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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Da série... não nos tomem por parvos (#09). E ainda só estamos no primeiro dia...

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Este cartoon do Henrique Monteiro, mais um excelente, não poderia ter sido publicado em melhor momento porque retrata, na perfeição, o que se passou na Assembleia da República, no primeiro dia da legislatura.

Por duas razões fundamentais.

A primeira prende-se com a total falta de ética, credibilidade, honestidade política, a completa falta de confiança que merece a extrema-direita. E não foi por falta de aviso.
Não se percebe como é que o PSD permite que o líder da bancada mais à direita do hemiciclo anuncie, com pompa e circunstância, o resultado do alegado acordo que permitia a eleição do social-democrata José Aguiar-Branco para a presidência da Assembleia da República e a do deputado do Chega, Diogo Pacheco Amorim (ex MDLP) para uma das vice-presidências. Tudo isto antes de qualquer anúncio por parte do PSD.
Tudo faria crer que o "não é não" caía por terra, era um embuste eleitoralista. O que já não se apresenta como surpresa é o retrocesso, o desonrar da palavra, a mentira e o populismo que sustenta toda a politiquice do Chega.
Chegada a hora da verdade, Aguiar-Branco falha a eleição. Dos 116 votos necessários, o ex-ministro social-democrata apenas conseguiu 89 votos a favor (os 78 do PSD, provavelmente os 2 do CDS e os do Iniciativa Liberal. Ou seja, o Chega deu o dito pelo não dito e absteve-se na hora de votar e aprovar a candidatura.
Está demonstrado ao que vêm e o que será a estabilidade, ou a falta dela, política que se avizinha.

Mas há mais...

O PSD não aprendeu a lição, continua a não perceber nada do que são os interesses do país e qual deve ser a estratégia política a usar. E continua a não assumir qualquer responsabilidade nos momentos em que falha e redondamente.
O PSD não soube ou não quis falar com o PS. Preferiu, com toda a legitimidade, um dos lados. Só que escolheu o pior lado, aquele que apenas interessa a destruição da democracia e das instituições políticas. E ao fazer essa escolha, para o bem e para o mal, tem que assumir essa responsabilidade.
É lamentável que, na primeira derrota política de Luís Montenegro e do PSD, queira sacudir a água do capote para cima do PS, com quem nada quis, nem com quem conversou ou fez qualquer tentativa de possível acordo.
O facto é que o Chega fez do PSD gato e sapato, como sempre o fez durante a campanha eleitoral, sem qualquer tipo de pudor ou vergonha política.
E mais.. não sei se o PSD, mesmo assim, aprendeu a lição. Duvido.