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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Deitar tudo a perder numas eleições.

O título poderia ter um significativo número diferenciado de expressões. Por exemplo, "como perder as eleições numa só noite"; "a ingratidão política"; "do mérito à prateleira"; "as incoerências de Seguro"; "o peso da oposição socialista"; etc.

A pré-campanha eleitoral para as eleições europeias do próximo 25 de maio não me parece ter merecido, por parte do PS e, nomeadamente, de António José Seguro, uma especial e cuidada atenção. Mesmo que, como aqui o disse, entenda que este processo eleitoral em causa é, contextualmente, europeu (e deve ser pautado por isso), é evidente que a tendência de voto possa expressar o descontentamento dos eleitores em relação à coligação que governa o país. Não aproveitar esse facto é de uma incoerência e imaturidade política relevante. Aliás, algo que o próprio governo tem acautelado ao projectar o anúncio da saída do processo de ajuda externa apenas após as eleições. "Quem tem cu tem medo", lá diz o ditado.

Isto a propósito da elaboração, ontem, da lista dos candidatos socialistas a eurodeputados. Segundo a Comissão Política Nacional do PS em cima da mesa estiveram três critérios de selecção: renovação, qualidade e competências específicas em dossiês fundamentais para Portugal. Não se sabendo se os critérios são cumulativos ou independentes. Quanto à "renovação" tenho sempre a referência desportiva (não apenas futebolística) de que "em equipa vencedora não se mexe". Renovar apenas por um mero critério de "tempo" parece-me do mais redutor que possa existir. Aliás, para muitos dos cidadãos este aspecto da renovação, normalmente, está associado a um "encostar à prateleira", afastar geograficamente, para não ser embaraço político interno. E são tantos os casos que poderíamos usar para ilustrar tal realidade. Incomoda, é oposição interna, afasta-se para a Europa ou para uma outra qualquer instituição fora do país.

O que, mesmo que não tenha sido esse o critério, não andará muito longe da imagem deixada por António José Seguro ao anunciar o cabaça-de-lista socialista às europeias. Conhecidas as movimentações do PSD para as eleições europeias, foi notória a pressão interna que Seguro sofreu pelo impasse que estava a parecer preocupante em relação ao processo socialista. Uma das vozes do descontentamento, a par da de António Costa, foi a de Francisco Assis, aliás adversário interno de António José Seguro. Resultado: precipitação clara na forma como foi anunciado publicamente o cabeça-de-lista (em simultâneo com o congresso social-democrata) e a escolha do próprio Francisco Assis para cabeça-de-lista.

Não me vou pronunciar sobre a escolha, até porque os cenários de análise poderiam ser diversos.

Mas no entanto, a menos que haja uma qualquer razão ou um plausível motivo pessoal (que não consta publicamente e acho difícil a sua consistência e realidade) há um enorme tiro no pé na elaboração da lista socialista.

Apesar das listas serem uninominais, os portugueses votam pelo partido A, B ou C. No entanto, é mais que óbvio que a presença de personalidades de relevo, incluindo os cabeças-de-lista, facilitam o impacto eleitoral.
Se já colocaria, pessoalmente, em causa o facto de não ter sido escolhida para cabeça-de-lista, por mais razões que queiram apresentar para justificar o injustificável, é completamente inqualificável que o PS tenha deixado de fora às próximas eleições europeias a actual eurodeputada Edite Estrela. Trabalho e provas dadas não faltam. Embate político com coragem e frontalidade como muito poucos, ou raríssimos. Para além de ter sido, recentemente (2013) e pela segunda vez, nomeada a melhor eurodeputada (entre os 766 eurodeputados) para os assuntos do emprego e assuntos sociais. Se isto não tem valor, nada mais terá. Isto é de um ingratidão política que, mesmo para quem de "fora", inaceitável e incompreensível.
Isto sim... é brincar às eleições. E depois o Passos Coelho é que se está a lixar para as eleições.

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