As saudades presidenciais
(fonte: "Vivre le Portugal")
Há poucos dias, Marcelo Rebelo de Sousa manifestava algum saudosismo da governação de António Costa.
No lançamento da 6.ª edição da PSuperior, uma iniciativa do jornal Público, para o ensino superior, que promove a literacia mediática, o Presidente da República afirmou que “dizia muitas vezes a um governante com o qual partilhei quase oito anos e meio de experiência inesquecível: um dia reconhecerá que éramos felizes e não sabíamos”.
Curiosamente, uma afirmação proferida num contexto em que estava análise os populismos (e os radicalismos) recentes e crescentes e a sobrevivência da democracia.
Ora, foi, precisamente, há cerca de um ano que Marcelo Rebelo de Sousa cedeu, mais uma vez, ao populismo, ao facilitismo político conjuntural e colocou em causa alguns valores que sustentam a democracia e um Estado de Direito. A leviandade com que tratou o pedido de demissão de António Costa e a dissolução da Assembleia da República foi um ato presidencial de ingerência na vida democrática do país, com consequências graves e perigosas para o radicalismo, o populismo e para a consistência da democracia.
Este rebate de consciência do Presidente da República, para além de tardio, é manifestamente inconsequente e um claro exercício de populismo. Para além de transparecer para o espaço público uma eventual insatisfação de Marcelo Rebelo Sousa para com a presente governação da AD, cujo contexto é da responsabilidade, e muita, do próprio Marcelo Rebelo de Sousa.
Há uma coisa que a afirmação do Presidente da República pode ser comungada e sublinhada por muitos portugueses: éramos felizes… a diferença é que nós sabíamos e Marcelo, à custa de um parágrafo e de uma investigação cheia de nada, fez-se esquecido.