A falta de ética política
Este é o “calcanhar de Aquiles” da nossa política portuguesa: dos partidos políticos (principalmente os com assento parlamentar) e dos próprios políticos. Não há ética política, não há coerência política, não há moral/honestidade, não há respeito por quem elege e pelos cidadãos.
De forma surpreendente (não pela acção do Governo português, mas pelo facto de nada o fazer prever) o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, anunciava ontem, publicamente, que a União Europeia (Comissão Europeia) tinha aceitado as alternativas apresentadas pelo Governo de Passos Coelho para substituir o recuo na mexida da TSU. Mas importa ainda referir que as declarações de Durão Barroso acontecem por interpelação dos jornalistas num contexto totalmente distinto (na atribuição do Prémio de Inovação Europa Social em memória do ex-director da Cisco Internacional, Diogo Vasconcelos).
Sem especificar quais as medidas, aliás segredo que a Comissão Europeia mantém, Durão Barroso limitou-se a revelar a aceitação das alternativas (acordadas há alguns dias), sabendo-se que as mesmas incidirão sobre a área fiscal (mais impostos, mais austeridade, como aqui referi). Para além de qualquer outra análise ou circunstância, este facto é, por si só, revelador do estado do país, da actuação deste governo (o qual não consigo enquadrar partidariamente porque não encontro um enquadramento partidário, nem no PPP.PSD) da tal falta de ética e honestidade política. Não é concebível que os portugueses, as instituições nacionais, os parceiros sociais, sejam os últimos a saber dos projectos do Governo, principalmente quando são os directamente afectados. Até o FMI sabe quais são as perspectivas e as alternativas do Governo. E esta realidade, apesar da tentativa de “deitar água na fervura”, é totalmente condenável e criticável.
Mais… é inconcebível e reprovável que o Governo (com um silêncio inconcebível por parte do PSD parlamentar) tenha tomado a mesma atitude que criticou na altura do PEC IV e que levou à queda do governo de José Sócrates.
Estas politiquices de politiqueiros de algibeira começam a criar um fosso considerável entre eleitores e a política e os partidos políticos, com graves consequências para a democracia e o Estado de Direito.
Infelizmente, amanhã o ministro das finanças, Vítor Gaspar, devagarinho, lá irá mexer novamente nos bolsos dos mesmos de sempre.
Triste… muito triste.