#NamorarNãoÉSerDon@
O Governo lançou, há poucos dias, a nova campanha "#NamorarNãoÉSerDon@" que tem como objectivo "educar e capacitar jovens para melhor identificarem e rejeitarem comportamentos de violência em relações de namoro, incluindo violência física, sexual, psicológica, e nas redes sociais", segundo Rosa Monteiro, Secretária de Estado da Cidadania e da Igualdade de Género, sob tutela da Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva.
Percebe-se o enquadramento e justifica-se a iniciativa face aos dados referentes à violência no namoro que foram revelados, esta semana, pelo Observatório da Violência no Namoro (OVN) e pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) em inquérito produzido já em 2020.
No caso do Observatório, o relatório de 2019 indica que se registaram 74 denúncias de casos de violência, sendo que destas 71 (94,9%) denunciantes são do sexo feminino. O OVN adianta ainda que 2019 registou um decréscimo de denúncias em relação a 2018 (128 denúncias), embora os casos apresentados exprimem um contexto de violência mais agravada. Geograficamente, a maioria dos crimes ocorreu, em 51,4% dos casos, no Porto e em 10% das situações nos distritos de Lisboa e Aveiro.
Importa referir que o decréscimo de denúncias não tem uma relação de proporcionalidade em relação ao número de casos registados em 2019. Ou seja, a diminuição de denúncias não representa uma diminuição da violência no namoro.
Basta olharmos os dados da UMAR resultantes de um inquérito realizado junto de jovens entre os 11 e os 21 anos. Em 2020, valor que iguala os dados de 2019, os cerca de 4.600 jovens dos distritos do Porto, Braga, Coimbra, Lisboa e Região Autónoma da Madeira revelam que 58% já sofreu pelo menos um caso de violência em contexto de relação amorosa/afectiva, nomeadamente: violência psicológica (20%); perseguição (17%); controlo (14%); violência através das redes sociais (9%); violência sexual (8%) e violência física (6%).
Os dados são, de facto, preocupantes... agravados por um indicador que sobressai no meio de toda esta problemática social: dos jovens inquiridos 67% acham normal que durante a relação existam e se pratiquem contextos de violência, legitimando, por isso, esses condenáveis e abomináveis actos.
Se é assim, hoje, numa idade em que se formam concepções e percepções de sociabilidade e afectividades... o que será no futuro. Até que ponto a idade apagará este conceito de superioridade e supremacia sobre o outro.