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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Pelo buraco da fechadura

Declarações de interesse que se impõem antes de tudo:

1. Apesar da formação académica na área (comunicação), por razões de oportunidade e opções (à data) de vida, não exerço a actividade profissional de jornalista (embora colaborador regular do Diário de Aveiro e ter passado vários anos na rádio), mas sim a relacionada com a assessoria de imprensa e comunicação, no sector autárquico. No entanto, tal facto não me impede, por direito e democracia, de reflectir sobre uma das coisas (felizmente há mais) que mais me apaixona na vida: o jornalismo.

2. Sempre que estiver em causa a dignidade da profissão, a ética e a deontologia, a defesa dos profissionais, eu estarei na primeira fila. Neste caso, relacionado com a Fernanda Câncio e uma publicação diária (que não considero “jornal” – jornalismo não se define pelo volume de eventuais vendas), envolvendo uma foto de Judite de Sousa, a minha posição não podia ser outra senão a de estar ao lado da Fernanda Câncio. Não porque ela precise de qualquer “advogado de defesa”, a experiência pessoal e profissional acumuladas e o “gosto” que sempre desenvolveu pela polémica são mais que suficientes para saber resolver, sozinha, as situações e as dificuldades que enfrenta… mas por uma questão de respeito, consideração e admiração. Em algumas coisas da vida e do mundo divergimos, respeitando as opiniões. Mas em relação ao jornalismo, à sua concepção e conceito, à defesa da sua integridade e ética, como a Fernanda bem sabe, estamos 99,9% de acordo.

3. Numa breve troca de impressões com a mui respeitável Estrela Serrano e este seu texto “Jornalismo mesquinho e pacóvio”, compreendendo a sua posição no combate a este tipo de situações (como ela referiu “água mole em pedra dura…”), defendo, há muito, que não há bom ou mau jornalismo. Ou há jornalismo ou não há jornalismo. Podemos discutir erros e falhas do jornalismo, mas para mim o que está em causa é uma atitude premeditada, rebuscada, difamatória, provocatória e que atenta à dignidade da jornalista Fernanda Câncio. E só por isso me atrevo a escrever, como o fiz em outras situações. Apenas por isso, já que de jornalismo a situação não tem nada, aliás como não tem a publicação em causa.

Passemos aos factos… e às interrogações?

- Que relação há entre a vida pessoal (ainda por cima no passado) de Fernanda Câncio e a foto da Judite de Sousa na praia?

- Que legitimidade tem a publicação para identificar a jornalista não pelo seu nome ou, até, profissão, mas por um facto da sua vida privada e íntima?

- Que direito tem a publicação de recolher e publicar sem autorização uma mera opinião pessoal (e não profissional, ou mesmo que o fosse) expressa num contexto reservado, embora visível (grupo fechado do facebook "Jornalistas")? Algo, aliás, que não é caso único naquela publicação, se recordarmos, por exemplo, o que aconteceu também com a jornalista Joana Latino.

- Que interesse jornalístico tem a opinião pessoal, legítima num estado democrático e de direito, de uma cidadã (ao caso) comentar uma foto que não lhe agrada, ainda por cima quando, em causa, estava a “defesa” de uma colega/camarada de profissão?

– Se a Fernanda Câncio tivesse elogiado o bikini ou a condição física da Judite de Sousa teria sido igualmente capa da publicação?

– Para além do ódio que a publicação nutre por tudo o que envolva o nome de José Sócrates (não sou socialista, votei contra a sua reeleição em 2011, embora o arrependimento seja enorme: “mal por mal…”); para além do conhecido desprezo, mesmo que não seja a única, que a jornalista do Diário de Notícias sustenta pela publicação em causa; há algum interesse jornalístico naquela chamada de  primeira página para além de uma mera perseguição, calúnia ou difamação?

As respostas são simples: nenhuma; nenhuma; nenhum; nenhum; não; e não. Não há nada que mereça qualquer observação do ponto de vista jornalístico porque, simplesmente, não há jornalismo.

O que merece é a indignação e o repúdio públicos. Não basta vender muito para haver jornalismo.

E é pena que, nestas situações, não haja uma intervenção consistente do Sindicato dos Jornalistas e, mais concretamente, da Comissão da Carteira que não se esquece de cobrar bem pelas emissões ou renovações do “cartãozinho” sempre que necessário. Como há muito defendo, venha uma “Ordem do Jornalismo” e depressa.

E assim vai o jornalismo: cantando e rindo…

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