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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Ano Novo! Vida...

Publicado na edição de hoje (7.01.2010) do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
Ano Novo! Vida…

Chegados a esta altura, há sempre a habitual tendência do balanço do ano findo, do resumo dos factos e acontecimentos marcantes.
Mas terminada a euforia do Natal e da Passagem de Ano, é igualmente legítima a perspectiva do que pode e se espera que seja o novo ano que inicia.
Periodicamente, (e em alguns casos quão religiosamente) despedimo-nos de um ano velho, usado e gasto e para entrarmos num novinho em folha e por estrear. Mas será melhor?! Nem sim, nem não… antes pelo contrário.
Pessoalmente não tenho ilusões. Não sendo por natureza pessimista, não posso, no entanto, deixar de ser realista.
Não acredito que 2010 possa ser pior que 2009. Acho que pior do que vivemos no ano transacto é quase impossível. Mas conseguirá 2010 ser melhor que o ano de 2009?!
É válida e pertinente a questão porque as perspectivas e as realidades não se afiguram muito animadoras.
Na área da saúde, apesar da anulação de algumas das taxas moderadoras, continuam os problemas dos cuidados básicos, das listas de espera, dos caos nas urgências, dos falhanços de alguma da gestão hospitalar. Escasseiam centros de saúde e unidades hospitalares.
A justiça transformou-se num “pântano” de guerrilhas entre os pares, desfigurou de tal forma a sua imagem de isenção, de independência e de imunidade e imparcialidade que está completamente desacreditada aos olhos dos cidadãos. A impunidade e a morosidade de tratamento dos processos judiciais (como a corrupção, pedofilia) é algo que se tornou de tal forma banal que a justiça se revela uma constante injustiça.
No que respeita à economia 2010 apresenta-se, para muitos dos especialistas e analistas, como um ano das retomas. Será?! O poder de compra dos cidadãos não parece recuperar face ao aumento da electricidade, dos transportes e à previsão da subida das taxas de juro que resultará em dificuldades de cumprimento dos encargos com os empréstimos e o consequente endividamento familiar.
Além disso, a obsessão pelas grandes obras ditas estruturantes (resta saber se necessárias e prioritárias) – TGV e novo aeroporto - irá provocar um agravamento do endividamento público e um desequilíbrio nas contas do estado. Por outro lado, a viabilidade e sustentabilidade futuras destes investimentos é extremamente questionável.
Resta ainda questionar a capacidade que o tecido empresarial estruturante português - as PME’s – tem para sobreviver, para inovar, para ser competitivo e impulsionar a economia nacional, mantendo a capacidade de criar emprego, ou, pelo menos, não agravar ainda mais os números do desemprego.
Do ponto de vista político, não sendo previsível que o país vá a votos antes de 2011 (presidenciais), também não é provável que se registem melhorias no relacionamento institucional entre S. Bento e Belém, por mais que tentem transmitir imagens de alívio da tensão.
Espera-se, pelo menos, que, durante este ano, o PS e o Governo compreendam o resultado eleitoral de Setembro de 2009, o significado da vontade expressa dos cidadãos, que transmitiram o desejo de contarem com conceitos, princípios e opiniões alternativas na administração da nação. Os cidadãos souberam exprimir a vontade de contarem com uma oposição mais participativa e com eficaz capacidade fiscalizadora da acção governativa, tornando a sociedade mais democrática e justa (algo que nem sempre acontece com a existência de maiorias).
E já agora… um Bom Ano de 2010.