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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Da série... os inconseguimentos #10

comparar o incomparável por mera desonestidade política e populismo.

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A notícia surgiu na edição do Jornal de Notícias de ontem (1 de março). Independentemente da factualidade do título ("Nem com a troika se cortou tanto na alimentação"), a desonestidade política e intelectual com que grande parte do universo 'laranja' saiu a terreiro para defender (o indefensável) o seu sebastianismo partidário e criticar o socialismo é de pasmar (embora em nada surpreendente).
Um dos argumentos mais patéticos que li dizia: "5 anos de geringonça e 2 de maioria socialista o País está assim....", acompanhado da imagem que ilustra a notícia do JN.

Bastaria o comentário referido para nos apercebermos da falácia da demagogia e da politiquice populista: o ano em análise é apenas o de 2022, comparado com os 4 anos de governação (deplorável) com a Troika. Não faz referência a outros mandatos legislativos porque os números e os factos (excluindo o período da pandemia) não levaram a esta realidade.
Mais ainda... a notícia revela o que devia envergonhar estes "renovados liberalistas democratas" do PSD atual (e revisionista, precisamente, desse dispensável período passista da Troika): é que a governação PSD-CDS de Passos Coelho e Paulo Portas empobreceu os portugueses, dando origem à degradação das condições económicas das famílias e dos portugueses (está bem presente, na memória de milhões de portugueses, o estado em que ficou a chamada 'classe média'; os pensionistas; os jovens - que obrigaram a emigrar; a administração pública, o emprego e a economia... só como exemplo). E tal como o próprio título durante a Troika (governo de Passos Coelho), TAMBÉM se cortou - e muito - na alimentação (acrescento eu... e não só). Aliás, a expressão foi proferida pelo próprio atual presidente do PSD, em 2014: "a vida dos portugueses não está melhor, mas a do país está". o que, mesmo neste caso, significava reduzir o país a uma folha de excel com o cumprimento financeiro das metas do défice.

Mas por uma questão de honestidade política, importa acrescentar outros fatores importantes nesta comparação.
Ao contrário da conjuntura em 2022 (saída da pandemia e início da guerra na Ucrânia), entre 2011 e 2014 a opção foi claramente uma estratégica política da governação. Todos nos lembramos da máxima "ir para além da Troika". Por si só, os constrangimentos e condicionalismos que o acordo de intervenção externa exigia já eram bem castradores, ir além de tudo isso só pioraria a qualidade de vida e as condições de subsistência dos portugueses.

No acaso atual, sendo verdade que o desemprego aumentou, os recursos das famílias começam a ser preocupantes, também não deixa de ser verdade que a conjuntura atual tem contornos externos à governação do país (a inflação, o custo da energia, os impactos da guerra), não sendo nem criada, nem gerida pelo governo da nação.
Basta olhar e comparar a realidade dos números.
Tomando como ponto de comparação (diminuindo, assim o período da troika) para o ano em que se registou o valor mais alto de inflação (fonte dos dados: INE/Pordata, atualizado em janeiro de 2023).
Governação PSD-CDS (2012) - Inflação: 2,8% (alimentação: 3,2%; habitação, gás, água e eletricidade: 8,7%; transportes: 3,3%).
Governação PS (2022) - Inflação: 7,8% (alimentação: 13,0%; habitação, gás, água e eletricidade: 12,8%; transportes: 10,0%).

E com mais rigor ainda, em fevereiro a inflação em Portugal atingia os 8,6% (0,1% acima da média da zona euro, sendo Portugal o 11.º país (entre 20) com a taxa de inflação mais elevada (fonte: Eurostat).
Ou ainda... "Um ano de guerra depois, o cabaz alimentar custa mais 45 euros", segundo o estudo da DECO/Proteste.

Comparar o incomparável, quer pelas conjunturas distintas, quer pelas opções políticas tomadas, só pode ser por populismo e politiquice baixa/reles, porque nem para piada serve.

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