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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Falsos moralismo políticos

mw-1240.jpgSe há coisa comum na política, da direita até à esquerda e salvo as devidas e meritórias excepções, é a incapacidade generalizada de ter moral e legitimidade para criticar e questionar os outros e as suas posições. Não há, em todos os espectros, partidos e políticos não tenham telhados de vidro.

E se há algo que é perfeitamente dispensável é o constante recurso à pequenez política, encontrar em tudo e qualquer coisa um facto político relevante e, pior ainda, encontrar os pseudo arautos da democracia sempre que os contextos são favoráveis e lhes interessam.

Não nutro, como é sabido e por demais público, qualquer simpatia ou ligação ao Bloco de Esquerda. O BE (e não as pessoas em particular, isso antes pelo contrário), por diversas e distintas razões, é, para mim, motivo mais que usual de crítica e contestação políticas. Mas tudo tem limite, até a oposição partidária.

A Europa tem suficientes exemplos para se perceber que um regime democrático, livre, de direito, coabita legitimamente e (passe o pleonasmo) legitimado pelo povo com a monarquia. Recorde-se a Bélgica, o principado do Mónaco (este com algumas particularidades), a Suécia, a Noruega, a Bélgica, a Inglaterra ou Reino Unido, a Dinamarca, o Grão-Ducado do Luxemburgo, o Principado do Liechtenstein ou ainda a Holanda. Isto, obviamente, sem esquecer a vizinha Espanha.

Por mais republicano que se possa, convictamente, ser há, nos exemplos referidos, uma aceitação maioritária pelos cidadãos de cada uma das nações dessa realidade democrática monárquica. É uma óbvia e legítima convicção desses povos.

O actual Rei de Espanha efectuou, neste dias, uma visita oficial a Portugal. Essa visita reveste o papel de visita de Estado, concretamente pelo papel que o Rei representa no regime democrático espanhol.

Hoje, o Rei de Espanha, simultaneamente Chefe de Estado espanhol, foi recebido na Assembleia da República.

É por demais conhecida a posição do Bloco de Esquerda no que respeita às monarquias. Convicta e coerentemente os bloquistas não aplaudiram o discurso de Filipe de Espanha.

Ver nisto uma falta de educação, de respeito institucional, político e/ou democrático só mesmo de quem gosta de apontar o dedo, de criticar, só porque sim...

O Bloco de Esquerda esteve presente na sessão (não faltou, não abandonou o Parlamento), não teve qualquer manifestação pública de desagrado. Tinha que aplaudir porquê? O que o obrigava o BE, regimentar e protocolarmente, a fazê-lo? Se não gosta e se não apoia porque é que haveria de aplaudir?

Fazê-lo, sim, seria um enorme embuste, uma clara hipocrisia e óbvio motivo de critica e condenação.

E são tantos os exemplos similares, entre visitas de Estado e votos de pesar (por exemplo), desde os partidos da direita até aos da esquerda.

Todo este folclore não deixa de ser, mais uma vez e infelizmente, brincar às politiquices e democracias balofas.

Assumo publicamente... esteve bem, aqui, o Bloco de Esquerda. Deixemo-nos de falsos moralismos políticos.

Transparências

eu_DA_debaixo-dos-arcos.jpgPublicado na edição de hoje, 30 de novembro, no Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
Transparências

Um dos aspectos mais relevantes para que a democracia e o Estado de Direito possam exercer os seus papéis de forma a construir comunidades consistentes reside na transparência e rigor do exercício da gestão da coisa pública (sejam os dinheiros, os investimentos ou bem-estar e o desenvolvimento comunitário e social). Este contexto da transparência é, pois, fundamental na exigência e no dever de qualquer cargo público, por maior ou menos que seja a sua dimensão ou responsabilidade. E não é, de modo algum, por mais demagogia que se queira incutir na discussão, comparável a função pública com a função privada, nomeadamente quanto à responsabilidade e à gestão.

Segundo afirmações transcritas na comunicação social no âmbito de toda a polémica surgida neste fim-de-semana referente às demissões na Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António Domingues ter-se-á sentido pessoalmente ofendido com a aprovação parlamentar (votos favoráveis do PSD, CDS e BE) da obrigatoriedade da Administração da Caixa Geral de Depósitos de apresentar, publicamente, as respectivas declarações de rendimentos e patrimoniais, transmitindo a ideia de que tudo não passou de uma afronta pessoal (principalmente pelo facto do PS não ter conseguido, desta vez, convencer politicamente e para a causa o BE).

No entanto, em todo o processo que, lamentavelmente, se arrasta há quase dois meses na praça pública (por demasiado tempo), não se vislumbra qualquer pressuposto "ad hominem", a não ser a noção pública de que alguém prometeu o que não devia e se comprometeu com o que não podia. Houve uma gestão política e governativa completamente despropositada, atabalhoada e falhada com a abertura de excepções onde deveria haver mais rigor, com o arrastar da situação sem que ninguém do Governo, nem o próprio Primeiro-ministro, assumissem responsabilidades e tomassem posição ou agissem (foi precisa a intervenção do Presidente da República, do Tribunal Constitucional e, finalmente, a pressão da Assembleia da República num inédito alinhamento de posição entre PSD, CDS e BE). Mas houve igualmente, por parte dos intervenientes, uma notória falta de percepção e concepção ou, até, uma manifesta deturpação do que é um cargo público, o serviço num lugar público, numa entidade do Estado.

Este processo da Caixa Geral de Depósitos tinha tudo para terminar mal. Primeiro, as imensas dúvidas que recaem sobre a gestão dos dinheiros públicos e as contas do banco do Estado. Segundo, a incompreensível aprovação legislativa que retirou o estatuto de Gestor Público à Administração da Caixa, levando à incompreensível excepção quanto, por exemplo e entre outros, às remunerações. Logo, num Governo que tem vindo a agitar a bandeira da justiça e da equidade. Terceiro, a falta de percepção dos administradores da CGD quanto às responsabilidades e deveres inerentes a um cargo público.

Mas há ainda um último aspecto que se afigura demasiado relevante, nomeadamente do ponto de vista político e da sua responsabilização. Nada disto teria acontecido se não tivesse havido, claramente, compromissos e promessas assumidas aquando da escolha da, agora demissionária, Administração da Caixa Geral de Depósitos por parte do Governo ou de alguns membros do Governo.

Se isto é motivo suficiente para se bradar aos céus pela demissão de António Costa (ou a queda do Governo)? Obviamente que não, seria um exercício político demasiado forçado; mas deveria ter consequências ao nível da responsabilidade política de alguns governantes. Trata-se de um claro erro governativo, de uma gestão catastrófica do processo que, diga-se em abono da verdade, por mais que BE e PCP queiram sacudir a água do capote não estão igualmente isentos de culpa porque foram demasiado pacíficos e indiferentes à lei que alterou o estatuto de Gestor Público para a CGD.

Mas há algo que não pode passar impune. É a responsabilização política, claramente com a óbvia consequência exoneratória, de quem o Governo não assumiu as suas responsabilidades, assobiou para o lado e deixou arrastar por demasiado tempo esta triste novela. E isto é tão ou mais grave do que a administração da CGD não querer cumprir os seus deveres públicos.

Infelizmente, mais uma vez, a culpa morrerá solteira. Mais depressa alguém se demitirá por um canudo que não tem e diz ter.

Também me sinto ofendido...

cgd.jpgSegundo rezam as histórias publicadas na comunicação social, concretamente ontem e hoje, António Domingues ter-se-á sentido pessoalmente ofendido com a aprovação parlamentar da obrigatoriedade da Administração da Caixa Geral de Depósitos de apresentar, publicamente, as respectivas declarações de rendimentos e patrimoniais.

Em todo o processo que, lamentavelmente, se arrasta há quase dois meses na praça pública (por demasiado tempo), não se vislumbra qualquer pressuposto "ad hominem".

O que houve foi uma gestão política e governativa completamente surreal com a abertura de excepções onde deveria haver mais rigor, com o arrastar da situação sem que ninguém do Governo, nem o próprio Primeiro-ministro, assumissem responsabilidades e tomassem posição ou agissem (foi precisa a intervenção do Presidente da República, do Tribunal Constitucional e, finalmente, da Assembleia da República num inédito alinhamento de posição entre PSD, CDS e BE).

Mas houve igualmente a falta de percepção e concepção do que é um cargo público, o serviço num lugar público, numa entidade do Estado.

Este processo da Caixa Geral de Depósitos tinha tudo para terminar mal.

Primeiro, as imensas dúvidas que recaem sobre a gestão dos dinheiros públicos e as contas do banco do Estado.

Segundo, a incompreensível aprovação legislativa que retirou o estatuto de Gestor Público à Administração da Caixa, levando à incompreensível excepção quanto, por exemplo e entre outros, às remunerações. Logo, num Governo que tem vindo a agitar a bandeira da justiça e da equidade.

Terceiro, a falta de percepção dos administradores da CGD quanto às responsabilidades e deveres inerentes a um cargo público.

Mas há ainda um último aspecto que se afigura demasiado relevante, nomeadamente do ponto de vista político e da sua responsabilização.

Nada disto teria acontecido se não tivesse havido, claramente, compromissos e promessas assumidas aquando da escolha da, agora demissionária, Administração da Caixa Geral de Depósitos por parte do Governo ou de alguns membros do Governo.
Se isto é motivo suficiente para se bradar aos céus pela demissão de António Costa? Obviamente que não, seria um exercício político demasiado forçado. Trata-se de um claro erro governativo, de uma gestão catastrófica do processo que, diga-se em abono da verdade, por mais que BE e PCP queiram sacudir a água do capote não estão igualmente isentos de culpa porque foram demasiado pacíficos e indiferentes à lei que alterou o estatuto de Gestor Público para a CGD.

Mas há algo que não pode passar impune. É a responsabilização política, claramente com a óbvia consequência exoneratória, de quem o Governo não assumiu as suas responsabilidades, assobiou para o lado e deixou arrastar por demasiado tempo esta triste novela. E isto é tão ou mais grave do que a administração da CGD não querer cumprir os seus deveres públicos.

Infelizmente, mais uma vez, a culpa morrerá solteira. Mais depressa alguém se demite por um canudo que não tem e diz ter.

Nem torceu, nem quebrou

0ebef0822ca1436a3c96afc010c05b1ba6504256.jpgpublicado na edição de hoje, 27 de novembro, do Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
Nem torceu, nem quebrou

Importa referenciar dois factos da realidade política para enquadrar a reflexão que se adopta.

Primeiro, regista-se, nesta altura, o primeiro ano de governação do Partido Socialista, com o apoio parlamentar acordado com Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português; a tão badalada geringonça. Segundo, serão sempre expectáveis pressões internas e externas sobre o governo de António Costa. Terceiro, uma recente sondagem, divulgada na sexta-feira, da Universidade Católica para a RTP, Antena 1, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, revela que, se as eleições se realizassem hoje, o PS estaria muito perto da maioria absoluta (43%) sendo significativas e relevantes as quedas acentuadas do PSD e CDS somados (36%, menos 2,5% que em novembro de 2015), do BE (8%, menos 2,2% que nas últimas eleições) e do PCP (menos 2,3%).

Já por diversas vezes foi motivo de referência neste espaço a defesa da convicção política de que muito dificilmente BE e PCP romperiam os acordos assinados em novembro de 2015 e que, politicamente, tudo apontaria para o cumprimento integral da legislatura depois do “golpe democrático” subjacente à conquista do poder. O objectivo, repita-se permanentemente, era mais que claro: não houve uma conjugação de princípios e pragmatismos comuns (bastando para tal recordar o mar de diferenciações eleitorais proferidas durante a campanha e os respectivos programas); o objectivo prendeu-se com a oportunidade parlamentar de renegar o sentido dos votos dos eleitores e não permitir que PSD e CDS governassem. Com a meta cumprida, resta agora, à dita geringonça, manter a defesa desse objectivo. Ao contrário do que António Costa afirmou à revista Visão não é verdade que PS, BE e PCP, durante este ano (e perspectiva-se para o resto do mandato) não tenham tido a necessidade de engolir sapos. Foram vários. Para o PS, a injustiça fiscal que a elevada tributação por via dos impostos indirectos provoca nos cidadãos, nas famílias e nas empresas; o “ataque ideológico” ao património individual e empresarial, são disso exemplo. Para o BE, depois de ganha a batalha do ensino privado e da tributação patrimonial, tudo passou ao lado da escola pública (professores, investimento, etc), da saúde ou da justiça. Já o PCP, perdeu as batalhas da função pública e das pensões. O governo abanaria ainda com o caso Galp, as demissões por falsas declarações académicas e o processo Caixa Geral de Depósitos.

Restam as pressões externas. E aqui, PCP e BE aguardam pacientemente que o governo escorregue no cumprimento das suas obrigações europeias para se posicionarem e obrigarem o PS a uma definição clara quanto ao Tratado Orçamental, ao Euro e à União Europeia. Algo que, diga-se em abono da verdade, o governo tem sabido controlar e superar, nomeadamente no que respeita aos compromissos orçamentais (2016 e 2017) apesar dos permanentes avisos e fiscalizações da UTAO, da União Europeia e do FMI. Acrescente-se, para desespero do PSD e de Passos Coelho. E, neste âmbito, a prová-lo está a referida sondagem, o PS e o Governo têm saído claramente vitoriosos. O PSD e Passos Coelho, ao fim de um ano, não conseguiram superar o fantasma de terem sido, recentemente, governo e não terem podido continuar a governar e não conseguem posicionar-se, perante os portugueses, como alternativa de confiança face às políticas que estão a ser implementadas. Resta esperar pelo impacto político dos resultados eleitorais autárquicos de 2017 que terão, óbvia e inequivocamente, uma leitura nacional. São assim estas duas realidades externas que mais pressões exercerão na governação socialista: a pressão dos mercados e da União Europeia e as eleições autárquicas de 2017.

Por enquanto é um facto que o Partido Socialista tem óbvios motivos de regozijo pelo sucesso governativo, ultrapassadas as principais dificuldades: manter a coligação (mesmo que a contragosto ideológico do BE e do PCP… ainda esta semana Jerónimo de Sousa voltaria a afirmas publicamente que o OE2017 não era o dos comunistas mas que o aprovavam); cumprir as obrigações europeias e conquistar a confiança dos portugueses. Curiosamente neste último aspecto através do aproveitamento de uma oposição sem peso político e sem capacidade de combate programático e de um notório erro de casting de Bloquistas e Comunistas que, aliados nesta governação, acabam por perder influência no eleitorado.

Quanto aos cidadãos vamos esperar pelo sucesso das políticas implementadas, das execuções e dos cumprimentos orçamentais, para verificarmos até que ponto o PS continuará a fazer a festa sem que o país volte a pagar uma factura demasiado alta, mais alta do que os últimos quatro anos de resgate financeiro.

Ainda só foi há um ano…

Entre o amor e o ódio

0ebef0822ca1436a3c96afc010c05b1ba6504256.jpgCom 90 anos, morreu, esta madrugada, o histórico líder cubano Fidel Castro.

Não fosse um dos mais controversos e polémicos líderes mundiais e a sua morte passaria despercebida ou indiferente à comunidade internacional e aos seus cidadãos, espelhando um sentimento tripartido de indiferença, alívio e dor.

Indiferença para o conjunto daqueles que, como eu, não deixaram de ver Fidel Castro destruir um país (que a queda do Muro de Berlim deixou no mais profundo isolamento), retirar a liberdade e oprimir o seu povo (obrigando à fuga de milhares de cubanos), posicionar-se como um ditador deixando como legado uma comunidade política, económica e socialmente arruinada e oprimida. Realidade ligeiramente desanuviada na última década sob a liderança do seu irmão Raul e a reaproximação aos Estados Unidos, sob a administração de Barack Obama e a mediação do Vaticano. Ironicamente, alguém formado num colégio jesuíta, baptizado e católico para, já no poder, acabar a perseguir a religião e a Igreja Católica, recebe a visita de três Papas, vê restaurada a liberdade religiosa e confronta-se, sob a mediação do Vaticano, com a aproximação de Cuba aos Estados Unidos, algo que sempre repudiou e combateu.

Para aqueles que se viram obrigados a fugir às atrocidades, à miséria e à opressão, a morte de Fidel Castro, mesmo sem garantias claras de uma imediata "Cuba Libre" perspectiva o sonho de alguma réstia de esperança.

Para poucos, dos quais o PCP é exemplo (embora pouco relevante para quem elogia publicamente a liderança norte-coreana), e para os actuais líderes cubanos o momento é, obviamente, de dor.

Mas nada retira o peso ditatorial da liderança de Fidel Castro, nem mesmo a tentativa de Jerónimo de Sousa de branquear a história do poder castrista em Cuba. O líder comunista português afirmou, sobre a morte do "el comandante" cubano, que Fidel Castro teve "uma vida inteiramente consagrada aos ideais da liberdade, da paz e do socialismo". Jerónimo de Sousa apenas acertou na última parte, se considerarmos os ideias socialistas do marxismo-leninismo, porque Cuba e os cubanos tiveram tudo menos liberdade e paz.

A história encarregar-se-á de julgar o legado ideológico, político, económico e social da liderança de Fidel Castro à frente dos destinos cubanos.

Ao contrário de alguns (excluindo os que sofreram com o poder cubano) nada me leva a celebrar uma morte, seja ela qual for. Isso afigura-se-me macabro e surreal. Resta-me a indiferença e o esperar, agora sim, por uma "Cuba Libre".

Superar os mais que batidos "blackfridays"

descontos na rua.jpgA ideia e a proposta foram apresentadas à Associação Comercial de Aveiro por um dos seus associados (a Time Out Aveiro, através de Sofia Simões). Conceber um espaço temporal e um evento onde o objectivo fosse promover e valorizar o comércio local com a participação directa dos comerciantes.

A Associação Comercial de Aveiro e os cerca de 140 comerciantes (142 num total de 160 contactos) perderam logo a cabeça e foi colocado em marcha todo o desenvolvimento do conceito "Descontos na Rua" - Aveiro Moda em Movimento.

E é esta a proposta para amanhã, sábado, dia 26 de novembro. Entre as 10:00 e as 20:00 horas (non-stop) o comércio local aveirense vai estar na rua de cabeça perdida com os melhores preços e espectaculares ofertas.

mapa descontos na rua.jpg

Segundo a Associação Comercial de Aveiro esta é a lista divulgada publicamente das lojas aderentes ao Aveiro Moda em Movimento - Descontos na Rua.

Resta agora aguardar pelo sucesso e pela adesão dos cidadãos (e esperar que o tempo ajude) a esta excelente iniciativa dos comerciantes aveirenses e da Associação Comercial de Aveiro.

= Avenida Lourenço Peixinho =
Farmácia Oudinot, Gianna Sapatarias, Cavalinho Aveiro, Sapatarias Veludo Carmim, Ribasil, Burgundy Aveiro, Inglot Aveiro, Maria Morena Boutique, Gocco de Aveiro, Pastelaria a Torre, Lacio, Nice Things, Crisálida Concept, VON HAFF Arquitectura Design & Decoração, StefanelAveiro, MARS Perfumes, Tico Tico Aveiro, ZigZag Café - Aveiro, GBody - Prime Clinic, Lanidor Kids, Pastelaria Avenida - RAMOS, Retrosaria MD9, Casa Alvarinho Aveiro, Lion Of Porches Avenida Aveiro, Antoine Sapataria, Best Elegance, Crc Vestuário Homem, October Aveiro, Spar Aveiro, Optivisão, Isabel Castro Cabeleireiros, Flores na Mala Pé de Meia, Maria Amélia.
= Rua Viana de Castelo=
Oculista Vieira, Sapataria Esse, TraquinasKids moda, Pastelaria Riaburguer, Blanc&Noir, Timeout Portugal, Ourivesaria Vieira, Onda Colossal.
= Rua Alberto Souto =
Arcadia Aveiro, Casa Soares, Pastelaria Latina, Latina - Adega, C'est Chouette, BlueBerry, Chana Noivos.
= Rua Alberto Soares Machado / R Guilherme Gomes Fernandes =
Balão Branco Real, Relicário Interiores, Habitare, Aurinella Presentes.
= Rua Conselheiro Luís Magalhães =
Leite Creme, Avant & Aprés, Duda Decor, Caribu Kids Fashion, Jasmim Noir Aveiro, Frutarias Frutilândia 1 e 2, Teens Power Onchik, Boutique Guiducha, Sposa Aveiro, In & Out Cooking.
 = Travessa do Dispensário =
XTREME, Sole Mio Solário
= Rua José Estevão =
A Desconfiada, O BAU, Cabeleireiro Soledade, Florista Detalhes, Capricho Sapataria, Miss's, Bernardete & Dina, Loja da Rua Larga, ABC Livraria E Papelaria
= Largo da Apresentação / Arcadas =
Cafeina NosArcos, La Rosa Cabeleireiros, Moliceiro Dos Sabores, DL Textil Lar, Socodante Aveiro, Lusidoces Lda, Gelataria Milano Aveiro, Sapataria 226, Zeca Aveiro, Tertúlia Bistro, Doce Infusão, Pastelaria Máxima, Medida & Companhia, Oh que lindos, Maria da Apresentação da Cruz, Herds..
= Rossio =
Sapataria Sandrita - Aveiro, Aveiro Emotions, Mercantil Aveirense lda, Pastelaria Rossio, Ria Pão, Padaria e Pastelaria, Loja da Calçada kids, Restaurante Pensao Ferro, À Portuguesa, Mystic Zen, Mercado do peixe, A'Capela Bar Lounge e Tapas, O Boteco
= Bairro Histórico =
Ergovisão, Up2You, Devernois Aveiro, Miyala, Pássaro de Seda Atelier, Lovecraft Beershop, Optica Nascimento, Entre Copos e Chávenas, Aqui à volta, Retrosaria Novo Estilo, Trincaxá, Ourivesaria Riadouro, O Risco, A Portuguesa - Mercearia, Cândida Pascoal-Decoração e Remodelação de Interiores, Maria João Mix and match fashion store, D'Art & Flor, Casa Martelo, Gigões & Anantes, Pippa's Store, Questão de Imagem Cabeleireiros, Gato Malhado, Canteiro Florido, Mg Sport Aveiro, Imagem Moda, MarZoo - Pet Shop, Májóti - Lingerie Senhora/Homem, The North Face Store Aveiro, Árvore de Talentos, sapataria barata, Mercadinho da Sé, José Lopes Marques - Grupo JLM

Vivências civilizacionais medievais

violencia contra a mulher.jpg%20largeEm pleno século XXI ainda vivemos, em algumas áreas, em contextos e realidade perfeitamente medievais. E nem é preciso insurgirmo-nos contra determinadas culturas e realidades, basta-nos o que se passa na sociedade e nas famílias em contextos sociais ocidentais.

O dia 25 de novembro regista o empenho internacional no combate à violência, real e ainda existente, contra as mulheres. Problemática que ultrapassa a significativa dimensão da violência doméstica.

Segundo a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) e com base num relatório e estudo do Observatório das Mulheres Assassinadas, em doze anos (desde 2004), pouco mais que a última década, foram assassinadas cerca de 450 mulheres, tendo-se registado ainda mais de 500 casos de tentativas de homicídio. Com uma nota especial para, segundo a mesma fonte, o facto de 83% dos crimes (incluindo os tentados) "a relação entre a vítima e o homicida ser uma relação de intimidade" (vivência familiar, namoro ou relações passadas).

Em 2015, no nosso país, 29 mulheres morrem vítimas de violência e o Ministério Público revela dados estatísticos que informam o registo de mais de 26500 denúncias de casos de violência doméstica.

umar.jpg

(créditos da foto: Adelino Meireles / Global Imagens)
(Homenagem, pela UMAR, a todas as mulheres vítimas de homicídio por violência de género, na Avenida dos Aliados, Porto - 2016)

Efeito sistémico na Europa

destak.jpgpublicado na edição de hoje, 23 de novembro, do Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
Efeito sistémico na Europa

A Europa viverá ainda no final deste ano e particularmente em 2017 uma pressão eleitoral significativa, massiva, com resultados imprevisíveis mas que reservam, desde já, alguma inquietação e desassossego quanto ao futuro da União Europeia tal como o conhecemos entretanto. O calendário eleitoral europeu é, de facto, relevante: arrancou, neste fim-de-semana passado, a primeira volta das primárias à direita para as presidenciais (com Sarkozy a sofrer uma pesada derrota e a deixar a corrida, numa segunda volta, para os candidatos François Fillion e Alain Jupé); no final deste ano terão lugar as presidenciais austríacas, seguindo-se as presidenciais e as legislativas na Alemanha (com a recandidatura anunciada de Angela Merkel, no caso das legislativas), as presidenciais em França, as legislativas também na Holanda e na Bulgária. Entretanto subsiste a incerteza política na Itália quanto à eventual realização de um referendo sobre a União Europeia.

Neste último caso, tal como aconteceu em Inglaterra onde ninguém esperava uma votação que resultasse numa vitória do Brexit, a incerteza quanto a um desfecho nesse eventual referendo em oposição à União Europeia não será, de todo descartável, face à problemática da imigração, dos refugiados, da economia e da segurança.

Nos outros casos, afigura-se perfeitamente aceitável reflectir sobre um possível efeito sistémico do recente resultado eleitoral norte-americano, quer pela nomeação do novo presidente, quer pela tipologia dos votos expressos dos norte-americanos, análise que ainda fará correr muita tinta pela sua complexidade que vai para além de uma mera visão simplicista dos erros das sondagens ou da posição assumida pela comunicação social americana.

Tal como referi aqui no passado domingo (“Os danos colaterais”) a surpreendente (para a maioria dos observadores, para a maioria dos analistas, para uma grande parte dos cidadãos europeus – eu incluído – e para uma grande parte dos próprios americanos – os que votaram Hillary e os 90 milhões que se abstiveram) vitória de Donald Trump não ficará circunscrita apenas às terras do “Tio Sam”.

As eleições alemãs, por exemplo, à semelhança do que já aconteceu nas regionais que foram, entretanto, ocorrendo vai fazer crescer uma extrema-direita nacionalista e antieuropeísta, relegando para segundo plano o trabalho e o mérito que devemos reconhecer às sucessivas governações internas de Merkel.

Os casos dos processos eleitorais Austríacos e Holandeses deverão ter um panorama de extremismo e radicalismo muito mais acentuado que na Alemanha face às questões de migração, dos refugiados e da segurança (terrorismo) que sustentarão um populismo eleitoralista extremamente significativo com notório crescimento de aceitação nestas comunidades.

E o caso mais relevante é, claramente, o de França. Um país a braços com os actos de terrorismo conhecidos e em constante sobressalto, com uma emaranhada multiculturalidade em permanente tensão e de complexa gestão por parte do governo e da presidência, fará com que direita e centro-direita, com que socialista e esquerda, redobrem os seus esforços para combater e contrariar Marie Le Pen e o seu partido, já hoje é apontados como os principais protagonistas das eleições presidenciais do próximo ano.

Gostava de ser tão optimista como a reflexão de ontem, aqui no Diário de Aveiro, do meu amigo João Pedro Dias (“Um domingo europeu. À direita") mas sinceramente não consigo (até porque ele é especialista em Assuntos Europeus e eu não). Receio por resultados que reflictam um efeito sistémico das eleições norte-americanas, um desencanto social, político e económico, uma contestação popular aos sistemas ou espelhem perigosos e radicais extremismos populistas, perante os quais a União Europeia terá muitas dificuldades em contrariar e sobreviver.

Receio que o forte ano eleitoral europeu termine, no pior sentido, com esta angústia e toda esta débil União Europeia… de vez.

Deveria ser todos os dias do ano... já lá vao 27 anos.

São já 27 os anos que separam o dia 20 de novembro de 1989 do dia celebrado ontem (20 de novembro de 2016).

São já 27 os anos que distam do dia em que as Nações Unidas adoptaram a Convenção dos Direitos das Crianças (20 de novembro de 1989).

Hoje (ontem) é dia de lembrar o que nos relata a UNICEF.

  • seis milhões de crianças continuam a morrer anualmente de causas evitáveis.
  • 50 milhões de crianças foram obrigadas a abandonar as suas casas, das quais 28 milhões estão deslocadas por conflitos ou pela guerra.
  • 250 milhões de crianças vivem em países afectados por conflitos. (Síria, Iraque e norte da Nigéria, a título de exemplo).

crianca alepo.JPG

  • 385 milhões de crianças vivem na pobreza extrema.
  • Mais de 250 milhões de crianças em idade escolar não estão a aprender.
  • Perto de 300 milhões de crianças vivem em zonas com os níveis tóxicos de poluição do ar mais elevados (seis vezes superior aos valores definidos internacionalmente).

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 Mas também Portugal não foge à tragédia dos números.

  • 2,8 milhões de portugueses encontram-se em risco de pobreza, sendo que destes mais de 640 mil serão crianças e jovens.
  • uma em cada quatro crianças portuguesas vive na pobreza.

crianca portugal.JPG

Para além de todos este dados, permanece-me na memória, bem viva, o pequeno sírio Aylan Kurdi numa praia turca e os milhares de crianças que morreram no mar Mediterrâneo.

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Isto sem esquecer os milhões de crianças em todo o mundo e dos milhares em Portugal vítimas de abusos, violência, tráfico e escravatura.

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Os danos colaterais

0ebef0822ca1436a3c96afc010c05b1ba6504256.jpgPublicado na edição de hoje, 20 de novembro de 2016, no Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
Os danos colaterais

As recentes eleições presidenciais norte-americanas, com a surpreendente (para a maioria) vitória de Donald Trump terão um impacto interno e externo (danos colaterais) que levanta algumas inquietações e receios, seja do ponto de vista político, seja ao nível social e económico.

É mais que óbvio que o resultado das eleições é, independentemente do gosto ou não pelo escrutínio final, o espelho do que é a democracia na sua plenitude. Não sendo, de todo, um sistema perfeito é, de facto, o melhor sistema político-social e que mais plenamente satisfaz e responde aos processos de socialização das comunidades e dos seus cidadãos.

Felizmente, esta democracia que “obriga” à aceitação destes resultados eleitorais é a mesma democracia que legitima o direito à crítica, à contestação e à objecção. E não é para menos…

O processo eleitoral norte-americano, que surpreendeu pela derrota da candidata democrata Hillary Clinton e pela vitória do controverso e polémico republicano Donald Trump, tem contornos significativamente complexos nas suas análises causas-efeitos e na caracterização da tipologia de voto, consideravelmente distinto da eleição do ex-presidente Barack Obama (eleito pelo Partido Democrata). Afigura-se demasiado simplicista reduzir as causas da surpresa eleitoral (derrota de Hillary Clinto) à comunicação social ou às sondagens. Trump não é, de todo e em nada, alheio ao terreno dos “mass media” (se bem que não se espera um relação, em nada, pacífica com a imprensa) e os erros agora verificados das projecções e das sondagens poderão ter influenciado os cerca de 90 milhões de norte-americanos que optaram por não exercer o seu direito de voto. Mas há ainda muitos outros factores por explicar racionalmente como o elevado número de mulheres que votaram Donal Trump, apesar de toda a misoginia que envolveu polémicas afirmações e conversas machistas, e mesmo o número de hispanos e muçulmanos (apesar de em menor número em relação aos votos expresso em Hillary) que, apesar de todas as afirmações e convicções xenófobas e racistas, deram um considerável número de votos ao magnata agora eleito presidente. Há ainda todo o eleitorado não-urbano ou fora dos meios urbanos (sendo que, no caso americano, a dimensão de “urbano” não é de todo comparável, por exemplo, à de Portugal ou da maioria dos países europeus) que massivamente votou Donald Trump como forma de protesto e de crítica ao sistema político e financeiro corrompido, de insatisfação quanto ao emprego, à economia, à saúde e à igualdade e oportunidades. Mesmo que para tal se tenham esquecido que Trump vem precisamente desse meio corrompido da alta finança, dos negócios que controlam as comunidades e as sociedades, que ditam as leis políticas, dos casos de fuga aos impostos e corrupção (pelo menos são três os que estão em processo judicial) e que Donald Trump não tenha qualquer experiência política, nem qualquer linha programática relevante no que respeita às questões sociais, sendo que muitos dos americanos que votaram como forma de protesto contra o sistema (e, quem sabe, contra a administração de Barack Obama que governou o país nos últimos anos) ignoraram a origem elitista do agora presidente eleito e a sua manifesta falta de sentido e justiça social. Por outro lado, são já visíveis e conhecidas as posições quanto à imigração, à deportação de milhares de cidadãos e crianças, à xenofobia, ao crescimento e surgimento de movimentos racistas, ao descontrolo do uso de armas, entre outros, sendo expectável, infelizmente, a degradação dos mais elementares direitos humanos, seja por medidas políticas, seja no âmbito de legislação.

Mas não é apenas internamente que esta eleição deixa um rasto de insegurança e frustração. Externamente, nomeadamente na Europa (aguardando-se o que serão as relações com a Rússia, o Médio Oriente e a zona asiática), quando muitos assobiaram para o lado quanto à tipologia de voto no recente Brexit, soam já os alarmes quanto ao crescimento do extremismo e radicalismo de direita, por exemplo em França, na Áustria, na Húngria ou até mesmo em Portugal (recordemos a posição do PNR) e quanto ao efeito sistémico destas eleições americanas em futuras eleições europeias. Já para não falarmos de que o Mundo estará mais fragilizado, mais permeável, mais inseguro, quanto à conflitualidade internacional com as posições assumidas por Donald Trump em relação à NATO, à ONU e às convenções internacionais.

A verdade é que os Estados Unidos e o Mundo estão assustados… governar a maior potência mundial não é o mesmo que gerir um, mesmo que mais bem sucedido, casino ou hotel de luxo.

Um condomínio que vale 26,5 milhões de euros

ilhavo_-_camara_municipal_1_thumb2_3.jpgEm períodos ditos "normais", fora das grandes agendas, poderíamos ficar surpreendidos com alguma retórica política.

Em períodos marcadamente acesos e mais dinâmicos, como os períodos pré-eleitorais e eleitorais (2017 é ano de eleições autárquicas), já pouco nos espantará no confronto político.

É do registo e da memória da nossa história secular de vizinhança concelhia uma proximidade natural entre Aveiro e Ílhavo, sendo muito mais claras e vincadas as rivalidades internas (entre freguesias ou lugares). Há, aliás, com total subscrição pessoal, um movimento que pretende a fusão entre Ílhavo e Aveiro, sentimento que surge sempre à tona quando se fala de regionalização, de reforma administrativa local, etc.

Foi por isso, com naturalidade, que me despertou a atenção a notícia divulgada pela Rádio Terra Nova sobre a aprovação, na respectiva Assembleia Municipal, do Orçamento para 2017 e das Grandes Opções do Plano da Câmara Municipal de Ílhavo.

Com uma clara ausência de argumentação consistente e válida, sem notória capacidade política para uma abordagem crítica e sólida às opções de gestão autárquica para 2017 do executivo camarário de Ílhavo, o PS local representado na Assembleia Municipal de Ílhavo recorreu, em evidente desespero de causa, à comparação da gestão autárquica de Fernando Caçoilo com uma administração de condomínios. Mais ainda... é, no mínimo surpreendente, que seja o PS de Ílhavo a viver, ao fim de três anos, ainda o estigma e o fantasma dos anteriores mandatos sob a presidência de Ribau Esteves, agora em Aveiro. Isto porque já há muito que o Executivo liderado por Fernando Caçoilo, o PSD de Ílhavo (concelhia), cumpriu o "luto" da alteração política governativa, se é que alguma vez foi necessário fazê-lo.

Mas este tipo de retórica política vai ser demasiadamente usual neste período de maior confronto político motivado pela agenda eleitoral autárquica. Diga-se, em abono da verdade, que de todas os quadrantes e sectores.

Daí que, apesar de toda a legitimidade política e democrática, não tenha o mesmo sentimento de lamento e de crítica referenciado pelo presidente da autarquia, Fernando Caçoilo, porque a expressão usada pelo PS na Assembleia Municipal de Ílhavo é um claro tiro no pé.

Ainda bem que o Município de Ílhavo é gerido como uma Administração de Condomínios. Nada há de mal nesta ambiência, nem nesta comparação. Antes pelo contrário. Só alguém que nunca esteve ligado a um condomínio, só quem não percebe rigorosamente nada do que é o trabalho e o desempenho de uma empresa de gestão de condomínios poderá usar como crítica e arma política este tipo de comparação retórica.

Uma administração de um condomínio exige rigor e transparência no desempenho da função, capacidade de gestão orçamental, diálogo com todos e entre todos, cumprimento escrupuloso das leis e dos regulamentos, capacidade de exigir dos outros, capacidade de promover os direitos e os deveres do condomínio e dos condóminos. Nada melhor do que comparar um Executivo autárquico a uma administração de condomínios e nada melhor que comparar os munícipes a um conjunto de condóminos que se relacionam no mesmo âmbito (condomínio/município).

Tomara muitos condomínios serem geridos como a autarquia de Ílhavo... para além de tomara muitos outros municípios serem geridos como excelentes administrações de condomínios. Para além de que ao PS de Ílhavo ficou por explicar porque é que administrar um condomínio é algo depreciativo e negativo.

So long... Mr. Cohen

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Foi demasiado tempo... muito tempo mesmo. Mas foi do melhor tempo.

Leonard Cohen não foi apenas um, entre uma elite, que se fixou na minha mais que modesta "musiteca". Para além de ter sido uma das principais referências foi também alguém que marcou a minha adolescência cultural e musical.

Foram cerca de 35/36 anos (com início numas férias de verão na Figueira da Foz) a ouvir e a ter como assidua e constante presença (e já agora... este sim, também em livro) aquele que considero o melhor cantador de histórias que conheço.

Leonardo Cohen entrou muito cedo na minha vivência musical... apesar do seu falecimento, aos 82 anos, saiu ainda demasiado cedo.

Morreu o maior cantor das histórias da vida, da vida complexa do amor, da vida mundana e simples, de TODA e TUDO o que é a vida.

Restam as memórias, os registos e um mais que sentido e triste.... until forever, Mr. Cohen.

"That's no way to say goodbye". Hallelujah.

O imbróglio político

cgd.jpegpublicado na edição de hoje, 9 de novembro, do Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
O imbróglio político

É certo que o Orçamento do Estado para 2017 é o ponto alto da agenda política nacional pela importância óbvia que encarna na vida do país e dos cidadãos. Mas não deixa de ter um significativo e não menos relevante impacto político (para além do financeiro) tudo o que se tem passado em torno da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Há duas vertentes ou dimensões do mesmo problema que importa destacar.

Primeiro, do ponto de vista financeiro e do sistema bancário, a importante questão em torno da recapitalização do banco público. Face aos constrangimentos recentemente tornados públicos nas finanças e nos balanços anuais da Caixa Geral de Depósitos surge o primeiro desafio do Governo: superar os défices encontrados através de uma eventual recapitalização sem prejudicar as finanças públicas ou com o menor impacto possível nas contas do Estado (o que não se afigura fácil) e, por outro lado, conseguir combater a pressão da União Europeia, contraposta pela pressão interna dos aliados da governação (BE e PCP), de privatizar o único “activo” do Estado no sistema bancário nacional.

Segundo, do ponto de vista político, a gestão deste processo tem tido tudo (e de tudo) a contribuir para o descrédito da imagem do Governo, num processo que, diga-se, o BE também tem responsabilidade mesmo que indirecta, por mais que o Bloco esteja agora (e só agora) com um sentido crítico apurado.

Desde que a governação de António Costa lidera os destinos da Nação o dossier Caixa Geral de Depósitos ainda não conheceu nenhum desenvolvimento que não despoletasse em polémica.

Após ter sido conhecida a situação financeira do banco público ainda hoje não é, com rigor e transparência, conhecido o real e concreto valor do buraco nas contas da CGD. Desde o prejuízo (este sim, consensual e factual) apurado em 2015 na ordem dos 74,2 milhões de euros muitos outros milhões foram avançados e, irreflectidamente, atirados para a praça pública: desde um buraco de 1,5 milhões até à eventual recapitalização (injecção para a solidez financeira) avançada pelo ministro das Finanças no valor de 5 mil milhões de euros, nada é claro nem transparente.

Foi, depois, toda a polémica em torno da constituição ou não de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para a avaliação do processo e dos valores tornados públicos, com eventual apuramento de responsabilidades políticas e não só. Mesmo perante a realidade e o que era tornado público a pressão política e ideológica falava mais alto e só, através do procedimento potestativo da responsabilidade do PSD e do CDS, foi possível, em Julho deste ano, criar a Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos.

Mas os imbróglios no dossier não se ficariam por aqui. Pelo meio assistiu-se à confusão criada pelo Governo no que respeitou à nomeação do Conselho de Administração da CGD, com o excessivo número de membros administradores (executivos ou não) e o chumbo de alguns desses membros entretanto com os seus nomes tornados públicos. Destaque ainda para a alteração legislativa, com a anuência (mesmo que por omissão) do Bloco de Esquerda, na alteração do diploma legal (decreto lei) que define o Estatuto de Gestor Público e que tem estado na origem da actual polémica em torno do dever de apresentação ou não das declarações de rendimentos e patrimoniais dos Administradores do banco público. E é neste capítulo, ao qual se junta a também polémica, ainda bem acesa e presente, das remunerações atribuídas aos gestores da CGD, que António Costa tem tido, claramente, as maiores dificuldades de gerir, com eficiência e eficácia, todo este processo. Está em causa a concepção e visão de gestão pública (serviço público), do papel do gestor público, da diferenciação entre público e privado, do que é um “bem” público e particular, da equidade de princípios e regras na Administração Pública e no Estado (em geral). Está em causa a precipitação e irreflectida gestão política deste processo, com o Governo socialista, nomeadamente António Costa e Mário Centeno, a darem um tiro no pé ao colocaram-se politicamente reféns de um conselho de administração público, ao criarem e implementarem leis à medida que consignam em graves atropelos à transparência e rigor que se exige ao Estado na gestão das coisas e causas públicas, bem como em contraposição às leis em vigor. E mais que tudo está também em causa a exigência política necessária à concepção da gestão pública. O Estado precisa (e merecem os cidadãos) dos melhores gestores do bem comum… o que não pode, nem deve, significar correr todo e qualquer risco em desvirtuar e deturpar a essência do que é, passe a redundância, gerir e servir o serviço público.

Ainda a propósito do "choque" eleitoral americano

Ainda a propósito do Mundo «Em estado de choque...»...

Enquanto o mundo (e parte dos Estados Unidos da América) acorda de um pesadelo tornado realidade há, neste contexto eleitoral americano, um dado que tem sido pouco abordado mas que se afigura relevante.

Face ao que parece ser a tipologia (o sentido) dos votos em Donald Trump (mais do que no próprio Partido Republicano) obviamente de forma muito linear e simplicista, afigura-se notório que os norte-americanos votaram contra o sistema político instalado, rejeitando-o e criticando-o (através do voto) pelo sentimento generalizado de desilusão, desencanto, frustração, contra a falta de esperança, contra a corrupção e o poder financeiro, contra os interesses dos grandes grupos e famílias. Mesmo que, relembremos, os Republicanos ainda recentemente tenham estado na governação das terras do Tio Sam e tenham. na anterior administração, uma forte presença nas duas câmaras do poder.

Mas há mais para além disso. A Administração de Barack Obama teve um significativo impacto internacional dando uma imagem política que criou empatias e, na generalidade, bastante apreço.

No entanto, a ser um facto o sentido de voto maioritariamente expresso pelos norte-americanos e atrás referido, a bem da verdade estes resultados eleitorais de ontem (09/11 ou 11/09) são uma forte machadada e uma significativa mancha nos anos de Administração (nada fáceis) de Barck Obama.

Aliás, é expectável que o controlo maioritário da Câmara dos Representantes e do Senado venha a espelhar precisamente esta realidade com a possível reversão de algumas das políticas (principalmente as mais polémicas) implementadas por Barack Obama, nomeadamente as de carácter social.

A ver vamos...

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Em estado de choque...

No dia em que surgia a boa notícia para o país com a recusa da União Europeia em abrir qualquer processo de suspensão de fundos comunitários a Portugal eis que a maioria dos portugueses desviava as suas atenções e adormecia focada no aparecimento do suspeito dos crimes em Aguiar da Beira, fugido às autoridades há cerca de um mês, e a sua entrega voluntária à Polícia Judiciária através dos seus advogados e sob as câmaras da RTP.

Sendo certo que o processo de escolha do sucessor de Barack Obama nas presidência dos Estados Unidos era um importante e marcante momento geopolítico, a longa e desgastante campanha eleitoral massificada e o aparecimento do fugitivo Pedro Dias relegavam as eleições norte-americanas para um círculo de interesses mais restrito na opinião pública.

Mas eis que o Mundo acorda num claro sobressalto e em estado de choque. Curiosamente... mais o mundo do que os próprios americanos.

Quando era mais que desejável e mais que expectável pela maioria dos que acompanharam toda esta campanha, quando era impensável outro desfecho que não a vitória dos democratas com Hillary Clinton, eis que os Estados Unidos da América dão uma verdadeira cambalhota e escolhem Donal Trump para 45º Presidente da Nação.

E mais do que a surpresa pela vitória é o estado de choque em que muitos ficaram (onde me incluo, clara e obviamente) com a expressão dos resultados, com a eleição, com o controlo da Câmara dos Representantes e do Senado. O mundo virou de pernas para o ar.

Tecer nesta altura qualquer comentário sobre o futuro dos Estados Unidos e da comunidade internacional com Donald Trump ao leme dos destinos da maior potência geopolítica e económica do mundo é fazer futurologia ou transpor em palavras um evidente sentimento de desilusão, decepção e receio. Pelo que foi a deplorável campanha eleitoral do agora eleito presidente, juntando as previsíveis pressões dos Evangélicos e de grupos extremistas, seria fácil prever problemas sérios com inclusão social, com imigração, com a equidade, com os direitos humanos, com o racismo e a xenofobia, com a economia e as realções internacionais. Mas a ver vamos...

Mas não há como evitar o recurso a uma das expressões mais emblemáticas relacionadas com os Estados Unidos: "God bless America", acrescentando já agora... "and the americans and the rest of the world".

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da ética política

xyz.JPGpublicado na edição de hoje, 2 de novembro, do Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
da ética política

Num muito curto espaço de tempo, cerca de uma semana, são já dois os casos de demissão na governação pelos mesmos motivos: as, erradamente, chamadas “falsas licenciaturas”.

Importa primeiro referir que a alguma comunicação social, nomeadamente alguma dita de referência, exigia-se o óbvio no jornalismo: rigor. As situações que levaram às demissões de Rui Roque, adjunto do Primeiro-ministro António Costa para os assuntos regionais, e de Nuno Félix, chefe de gabinete do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto João Paulo Rebelo, nada têm a ver com falsas licenciaturas, até porque é errada, do ponto de vista processual, a comparação com o caso Miguel Relvas. Uma falsa licenciatura pressupõe, pelo menos, que haja a atribuição de um grau académico por via ilegal ou ilegítima. Nos dois casos ligados ao Governo socialista estão em causa, isso sim, falsas declarações no que respeita a habilitações académicas mencionadas, por exemplo, no processo de nomeação em Diário da República.

Ao contrário do caso Miguel Relvas que, apesar de implicar um processo de investigação judicial, Passos Coelho procurou segurar o mais tempo possível na governação (já que era Miguel Relvas um dos principais pesos políticos do Executivo de então) Rui Roque e Nuno Félix, mal foram do conhecimento público as falsas declarações, apresentaram de imediato as suas demissões. Não sendo então os casos, do ponto de vista prático e processual, de todo semelhantes eram necessárias as duas demissões? Eram… por duas razões fundamentais.

Primeiro, fora do âmbito político, é incompreensível que, em pleno séc. XXI e quando a maioria dos países europeus há muito que abandonou essa prática, a sociedade portuguesa ainda viva profundamente marcada pelo enraizamento medieval do peso do título académico, vulgo “canudo”, nas relações e posições sociais. Que o conhecimento adquirido, o saber conquistado e partilhado, são, deveras, fundamentais para o desenvolvimento pessoal e comunitário é mais que óbvio e indiscutível. Que isso seja determinante nas relações ou comportamentos sociais ou, como no caso, imprescindível para o exercício de determinada funções, nomeadamente no Estado (públicas), é, no mínimo, forçado e irrelevante. Quando se exigiria aos portugueses e a Portugal um manifesto sentido de progresso e desenvolvimento social continuamos, em muitas matérias e áreas, estagnados ou a andar para trás.

Segundo, não sendo determinantes, nem exigíveis, as habilitações académicas para o exercício das funções públicas em causa, há, do ponto de vista político, um importante aspecto.

Reforçando a importância do conhecimento e do saber, atrás referido, só por uma visão retrógrada e limitada da sociedade é que um mero título académico faz a diferença ou torne alguém diferente dos demais. Não vejo, neste contexto, diferença entre quem é “Dr.”, “Eng.” ou “Arq.” e quem não tem um título.

Mas, do ponto de vista da ética política, há um enorme fosso que separa os que dizem a verdade e os que mentem e prestam falsas declarações, tentando ser o que não são, muito particularmente no exercício de funções públicas que, pela sua natureza e finalidade, devem ser rigorosas, transparentes e que transmitam confiança.

Por último, o Bloco de Esquerda tem razão (desta vez e excepcionalmente) em criticar a posição do PSD neste processo, nomeadamente na posição política surreal dos social-democratas em exigir a demissão do ministro da Educação. Logo o PSD que não tem legitimidade nem moral neste tipo de situações. Mas também não deixa de ser verdade que o Bloco de Esquerda não pode deixar de recordar o seu público rasgar de vestes no caso de Miguel Relvas. É mais um, entre muitos e muitos, demasiados para passarem indiferentes e politicamente impunes, caso de “provar do próprio veneno”.

A verdade é que, da direita à esquerda, exige-se mais ética, mais moral, mais deontologia política sob pena da imagem das instituições públicas, dos partidos e dos políticos se degradar ainda mais e de não serem surpreendentes os valores cada vez ais crescentes das abstenções eleitorais.