(fonte da foto: REUTERS, in RFI)
Apesar da proximidade geográfica ser um factor emocional de envolvência em contextos trágicos, a distância não é, na maioria dos casos, factor de indiferença, apatia ou insensibilidade.
No caso, acentua-se a empatia e a sensibilidade dado que a tragédia envolve portugueses (dados oficiais apontam para a dificuldade de contacto com 30 cidadãos portugueses) e um longo percurso histórico (não muito distante, diga-se) implica "um dever e uma obrigação moral" de um olhar mais atento e um dever solidário mais forte: Região da Beira, Moçambique (furacão Idai) - 200 mortos e meio milhão de desalojados (dados em constante actualização).
A par com um turbilhão de sentimentos e de emoções, a par da dimensão dos números das vítimas da tragédia e da devastação geográfica, o impacto do ciclone na região central e costeira de Moçambique revela-nos três realidades que merecem reflexão adicional.
Primeiro, o abandono a que África é votada pela comunidade internacional, a exploração económica a que a maioria dos países africanos está condenada, relegando milhares e milhares de pessoas para a pobreza mais extrema, para uma vida sem qualquer dignidade, para comunidades e comunidades devastadas pela fome, guerra, corrupção, exploração, para um total desrespeito, por razões culturais, étnicas e religiosas, pelos direitos humanos mais elementares e fundamentais.
No caso de Moçambique e da região da Beira, basta olharmos para as inúmeras imagens que espelham o que são as condições de vida das populações atingidas.
Segundo, Moçambique é antes e será depois desta tragédia natural um país que precisará de um outro olhar solidário, de uma ajuda efectiva, por parte da comunidade internacional. Infelizmente, os impactos e as consequências da devastação do Idai irão deixar marcas bem acentuadas por muitos anos.
Terceiro, há uma entidade que se assume como um "fórum multilateral privilegiado para o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros" e que tem como um dos principais objectivos "a cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social". No entanto, da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) ou, mais propriamente, dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) apenas se conhece uma nota pública de "solidariedade a Moçambique".
No entanto, felizmente, há já várias organizações que têm unido esforços para ajudar as vítimas afectadas pelo ciclone Idai, como por exemplo a Cáritas (recebe donativos a partir da conta PT50 0033 0000 01090040150 12) ou a Cruz Vermelha Portuguesa (transferência bancária PT50 0010 0000 3631 9110 0017 4 - multibanco/Pagamento de Serviços entidade 20 999 e referência 999 999 999 - ou através da internet.