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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Contra tudo... e contra um.

PSD é o alvo eleitoral... nalguns casos, alvo eleitoralista

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Cumpriu-se, praticamente, metade do calendário dos debates televisivos entre os partidos com assento parlamentar (incluindo o Livre) que concorrem às eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro.

Ao contrário do que seria expectável não são o PS e António Costa os alvos preferidos do confronto político-partidário, mesmo contrariando os princípios de ciência-política que defendem que as eleições não se ganham... perdem-se.

De facto, mesmo que de forma muito linear, o resultado dos debates políticos até agora realizados mostra-nos que são Rui Rio e o PSD o centro de todas as atenções.
Basta lembrar os diversos discursos políticos que sucederam à crise política do final de 2021 e/ou analisar cada um dos 15 confrontos partidários (até ontem 7 de janeiro) já promovidos pela RTP, SIC e TVI/CNN Portugal: a subida da intenção de voto no PSD e da popularidade de Rui Rio nas sondagens já divulgadas; a confirmação do sucesso de Rui Rio nas directas e no Congresso social-democrata e a sua legitimidade como candidato a Primeiro-ministro; a mudança de foco nos discursos do BE e do PCP, esquecendo as suas responsabilidades na crise e o seu afastamento em relação ao PS, com manifesto receio na (re)conquista do poder pelo PSD ou do regresso a um dito "bloco central" (ou o que quiserem adjectivar numa aproximação negocial PSD / PS); o esvaziamento da IL e do CDS, por transferência de eleitorado para o voto útil no PSD, ao ponto de, por exemplo, o CDS - ou o seu líder - se (auto)proclamar como herdeiro da memória política de Passos e Portas (penso que revisitando a Troika... bem pode ficar com esses "fantasmas políticos" indesejados), tentando fixar eleitorado que não se revê no projecto "Horizontes para Portugal" de Rui Rio e o reposiconamento do PSD no centro ideológio e político.
Desta forma, grande parte do discurso político tem como principal alvo Rui Rio (e, consequentemente, o PSD), da direita à esquerda radicais, passando pelo liberalismo, pela esquerda moderada e pela direita conservadora. Enquanto a direita cola o PSD ao PS, tentando (diga-se, sem grande sucesso) evitar uma eventual transferência de eleitorado para os sociais-democratas, a "ansiedade política" à esquerda (incluindo o PS) tenta retirar o centro político ao PSD e colá-lo à direita, nomeadamente à direita radical, por mais absurdo que isso seja (já para não falar de um óbvio erro estratégico, que Rui Rio agradece).
Tudo isto foi notório e esteve bem presente, até, pasme-se, nos debates onde Rui Rio e o PSD não estavam presentes e não eram intervenientes directos.

Há apenas um dado, também ele notado, que destoa desta reflexão: o receio de Bloquistas e Comunistas numa eventual maioria do PS, já que isso significará um eventual esvaziamento (peso político e representação parlamentar) e o relegar para uma clara "travessia (político-partidária) do deserto" do BE e do PCP. Daí que não seja de estranhar, principalmente no período pós-crise e pré-debates, que BE e PCP tentem, com uma enorme falta de convicção e motivação, ressuscitar o que "enterraram" em outubro de 2021: a geringonça.