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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Uma Causa... nobre, digna, solidária.

Muitas são as causas que, pelas mais diversificadas razões e áreas, proliferam no nosso dia-a-dia. Umas, felizmente poucas, duvidosas e falsas, muitas, infelizmente demasiadas, legitimas, dignas e nobres. A dimensão das causas que conhecemos, seja porque motivo for, levam.nos à necessida de tomarmos opções, sermos selectivos e criteriosos.

A minha selecção e opção estão feitas...

A Mariana tem 11 anos. É uma criança com sonhos e com um sorriso que derrete os nossos corações. A Mariana é portadora do síndrome de dravet ou epilepsia mioclónica grave do lactente, o que tem vindo a dificultar a sua mobilidade. A casa onde vive (com os pais e irmão) não tem elevador e subir até ao 3º andar tem vindo a revelar-se uma tarefa árdua. São cinquenta e seis degraus e sete lanços de escada que se revelam um verdadeiro obstáculo, sobretudo quando há necessidade de transportar a menina para casa, rapidamente, em caso de crise.

Porque queremos que a Mariana continue a sorrir, gostaríamos de ajudar os seus pais, Carla e Miguel, na aquisição de uma cadeira elevatória eléctrica, que será instalada no prédio, para permitir que a Mariana suba e desça até ao 3º andar com conforto e segurança.
O valor a pagar pela cadeira elevatória e sua instalação no prédio não se encontra ao alcance dos pais da Mariana. Por isso, criámos este movimento, Unidos com a Mariana, de forma a tornar acessível a aquisição da cadeira- Assim, no dia 26 de Maio, na Voz do Operário em Lisboa sobem ao palco os Espelho Mau, Susana Félix, Laurent Filipe, Massimo Cavalli, Miguel Máximo, António Raposo, Carlos Ruivo, Life Sound Choir; e também Pedro Giestas, Paulo Vasco, Miguel Correia,  Paula Neves e Fernanda Freitas.
O objectivo é um só: permitir que a Mariana sorria e que o caminho até casa seja rápido e confortável, para si e para os seus pais.
Esta é a minha causa. Porque a Mariana merece, (a Caral e o Miguel mercem pela incansável dedicação à filha, sempre com um sorriso e uma esperança no futuro que é contangiante)... Unidos com a Mariana. Por respeito, consideração, amizade e solidariedade.

 

É a vida… Habituem-se! (ou não)

Publicado na edição de hoje, 13 de maio, do Diário de Aveiro.

Entre a Proa e a Ré

É a vida… Habituem-se! (ou não)

O que se imaginava vir a ser uma semana dedicada à “trapalhada política” grega e aos reflexos pós-eleitorais gauleses, eis que o primeiro-ministro Passos Coelho resolve direccionar para si os holofotes, pelas piores e lastimáveis razões sociais e políticas.

Na tomada de posse do Conselho para o Empreendedorismo e a Inovação, no Centro Cultural de Belém, num discurso pensado, reflectido, escrito (e não no calor do contraditório político, na discussão pública, no improviso) Pedro Passos Coelho afirmou, sem qualquer tipo de pudor, que “estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida, tem de representar uma livre escolha também, uma mobilidade da própria sociedade”. Assim… a seco, reflectidamente! No mesmo dia em que são conhecidos também as projecções da União Europeia para, cumulativamente, um desvio de 2,2% em relação ao peso da dívida pública no PIB para 2011 e 2012 (endividamento - 113,9% e 117,1%, respectivamente). Quando os dados da primavera da Comissão Europeia apontam para uma revisão em baixa dos salários dos portugueses: 4,4% em 2011, 5% em 2012 e 1,1% em 2013, o que perfaz um balanço total de perda de massa salarial em 12,3%. E mais grave ainda, os dados da Comissão Europeia apontam para um aumento, ainda este ano, do desemprego para os 15,5% (contra os 14,5% previstos pelo governo) e uma quebra na economia em cerca de 3,3%.

Perante estes dados e face às inqualificáveis palavras proferidas pelo primeiro-ministro relativas ao desemprego e aos desempregados que, essencialmente, resultam numa evidente falta de respeito para com todos os que não têm, ou não conseguem, encontrar emprego ou novas oportunidades laborais (embora haja alguns que nada fazem enquanto se encostam à sombra do subsídio), a Pedro Passos Coelho só faltou dizer: "O desemprego (trabalho) liberta"(“Arbeit macht frei”) sem palavras!

E quando se esperava que o Governo, o PSD e Passos Coelho pudessem capitalizar a má prestação do líder da oposição, António José Seguro, numa entrevista à TVI, eis que deitou tudo a perder com a maior imbecilidade política em relação ao desemprego. Assim não há pachorra.

Se o Sr. primeiro-ministro soubesse o que é estar desempregado, talvez pensasse duas vezes, ou três, ou quatro, ou..., antes de proferir a maior falta de respeito e consideração para com milhares de portugueses.

Eleito (e voluntariamente elegível) para ser alternativa aos destinos do país face à gestão ruinosa do governo de Sócrates (veja-se as recentes suspeitas relacionadas com as parcerias e protocolos no sector rodoviário), para assumir o compromisso como todos os que o elegeram (empregados e desempregados, incluídos) para “salvar” o país da crise (económica, financeira e social) a que foi votado, a preocupação do primeiro-ministro devia ser a de criar mecanismos que promovessem o empreendedorismo, a de não hipotecar as espectativas inovadoras e criativas de muitos dos jovens e cidadãos que procuram a iniciativa privada e projectos pessoais, ou a de aliviar o peso dos encargos do financiamento da banca que estrangula mais as oportunidades do que permitem novos desafios e riscos da sociedade. Isto sim, seria um discurso realista, motivador, empreendedor e significaria, de facto, transformar a fatalidade do desemprego em apetecíveis mudanças pessoais e transformações sociais.

Mas o que foi transmitido pelo primeiro-ministro foi um total desfasamento com a realidade, uma evidente falta de respeito e sensibilidade social e solidária para com milhares de cidadãos e famílias que, hoje, fazem das “tripas coração” para garantir a sua sobrevivência diária. Só existe uma adjectivação para a posição de Passos Coelho: cinismo político.

Ao pé disto, a mensagem "emigrem!" são peanuts... e cada vez mais compreendo o Pingo Doce.

Uma boa semana…