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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Já chega...

Publicado na edição de hoje, 27 de junho, do Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
Já chega…
A apresentação, por parte do PCP, da moção de censura ao governo, na passada segunda-feira, estava, como foi referido na edição de domingo passado, condenada ao chumbo parlamentar, por força da maioria que suporta o executivo. Mas a referida moção de censura, apesar de chumbada, não deixou de ter consequências políticas. Não propriamente as que se esperam de uma moção (solidificar uma liderança ou maioria, ou fazer cair o governo, como aconteceu com o executivo minoritário de Cavaco Silva e de José Sócrates, embora com resultados distintos) mas pelo debate que se gerou e pelas posições parlamentares assumidas.
O “nim” do Partido Socialista tem duas leituras claras: a primeira a não colagem mais à esquerda e um certo “sabor a vingança” pelo facto do PCP (agora promotor da moção de censura) ter sido o mesmo que votou ao lado da direita para o derrube do governo de José Sócrates; a segunda, por mais que o PS queira disfarçá-lo e, em termos discursivos, se queira afastar do processo, a verdade é que os socialistas têm um passado ainda muito recente de grande responsabilidade pelo actual momento e pela crise que o país vive, para além do compromisso assumido com o memorando de entendimento com a Troika. E são vãs (para além de politicamente descabidas) as tentativas de querer fazer passar a mensagem do “fantasma” da austeridade para além do memorando, quando toda a gente sabe, porque é público, que o referido memorando apresenta metas e objectivos e que os mesmos são regularmente avaliados. O PS não se pode, por mais que tente, alhear de o ter, de facto, assinado.
Do ponto de vista de quem apresentou a moção de censura, é óbvio que para o PCP apenas estava em causa a oportunidade mediática de apresentação do seu discurso ideológico, tentando capitalizar a contestação de rua e as recentes sondagens que aumentaram o sentido de voto até perto dos nove por cento. No entanto, desde o período mais próximo pós-revolução de Abril, o PCP tem sido muito inconsequente na capitalização nas urnas das suas propostas para o país.
Mas há um dado bastante relevante neste processo de discussão da moção de censura, que foi o próprio governo e a consequência prática para o país. E há uma consequência, ou, pelo menos, um balanço a fazer: o Governo não garante que as medidas até agora impostas tenham o sucesso que sempre foi anunciado. Portugal corre o risco de não cumprir a meta do défice dos 4,5%, sendo aliás previsível que tal valor se situe perto dos 5,5%. E este é que é o resultado preocupante da moção de censura. É que ficou claro que o Governo deixou de ter a certeza das políticas que aplicou, deixou de ter a imagem de verdade e de credibilidade, perdeu no que respeita a competência.
A esperança depositada há um ano, por muitos portugueses, numa alternativa governativa que fizesse com que Portugal saísse da crise, no devido tempo, ficou-se por um acordo de concertação social por cumprir, num aumento desmedido do desemprego, no decréscimo da qualidade de vida de muitos portugueses (do seu poder de compra, da sua subsistência diária/mensal), de aumento de impostos, aumentos dos preços, de um retrocesso no desenvolvimento económico, num confronto, mesmo que legítimo, com o poder local, numa falha de projecção das receitas fiscais face à despesa com as reformas, os subsídios de desemprego, a diminuição do consumo, o encerramento diário de empresas, …
No fundo, todo este primeiro ano se resume à aplicação de políticas que beneficiassem as receitas, com menor incidência na vertente da despesa e na estruturação da dívida pública, sem medidas consistentes e abrangentes de retoma da economia, do emprego, da qualidade de vida, sem um combate eficaz a muitos interesses instalados.
O primeiro-ministro iria ainda mais longe neste debate: à pergunta directa se irão, ainda este ano, surgir mais medidas de austeridade, Pedro Passos Coelho afirmou, perentoriamente, que se forem precisas assim o fará.
A questão é que os portugueses já não aguentam mais. E já começam a duvidar das certezas do governo quanto à retoma do desenvolvimento do país, quanto à retoma do seu poder de compra, quanto ao abandono das medidas de austeridade. Porque as incertezas são muito mais que os aspectos positivos anunciados e que em nada favorecem o dia-a-dia dos portugueses. Os cidadãos não sobrevivem apenas com a imagem junto dos mercados externos, com a emigração, com uma balança de exportações que sobrevive face à diminuição do consumo interno. De conversa demagógica e irrealista, face aquilo que são os valores e os dados reais do país, já os portugueses tinham ficado fartos há dois, três anos atrás. Já chega…
Vir com demagogias e palavras de esperança que não se concretizam não chega… não resolve. Basta de sofrerem sempre os mesmos.
E a “procissão ainda agora vai no adro”…

Poder local, que futuro?

Publicado na edição de hoje, 24 de junho, do Diário de Aveiro.

Entre a Proa e a Ré
Poder local, que futuro?

Há um fundo de verdade nas mais diversas contestações dos autarcas portugueses, sejam eles das autarquias ou das freguesias: o Governo tem exercido, no último ano, uma pressão desequilibrada sobre o poder local. E desequilibrada porque as medidas e políticas a aplicar nem sempre são consistentes, coerentes e promotoras do desenvolvimento regional. Na maioria dos casos assiste-se à velha máxima “uma no cravo, outra na ferradura”.
Mas a verdade é que desde 2011 têm-se sucedido, de uma forma desagregada e avulsa, um conjunto de acções que colocam em causa a sobrevivência do poder local (e nem tudo se resumo a “números e cifrões”).
Uma oportunidade perdida para uma reforma de fundo do poder local iniciada com o Documento Verde para a Reforma Administrativa que culminou num simples diploma legal, a Lei n.º22/2012 de 30 de maio, todo ele dedicada exclusivamente às Freguesias (o elo mais fraco do sistema). De fora ficaram os municípios, as comunidades intermunicipais, a lei eleitoral, a dignificação do papel das assembleias municipais. De fora ficou a atribuição de novas e mais eficazes competências às freguesias e o assegurar de uma, cada vez mais, necessária independência do exercício da sua função.
Surge depois a tão “castrante” lei dos compromissos e pagamentos em atraso, Lei nº 8/2012 de 21 de fevereiro, recentemente regulada pelo Decreto-Lei nº 127/2012 de 21 de junho (quatro meses após a publicação da lei principal). Não obstante os obstáculos e condicionalismos que coloca à gestão autárquica (tentando regular em quatro meses o que não foi fiscalizado, nem regimentado, em quase 40 anos de poder local), apesar de se reconhecer as dificuldades de estruturação de muita dívida local em muitos (demasiados) municípios, o Governo dispara novo ataque (três, por sinal) à sobrevivência das autarquias e juntas de freguesia: primeiro, a retenção de 5% do IMI e a redução da transferência de verbas do Orçamento de Estado; segundo, o presente envenenado da linha de crédito de mil milhões de euros para fazer face ao cumprimento das dívidas de curto prazo (90 dias); terceiro, e mais recente, o recuo na atribuição de verbas do QREN para projectos de desenvolvimento local, conforme noticia esta semana a TSF e o semanário Expresso, onde é dado saber que os autarcas estão a ser convocados pelas CCDRs no sentido de lhes ser comunicado que “a torneira fechou/secou”, com a prevista reprogramação das verbas do QREN.
O facto é que o Poder Local já não é o mesmo (o país também não) e cada vez se torna menos motivador e aliciante o exercício do cargo público e político de autarca.
E não são, por isso, de estranhar as declarações do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, no início de junho, na Curia, no âmbito da "universidade do poder local", onde defendeu que "as câmaras endividadas não deviam ter eleições, mas sim uma comissão administrativa para a gestão corrente, até estarem equilibradas". A afirmação mereceu críticas no interior do PSD, no próprio Governo e na oposição. Mas há que perceber o discurso de Rui Rio, analisá-lo à luz do futuro muito próximo do poder local. De facto, face às contingências e à conjuntura, o país viu-se confrontado com a necessidade governativa de regularizar as contas públicas, de regular os sectores do Estado, onde se incluem as autarquias (câmaras municipais e juntas de freguesia), mesmo que os mecanismos adoptados pelo Governo (sem questionar outras alternativas) não têm sido nada benéficos para o poder local e para a sua legítima democraticidade.
E tomando como referência o crédito de mil milhões de euros, inicialmente destinado a cerca de 70 municípios mas agora estendido a cerca de 200, (um óbvio memorando interno à guisa da "troika", tal como acontece na Madeira), a verdade é que a autonomia, a liberdade e a própria dignidade do acto de gestão municipal, estão completamente condicionadas e limitadas. E por um período que pode ir até aos 20 anos, o que condiciona todo e qualquer executivo municipal futuro.
Daí que, mesmo não querendo colocar em causa a democracia eleitoral do poder local, o legítimo direito constitucional que qualquer cidadão tem de eleger e ser eleito, na prática, quem for gerir autarquias com problemas financeiros (mais ou menos graves), não será mais que um mero gestor-administrativo, quase que um administrador de insolvências, que se limitará a colocar em prática processos de retoma financeira, com medidas apenas correctivas e de gestão que são a sustentação e as contrapartidas do empréstimo bancário cedido pelo Estado.
Podemos exercer o nosso legítimo direito de votar e sermos eleitos, mas na prática esse direito constitucional está "ferido de morte".
Por último, há ainda um dado interessante nas declarações do presidente Rui Rio. Um recado directo ao partido quando se começam a movimentar os bastidores da preparação das eleições autárquicas para 2013. E o recado foi bem claro. Há coragem política para, pelo menos, se questionarem escolhas eleitorais com candidaturas de quem deixou as suas câmaras em "maus lençóis".
O senão da "Bela" é que há sempre uma primeira vez para tudo, correndo-se o risco de criar algumas injustiças, pagando os justos pelos pecadores... porque, de facto, é pena que os compromissos e as dívidas não tenham sido lembradas há alguns anos!
Uma boa semana… dia após dia até à final do Euro2012.

Afinal houve mesmo "Festa".

Aquando da presença na comissão parlamentar que analisava (e penso que ainda analisa) o processo da empresa pública "Parque Escolar", a ex-ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues afirmava que “o programa da Parque Escolar foi uma festa para o país. Uma festa, disse a ex-ministra, para as escolas, para os alunos, para a arquitectura, para a engenharia, para o emprego e para a economia”.

E quando toda a gente, incluindo eu, se apressou a criticar a ex-ministra há que reconhecer, hoje, que as criticas foram, indubitavelmente, injustas e infundadas.

A parceria público-privada que deu origem à Parque Escolar e à reabilitação, recuperação ou construção de centros educativos ou escolas foi, e ainda está ser (imagine-se) um enorme e colossal FESTA (principalmente para a arquitectura, para a engenharia e para a economia das empresas construtoras). Mas que grande festa...

Vejam as PRENDAS, como exemplo:

1. (RTP - 20 de junho - jornalista Andreia Brito) "São duas auditorias arrasadoras da Parque Escolar. O Tribunal de Contas diz que em duas escolas secundárias intervencionadas pela Parque Escolar houve derrapagens e falsificação de documentos."

2. (TVI24 - versão online - 20 de junho) "O Tribunal de Contas (TC) detetou despesas e pagamentos ilegais de cerca de 4,5 milhões de euros nas obras de modernização da Escola Secundária Passos Manuel, em Lisboa, pela Parque Escolar, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira."

3. (TSF - 20 de junho - jornalista Nuno Guedes) "Na escola secundária Passos Manuel, por exemplo, foram gastos 2,5 milhões de euros num sistema de ar condicionado e ventilação que os juízes dizem ser normal, na área da hotelaria, apenas num hotel de cinco estrelas. Contudo, na visita que fizeram à escola os responsáveis do Tribunal de Contas constataram que os equipamentos estavam desligados devido às dificuldades orçamentais."

Noutro país, noutra realidade político-social, noutro regime jurídico, isto teria, obviamente, um outro final (e mais feliz)... acabava-se já a Festa para muita gente.

Mas pronto... lá estamos no Euro2012. Siga a festa e a bola.

Censurar...

Publicado na edição de hoje, 20 de junho, do Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
Censurar.
No final da semana passada, no debate quinzenal na Assembleia da República, o PCP anunciou a intenção de apresentar, no parlamento, uma moção de censura ao Governo de Passos Coelho.
Primeiro ponto. Uma moção de censura é um instrumento político (e partidário) que assiste a qualquer bancada/grupo parlamentar, tal como define a Constituição da República Portuguesa no ponto 2, alínea i) do artigo 180º (Grupos Parlamentares).
Mas, como será óbvio, só esta argumentação e fundamentação legal não é, por si só, suficiente para apresentar uma moção de censura a um governo.
Mais… a apresentação de uma moção de censura ao governo, havendo uma maioria parlamentar que o sustenta, é uma posição que, antecipadamente, está condenada ao fracasso.
Então o que poderá ter levado o PCP a efectuar este anúncio?
Claramente uma questão política e de marcação de agenda. Para além disso, é notória a vontade e o objectivo de marcar um espaço próprio na oposição parlamentar e na sociedade, que rentabilize as posições tomadas pela contestação nas ruas e pelas recentes sondagens que dão uma subida até cerca nove por cento de intenções de voto.
Mas há também um outro dado que parece ser bastante relevante.
O Partido Socialista foi a última “vítima” de uma moção de censura que culminou num processo eleitoral e na derrota nas urnas. Duas das críticas apontadas pelos socialistas à moção de censura, apresentada pelo BE, foram, por um lado, a apelidada “ânsia” da conquista do poder pelos partidos da direita (nomeadamente o PSD), por outro a colagem dos partidos da esquerda à vontade da direita.
Sendo que não haverá derrube governamental (nem dissolução parlamentar) é nesta questão que a moção de censura do PCP ganha maior projecção e volume político. A moção apresentada contra Passos Coelho vira-se, essencialmente, para o PS e para António José Seguro. Este ainda pode argumentar que há um ano atrás também a esquerda se aliou à direita para derrubar o governo de José Sócrates, mas a verdade é que as realidades são outras.
E não vai ser fácil ao líder socialista tomar uma posição confortável.
Para quem rasgaria o memorando, para quem nunca o assinou ou assinaria desta forma, para quem sempre criticou as medidas aplicadas pelo governo (acusando-o de ir muito para além do acordado), para quem defende outra posição na europa, para quem entende que o país não está gerar desenvolvimento, nem a criar oportunidades de crescimento económico… não pode argumentar com tão débil fundamentação direccionada à estabilidade política nacional. Isso são tretas. Até porque a estabilidade governativa não está em causa.
A realidade é que António José Seguro está, claramente, no meio da ponte e não tem a certeza de qual a melhor posição, nem a coragem política para a tomar (internamente e face à oposição ao governo).
O não à moção de censura é uma colagem ao governo, a abstenção é desaparecer do mapa político, o sim é assumir definitivamente uma ruptura com o compromisso assinado pelo governo anterior e pelo próprio PS.
Mesmo sem qualquer consequência governativa, do ponto de vista político a moção de censura do PCP é bem “jogada”.

Surpresa?! Só se a verdade fosse apurada...

Há algumas pessoas (não sei se muitas ou poucas) que se mostram indignados e, acima de tudo, espantados com esta notícia avançada pelo jornal Expresso (na sua edição online), mesmo que a decisão oficial da ERC, Entidade Reguladora da Comunicação Social - só amanhã seja conhecida.

O jornal avança com a quase certa decisão de ilibar o ministro-adjunto e dos assuntos parlamentares, Miguel Relvas, no processo que opõe este ao jornal Público e à jornalista Maria José Oliveira.

Estranho mesmo foi o demasiado tempo (mais do que anunciado) para chegarem a esta triste conclusão.

Estranho seria que se tivesse apurado qualquer responsabilidade.

Siga o Euro2012 que este país nem novidades nos consegue trazer e nada já nos surpreende.

(comentários finais na crónica de domingo)

Afinal havia outro...

Não está em causa a comparação dos valores... (600 mil euros de irregularidas detectadas pelo Tribunal de Contas nas finanças/contas regionais dos Açores)

Não está em causa a dimensão dos factos...

Mas sim a falta de ética e moral políticas, a mentira, o acto de ocultação de realidades e informação.

Está em causa a verbalização e o discurso usado para criticar a gestão e a personalidade alheias.

E na verdade... caiu a máscara a Carlos César, presidente do Governo Regional dos Açores.

Pode-se dizer (à guisa de desresponsabilização ou de tapar o "sol com a peneira") que não tem nada a ver o "milionário" buraco da Madeira com "apenas" 600 mil euros. Mas irregularidades são irregularidades. Mentir é mentir... e tla como diz o ditado: "tanto é ladrão o que sobe à arvore e rouba as maçãs como o que fica à porta à espreita".

E continua em alta a credibilidade política e a seriedade governativa no nosso país.

Regionalidades de parabéns.

O Diário de Aveiro celebra 27 anos de informação local e regional. Foi conquistando um espaço próprio na comunicação social da região de Aveiro, foi  criando empatias com os leitores, com o poder político, com o tecido empresarial, com as instituições e entidades que estruturam a sodiedade, associado também a algumas animosidades que, garantidamente, vão solidificando e justificando o seu trabalho e a sua função informativa.

Editorial de hoje, 19 de junho de 2012, por André Callé Lucas: "Diário de Aveiro completa 27 anos de publicação".

Não querendo parecer suspeito (por distintas razões) fica aqui os meus votos sinceros de Parabéns a todos.

Não vou dizer o nome de todos porque não conheço TODOS e posso correr o risco de me esquecer de mencionar alguém.Vai em nome dos "chefes" que fica sempre bem...

Ao Ivan Ribeiro da Silva e ao Jose José Manuel Silva e a "TODÓMUNDO" do Diário de Aveiro um enorme e colossal abraço de Parabéns.

Continuação de bom trabalho.

(in... facebook)

Congelamentos superiores (reedição)

Publicado na edição de hoje, 17 de junho, do Diário de Aveiro.

Entre a Proa e a Ré
Congelamentos superiores
O Governo/Ministério da Educação publicou na passada terça-feira, 12 de junho, na página oficial da Direcção-geral do Ensino Superior - DGES, uma norma que determina o congelamento do número de vagas nos cursos superiores (universidades e politécnicos) para o ano lectivo de 2012/2013. Esse congelamento equivale a um igual número de vagas ao verificado para o ano lectivo 2011/2012, sugerindo, no entanto, uma redução em 20% do número de vagas em cursos como professor do ensino básico ou educação de infância.
A principal razão apontada prende-se com a relação entre a oferta formativa e a empregabilidade, e, consequentemente, a racionalização de recursos financeiros (encargos com o financiamento do ensino superior).
Como medida e política de gestão, principalmente a pedagógica (oferta formativa), parece ser uma interessante proposta e decisão governativa. No entanto, há alguns aspectos que merecem alguma ponderação e reflexão.
É um facto que mesmo antes do processo de Bolonha, e agravado após a entrada em vigor dos novos ciclos formativos superiores, houve uma tendência exagerada por parte das universidades na criação de licenciaturas e mestrados, sem a necessária preocupação da sua adpatação às realidades empresariais, científicas e culturais do país (mesmo antes da crise). E não me refiro apenas à questão do mercado de trabalho. Trata-se de adaptar o conhecimento, o saber e a experiência à procura e às exigências da sociedade portuguesa no que respeita ao desenvolvimento económico (comercial, industrial, ...), cultural e social, bem como às necessidades na área da investigação que sustentem esse mesmo desenvolvimento.
A título meramente exemplificativo, se há já alguns anos o país abandonou, de forma quase que "criminal", a aposta significativa nos seus recursos agrícolas, não faz sentido que tenha (sublinhe-se o passado verbal) existido uma preocupação em promover e implementar consideráveis recursos ao nível da oferta em áreas como engenharias agrárias, alimentares e zootécnicas. Se já há alguns anos que se verificam consideráveis alterações demográficas e diminuição da taxa de natalidade; se, pelas mais diversas razões, se tem vindo a assistir a um ajustamento da rede escolar no país (novos agrupamentos, encerramento de escolas, novos centros educativos) não faz, de facto, qualquer sentido que continuem a ser prioritárias as apostas formativas na área da educação. Mas isto são realidades que as próprias universidades e institutos politécnicos deveriam fazer, ano após ano, sem haver a necessidade de uma "imposição" governativa ou da tutela. É o bom-senso da gestão de recursos, de meios, de estruturas, até porque o factor da empregabilidade é um factor que, apesar de relacionado com a oferta pedagógica e a sua consequência futura, as universidades não controlam. A empregabilidade não está apenas e directamente relacionada só com a oferta formativa, está igualmente relacionada com mercados, economia e as políticas de promoção de emprego que os governos implementam (ou não). Se assim fosse, a maioria dos jovens, uma grande maioria diga-se, estaria muito mais descansada quanto ao seu futuro. A realidade dos números relacionados com o desemprego (ou a falta de emprego) retratam isso mesmo: cerca de 40% dos jovens não encontra mercado laboral para as suas formações superiores, sejam elas quais forem. Seria, eventualmente, mais interessante que a gestão da oferta pedagógica passasse a ser condicionada pela variação na subsidiação dos cursos (1º ciclo e mestrados), limitando esse financiamento a um valor mínimo de 15 a 20 alunos por oferta formativa. O que poderia significar uma necessária e atenta gestão na administração das universidades.
Por outro lado, há, nesta vertente, também uma responsabilização dos próprios cidadãos, nomeadamente os jovens (e famílias), com o cuidado na escolha da vocação profissional e do seu futuro laboral, sem que isso tenha, obviamente, de limitar ou aniquilar toda uma liberdade de escolha individual a que cada um de nós tem direito. A verdade é que há muitas escolhas que se tomam por razões sociais e culturais, de forma irracional e inconsistente.
Por último, não deixa ainda de ser curiosa a medida agora imposta pela tutela do ensino superior/educação, só porque, agora, o Governo “descobriu” que está preocupado com a questão da empregabilidade e com o aumento do número de jovens licenciados no desemprego. No entanto, este mesmo Governo não tem qualquer problema de consciência em sugerir aos jovens que emigrem, que procurem noutros países as oportunidades que, cá dentro, lhes são negadas, sem que isso traga quaisquer contrapartidas para o país que gastou recursos financeiros que não recupera (relembra-se o que foi aqui escrito em "Há razões que a razão desconhece"). É que com a ausência de medidas e políticas consistentes (mesmo com este novo "impulso jovem") para o combate ao desemprego, a responsabilidade do Estado é, como em outros casos, transferida para as universidades e para os cidadãos. Substitui-se as dificuldades de governação com as imposições para os outros. Só que, desta forma, iremos continuar a assistir à triste realidade: para se ir para o desemprego basta ter um curso superior.
Uma boa semana…

Canal Parlamento mais acessível.

Ouvimos, muitas vezes (demasiadas, por sinal), os portugueses afirmarem que estão fartos de notícias, de política... a queixarem-se dos políticos, dos governos, dos partidos, das instituições.

Não comungo, de todo, a totalidade das críticas, embora reconheça que, nalguns casos, falta verdade, rigor, ética e responsabilidade, à comunicação social, ao governo, às instituições, à política e aos políticos.

No entanto, entendo que tudo o que possa ser feito para melhorar a imagem, melhorar a informação, contribuir para a diminuição da iliteracia política e social, bem como a ausência de uma "cultura (da) política" que invade o país (como muito bem refere Estrela Serrano - "A ler os outros... Originalidades de Estrela Serrano") é de assinalar.

Daí que a aprovação por unanimidade, na quinta-feira passada, na Assembleia da República, de um projecto de resolução conjunto que altera a lei da televisão e permite que o canal Parlamento (AR TV) passe a ser transmitido em sinal aberto na televisão digital terrestre (TDT), afigura-se como uma excelente iniciativa parlamentar e uma ineterssante notícia (fonte: RR online).
O projecto de resolução foi assinado por todos os partidos com assento parlamentar: PSD, PS, CDS-PP, PCP, BE e Verdes, tendo os mesmos elogiado o consenso encontrado para que o canal Parlamento seja emitido de forma gratuita.

Democracia a quanto obrigas...

O presidente da Câmara Municipal do Porto, no passado sábado, dia 9 de junho, na Curia, no âmbito da "universidade do poder local" (organizada pelo PSD Nacional, JSD Nacional e Grupo Europeu do PSD), defendeu que "as câmaras endividadas não deviam ter eleições, mas sim uma comissão administrativa para a gestão corrente, até estarem equilibradas".

A afirmação mereceu críticas no interior do PSD, no próprio Governo e na oposição - PS.

Mas há que perceber o discurso de Rui Rio, analisá-lo à luz do futuro muito próximo do poder local. Ao fazê-lo, mesmo que não se concretize a "profecia" do presidente da autarquia do Porto, conseguimos perceber o alcance e a objectividade das palavras do autarca.

De facto, face às contingências e à conjuntura, o país viu-se confrontado com a necessidade governativa de regularizar as contas públicas, de regular os sectores do Estado, onde se incluem as autarquias (câmaras municipais e juntas de freguesia).

E a verdade é que os mecanismos adoptados pelo Governo (sem questionar outras alternativas) não têm sido nada benéficos para o poder local e para a sua legítima democraticidade, tal como já referi em "Vender a alma ao diabo". Como exemplos mais recentes, a (meia) reforma administrativa, a chamada Lei dos Compromissos (Lei 8/2012), a retenção de 5% do valor do IMI, e, por último, o contrato com a Associação Nacional de Municípios Portugueses para a abertura de uma linha de crédito (aprovada hoje em Conselho de Ministros) no valor de mil milhões de euros destinadas às autarquias (70 referenciadas) com problemas de estruturação das suas dívidas de curto prazo.

E tomando como referência este memorando interno à guisa da "troika" (tal como acontece na Madeira), a verdade é que a autonomia, a liberdade de gestão, a própria dignidade do acto de gestão municipal, está completamente condicionada e limitada. E por um período que pode ir até aos 20 anos, o que condiciona todo e qualquer executivo municipal futuro.

Daí que, mesmo não querendo colocar em causa a democracia eleitoral do poder local, o legítimo direito constitucional que qualquer cidadão tem de eleger e ser eleito, na prática, quem for gerir autarquias com problemas financeiros (mais ou menos graves), não será mais que um mero gestor-administrativo, quase que um administrador de insolvências, que se limitará a colocar em prática processos de retoma financeira, com medidas apenas correctivas e de gestão que são a sustentação e as contrapartidas do empréstimo bancário cedido pelo Estado.

Podemos exercer o nosso legitimo direito de votar e sermos eleitos, mas na prática esse direito constitucional está "ferido de morte".

Por último, há ainda um dado interessante nas declarações do presidente Rui Rio. Um recado directo ao partido quando se começam a movimentar os bastidores da preparação das eleições autárquicas de 2013.

E o recado foi bem claro. Há coragem política para, pelo menos, se questionarem escolhas eleitorais com candidaturas de quem deixou as suas câmaras em "maus lençóis".

O senão da "Bela" é que há sempre uma primeira vez para tudo, correndo-se o risco de criar algumas injustiças, pagando os justos pelos pecadores... porque, de facto, é pena que os compromissos e as dívidas não tenham sido lembradas há alguns anos!

A ler os outros... Originalidades de Estrela Serrano

 

Estrela Serrano tem uma análise que considero soberba a um artigo com o título "As coisas mais estranhas", publicado na edição do dia 12 de Junho da Revista Sábado.

O texto de Estrela Serrano, publicado no blogue "Vai e vem", com o título "Originalidades do jornalismo em Portugal" é, de facto, muito bom e mereceu leitura atenta e "atrevimento" de comentário (meu) que passo a transcrever:

O texto é algo de soberbo e excepcionalmente claro e sentético de parte da realidade do universo jornalístico e da sua relação com a política. Com toda a sinceridade... (sem qualquer necessidade de "favor").
A análise no ponto 1 é perfeita e refelecte um marco na história da comunicação social em Portugal e do reflexo que tem (ou deixou de ter) nos dias de hoje.
No ponto 2 eu teria ido mais longe. Face à realidade social (onde se incluem os "maus" hábitos de leitura e de sentido crítico dos portugueses) e à dimensão do país é incompreensivel que haja tanto jornal e tantos canais televisivos. Pelo exposto, só seria de esperar que o jornalismo se tornasse num processo mediático, estatístico (audiências) e comercial/económico.
Em relação ao ponto 3 penso que essa realidade e dualidade, há quem a denomine de simbiose (eu acho que em muitos casos, demasiados até, é mais parasitismo), é comum ao universo da comunicação social e da política, à relação entre ambos, em qualquer canto do mundo. Sempre foi uma relação de "amor-ódio" com mais ou menos episódios. A dificuldade reside na altura em que a ética, a deontologia, a verdade precisa de ser colocada em prática: na altura de informar com isenção, rigor e verdade.
Só não percebo a admiração em relação aos directos dos eventos político-partidários. Acho que isso se resume ao interesse informativo e à exigência que o cidadão tem de ser informado numa área perfeitamente de interesse público (que deve, apesar de tudo, ser distinta do "interesse DO público").

A ler...

Congelamento universitário

Não estão fáceis os dias futuros no sector universitário (público) em Portugal.

O Governo/Ministério da Educação publicou ontem (terça-feira 12 de junho), na página oficial da DGES - Direcção-geral do Ensino Superior, uma norma que determina o congelamento do número de vagas nos cursos superiores (universidades e politécnicos) para o ano lectivo de 2012/2013. Esse congelamento equivale a um igual número de vagas ao verificado para o ano lectivo 2011/2012, sugerindo, no entanto, uma redução em 20% do número de vagas em cursos como professor do ensino básico ou educação de infância.

A razão apontada, ou as duas principais razões prendem-se com a racionalização de recursos financeiros (encargos com o financiamento do ensino superior) e com a relação oferta formativa e empregabilidade.

Como medida e política de gestão, principalmente a pedagógica (oferta formativa), parece-me uma interessante proposta e decisão governativa. No entanto, há alguns aspectos que merecem alguma ponderação e reflexão.

O primeiro tem a ver com a transferência de vagas entre cursos, dentro do universo da mesma universidade ou politécnico (ou, por exemplo, no caso de Lisboa entre a recente fusão universitária). É um facto que mesmo antes do processo de Bolonha, e agravado após a entrada em vigor dos novos ciclos formativos superiores, houve uma tendência exagerada por parte das universidades na criação de cursos, pós-graduações e mestrados, sem a necessária preocupação da sua adpatação às realidades empresariais, científicas e culturais do país (mesmo antes da crise). E não me refiro apenas à questão do mercado de trabalho. Trata-se de adaptar o conhecimento, o saber e a experiência à procura e às exigências da sociedade portuguesa no que respeita ao desenvolvimento económico (comercial, industrial, ...), cultural e social, bem como às necessidades na área da investigação que sustentem esse mesmo desenvolvimento.

A título meramente exemplificativo, se há já alguns anos o país abandonou, de forma quase que "criminal", a aposta significativa nos seus recursos agrícolas, não faz sentido que tenha (sublinhe-se o passado verbal) existido uma preocupação em promover e implementar consideráveis recursos ao nível da oferta em áreas como engenharias agrárias, alimentares e zootécnicas. Se já há alguns anos que temos verificado consideráveis alterações demográficas e na diminuição da taxa de natalidade; se, pelas mais diversas razões, se tem vindo a assistir a um ajustamento da rede escolar no país (novos agrupamentos, encerramento de escolas, novos centros educativos) não faz, de facto, qualquer sentido que continuem a ser prioritárias as apostas formativas na área da educação.

Mas isto são realidades que as próprias universidades e institutos politécnicos deveriam fazer, ano após ano, sem haver a necessidade de uma "imposição" governativa ou da tutela. É o bom-senso da gestão de recursos, de meios, de estruturas. Por outro lado, há, nesta vertente, também uma responsabilização dos próprios cidadãos, nomeadamente os jovens (e famílias), com o cuidado na escolha da vocação profissional e do seu futuro laboral, sem que isso tenha, obviamente, de limitar ou aniquilar toda uma liberdade de escolha individual a que cada um de nós tem direito. A verdade é que há muitas escolhas que se tomam de forma irracional e inconsistente.

O segundo aspecto tem a ver com um, ou o principal, pressuposto que serve de medida deliberatória quanto a eventuais solicitações de aumento do número de vagas (e que provoque um acréscimo toal desse valor): o factor da empregabilidade. Este é um factor que, apesar de relacionado com a oferta pedagógica e a sua consequência futura, é uma facto que as universidades não controlam de todo este dado. A empregabilidade não está apenas e directamente relacionada só com a oferta formativa. Se assim fosse, a maioria dos jovens, uma grande maioria diga-se, estaria muito mais descansada quanto ao seu futuro. A realidade dos números relacionados com o desemprego (ou a falta de emprego) sustentam isso mesmo: cerca de 40% dos jovens não encontra mercado laboral para as suas formações superiores, sejam elas quais forem.

Daí que impor este factor como pressuposto fundamental na atribuição de vagas nas ofertas formativas é impor às universidades condicionalismos que lhes são externos. É impor uma percepção da sociedade e da realidade em função do que são as políticas governativas em cada momento.

E se, de facto, a gestão dos cursos deve ser uma preocupação importante na gestão do universo universitário, também não deixa de ser verdade que há a ter em conta a vontade e a liberdade de escolha de cada um dos cidadãos. Não é por transferir 20% de vagas no curso de comunicação social para engenharia civil que isso tenha de significar que sejam igualmente transferidos futuros jornalistas para futuros engenheiros. O que o exemplo significa é a possibilidade de permitir mais 20% de futuros engenheiros civis disponíveis para o mercado de trabalho, mas igualmente a limitação de escolha e opção pessoal a menos 20% de jovens que gostariam de exercer a sua actividade profissional na área da comunicação social.

Seria, eventualmente, mais interessante que a gestão da oferta pedagógica passasse a ser uma preocupação constante das universidades e institutos, por exemplo, com a variação na subsidiação dos cursos (1º ciclo e mestrados), limitando esse financiamento a um valor mínimo de 15 a 20 alunos por oferta formativa. O que poderia significar uma necessária e atenta gestão na administração das universidades.

Por último, não deixa ainda de ser curiosa a medida agora imposta pela tutela do ensino superior/educação.

O Governo está preocupado com a questão da empregabilidade e com o aumento do número de jovens licenciados no desemprego.

No entanto, o mesmo Governo não tem qualquer problema de consciência em sugerir aos jovens que emigrem, que procurem noutros países as oportunidades que, cá dentro, lhes são negadas. (relembra-se o que foi dito em "Há razões que a razão desconhece").

É que com a ausência de medidas e políticas consistentes (mesmo com este novo "impulso jovem") para o combate ao desemprego, a responsabilidade do Estado é, como em outros casos, transferida para as universidades e para os cidadãos. Substitui-se as dificuldades de governação com as imposições para os outros.

Só que, desta forma, iremos continuar a assistir à triste realidade: para se ir para o desemprego basta ter um curso superior.

Saramago com nova "casa".

Foi hoje inaugurado o novo espaço oficial da Fundação José Saramago.

A partir de hoje, Lisboa e o país, têm a oportunidade de conviver com as memórias de um dos grandes vultos da literatura portuguesa.

"A Fundação José Saramago pretende que os três primeiros pisos deste edifício emblemático sejam espaços públicos em que se celebrem exposições, recitais, conferências, cursos, seminários, de modo que as suas dependências sejam colocadas ao serviço da cultura. A Casa ficará aberta ao público, pondo assim termo a um largo período em que nem os lisboetas nem os turistas podiam apreciar os vestígios de épocas passadas que se albergam no piso térreo: um conjunto de estruturas que remonta às primeiras ocupações do espaço, um troço importante da muralha fernandina, tanques romanos (cetárias) de base quadrangular, destinados à salga e conserva de peixes (o famoso garum), e por restos de cerca moura...

A Fundação José Saramago encarregar-se-á da manutenção da Casa. O edifício é de propriedade municipal, cedido, mediante protocolo assinado em Julho de 2008, à Fundação por um período de 10 anos. Pretende-se que em Junho tenha terminado a primeira fase de restauro e possa, assim, dar-se início ao seu uso público."

(fonte: fundação josé saramago)

As "iludências aparudem"...*

(* as aparências iludem)...

Na aprendizagem das diversas técnicas de jornalismo há métodos e regras que importa cumprir, desde a construção de um título até à construção do lead e do corpo da notícia (isto em traços gerais para não maçar).

Daí que seja de estranhar que o Jornal de Notícias tenha deixado passar um título destes: "Touro manda homem para o hospital quando cobria vaca"... desta forma construtiva as dúvidas são muitas.

E passando ao lead as dúvidas mantêm-se ou, até mesmo, podem crescer: "Um touro, puro minhoto cobridor com 600 quilos, deixou um homem em estado grave quando cobria uma vaca, ao final da noite de segunda-feira, numa quinta agrícola, na Póvoa de Lanhoso." Isto não soa nada, mas mesmo nada bem...

E só qaundo chegamos aqui «"Ele estava muito perto do boi que cobria a vaca. Foi depois de segundo coito que o touro levantou a cabeça e levou tudo à frente. Até soltou a vaca que estava presa num esteio", explicou o proprietário. Na euforia do animal, Artur não teve tempo de reação e ficou debaixo do bicho.» é que percebemos quem é quem e fazia o quê!

Cuidados a ter... sempre.

 (créditos da foto: Nuno Cerqueira/JN)

Por qué no se callan...

Publicado na edição de hoje, 10 de junho, do Diário de Aveiro.

Entre a Proa e a Ré
“Por qué no se callan”
Os últimos dias têm sido particularmente profícuos no que respeita a declarações “bombásticas”, embora com efeitos negativos na sociedade.
Foram as declarações condenáveis e inaceitáveis de António Borges ao admitir que Portugal deveria baixar o valor salarial do trabalho para o desenvolvimento da economia. Sendo que a maior percentagem dos assalariados é a que recebe valores mais baixo ou médios, o que António Borges defendeu foi um fosso maior e abismal entre ricos e pobres, entre salários elevadíssimos e salários baixos. Mas o mais grave da situação é que, para além das críticas da oposição, do próprio PSD e CDS e ainda de Cavaco Silva, o primeiro-ministro afirmou que o governo não se revê nessa política de massa salarial baixa. Se não se revê, se não apoia essa medida, como pode Pedro Passos Coelho manter em funções políticas e governativas (gestão) um “homem sombra” e principal consultor do governo que “caminha” em sentido contrário e defende medidas contrárias publicamente?!
Mas o próprio primeiro-ministro não fica isento de “nomeação” nesta área dos “tiros no pé”, ao afirmar que admira a paciência dos portugueses. Não corroborando as comparações feitas por D. Januário às declarações de Pedro Passos Coelho, a verdade é que a paciência dos portugueses parece ter-se já esgotado. E a última sondagem da Universidade católica é disso reflexo: a queda de 7% de intenção de voto (43% para 36%) faria com que hoje, havendo eleições, PSD e CDS (que manteria os 6%) perderiam a maioria (de 51% para 42%) e haveria uma colagem de intenções ao PS (que manteria os 33%). Mas a desilusão e a impaciência está bem patente na outra face da sondagem da Católica: 30% dos portugueses acha o governo “muito mau”, 37% “mau” (o que dá uma avaliação negativa de 67% dos inquiridos), contra 1% “muito bom” e 24% de “bom”.
O ministro-adjunto e dos assuntos parlamentares, Miguel Relvas, abriu as hostilidades quando afirmou que “nós hoje já não exportamos só futebolistas, exportamos cientistas, exportamos pintores, artistas plásticos. Hoje temos essa capacidade, esse é o grande bem de um pequeno país. É isso que nós temos para exportar, a capacidade de afirmação que a nossa história sempre demonstrou.”
Já tinha referido, pelo menos, a 16 de maio - "Oportunidades perdidas", que o factor emigratório de hoje, nada tem a ver com o da década de 60 e 70, e muito menos traz qualquer tipo de vantagem para o país. Antes pelo contrário... perdemos recursos qualificados (e que custaram a qualificar), desertificamos o país, não recolhemos dividendos fiscais nem contribuições, as empresas ficam sem quadros e sem competitividade, perdemos investigação e conhecimento. Além disso, o país envelhece e empobrece.
E a estupefacção e a irritação são enormes.
Primeiro, é abominável que um responsável político e governativo considere os seus cidadãos como "mercadoria" exportável e negociável. Segundo, o Estado português não retira qualquer tipo de contrapartida com a emigração de quem quer que seja, hoje em dia. Terceiro, os portugueses emigram porque querem, porque precisam e porque não encontram no seu país natal, na sua terra, nas suas comunidades, no seu tecido empresarial e científico, qualquer tipo de oportunidades. E não porque o Estado português os "exporta". Quarto, o ministro Miguel Relvas confunde "exportação" com abandono, desamparo, indiferença, "expulsão", fruto da forma como o Governo tem demonstrado incapacidade para, estruturalmente, encontrar medidas que combatam o desemprego, criem oportunidades de empreendedorismo.
Desta forma, não consigo perceber como pode um ministro como Miguel Relvas, com as responsabilidades políticas e governativas que tem, com a débil e descredibilizada imagem política que os acontecimentos recentes criaram no seio do governo e na opinião pública, tenha este tipo de opinião e a diga "alto e bom som".
Mas o líder do PS também não fica isento de destaque. Para quem, desde que lidera o maior partido da oposição, com responsabilidade governativas recentes, tem-se mostrado afastado da presença e das medidas acordadas com a Troika (tendo mesmo afirmado que o acordo celebrado não foi por ele assinado, nem nunca o seria), vir agora defender que a Espanha solicite apoio financeiro externo (resgate) é no mínimo curioso. Até porque a fundamentação não é, de todo, sólida. Não há qualquer garantia de que um resgate da Espanha possa sirva como precaução ou prevenção de danos colaterais da crise espanhola em relação a Portugal. Assim como, não há qualquer garantia de que, face às relações comerciais, de investimento, de parcerias, de importação e exportação, Portugal não tenha já sentido os efeitos da crise espanhola, sem que isso tenha sido tão evidente como nos dias de hoje. Até porque há um outro factor importante. Se se confirmar (até à hora da escrita deste texto havia apenas a previsão de isso acontecer – ontem, sábado) o pedido de resgate financeiro por parte da Espanha, uma questão, deveras relevante, se coloca: onde é que a Europa vai encontrar fundo de financiamento para esse resgate? A Europa te, dinheiro para a dívida da Espanha? Isso não trará consequências para outros países que estão ou não sob o efeito de acordos de apoio externo?
As dúvidas são mas que as certezas… e para António José Seguro parece ser sempre muito mais fácil lidar com os problemas alheios do que encontrar alternativas para os nossos (daí que a referida sondagem da Universidade Católica comporte um dado interessante: quem cresceu e aproveitou a queda do governo/PSD foi o PCO e o BE e em nada o PS que manteve a mesma intenção de voto).
Uma boa semana…

Vitor (in)Constâncio...

créditos da foto: Agência Lusa

É raro que seja de forma diferente. Mas é curioso observarmos as posições, os conceitos, as ideias, de muitos actuais comentadores (sejam do CDS, do PSD ou do PS, principalmente) que exerceram cargos políticos e governativos em Portugal, desde 1974/75. Enquanto responsáveis políticos ou governativos pouco ou nada fizeram, enquanto comentadores é só soluções, propostas, "varinhas mágicas".

Mas se esta realidade já não se estranha, não traz qualquer surpresa... eis que há algo que ainda nos consegue surpreender. Nem que seja pelo despautério ou absurdo.

Na comissão parlamentar de inquérito sobre  a nacionalização e reprivatização do BPN, o ex-governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, para além de elogiar publicamente a equipa de Miguel cadilhe à frente do BPN, afirmou que "por mim não teria problema nenhum em convidar o dr. Miguel Cadilhe a gerir o banco", depois da nacionalização, disse o antigo governador do Banco de Portugal (BdP), na comissão parlamentar em que está a ser ouvido. Para o agora vice-presidente do Banco Central Europeu "a equipa era boa, não faria milagres, mas era íntegra e competente". (fonte: Dinheiro Vivo, peça de Ana Paula Lima).

Não tenho que questionar ou colocar em causa a pessoa e competância do Dr. Miguel Cadilhe, mas não deixa de ser estranho que Vitor Constâncio, tantas vezes criticado pelo visado nos elogios quanto à falta de supervisão da entidade reguladora do sistema bancário, não tenha a capacidade nem a coragem para assumir os seus erros. Apenas, disfarçadamente, tenha tentado este "golpe" graxista face a um governo liderado pelo PSD/CDS.

Como em muitos casos, mais uma vez, a responsabilidade/culpa morre solteira...

 créditos da foto: agência Lusa

Aveirense (ou quase) condecorado...

Apesar de natural de Angola, Gonçalo M. Tavares passou uma grande parte da sua vida em Aveiro, local onde ainda residem os pais e irmão.

É, por isso, ou deveria ser, motivo de orgulho que Gonçalo M. Tavares receba a condecoração da "Ordem do Infante D. Henrique", a juntar aos diversos prémios literários já conquistados (desde o seu primeiro livro publicado em 2001 - Livro de Dança):

Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004, com o romance - "Jerusalém" (Caminho); o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores "Camilo Castelo Branco" com "Água, cão, cavalo, cabeça" 2007(Caminho); Prémio Branquinho da Fonseca/Fundação Calouste Gulbenkain com "O Senhor Valéry", Prémio Revelação APE com "Investigações.Novalis". A obra "Uma Viagem à Índia": Prémio Melhor narrativa Ficcional 2010 da Sociedade Portuguesa de Autores; Prémio Especial de Imprensa Melhor Livro 2010 Ler/Booktailors; Grande Prémio Romance e Novela da Associação Portuguesa de Autores, 2011; Prémio Fernando Namora/Casino do Estoril, Melhor Livro Ficção 2011; Premiado no Portugal Telecom (Brasil, 2011); Prémio Fundação Inês de Castro.
A propósito José Saramago diria ao entregar o prémio a Gonçalo M. Tavares:"'Jerusalém' é um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos: dá vontade de lhe bater!"
"Jerusálém" foi incluído na edição europeia de "1001 livros para ler antes de morrer".

Gonçalo M. Tavares é uma das 36 personalidades que consta da (sempre polémica) lista de condecorações atribuídas pelo Presidente da República nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que se realiza amanhã, 10 de junho. Irá ser agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique, que se destina a distinguir serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores.

Parabéns Gonçalo. Aveiro e o país cultural agradecem!

Também pode haver Arte no Mato?!

Claro que sim... pelo menos parece ser essa a interessante aposta do escultor Paulo Neves (ideia) e do arquitecto Fernando Coelho (concepção).

Qual o conceito?

Um espaço de apresentação de ideias e de trabalhos de artistas plásticos, criado no meio de um mato.

Mais precisamente num mato situado em Cucujães, Oliveira de Azeméis.

"O Mato", tal como "baptizado" o projecto, segundo Paulo Neves, "pretende dar a conhecer ideias e projectos de artistas desconhecidos, nacionais e estrangeiros (sobretudo europeus), que aqui expõem, funcionando como ponto de encontro de pessoas e de fusão de experiências".

Outro objectivo deste projecto "é fazer com que a arte tenha expressão nos meios rurais, atraindo visitantes e admiradores da arte aos meios rurais e a locais improváveis como um espaço situado no meio de um bosque".

Nasce assim um novo conceito e espaço de promoção cultural e artística, inovador e, de facto, interessantemente inédito.

"O Mato" vai abrir portas, podendo afirmar-se, "florescer", já no próximo dia 30 de junho, em Cucujães, concelho de Oliveira de Azeméis (Quinta das Neves).

A visitar... obrigatoriamente!

 

 

A ler os outros... a "Ouver" os outros...

A "ouver"...

Primeiro relembrar o comentário da Fernanda Câncio no 25ª hora da madrugada de quarta-feira - 6 de Junho. E a preparar complemento pessoal. Muito bem na primeira abordagem, apesar de eu achar que a questão dos resultados da sondagem, em relção ao PS, não está numa eventual "colagem" ao governo, mas sim na falta de propostas alternativas e de uma agenda própria e eficaz. Na segunda parte faltou alguma clareza face ao diálogo surgido com o João Maia Abreu.

 

(clicar na imagem para aceder ao vídeo)

 

A ler...
Segundo, a ler com muita atenção a conclusão da Estrela Serrano em relação à notícia do Correio da Manhã e replicada pelo jornal i (o que não deixa de ser curioso) sobre D. Januário, bispo das forças armadas... De facto, é interessante que só depois das declarações do representante da Irgeja junto dos militares, dirigidas ao primeiro-ministro, é que alguma imprensa se preocupa com os rendimentos monetários de D. Januário...
Cheira mal...
E isto não tem a ver com crenças... mas, concordando com a Estrela Serrano, tenho uma fé que isto é "bem" encomendado.
Aliás... as cinco questões (Quem? Diz o quê? Através de que canal? A quem? Com que efeito?) do modelo da teoria da comunicação preconizado por Lasswell parecem óbvias e fáceis de responder ou concretizar.

 

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