Ainda sobre "irrevogabilidades" ministeriais
caso ministro Pedro Nuno Santos, parte II
Ainda a propósito da continuidade do Minsitro das Infraestruturas e Habitação do XXIII Governo Constitucional da República Portuguesa, Pedro Nuno Santos.
Mantém-se a "frustração", mais ou menos pública, daqueles que viram defraudas as suas expectativas quanto à tão desejada crise governativa por causa do despacho dos dois aeroportos.
Aliás, deveria ter sido sobre esta questão que a opinião pública e política se deveria ter debruçado, mais do que saber se o Ministro foi anárquico, rebelde ou narcisista (o próprio auto-adjectivou-se de "voluntarioso") ou se António Costa deveria ter ido mais além do que um "puxão de orelhas" com a revogação do despacho.
A verdade, é que muitos, sejam eles políticos ou simples comuns mortais, seja a própria comunicação social, ávidos de "sangue e tragédias políticos", deixaram, horas a fio o país suspenso e alheado do resto do mundo para assistirmos, depois, a um final sem sal, nem sabor.
Há na decisão de António Costa - nomeadamente no que respeita à não demissão do ministro - uma leve sensação de contrariedade, mais por força do mediatismo e da opinião pública, do que por vontade do próprio.
Lembremos duas ou três passagens do comunicado, da manhã de ontem do Gabinete do Primeiro-ministro.
O Primeiro-Ministro determinou ao Ministro das Infraestruturas e da Habitação a revogação do Despacho ontem publicado sobre o Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa.
Compete ao Primeiro-Ministro garantir a unidade, credibilidade e colegialidade da ação governativa.
O Primeiro-Ministro procederá, assim que seja possível, à audição do líder do PSD que iniciará funções este fim-de-semana, para definir o procedimento adequado a uma decisão nacional, política, técnica, ambiental e economicamente sustentada.
O posicionamento da imprensa face a todo o desenrolar dos acontecimento (recorde-se que, por exemplo, o jornal Público conseguiu descobrir no comunicado algo que mais ninguém descortinou - uma demissão - e noticiar (esteve no "ar" demasiadas horas sem correcção/actualização) ao ponto de fazer uma grande chapa com o título "se o ministro não se demitir será demitido pelo Primeiro-ministro".
Acompanhando a bombástica informação - ainda a procissão ia no adro - televisões, jornais (no digital, obviamente) e rádios desfiavam horas a fio um caos governativo, após apenas 3 meses de legislatura.
A par disso, todos os partidos políticos com assento na Assembleia da República e, até, o moribundo CDS, fuzilavam politicamente António Costa e Pedro Nuno Santos.
Resultado... todos juntos tiveram apenas um efeito em António Costa, o de contrariar as vontades editoriais e dos partidos da oposição, não dando qualquer argumento político para que externamente se alimentasse uma crise governativa, nem que fosse no campo da retórica e da crítica partidária.
Até pode, como algumas análises o referem, tê-lo feito contrariado... mas mais contrariados foram imprensa e oposição que "do tudo e mais alguma coisa", ficaram sem nada, a "ver aviões".