KO técnico
(desconhece-se a fonte/origem da imagem... corre "viral" nas redes sociais)
É certo que faltam mais de duas semanas para a decisão final e essa caberá sempre, e em última instância, à vontade livre, democrática e expressa de cada cidadão.
Também é certo que a fórmula e a estrutura do ciclo de debates que foram promovidos na televisão deixam algumas reservas, assim como deixam algumas reservas métodos avaliativos, como, por exemplo, o surrealismo do "pulsómetro", essa bitola sem qualquer fundamento ou suporte técnico e científico.
No entanto, o foco ou a finalidade dos debates assenta na tentativa de conquista de eleitorado flutuante e de indecisos, mais do que consolidar ou motivar militâncias que dependem, acima de tudo, das dinâmicas dos comícios do que propriamente da performance do debate. E este foco na atratividade eleitoral ficou condicionada às prestações políticas nestes 28 debates televisivos realizados entre 5 e 19 de fevereiro, uns mais serenos e esclarecedores, outros mais conflituosos e arruinados pelo permanente ruído populista (curiosamente, sempre com o mesmo protagonista político), uns mais demagogos e eleitoralistas, outros mais combativos mas assertivos.
Neste último contexto, mesmo que ainda restem mais de duas semanas de campanha eleitoral, onde a "rua" terá igual papel preponderante, quer de cativação de voto, quer de mobilização de militantes e eleitorado fixo, o debate que marcaria sempre (independentemente da avaliação e prestação finais) era o de ontem, que colocava frente-a-frente as principais lideranças partidárias, as duas figuras que se apresentam como os principais candidatos a ocuparem São Bento.
Não é assim tão claro e evidente, como muitos pretendem fazer crer, que Pedro Nuno Santos tenha tido dificuldades no confronto com Luís Montenegro naquelas matérias em que se apontavam dificuldades, principalmente pela instabilidade social que se sentiu nos últimos meses ou no último ano: educação, habitação e saúde. Até porque o legado (e aqui regressaremos brevemente) dos 8 anos de governação do PS não é o cinzento ou a escuridão que o PSD pretende demonstrar ou provar, como será fácil de perceber perante números e factos (para a semana trataremos do legado). Basta recordar, a título de exemplo, que a maioria dos portugueses tem melhor memória e melhor aceitação dos tempos da Geringonça do que dos tempos da Troika.
A verdade é que Pedro Nuno Santos foi politicamente mais eficaz, discursivamente mais claro e incisivo, mais realista, quer na avaliação do presente, quer nas propostas que o programa socialista apresenta para o país... um programa responsável, económica e socialmente sustentado e realista, que preserva o legado deixado por António Costa e assume o que ficou, por variadas razões (nomeadamente a crise política criada no final de 2023), por cumprir e importa realizar.
A verdade é que Pedro Nuno Santos, no confronto direto com Luís Montenegro, na chamada "troca de galhardetes", foi também mais eficiente e dilacerador, foi mais contundente.
E, principalmente, segurando o seu eleitorado fixo, Pedro Nuno Santos soube conquistar e cativar alguns dos indecisos e eleitores que, ao centro, flutuam entre PS e PSD, com especial destaque para as referências políticas proferidas na parte final do debate (via jornal Expresso).
Ou seja... quer pelos princípios programáticos eleitorais apresentados aos portugueses e ao país, quer na forma como desconstruiu muita da retórica e das propostas do PSD, Pedro Nuno Santos venceu este importante combate político por KO técnico, deixando Luís Montenegro afundado no Capitólio, mesmo que não ainda vencido.
O debate era o mais importante da campanha? Não só, mas também. Era, claramente, um dos principais momentos de afirmação, de motivação, um dos pontos altos da campanha eleitoral para que um dos candidatos se apresentasse aos portugueses, nomeadamente aos eleitores que ainda não determinaram o seu sentido de voto, como o mais bem preparado, o mais experiente e competente, o que transmite maior confiança para a difícil e exigente função de governar Portugal.
E Pedro Nuno Santos conseguiu superar as expetativas, superar-se a si mesmo, e venceu o confronto, defendendo com maior eficácia um Portugal Inteiro, com muito Mais Ação que Luís Montenegro.
Venha, agora a rua, o olhos nos olhos, o porta-a-porta, os comícios (e a carne assada, às refeições) até à decisão final que a liberdade e a consciência individuais determinem.