A ler os outros... Joel Neto (DN)
O caso do pequeno Gustavo, filho do jogador de futebol Carlos Martins.
Qualquer drama que envolva crianças é sempre mais tocante (e, nalguns casos, mais chocante), independentemente dos factos.
Num caso de doenças graves e crónicas ainda mais se acentua a compaixão, o respeito e a solidariedade.
Quando os factos envolvem crianças que são filhos de figuras mediáticas, a solidariedade (e o mediatismo) aumenta exponencialmente.
É certo que há muitos "Gustavos" em Portugal. Mas também, reconheça-se, que o destaque dado à situação dramática do filho de Carlos Martins serve igualmente para alertar, sensibilizar e ajudar estruturas e entidades das respectivas áreas de intervenção.
Daí que o papel da Comunicação Social reveste-se de particular importância. Não só pela capacidade de mediatização dos factos, das campanhas, como um meio privilegiado de prevenção, alerta e sensibilização.
Desde que salvaguardados princípios de respeito pela vida humana, reserva da vida privada e, acima de tudo, rigor informativo e profissionalismo.
Longe da tentação da "lamechice", da "compaixão beata", do sensacionalismo ou da pieguice.
E a entrevista da RTP1, na passada semana, mesmo que não tenha chegado a este ponto, andou muito perto... com a jornalista Sandra Sousa - Grande Entrevista - a resvalar para as perguntas de "escola primária" em vez de aproveitar a oportunidade para falar aprofundadamente sobre a doença, como lidar com a realidade, que perspectivas de cura, campanhas solidárias, etc.
Uma análise interessante do jornalista Joel Neto na edição do Diário de Notícias de 26.11.2011.