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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Ainda pergunta 'qual é a pressa?'

Esta foi a questão/resposta que António José Seguro enviou aos socialistas que reclamam a realização do Congresso do PS antes das eleições autárquicas.

Tal como aqui referi, face ao que tem sido a oposição que o PS tem efectuado ao Governo e na perspectiva de eventuais eleições antecipadas (o que nesta altura começa a figurar-se menos provável, por enquanto), há uma evidente, embora encoberta, vontade de uma determinada ala socialista em alterar a liderança do partido.

E o mais interessante é que António José Seguro só tem favorecido a argumentação de quem exige ao PS maior consistência e uma verdadeira alternativa política.

A propósito do último post "Solidariamente... RTP." esperava-se toda e qualquer reacção de António José Seguro menos esta: "Seguro vê adiamento da privatização da RTP como «mais uma vitória do PS»" (via TSF).

E depois, o actual líder socialista, fica admirado, furioso e questiona: qual é a pressa?

Como é que é possível o PS congratular-se e reclamar vitória num processo que tem tudo para acabar mal, ser uma verdadeira falácia e apenas ter como certeza o despedimento (à custa de 42 milhões de euros) de 600 profissionais da RTP?

Só significa que o responsável pelos 600 postos de trabalho a cortar na RTP, afinal não é Relvas, mas sim António José Seguro.

Enfim...

Solidariamente... RTP.

 

Qualquer processo de reestruturação de uma organização tem sempre impacto (negativo) na vertente dos recursos humanos dado que esta é uma fatia considerável dos encargos financeiros. Mas não só… há outras e inúmeras formas de minimizar esses impactos, muito longe dos números avançados pela imprensa para um processo de despedimento como o da RTP (mais de 600 profissionais) e com contornos muito pouco claros, ou, por outro lado, muito preocupantes: como é que será o futuro da RTP Porto?

Dos 323 trabalhadores (números avançados pela Comissão de Trabalhadores) perspectiva-se o despedimento de 300, reduzindo toda uma história e uma capacidade produtiva comprovada a 23 colaboradores? E que tipo de reestruturação vai ser executada? Apenas o que respeita aos encargos com o pessoal? É isto que é repensar o serviço público de televisão e todo o papel da RTP na comunicação social?

Já aqui avancei, em algumas ocasiões, um exemplo do que poderia ser (evidentemente com alguns constrangimentos de recursos humanos, mas isso seria de todo inevitável mesmo que em número muito mais reduzido) uma parte de um processo abrangente de reestruturação: a fusão da RTP2 com a RTP Inf, aproveitando o que de melhor tem a informação com a “formação” e conteúdos de excelência da RTP2 (pena que já tenham antecipado o fim do “Câmara Clara” ou a redefinição do “Sociedade Civil”, por exemplo). Por outro lado, repensar a RTP Memória, RTP África e RTP Internacional.

Agora, pura e simplesmente, pegar em dinheiro (que afinal existe… deve ter vindo dos “mercados”) e cortar (nem sequer é reestruturar) sempre pelo elo mais fraco, parece-me mais do mesmo, num país completamente esfrangalhado nas competências sociais e culturais do Estado.

Resumo de uma triste história, com um final ainda pior.

RTP: História de uma privatização que passou a concessão e que vai acabar numa reestruturação “dolorosa”

(via Jornal de Negócios, versão on-line, 26 janeiro 2013)