulso urbanístico (há bastantes anos sem qualquer movimento). Daí que a reabilitação urbana da Avenida não deva ser um projecto isolado, mas algo mais abrangente e que deve ter em conta toda a sua envolvente muito para além do Rossio, a sua natural atractividade como a Estação, a zona nascente, o comércio e potenciar espaços de sociabilidade e cultura.
Não basta um simples ou complicado processo de “lifting” à Avenida… se não tiver em conta as pessoas e a nova realidade urbana será tempo e dinheiro perdidos!

Crise?! Onde?!

Resumo da Semana - 17 de Julho.

Publicado na edição de hoje, 17 de Julho, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo…


1. Economia desastrosa
Sejamos objectivos porque entendo que a economia deve ser, acima de tudo, uma ciência com objectividade. As contas são simples.
Se uma família gasta mais que os rendimentos que, mensalmente, aufere tem duas alternativas: ou vende património (que facilmente esgota) ou contrai empréstimos que com os encargos dos respectivos juros não resolve o endividamento que se vai acumulando. E restam dúvidas em relação à fundamentação ou sustentação dos números divulgados em relação à redução dos hábitos de consumo dos portugueses. Não pelos números em si, como é óbvio. Mas sim porque entendo que a redução dos gastos não se deve a uma cultura própria de retenção, de contrariar um despesismo natural ou de uma exemplar gestão do orçamento familiar. Deve-se ao facto de os portugueses terem menos dinheiro para gastar. Ou seja, por obrigação e necessidade e não por precaução ou cultura financeira.
O que só vem justificar os preocupantes dados recentes do INE onde se destaque que 25% da população portuguesa (um em cada quatro portugueses) corre o risco de viver abaixo do limiar da pobreza.
A solução mais óbvia e correcta seria, claramente, sempre a redução da despesa e o limite máximo dos encargos possíveis face às receitas.
E infelizmente este não é um problema apenas ao nível familiar ou individual; é um problema de muitas empresas e entidades (públicas ou privadas) e, nomeadamente, do Estado. Durante os últimos anos o Estado português gastou mais que as receitas “amealhadas”, sem qualquer preocupação quanto às despesas e à sua orçamentação, bem como, iludido pelo efeito “moeda única e mercado europeu”, uma inexplicável indiferença para com a conjuntura externa, não se estruturando e precavendo devidamente, pelo menos para minimizar os seus efeitos.
É esta a factura que estamos e vamos, nos próximos anos, pagar bem caro, seja ao nível familiar, das autarquias, das empresas, do Estado (e aqui, sim, somos todos nós).
2. Disputa interna
A semana ficou também claramente marcada pela disputa política da liderança do Partido Socialista.
António José Seguro tenta descolar da sua candidatura a imagem de um candidato da estrutura partidária mas Assis afigura-se mais uma evidente opção das bases.
Mas há um dado comum aos dois candidatos. Face à dificuldade em “apagar” e fazer esquecer os últimos dois anos de governação socialista (pelo menos) e os resultados das últimas eleições legislativas, o único discurso que se ouve numa discussão interna para a liderança de um partido não são as estratégias, nem as linhas orientadoras. São as críticas ao PSD e ao Governo recentemente eleito. Muito pouco e desajustado.
3. Aprende-se muito pouco, sabe-se ainda menos
Este podia ser (e provavelmente é) um slogan perfeito para descrever a imagem do ensino básico, secundário e superior, em Portugal.
Focando-nos no ensino básico e secundário, os exames nacionais de Português e Matemática de 2011 são dos piores: mais de metade dos alunos chumbaram a Matemática (cerca de 59%) e, no que respeita à língua portuguesa, o valor de reprovações aproxima-se do valor mediano (cerca de 44% - pior média desde 2006).
Daí que seja preocupante que a discussão em torno da educação neste país se limite à classificação dos docentes ou ao encerramento das escolas. Mesmo que já anunciadas algumas medidas para o próximo ano lectivo, como sejam o reforço da carga horária daquelas duas disciplinas. Mas será suficiente o aumento do número de horas?!
Há, neste âmbito, muitas questões que se afiguram relevantes e que merecem alguma atenção governativa: os modelos de gestão escolar; o papel do docente; os planos curriculares e pedagógicos; o estatuto do aluno; a valorização da exigência e do mérito em detrimento de princípios e valores estatístico, entre outros.
Muito trabalho se advinha para um Ministro que mereceu os melhores elogios aquando da sua escolha… a ver vamos!
4. Jornalismo, jornalistas e “jornaleiros”
Ou como me disse uma vez, numa troca de opiniões, a Estrela Serrano: “jornalismo da bitaitada”.
E a semana que passou é marcada, de forma oposta, por duas polémicas jornalísticas. Uma por uma clara e evidente deturpação do papel do jornalismo e da Comunicação Social, num claro desrespeito pela ética e deontologia, pelo rigor e pela verdade, e num claro atentado aos mais elementares direitos fundamentais dos cidadãos. Aliás, chamar ao caso “News of the World” jornalismo é o mesmo que dizer que o lixo é saudável, para além de uma óbvia ofensa ao próprio jornalismo e a todos os profissionais (e felizmente há-os) que, diariamente, valorizam este importante e fundamental pilar de qualquer sociedade e estado de direito. Mesmo que muitos teimem na infeliz denominação de jornalismo sensacionalista. Isto não existe… ou há jornalismo ou há sensacionalismo.
Por outro lado, finalmente, a justiça lembrou-se de valorizar a comunicação social e, nomeadamente, os jornalistas. Esta semana ficamos a saber que o deputado socialista Ricardo Rodrigues, que a 30 de Abril de 2010 (infelizmente já há mais de um ano) tirou os dois gravadores aos jornalistas da “Sábado”, foi pronunciado e vai ser julgado por atentado à liberdade de imprensa (um direito constitucional).
Num país em que a imagem da imprensa é débil e que o papel do jornalista é visto como algo perverso e disfuncional, esta tem de ser uma excelente notícia para o meio e para a sociedade, valorizando o papel socializador da Comunicação Social e dos Jornalistas.

Boa Semana…

Cara ou coroa...

A relação de forças políticas (a balança entre a maioria ou a minoria) na Câmara Municipal de Aveiro alterou-se na última semana, com o Presidente do Executivo a ser "obrigado" a retirar pelouros e confiança a dois vereadores da posição (um eleito pelo PSD e outro pelo CDS na lista de coligação Juntos por Aveiro).
Em causa (pelo menos... a causa conhecida) a votação, tal como os vereadores da oposição - PS, contra o contrato-programa (protocolo) de cedência de gestão do Estádio Municipal de Aveiro, por dez anos, ao Sport Clube Beira Mar.
O assunto encheu páginas e sons na informação local e foi tema "quente" na última reunião da Assembleia Municipal de Aveiro (13 de julho).
Não me cabe fazer (por razões óbvias e conhecidas), pelo menos publicamente, qualquer juízo de valor sobre as opções de cada interveniente.
Apenas cabe a opinião pessoal sobre a situação em si, de forma abstracta.
E cabe, neste momento, fazer um exercício de análise eleitoral. Nas eleições autárquicas de 2009, o PSD e o CDS apresentaram-se a sufrágio numa coligação pré-eleitoral (Coligação Juntos por Aveiro), em que o candidato a Presidente da Câmara era a recandidatura de um independente, sendo os lugares da lista de vereadores distribuídos em função de critérios acordados que, para o caso, são perfeitamente irrelevantes.
Dos resultados eleitorais finais a distribuição de lugares no executivo aveirense atribuiu seis lugares à coligação (incluindo o Presidente) e três lugares ao Partido Socialista. Dos cinco vereadores da coligação, três foram indicados na lista pelo PSD e dois pelo CDS. Realce, mais uma vez, para o facto da coligação ser pré-eleitoral e não um acordo pós-eleitoral de distribuição de lugares. E não se pense que isto é irrelevante. Antes pelo contrário.
Apesar disso, pela legislação eleitoral, os nove elementos com acento na Câmara são eleitos "directamente", ou seja, não podem ser demitidos (quanto muito não têm pelouros ou apresentam a demissão).
Ou seja...
No caso concreto, o que se verifica é que os dois vereadores passaram, por decisão do Presidente, a vereadores sem qualquer pelouro (sem funções executivas) mas, ainda por força da retirada da confiança política, passaram também a "independentes", o que altera a relação de forças políticas para, além da presidência, três vereadores da coligação, três da oposição - PS, e mais dois independentes (que vão funcionar como "balança" decisiva): a coligação perde, por isso, a maioria.
No entanto, há uma outra análise que merece ser efectuada.
É certo que num Estado de direito e democrático, por força da Constituição da República Portuguesa (ver exemplos da Liberdade de Expressão - artigo 37º; Liberdade de Consciência - artigo 41º; Direitos e Liberdade de participação política - Capítulo II; e Participação política dos cidadãos - artigo 109º), os cidadãos devem e podem actuar segundo os seus princípios, valores e convicções, de forma individualizada. É um direito fundamental que assiste a qualquer cidadão. E foi, segundo declarações dos mesmos, o princípio usado para a tomada de posição. O que implica igualmente o assumir das consequências pessoais e políticas de tal acto (por exemplo, ficarem sem os pelouros), sem ressentimentos ou constrangimentos (o que, pelo crispar das relações, não terá, de todo, acontecido).
E se esta é uma realidade e o um direito que assiste aos dois vereadores, também não é menos verdade que há outro facto importante: é que a presença numa lista de coligação pré-eleitoral e a atribuição de pelouros executivos merece por quem aceita a responsabilidade executiva um acrescido sentido de lealdade e solidariedade. Até porque é sabido que a Câmara Municipal de Aveiro, concretamente o seu Executivo, têm espaços próprios para que os vereadores com pelouros possam, espera-se que livremente, manifestar as suas posições e convicções.

No fim resulta que estes dois anos que restam para o final do mandato vai exigir alguma capacidade de persuasão e de liderança.
Sendo certo também que as futuras reuniões da Câmara Municipal de Aveiro vão ser muito "cara ou coroa" nas decisões deliberativas.

E agora, Aveiro?!

Regresso...


Depois de sete noites em Saïdia - Marrocos (perto de Oujda e da Argélia), eis-me de regresso a esta Veneza de Portugal e a um país, segundo uns fulanos que tais (Moodys), falido.

Férias, são sempre férias e o descanso compensa tudo. Apesar das expectativas do hotel terem ficado um pouco abaixo do esperado: limpeza, net, alguns serviços.
Mas no geral, foi muito bom...
Podem comprovar AQUI. (muitas fotos.... lindasssss).

(obrigado à Halconn Viagens e a à Travelplan e ao dinheirinho ganho com o meu suor e trabalho).

Aveiro efervescente...

Publicado na edição de hoje, 6 de Julho, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
Aveiro efervescente…

Ao contrário do que se vai ouvindo e pensando Aveiro afinal é uma cidade (ou concelho) em efervescência… mesmo que não se dê por isso. Com um amigo dizia: “podem ainda não estar a ver as coisas à superfície, mas por baixo está tudo a arder”.
E isto não é demagogia… assim, como não é responsabilidade ou mérito de grupos mais ou menos restritos ou alargados (o sempre paradigma do “copo meio cheio ou meio vazio”), das instituições, das empresas, da autarquia, dos aveirenses. Ou melhor… é de todos os aveirenses, seja para o bem, seja para o mal, porque a responsabilidade tem de ser partilhada e cabe a cada um de nós, dentro das suas próprias competências e do seu respectivo espaço cívico de intervenção.
Aveiro tem projectos interessantes que pretendem marcar a cidade, torná-la dinâmica, atractiva, estruturada e sustentada, desenvolvida económica, cultural e socialmente: o Parque da Sustentabilidade (no seu todo, incluindo Bairro do Alboi e Pontes Pedonais); a discussão em torno da Avenida; a pressão para a construção do novo Hospital junto ao actual (e nas imediações da Universidade de Aveiro); a zona envolvente ao Estádio Municipal de Aveiro; a zona urbana do Plano de Pormenor do Centro; a recuperação da Capela de S. Tomás de Aquino; a implantação da Fábrica das Baterias; a implementação dos sistemas de abastecimento de veículos eléctricos; alguns investimentos em S. Jacinto (CARSurf, Porto Abrigo dos Pescadores, aquisição de segundo Ferry); a renovação do parque escolar; entre outros. São referências apenas aleatórias sem qualquer tipo de valoração ou preferência. São factos conhecidos.
Seja devido às contingências das circunstâncias económico-financeiras actuais, seja por uma questão de prioridades ou estratégias, infelizmente, Aveiro também “ferve” por razões menos positivas: a existência de um tecido industrial em claro abandono com uma zona industrial em decadência; a ausência de projectos para a zona lagunar, por exemplo a zona de Eixo, Cacia, Esgueira e Requeixo (Pateira); a degradação da zona da antiga Lota; o “fantasma” do antigo estaleiro naval de S. Jacinto e o impasse com o aeródromo municipal; a zona a nascente da estação da CP; a dificuldade de investimento na cultura (por exemplo, Teatro Aveirense e grupo museológico municipal); o parque judicial parado; a pista de remo no Rio Novo do Príncipe; o baixo aproveitamento turístico do património natural (histórico, social, económico, desportivo e ambiental) da Ria de Aveiro; os famigerados pórticos das novas portagens; o encerramento de duas estações dos CTT; o processo das piscinas do Beira Mar; a eventual equação da perda do Tribunal do Trabalho; a reestruturação da Administração Central que poderá retirar peso político ao concelho com a extinção ou transferência de organismos públicos; a reorganização administrativa do território que prevê a extinção/fusão de cerca de 1500 freguesias, quem sabe algumas no concelho; a degradação urbana, com inúmeros prédios devolutos (principalmente na cidade, mas não apenas na Avenida, por exemplo antigo quartel de Infantaria 5 – na freguesia da Glória) ou degradados; o estado e a conservação da rede viária e dos espaços verdes; o estacionamento e a mobilidade; igualmente entre outros.
Portanto desenganem-se aqueles que acham que Aveiro parou no tempo. Entre prós e contras, entre amores e ódios, entre o gostar e o contestar, Aveiro, de facto, tem mais que razões para “ferver”.
Há, por isso mesmo, dois aspectos que me parecem relevantes e que merecem especial referência. O primeiro tem a ver com a relação entre os diversos aspectos focados. Falta encontrar em Aveiro outras formas de empatia, de envolvimento, de comunicação, de motivação dos aveirenses para os projectos necessários ao desenvolvimento estruturado do Concelho. E refiro-me a muitas instituições, não apenas à autarquia como é mais comum e fácil proceder: claro que Câmara e Assembleia Municipal, mas também a Universidade de Aveiro, Hospital, Instituições Públicas (segurança social, tribunais, etc), Associações (sejam culturais, desportivas, de âmbito social, ou comercial e industrial). O empenho merece um esforço colectivo para desenvolver a região, sob pena de se passar mais tempo a criticar do que a agir.
Em segundo lugar, face às dificuldades que se avizinham, o esforço tem e deve ser partilhado e colectivo, repartido pela consciencialização dos aveirenses que Aveiro tem de retomar uma posição de centralidade, tem de se tornar mais atractiva e mais desenvolvida, não pode correr o risco de se esvaziar.
E tal como no caso nacional, em que há a urgência de se alterarem hábitos e mentalidades, também aqui os aveirenses têm de procurar ser mais exigentes, menos apáticos, menos conformados, mais interventivos, com a consciência do normal funcionamento da vivência democrática e das instituições.
Ou então a única coisa que vai efervescer são pastilhas para a azia e mal-estar.

"Arrenúncia"?!... Não havia necessidade


créditos: Daniel Rocha - Público
"Arrenúncia" expressão portuguesa, faz parte da tradição de um dos jogos mais populares de Portugal – a Sueca, e que significa, de forma linear, a necessidade “atirar a toalha ao chão” por não haver alternativas para ganhar o jogo.
Tal e qual como em alguns casos da política nacional.
E que Fernando Nobre tão bem soube dar expressão: Fernando Nobre renuncia ao mandato de deputado fonte: jornal Público). Chegando ao “cúmulo” de informar apenas, segundo a informação recolhida pelo Público, os serviços de apoio da Assembleia e não há bancada parlamentar (embora tenha informado Passos Coelho).
Sobre este “triste” episódio político ainda do tempo da campanha eleitoral e que, pensariam muitos, teria terminado, em sede parlamentar, com o chumbo eleitoral da candidatura de Nobre ao lugar de Presidente da Assembleia da República, no primeiro dia dos trabalhos legislativos, já me debrucei aqui e aqui.
No entanto, a decisão de renúncia ao mandato parlamentar para o qual foi eleito pelo povo (e logo como cabeça de lista no círculo eleitoral de Lisboa), embora seja uma questão do fórum pessoal e, pasme-se, de alguma coerência com o que havia afirmado durante a campanha eleitoral (só se manteria no Parlamento se fosse eleito Presidente da Assembleia da República), não deixa de ter uma relevância determinante… e se quisermos ir mais longe, aqui sim (ao contrário do que sucedeu na sua não eleição) algum reflexo político-partidário.
Até porque, face a todas as circunstâncias e incidentes, este é uma machada na imagem e credibilidade da democracia, dos políticos, dos partidos e das próprias instituições (por exemplo, a AMI).
E a razão, ou fundamentação, é de uma simplicidade, se quisermos, perversa: Fernando Nobre não quer saber de política, dos partidos (mesmo que tenham sido estes a dar-lhe a “mão” – apesar de tudo o BE em 2005 e agora o PSD), das Instituições e, no caso, do papel e do simbolismo do Parlamento. Mais grave… não quer saber da própria democracia já que, pura e simplesmente, deitou ao lixo todos os votos que foram depositados, pelo povo, em seu nome. Política, megalomanias, ânsias do poder… é mistura explosiva e, normalmente, faz estragos.
Com tudo isto, ficou claro a suspeição de muitos, incluindo a minha: Fernando Nobre só tinha um propósito em todo este processo: levar a cabo uma agenda política própria: 1º apostar num partido ganhador; 2º ser eleito deputado; 3º ser eleito Presidente da Assembleia da República; 4º marcar o seu mandato como tal; 5º ganhar projecção para nova candidatura à Presidência da República.
Por fim, Fernando Nobre refere na carta remetida à Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que “é com alguma tristeza que me afasto das funções de recém-eleito deputado, mas estou certo e ciente de que serei, como já referi, mais útil aos portugueses, a Portugal e ao mundo na acção cívica e humanitária que constitui a minha marca identitária”.
Se assim é para quê isto tudo?! Com dizia o “outro”: não havia necessidade!

Tinha 5 anos... quando hoje se celebram 40!

Decorria o ano de 1971... tinha acabado de celebrar os meus 5 anos de idade (a 20 de Maio, para que conste) quando James Douglas Morrison- JIM MORRISON (a alma dos "Doors"), a 3 de Julho de 1971 deixava o mundo dos vivos, mas nunca a história de música e o coração de muitos fãs.

Pessoalmente, demoraria mais cerca de 8 anos, até "The Doors" (albúns, letras e livros) terem o merecido e nunca esquecido lugar de destaque e privilégio na discografia de "elite" pessoal.
No lugar de top, para sempre, ficavam álbuns como: The Doors - Strange Days - Waiting for the Sun - L.A. Woman - An American Prayer.

Em Agosto de 2008, aquando de férias em Paris, não podia deixar de ter passado por aqui - Cemitério do Père-Lachaise (onde também "encontrei" Músicos: Chopin, Piaf; Escritores: Oscar Wilde, La Fontaine; Artistas: Eugène Delacroix; Teatro: Molière, Marcel Marceau, entre muitos outros).

Portugal a grande velocidade!

Publicado na edição de hoje, 3 de Julho, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
Portugal a grande velocidade!


O Portugal político avança a grande velocidade. E digo ‘grande velocidade’ porque a ‘alta velocidade’, felizmente, está a ser reequacionada.
Em cerca de três semanas realizaram-se eleições legislativas, formou-se uma coligação governativa, foi empossado o Governo (Ministros e Secretários de Estado), a Assembleia da República iniciou a sua legislatura com a particularidade histórica de ser presidida por uma mulher, e, por fim, o Governo, na sua primeira “prova de fogo” parlamentar, apresentou o seu programa de governação, tendo o mesmo sido dispensado de votação já que não foi apresentada nenhuma moção de rejeição. O que, por si só, merece destaque e é um facto relevante.
Por um lado representa a solidez da coligação que elaborou, conjuntamente, o Programa, e a segurança (em alguns casos desconcertante para a oposição) e o realismo com que o novo governo se apresentou no parlamento. Por outro lado, o reconhecimento pelos partidos da oposição de que, face às circunstâncias (e a conjuntura não é apenas circunstancial mas também estrutural), não haverá muitas soluções alternativas para o combate à situação na qual o país mergulhou nos últimos dois anos (pelo menos), apesar do anúncio de eventual moção de rejeição por parte do PCP e do Bloco de Esquerda. E mesmo este facto merece ainda uma especial referência.
Tendo o PCP e o BE tomado a posição (já criticada e condenada) de não participarem nos contactos e reuniões com a equipa do FMI (“Troika”) que elaborou o programa de ajuda externa a Portugal, é curioso que a posição tomada por aqueles dois partidos, em relação ao programa do governo que contempla todas as medidas impostas pela “Troika”, não tenha merecido mais que a mera crítica e não a sua rejeição concreta. Ou não há, de facto, alternativas eficazes ou a não participação nos encontros com o FMI/UE foi um claro e evidente erro político (para além de um total alheamento em relação ao País e à necessidade de se encontrar uma solução para a crise).
Está por o Governo em condições, de forma oficial, de iniciar o seu trabalho para a recuperação do país. Trabalho que, como é óbvio e sabido, vai depender de todos e vai englobar todos.
Neste sentido, é importante referir que, independentemente da opção individual de cada eleitor de ter, no passado dia 5 de Junho, contestado e condenado as políticas do anterior governo do PS, também não é menos verdade que os cidadãos que votaram no PSD ou no CDS sabiam, de antemão, quais as intenções programáticas e as estratégias políticas para o país porque as mesmas foram, por diversas vezes, referidas e anunciadas: a rigidez da consolidação das contas públicas; o combate à corrupção; a melhoria dos cuidados e da gestão da saúde; a protecção das reformas mais baixas e os apoios aos mais carenciados; uma educação mais rigorosa e credível e que privilegie o mérito e o papel do professor; uma aposta nos recursos naturais, na agricultura e no património marítimo; uma justiça mais eficaz e independente; na recuperação da economia com a valorização do trabalho e da marca Portugal; um novo mapa administrativo nacional (do qual a não nomeação de novos governadores civis é já um exemplo)… entre muitos. A estas áreas há ainda a acrescentar a necessidade de se reduzir o papel interventivo do Estado (passando a maior regulação), ao seu “emagrecimento” (como diria o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas: nada melhor para terminar com os ‘boys’ que acabar com os ‘jobs’) e com maior rigor da despesa pública com as obras necessárias para o desenvolvimento do país.
Tudo isto foi anunciado, tudo isto era do conhecimento dos portugueses quando foram votar. Foi, a par com a contestação à governação de José Sócrates, esta estratégia governativa que foi sufragada pela maioria dos eleitores: a concretização do memorando da Troika, maior rigor, maior verdade, maior transparência… recuperar Portugal.
No entanto, se é um facto que o PSD e o CDS recolheram o voto de confiança dos portugueses e a prestação governativa do novo Executivo tem ocorrido sem quaisquer sobressaltos de maior (a fusão e centralização de ministérios é interessante, a escolha dos ministros e secretários de estado foi célere, sem sobressaltos e bem conseguida, a participação no Concelho Europeu foi muito positiva com o distanciamento conseguido em relação à realidade grega), é importante que o Governo não se esqueça, face às contingências e às dificuldades da gestão do país, da sua estratégia e dos seus princípios, nomeadamente os que dizem respeito à verdade e à transparência.
Os portugueses começam a ganhar consciência das dificuldades que se nos afiguram, já no imediato e a médio prazo, saberão reconhecer que são necessários sacrifícios exigentes e duros… mas não saberão perdoar erros, injustiças e falta de equidade na distribuição dos custos.
E o facto da derrapagem orçamental do primeiro trimestre, na ordem dos 800 milhões de euros, ser espectável e previsível, confirmada mais tarde pelos números do INE, os portugueses não conseguirão encontrar forças para mais sacrifícios extraordinários sem contestação e crítica (mesmo reconhecendo-se a essência “supérflua” do subsídio de Natal e as razões do Governo: “mais vale prevenir agora que remediar, para pior, mais tarde, como disse o Ministro Paulo Portas). Mas é importante encontrar outras soluções que não sempre no “bolso” dos mesmos!
Boa Semana…

Apesar dos 2 anos de atraso...


"A sombra do que fomos"

Mais uma leitura de um dos ídolos das letras, cá de casa: o grande escritor chileno Luis Sepúlveda.

"A sombra do que fomos", prémio Primavera de Romance 2009, retrata os tempos dos exilados e das crontra-revoluções do período ditatorial de Pinochet, estávamos na década de 20 (1923 - 1925).

Enorme nas palavras e no retrato da realidade de uma história negra do povo chileno e da sua profundidade, numa mistura de político, social, cultural e policial.
Como sempre... Luis Sepúlveda.