As supresas da ministra das Finanças.
Sim... a época que se avizinha é propícia a surpresas. Mesmo para aqueles que não receberão subsídio de Natal (descontado em duodécimos ao longo do ano) ou para aqueles para quem o Natal, por convicção, nada diz ou por "situação" (desemprego, doença, etc.) irá "passar ao lado".
A época, para além da festividade (religiosa ou pagã), traz, cíclica e anualmente, outra "festa": o Orçamento do estado para o ano seguinte, ao caso para 2015. E este é o "embrulho" que o Governo deposita em casa de cada um de nós, antecipando o 25 de dezembro.
Este ano, para além do "embrulho em papel pardo e sem laço" já conhecido, a ministra das Finanças não quis deixar os créditos por mão alheias e afirmou, sem esboçar qualquer ironia, no sábado passado, aqui perto de Aveiro (Oliveira de Azeméis), que "mantém a confiança nas previsões do Governo no Orçamento do Estado do próximo ano" e admitiu que poderá haver "surpresas positivas em 2015".
Ora... quanto à primeira afirmação é uma convicção generalizada do Governo (mesmo o "sapo" engolido por Paulo Portas e a ala centrista) mas que todos os analistas, instituições e opinião pública, genericamente, reconhecem serem previsões de alto risco.
Mas a segunda afirmação da ministra Maria Luís Albuquerque é de ter em conta porque se afigura extremamente realista e previsível.
(acrescentando a ironia que faltou à tutelar da pasta das finanças):
- "FMI diz que OE 2015 não está de acordo com compromissos assumidos". E vai mais longe... afirma que o défice para este ano de 2014 deverá derrapar para os 3,4% e que, em 2105, Portugal falhará a meta de um défice abaixo dos 3%, prevendo, o FMI, um valor na ordem dos 3,4%. SURPRESA!
- A propósito das previsões do FMI, ainda, para este ano: "Dívida pública ultrapassou em Setembro o estimado para todo o ano". SURPRESA!
- "Comissão Europeia e BCE prevêem crescimento inferior ao projectado pelo Governo". Quer a Comissão Europeia quer o Banco Central Europeu (ambas participantes na Troika de ajuda externa a Portugal) têm fortes dúvidas quanto ao crescimento da economia, à diminuição do desemprego e perspectivam défice de 3,3%. SURPRESA!
- "Com poucos ricos, classe média é a grande sacrificada". Afirmação da ministra das Finanças num almoço-debata, há dois dias, promovido pelo American Club. mesmo que os 'poucos' ricos tenham muita riqueza. SURPRESA!
Ora digam lá que a Ministra Maria Luís Albuquerque não é uma caixinha de surpresas governamental. É Natal! Surpresa!