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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Centralidade Regional

Publicado na edição de hoje, 30 de junho, do Diário de Aveiro.

Cagaréus e Ceboleiros

Centralidade regional.

Como referi no domingo passado, o título ‘Cagaréus e Ceboleiros’ resultará num conjunto de textos que apenas se cingirão a um “olhar sobre Aveiro”. Objectivamente, por uma questão de cidadania e de participação cívica (e pelo aproximar das eleições autárquicas de 2013), retirando toda e qualquer sustentação ou objectivo partidários (isso caberá a uma mera e simples opção pessoal, nos momentos e espaços próprios e se for caso disso).

A primeira abordagem à cidade tem a ver com a questão da centralidade regional e do peso político de Aveiro nessa mesma região. Aliás, tema comum e basilar na campanha eleitoral que se avizinha. E a questão toma contornos relevantes quando algumas vozes se ergueram contra a eventual saída da sede do Turismo Centro Portugal de Aveiro. Sejamos coerentes, consistentes e menos demagogos. Não é aqui que Aveiro perde a sua centralidade regional. Para um organismo que gere quase cem concelhos, que vai desde a Ria de Aveiro até à fronteira com Espanha em Castelo Branco, que juntou recentemente à zona de Viseu, Lafões, Coimbra e à zona costeira desde Ovar até á Figueira, o forte turismo religioso de Ourém e Fátima, nada será mais coerente e objectivo do que procurar uma centralidade para a sua gestão. O resto é demagogia.

Aveiro tem muito mais “centralidades” com que se preocupar e que a fariam, garantidamente, uma referência e a tornariam num peso político e económico para a região, para a ‘faixa A25’, para o centro de Portugal.

O valor do seu património natural mais rico: o mar e a Ria de Aveiro, o salgado e as marinhas, bem como a valorização do seu património histórico e cultural que é a cerâmica, o azulejo e a Arte Nova. A projecção da sua gastronomia e da sua doçaria conventual para além fronteiras, como é o caso dos Ovos Moles de Aveiro. A inovação e o saber através da mais-valia que é a Universidade de Aveiro (quarenta anos de costas voltadas para a cidade) e não permitir que se repitam mais casos como a perda de cursos relevantes como foi o caso do de Medicina. Importa referir que a UA mantém a posição entre as melhores universidades mais jovens do Mundo (com menos de 50 anos de existência), sendo a 66ª no ranking da revista britânica Times Higher Education (THE) e a melhor portuguesa (segue-se a Universidade do Minho em 85º lugar e a Universidade Nova de Lisboa em 92º). Aproveitando a referência à saúde, a importância que se reveste para o concelho um Hospital Central novo e com maior relevância estratégica. A capacidade de voltar a atrair investimentos de peso económico (economia e empregabilidade) significativos depois de gorada a construção da fábrica das baterias da Nissan-Renault, a saída da Makro, o abandono das zonas industriais (Taboeira, Cacia e Mamodeiro), a não ampliação da Portucel. A importância das acessibilidades como a ligação ferroviária do Porto de Aveiro a Espanha, a construção da ligação rodoviária Aveiro-Águeda ou a impotência em relação aos pórticos da malha urbana da A25 (Angeja e Estádio) e A17 (Oliveirinha). O recuo na construção do “Campus da Justiça” com implicações nas várias vertentes judiciais como o Tribunal Administrativo ou o Tribunal do Trabalho. O investimento no turismo ligado ao mar e à ria, tendo como pólo central a freguesia (praia e ria) de S. Jacinto, a única praia do concelho.

Do ponto de vista político, Aveiro tem de voltar a liderar a região, pela sua história, pela sua centralidade, pelas suas potencialidades, por ser a capital de distrito (enquanto ainda existirem).

Isto sim… são centralidades que importa conquistar e preservar, de forma veemente e com força política e social para garantir um concelho com projecção e peso estratégico na região. Só faz sentido se fizermos valer a nossa identidade e não estarmos apenas à espera de “identidade alheia” que faça o trabalho que nos compete como aveirenses (por natureza ou por adopção).

O resto são constrangimentos óbvios e lógicos de uma localização geográfica e da extensão organizativa e estrutural de uma entidade.

Como aveirense “Cagaréu e Ceboleiro”.