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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Kamala Harris: a esperança do Partido Democrata (e do mundo)

Kamala e Biden.jpg

(fonte a imagem: Casa Branca, Estados Unidos)

Desfeito o tabu, encarada a realidade e tomada a decisão, a campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas tem novo rumo e nova protagonista.
Joe Biden tomou a decisão (acredito que difícil e relutantemente) de abandonar a corrida à Casa Branca e passar o testemunho à sua Vice-Presidente, Kamala Harris.

Ainda por apurar os impactos no seio do Partido Democrata, quer da desistência de Biden, quer da indicação do nome de Kamala, a verdade é que a máquina eleitoral dos Democratas ganha novo folgo e novo alento. E ganha também a capacidade de agregar novos potenciais eleitores e novas causas: os imigrantes e as descendências, as políticas públicas sobre o monopólio privado, as etnias, as mulheres e os seus direitos, a igualdade e a inclusão.
Tudo somado, Kamala Harris afigura-se com potencial e capacidade para afrontar Trump. A questão está em saber se ainda irá a tempo, num processo eleitoral que, nos Estados Unidos, é longo e já tem bastante percurso feito.
E a responsabilidade não cabe apenas à longa teimosia de Joe Biden (e refira-se que as mais recentes sondagens davam apenas 3 pontos de vantagem de Trump sobre Biden). A verdade é que o Partido Democrata e a própria Administração norte-americana não souberam, em devido tempo e com tempo, acautelar um reforçado e sólido processo de transição presidencial. A ver vamos…

Quanto à campanha, Kamala Harris tem já uma vitória. Apesar de Trump afirmar, publicamente, que será mais fácil derrotar Kamala do que seria com Biden, há um manifesto incómodo e desconforto com esta escolha dos Democratas. Primeiro, Trump tem agora um adversário, neste caso, uma adversária mais nova. Bastante mais nova, 19 anos de diferença. Segundo, para um candidato, a par com a ala mais conservadora (ou ultraconservadora) Republicana, ser confrontado e afrontado por uma mulher é algo que não cabe nos seus, mais que conhecidos e comprovados, parâmetros misóginos e sexistas. Mais ainda, a juntar a esse ignóbil complexo e baixo caráter, para Trump e as suas convicções xenófobas e racistas, para a sua abjeta política anti-imigração, ter como adversária, para além de mulher (felizmente), (muito) bem-sucedida, alguém negro e de descendência indi-jamaicana não algo fácil de aceitar.
Por isso, advinha-se, como já era também expectável, uma campanha mais extremada e radicalizada.

Conseguirá Kamala Harris superar Trump? Pela própria, não restarão muitas dúvidas. Pelo timing eleitoral, há bastantes reticências. Mas muito dependerá da forma como o Partido Democrata se consiga unir, se congregue em torno de Kamala, concentre esforços e monte a máquina de campanha ou, tal como descreve Luís Paixão Martins na organização e tradução da obra de Edward Bernays, depende como os Democratas montem a máquina da Propaganda.

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