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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Há populismo à esquerda? Definitivamente...

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Populismo: substantivo masculino.
1. [Artes] (...)
2. [Política] Doutrina ou prática política que procura obter o apoio popular através de medidas que, aparentemente, são favoráveis às massas.
Se substituirmos "medidas" por "discursos" obtemos o perfeito retrato do populismo e falaciosa demagogia do Bloco de Esquerda e do PCP em relação ao Orçamento de Estado 2020 (OE2020). E, desta forma, vira-se o feitiço contra o feiticeiro no que respeita à coerência entre o discurso, a ideologia e a "sede do poder".

BE e PCP voltam a repetir, nesta "pré-campanha orçamental" para 2020, a triste imagem política deixada em cada debate e aprovação dos respectivos Orçamentos de Estado, entre 2015 e 2019, sob a capa protectora da "geringonça". Com uma clara agravante que já trouxe algum "amargo de boca interno" a Jerónimo de Sousa após as eleições legislativas de outubro passado e que começa a criar algum constrangimento partidário no seio do BE, com a anunciada movimentação do grupo crítico Via Esquerda que junta 60 críticos da actual orientação política do partido. É que a actual conjuntura político-partidária, patente na Assembleia da República, alivia a pressão do PS e do Governo para a discussão e aprovação do OE2020, bastando, para tal, contar com o apoio do PAN, Livre e dos três deputados sociais-democratas eleitos pelo círculo da Madeira que já anunciaram, pela voz de Miguel Albuquerque, o seu voto favorável se cumpridas as reivindicações madeirenses e os apoios à Região Autónoma da Madeira, como, por exemplo, a construção do novo Hospital, a ligação ferry semanal para o Continente e a comparticipação das viagens aéreas.
Pelo contrário, parece ficar de fora do OE2020 a descidda do IVA na eletricidade ou o englobamento dos rendimentos prediais no IRS, como tanto deseja o BE.

Não é por isso de estranhar, por exemplo, o "desabafo" do comunista João Oliveira que afirmou que a «negociação do Orçamento não está a ser feita com a profundidade dos anos anteriores», tendo a actual relação com o Governo sido cingida aos mínimos: o “recenseamento” das propostas do PCP.

Mostram-se como mero jogo político e populismo bacoco as afirmações quer de Catarina Martins, quer de Jerónimo de Sousa, em relação ao que se espera da aprovação do OE2020. Por mais que a coordenadora do BE diga que o «sentido de voto do BE sobre o OE2020 está completamente em aberto», por mais que o líder comunista queira denunciar «retrocessos” do PS no Orçamento e ofensiva reaccionária», por mais que diga que «o Governo escolhe meta do défice em vez de resolver os problemas sociais», por mais que queira convencer a opinião pública e o seu eleitorado que «o PCP só dará o aval ao OE2020 se respeitadas algumas das 70 condições propostas»... a verdade é que ninguém (nem a direita) acredita no chumbo do Orçamento do Estado para 2020.

PCP e, nomeadamente o BE (ainda está bem presente na memória bloquista a 'azia partidária' gerada com a opção política de 2011), não irão entregar de mão beijada o poder ao PSD; não irão ter a responsabilidade partidária de gerar uma crise política perante um governo recém-eleito; nem o PS correria o risco (preferindo, numa ou noutra matéria, vender a alma ao diabo) de procurar já, passados apenas 2 meses das últimas eleições, uma maioria absoluta num novo processo eleitoral.

São, portanto, ridículas as posições públicas de BE e do PCP nesta matéria de discussão orçamental. Nem para consumo interno, do seu eleitorado, serve.

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