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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

A (má) tendência para "apagar" a história

António Costa afirmou hoje que «os bons resultados económicos não são obra do acaso mas das políticas» implementadas.

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Quase que corria o "risco" de concordar com o Primeiro-ministro, o que face à conjuntura que se avizinha com a nova política de oposição do PSD até nem seria nada de extraordinário ou comprometedor.

Mas o problema é que António Costa recorre a um mau hábito do PS: o tradicional recurso socialista ao desvalorizar dos factos e da história política, remetendo para as sombras e para o esquecimento todo o trabalho efectuado por "terceiros".

Foi assim quando em 2011 o PSD ganhou as eleições e concretizou na governação os compromissos assumidos por José Sócrates com a Ajuda Externa imposta pela Troika.

Continua a ser assim quando o actual Governo esforça-se por fazer esquecer o esforço social, económico e financeiro que o país e os portugueses empenharam durante quatro difíceis anos para que os dados revelados hoje pelo INE tenham o impacto que têm no crescimento do investimento, da economia, da balança comercial, na carga fiscal e nas receitas do Estado, entre outros.

É importante recordar que o défice herdado em 2011 foi de 11,2%, situando-se nos 4,4% em 2015.

É importante recordar que a taxa de desemprego em 2011 rondava os 13%, chegou aos 16% em plena crise e restrições, para em 2015 se situar em valores que rondavam os 12%.

Os dados de 2017 que determinam uma descida do desemprego para os 8% e um crescimento de 27% da economia portuguesa, são importantes, mas não espelham, por si só, o mar de rosas da situação do país.

As famílias continuam sem conseguirem poupar e com recursos limitados, o aumento do crédito ao consumo pode ser perigoso, o desempenho da economia está demasiado pendente do sucesso das receitas do turismo, a austeridade veste hoje outra roupagem nem por isso mais justa e equitativa e a responsabilidade social do Estado está enfraquecida, pressionada pelo "fantasma" ou o "diabo" das cativações.

Um apelo do Adriano Miranda... pela preservação da memória das Minas do Pejão

O futuro de um país e/ou de uma comunidade constrói-se na preservação da sua identidade e do seu património, como forma de valorizar, perpetuar e dignificar a sua história.
 
Adriano Miranda produziu um inquestionável trabalho (não só) fotográfico de excelência sobre as Minas do Pejão (lugar de Germunde, freguesia de Pedorido, município de Castelo de Paiva - distrito de Aveiro) - Carvão de Aço, que resultou no reavivar da memória material e imaterial de uma comunidade e de muita das suas gentes. Este trabalho veio a público numa publicação editada em maio de 2017 e voltou a ser lembrado no passado dia 27 de janeiro, numa exposição patente no espaço cultural Mira Forum, em Campanhã, no Porto, com o título "Minas do Pejão - Resgate da Memória".

01 - Carvao de Aco - Adriano Miranda - Mira Forum

02 - Carvao de Aco - Adriano Miranda - Mira Forum (créditos das fotos: Mira Forum, abertura da exposição fotográfica de Adriano Miranda - 27JAN2018 - "Minas do Pejão - Resgate da Memória")

É no seguimento desta reflexão no Porto que surge a necessidade partilhada de preservar a identidade e a história de uma comunidade, bem como as memórias das suas gentes. Nascia a vontade da criação de um núcleo museológico que perpetuasse o património material e imaterial do Pejão.
E isto serve como exemplo para tantas e tantos casos por esse país fora. Felizmente há casos de "sucesso" em muitas das localidade e regiões, mas infelizmente serão ainda demasiados os casos em que as comunidades, o poder local, o tecido empresarial, as entidades culturais e os governos, viram as costas ao seu passado, como se cada vivência presente, cada futuro que se projecta, surgisse do Nada ou do Zero.
 
Uma forma de pressionar a opinião pública (mormente as inúmeras peças publicadas na comunicação social, nomeadamente no jornal Público) e as entidades públicas (e privadas) é trazer para a discussão esta temática. É certo que a pequenez da infantilidade humana não tardou muito a banalizar as "petições públicas". No entanto e apesar disso, elas são um instrumento válido para que, por exemplo, após 4000 mil assinaturas um tema tenha de ser agendado para o plenário da Assembleia da República, de acordo com o direito Constitucional e a regulamentação do Parlamento.
 
Pelas gentes, pela história, pelo património, pela identidade e pela memória das Minas do Pejão, lugar de Germunde, freguesia de Pedorido, município de Castelo de Paiva e distrito de Aveiro... e por tantas e tantas histórias e memórias eu já ASSINEI.
Petição Pública: MINAS DO PEJÃO - Resgate da Memória.
(fotos de Adriano Miranda: Carvão de Aço - Minas do Pejão)

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Potenciar centralidades para desenvolver toda uma região (distrito)

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Não é raro, antes pelo contrário, o número de reformas administrativas e legislativas que se efectuam no país que são inconsequentes, que deixam lacunas ou criam incompatibilidades práticas. O caso da reforma administrativa (e Constitucional) que “eliminou” os Governos Civis e os Governadores Civis face à criação (e bem) das NUT III (Comunidades Intermunicipais e as duas Áreas Metropolitanas), alimentando em algumas (muitas) circunstâncias um vazio político e uma incompatibilidade prática face a inúmeras realidades político-administrativas.

Importa dar nota de alguns dados que se afiguram importantes para a reflexão seguinte.

  1. O Distrito de Aveiro é composto por 19 Municípios (Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Arouca, Aveiro, Castelo de Paiva, Espinho, Estarreja, Ílhavo, Mealhada, Murtosa, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Santa Maria da Feira, S.J. Madeira, Sever do Vouga, Vagos e Vale de Cambra).
  2. No seguimento da Lei 10/2003 era constituída, em 2004, a Grande Área Metropolitana de Aveiro (GAMA) que contemplava, por vontade expressa, os municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga, Vagos e Vale de Cambra (12 dos 19 municípios do distrito).
  3. Nos finais de 2008, por força da reforma administrativa territorial produzida pela Lei 45/2008, sairiam da GAMA os municípios de Oliveira de Azeméis e Vale de Cambra e entrava o município de Anadia, e seria criada a actual Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) com 11 municípios.
  4. O círculo eleitoral de Aveiro (distrito) elege 16 deputados à Assembleia da República (8 PSD, 5 PS, 2 CDS, 1 BE). Destes, 10 são de municípios que integram a Área Metropolitana do Porto, 1 de Lisboa e apenas 5 da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro.

Neste contexto, argumentar que uma estratégia temática político-partidária que defende a promoção das potencialidades óbvias e naturais da Região de Aveiro é redutora em relação à globalidade distrital é querer esconder e encapotar a realidade histórica e a objectividade matemática/estatística dos números referidos, tornando as opções (legítimas e democráticas) tomadas em 2004 e 2008 como meras circunstâncias administrativas. E não foi… foi uma opção que fragilizou a integridade territorial, a importância e o peso político, social e económico, da Região/Distrito de Aveiro na região Centro e, consequentemente, no país.

Não perceber que potenciar o valor económico do Porto de Aveiro, do tecido empresarial e industrial de Águeda e Estarreja (como exemplos) significa um olhar atento para a realidade económica de São João da Madeira e Oliveira de Azeméis, é reduzir todo o valor da região/distrito à insignificância.

Não perceber que potenciar uma orla costeira, um património hidrográfico demasiado rico que vai para além do Rio Vouga ou da Ria, bem como o património natural de Sever do Vouga ou da Mealhada (Luso e Buçaco), é não querer reconhecer os impactos óbvios no turismo extensivo a Castelo de Paiva, a Vila da Feira ou à rota bairradina.

Não perceber o peso inquestionável que tem a Universidade de Aveiro (Aveiro, Águeda e Oliveira de Azeméis) é menosprezar a sua diferenciação em relação ao Porto e a Coimbra, é pretender desvalorizar o seu papel e a sua importância para o desenvolvimento social, científico e empresarial da Região/Distrito.

Não perceber que promover e defender a extensão da dimensão do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (Aveiro, Águeda e Estarreja), dotando-o de mais valências, de um outro estatuto, concedendo-lhe a vertente Hospital Universitário (com a Medicina na Universidade de Aveiro), significa uma maior, mais eficaz e mais eficiente resposta na área da saúde no Distrito, é o mesmo que querer manter os problemas de afirmação da saúde no distrito, é dar continuidade às dependências problemáticas com Porto e Coimbra tão evidentes no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, em Anadia, na Vila da Feira, ou no Centro Hospital entre Douro e Vouga, como exemplos.

Não perceber o impacto que uma futura ligação ferroviária Porto de Aveiro - Salamanca tem no investimento em infraestruturas é deixar morrer a premente e urgente necessidade de reabilitação da Linha do Vouga, entre Espinho e Águeda/Sernada, privilegiando o interior do distrito como Albergaria, Oliveira de Azeméis e S.J. Madeira (corredor paralelo à linha do norte e não a obsessiva ligação ao Porto). Para além de todo um desenvolvimento industrial do distrito que lhe ficaria agregado.

Não querer perceber isto, não perceber a abrangência distrital da valorização da região de Aveiro, as suas potencialidades de afirmação na região centro, nomeadamente no corredor Aveiro, Viseu e Guarda é reduzir um distrito a um mero centro eleitoral e de nomeações políticas sem consequências ou benefícios para a Região/Distrito, aumentando a sua dependência política, social e económica com Porto ou Coimbra; desagregando o Distrito e enfraquecendo-o legislatura após legislatura, quadro comunitário após quadro comunitário; e asfixiando o desenvolvimento e a importância que podia e pode desempenhar.

Há “estratégias” que vêm por bem…